Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O Contexto Socioeducacional na Perspectiva da Inclusão Aula 5 4▪ evOluçãO HiStóriCa da eduCaçãO eSPeCial: diFerenteS enFOqueS Seja bem vindo (a)! Nesta quarta unidade, faremos uma retrospectiva his- tórica da Educação Especial buscando diferentes en- foques. Assista ao vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=blhs6s_3rh4 Bons estudos!!! Caro (a) Aluno (a) ▪ Conhecer e contextualizar a Educação Especial des- de os primórdios até a atualidade. ▪ Abordar a segregação das pessoas com deficiên- cia em diversos períodos históricos da humanidade, apontando o processo de exclusão ▪ Indicar o paradigma da inclusão para as pessoas com deficiência na sociedade. A unidade quatro propõe falar da história da Educação Especial no mundo, comentando as fases de exclusão das pessoas com deficiência. Movimentos internacio- nais e nacionais apontam o caminho da inclusão. Objetivos da Unidade Conteúdos da Unidade 4 A maioria dos problemas da humanidade ocorre devido à deficiência de interpretação de texto. Milena Leão Filme: http://www.youtube.com/watch?v=3TfKyMtcPJE http://www.youtube.com/watch?v=pZ8ri7ohZGQ Cardoso (2003,p.137) relata que desde a Idade Antiga, a sociedade ignorava, rejeitava, perseguia e ex- plorava as pessoas portadoras de deficiência. Em Es- parta, as crianças eram abandonadas nas montanhas, em Roma eram atiradas em rios. A resistência a acei- tação social das pessoas com deficiência vem de longa data. Cardoso (2003, p.137) cita Misés (1977, p.14): “Nós matamos os cães danados e touros fero- zes, degolamos débeis ou anormais, nós afogamos, não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a sepa- rar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las.” Na Idade Média, nos países europeus, as pesso- as deficientes eram comparadas ao diabo, aos atos de feitiçaria, perseguidas, mortas. As formas de exclusão eram por afastamento do convívio social e até mesmo, sacrificá-las. Carvalho (2000, p.92) diz que a filosofia huma- nista contribuiu para alterar esse quadro, na medida em que pensadores se preocupavam em discutir o di- reito, do homem, a igualdade e a cidadania. Foi impor- tante, mas de rejeitados, excluídos, inúteis, passaram a serem considerados coitados, indefesos, alguém que precisava ser protegido. 5 Ao final do século XVIII e início do século XIX, dá-se início nos países escandinavos e na América do Norte, o período da institucionalização especializada das pessoas com deficiências, assim surge a Educação Espe- cial. A sociedade percebe que é necessário atender essas pessoas, mas o faz com caráter assistencial, em centros destinados, continuando sem o contato nos grupos so- ciais. Começa aí o período da segregação, criaram escolas especiais cujo objetivo era separar e isolar as crianças do grupo principal e majoritário da sociedade. Excluídas da sociedade e da família pessoas defi- cientes eram atendidas na maioria das vezes em institui- ções religiosas ou filantrópicas e estas tinham pouco ou nenhum controle sobre a qualidade da atenção dada. Philippe Pinel,em 1800, escreve os primeiros tratados sobre os atrasos mentais, Esquirol, entre 1780 e 1820, estabelece uma diferença entre idiota e demência, Seguin,de 1840 até 1870, elaborou um mé- todo para a educação de crianças com atraso mental chamado método fisiológico. No século XX criam-se programas escolares para os deficientes mentais leves e moderados, há uma relativa abertura das instituições, ampliam-se os servi- ços especiais, na época eram chamados de excepcionais. No Brasil, na década de 50, praticamente não se falava em Educação Especial, mas na educação de ANEE (alunos com necessidades educacionais espe- ciais. Na década de 70, com a proliferação das institui- ções públicas e privadas de atendimento aos ANEE e a criação de órgãos normativos federais e estaduais criam-se as classes especiais, fase que inicia a categori- zação e classificação dos deficientes mentais, aplicação 6 da escala métrica de inteligência por Binet e Simon,em 1905, os testes de quociente intelectual (QI). Em 1978, Heron E Skinner dizia que o ambien- te educacional deveria ser o menos restritivo possível, deveria buscar formas para favorecer as relações sociais aceitáveis entre os alunos com necessidades educacio- nais especiais, se possível no âmbito da escola regular. O uso da nomenclatura “excepcionais” foi lar- gamente usada sendo substituída por outras expres- sões consideradas mais adequadas. O termo pessoa portadora de deficiência se popularizou na literatura da década de 80, criticada foi substituída por pessoa com necessidade especial ou pessoa com necessidade educacional especial. Segundo a UNESCO (1994, p.40), nos últimos anos, mudanças importantes estão ocorrendo na con- ceituação da Educação Especial, gerando novos enfo- ques educativos em muitas partes do mundo. O con- ceito Necessidades Educativas Educacionais, segundo Coll, Palácios E Marchesi (1995), que começou a ser usado no final dos anos 60, não foi capaz de modificar a concepção dominante. Para eles NEE seria: ...”o aluno que apresenta algum problema de aprendizagem ao longo de sua escolariza- ção, que exige uma atenção mais específica e maiores recursos educacionais do que os necessários para os colegas de sua idade.” Cardoso (2003, p.139) Na década de 80, surge no Brasil, no Rio Gran- 7 de do Sul, os estudos de Estimulação Precoce, em be- bês de zero a três anos de idade, apresentam alteração global no desenvolvimento na área hospitalar, nas es- colas especiais nas creches e escolas infantis. Assim, o tratamento de bebês com deficiência mental inicia-se o mais precocemente possível para os aspectos neuro- -motores, cognitivos e afetivos desses sujeitos, modi- ficando o prognóstico de aprendizagem. Identificadas as dificuldades no desenvolvimento, a ênfase era ofe- recer ao aluno mediação em suas demandas, cuja fi- nalidade é analisar a potencialidade da aprendizagem, como sujeito integrado no sistema de ensino regular, avaliando os recursos necessários para um desenvolvi- mento satisfatório e assim evitar dificuldades. Cardoso (2003, p.140) diz que: “Então, os programas de Ensino Especial ganham forca, na medida em que a maioria daqueles indivíduos não tem outra opção na sociedade normalizada. Embora, do ponto de vista legal e teórico, o discurso seja da igualdade de oportunidades, o que parece ocorrer na verdade é a falta de acesso aos meios regulares de ensino. Este sistema de Ensino Especial paralelo, criado para educar os possuidores de uma diferença, contribui também para que sejam segregados e excluí- dos da sociedade que os nega.” Cardoso cita Tomasini (1998,p.124): 8 “ Essa atitude acaba por reforçar a criação de escolas especiais, o que faz com que as esco- las regulares de ensino consigam se livrar com mais eficácia daqueles que consideram inaptos para usufruir de seus serviços.O discurso de que, ao serem educados,devem ser separados dos normais,em virtude de certas especificida- des, na pratica não contribui numa mudança de postura por parte da sociedade no que diz respeito aos seus direitos de cidadania.” Cardoso (2003, p.140) diz que a repetência es- colar no Brasil produz o processo de exclusão escolar das camadas populares, parte dessa parcela de alunos são encaminhados à Educação Especial, identificados como deficientes mentais leves ou portadores de dis- túrbios de aprendizagem ou linguagem, fato que leva a Educação Especial reproduzir, no seu âmbito de ação, o processo de participação- exclusão. Na medida em que os conceitos de igualdade e justiça vão evoluindo, as crianças e as famílias saem de uma situação de passividade para questionamento aos procedimentos escolares que conduzem à segregação e exclusão das crianças ditas deficientes. A Educação Especial passa por grandes refor- mulações, crises e mudanças no final do século XX e início do século XXI. Neste contexto histórico que se intensifica o processo de exclusão e que o termoexcepcional passa a ser utilizado. Na Europa há inquietação em relação à exclusão, para reafirmar o direito de Educação para todos, acon- 9 tece a Conferência Mundial de Educação patrocinada pela Espanha e UNESCO, conhecida como Declaração de Salamanca (1994,p.9) que tinha como pressuposto: “A escolas regulares com orientação para a Educação Inclusiva são o meio mais eficaz no combate às atitudes discriminatórias,propiciando condições para o desenvolvimento de comunidades integradas,base da construção da sociedade inclusiva e obtenção de uma real educação para todos.” Seu objetivo (1994, p.11): “A escola é o lugar onde todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter,conhecendo e respondendo às necessidades diversas de seus alunos,acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos atra- vés de um currículo apropriado, arranjos organizacionais,estratégias de ensino,uso de recurso e parceria com as comunidades.” A Declaração de Salamanca e a Política em Educação Especial geraram um documento das Na- ções Unidas, ”Regras Padrões sobre Equalização de Oportunidades para Pessoas com deficiências”, de- 10 mandando aos estados assegurar a educação às pes- soas com NEE dentro do sistema regular de ensino. Proclamam que (1994, p.8): *” Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de apren- dizagem; * Toda criança possui características, interes- ses, habilidades e necessidades de aprendiza- gem que são únicas; * Aquelas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pe- dagogia centrada na criança, capaz de satis- fazer tais necessidades.” Coube à Declaração de Salamanca ressaltar que os alunos com NEE necessitam de apoio suplemen- tar para garantir educação eficaz e acreditando que a Educação Inclusiva é a melhor forma de promover a solidariedade entre os alunos com deficiência e aque- les considerados “normais”. Carvalho (2003, p.142) diz que, na sociedade moderna, a Educação Especial tem cumprido duplo papel, de complementaridade da educação regular. Atende à democratização do ensino quando responde a demanda da população que não consegue usufruir dos processos regulares de ensino, por outro lado, res- ponde ao processo de segregação da criança diferente, endossando a ação seletiva da escola regular. Para ele, é evidente que a Educação Especial tem crescido no 11 sentido de atender as crescentes exigências da socie- dade em processo de renovação e de busca da demo- cracia, que só será alcançada quando todas as pessoas, sem discriminação, tiverem acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a forma- ção de sua plena cidadania. É claro que o discurso nem sempre corresponde à realidade, alguns segmentos da comunidade continuam à margem, discriminados, exigindo ordenamentos sociais específicos, que lhes garantam o exercício dos direitos e deveres humanos. A Educação Especial tomou para si práticas onde o ANEE deveria frequentar escolas e classes especiais, contribuindo para que estes fossem identificados como diferentes e se mantivessem afastados do convívio com as demais pessoas seja na escola, na rua, no trabalho. A criação e a manutenção dessa estrutura paralela tinham como viés “beneficiar” mais a sociedade do que o su- jeito com deficiência, pois mantinha afastada a maioria deles do processo de interação social e escolar. Cardoso (2003, p.142), considera que numa política de atendimento, na sociedade, muitas vezes a Educação Especial, tem servido para manter o âmbito do assistencialismo para as pessoas com deficiência sem o devido entendimento de seus direitos. É de suma importância a compensação de déficits funcio- nais, independente de suas causas, desde que não fi- ram o bem comum ou tornem-se privilégios, compro- metendo a igualdade de direitos. Expressões recentes buscam dar melhor entendimento a situações antigas, procurando construir uma sociedade melhor. A sociedade inclusiva vem para garantir espa- ços adequados e de direito para todos. Ela fortalece 12 as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de valorização da diversidade humana e enfatiza a impor- tância do pertencer, da convivência, da cooperação e da contribuição que todas as pessoas podem dar para construírem vidas comunitárias mais justas, mais sau- dáveis e mais satisfatórias. A inclusão social não está acontecendo por acaso. É o resultado de fatores e tendências irreversí- veis, tais como: (Sassaki 1997): ▪ solidariedade humana; ▪ consciência de cidadania; ▪ necessidade de melhoria da qualidade de vida, ▪ investimento econômico; ▪ necessidade de desenvolvimento da sociedade; ▪ pressão internacional; ▪ cumprimento de legislação; ▪ crescimento do exercício do EMPOWERMENT (processo pelo qual a pessoa ou um grupo de pessoas utiliza o seu poder pessoal, inerente à sua condição, para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o con- trole de sua vida); ▪ mídia: assumir papel de educador social, um agente da história, fundamentalmente das histórias silenciosas (minorias).Impedir que algumas histórias continuem seu registro ou com deturpações ou omis- sões, pois, o real deve aparecer para a melhor condu- ção da humanidade. Para que as escolas possam receber os alunos com deficiência em classes regulares, é importante que os professores acreditem que é possível, que percebam a ampliação do campo de atuação. Envolve uma escola eficiente, diferente, aberta, comunitária, solidária e de- 13 mocrática, onde aprender juntos sempre que possível, leva em consideração as dificuldades e diferenças, e em classes heterogêneas. Os estudos mais recentes no cam- po da Educação Especial enfatizam que as definições e uso de classificações devem ser contextualizados, não se esgotando na mera especificação ou categorização atri- buída a um quadro de deficiência, transtorno, distúrbio, síndrome ou aptidão. Considera-se que as pessoas se modificam continuamente, transformando o contexto no qual se inserem. Esse dinamismo exige uma atuação pedagógica voltada para alterar a situação de exclusão, reforçando a importância dos ambientes heterogêneos para a promoção da aprendizagem de todos os alunos. É meta, a inclusão das pessoas com deficiên- cia na escola regular, isto pressupõe que é o sistema educacional como um todo que assume a responsabi- lidade de Educação e não uma parte dele, a Educação Especial. É necessária a discussão sobre a inserção dessas pessoas no ensino regular, pois envolve ques- tões como as diferentes concepções de deficiência e todo o problema de avaliação, diagnóstico, prognós- tico daqueles que não correspondem à expectativa de normalidade colocada pelos padrões sociais vigentes. É sábio, lembrar que antes de serem alunos com deficiência, são sujeitos, pessoas, que precisam receber um atendimento escolar adequado, suas po- tencialidades precisam ser desafiadas, e deve-se ate- nuar o preconceito acerca da capacidade intelectual. Exige do professor um esforço individual de atualização profissional para todos. O ensino dicoto- mizado em regular e especial perpetua a ideia de que o ensino de alunos com deficiência e com dificuldades 14 de aprendizagem exige conhecimentos e experiências que não estão à altura dos professores regulares. Há um discurso que exagera tudo que se relaciona à Edu- cação Especial e que desqualifica o ensino regular e os professores de terem a habilidade de ensinar essa clientela. Recuperar a confiança que o professor per- deu, de saber ensinar todos os alunos, sem exceção, com o entendimento que não há aluno que aprende diferente, mas diferentemente envolve novos valores e atitudes pessoais e profissionais, que se choca com a cultura conservadora da escola, como também com a nossamaneira de conceber as pessoas excluídas. A inclusão gera mudanças, reflexões na pers- pectiva educacional, pois não se limita apenas aos alunos que apresentam dificuldades na escola, mas propõe envolvimento de toda a comunidade escolar (professores, alunos, pessoal administrativo, governo, mídia, ONGS), para que tenhamos sucesso no pro- cesso educativo geral. O papel da escola não se resume ao desenvol- vimento de habilidades essenciais para a conquista de autonomia, mas também na possibilidade de poder contribuir com a sua evolução enquanto pessoa. O mOvimentO de eSCOlarizaçãO É necessário lembrar que muitas crianças pas- saram a vida inteira dentro das instituições, o que traz um perfil de conduta, certa passividade para enfrentar os desafios que a sociedade inclusiva coloca. 15 Surgem Escolas Especiais, centros de reabili- tação e oficinas protegidas de trabalho. A sociedade começou a perceber que pessoas deficientes poderiam ser produtivas se recebessem escolarização e treina- mento profissional. É forte o fenômeno de globalização, que se estende às dimensões da vida humana: política, eco- nomia, sociedade, cultura, educação, que é um mo- vimento de homogeneização e normalização, mas, a inclusão é um movimento que está se processando, dinâmico e de defesa da diferença, da heterogeneida- de e da diversidade. A lógica da heterogeneidade traduz-se pelo re- conhecimento e aceitação das diferenças individuais. São diferentes suas motivações, expectativas, interes- ses, conhecimentos, vivências e experiências prévias e as diferenças são resultantes de características físi- cas, étnicas, cultural ou sócio - econômicas que são visíveis e evidentes, o mesmo não podemos falar das características cognitivas, do ritmo e os percursos de aprendizagem, do tempo necessário para aprender e os modos mais eficazes de fazê-lo. O movimento de escolarização universal de- monstra dificuldades, na prática, em considerar as di- ferenças individuais entre os alunos e se ocupar em buscar estratégias de ensino-aprendizagem diferen- ciadas e adequadas que visem atender às diferenças individuais. Os alunos com deficiência são um caso no seio da diversidade da população escolar. Para as classes heterogêneas, os alunos com as mais variadas e diversas expectativas, competências e possibilidades não só convivem como são pretexto e contexto de 16 própria definição e organização do processo ensino- -aprendizagem. Na organização e gestão dos sistemas educativos e das escolas em geral, e, para a prática co- tidiana da sala de aula, são necessários recursos ade- quados à satisfação das necessidades educativas, isto é, que a escola seja de fato para todos. Tratar a diferença como ponto positivo, traba- lhar o potencial das pessoas produz avanços, cresci- mento tanto para alunos com deficiência, como, para os de conduta típica, com dificuldades de aprendizagem, com déficit de atenção, com dislexia, pois faz refletir, repensar velhos conceitos, metodologias, concepções de Educação, traz informações, diferentes estratégias de aprendizagem que são importantes para todos. Carvalho (2000, p.92) salienta que mundial- mente, a Educação Especial tem sido vista como in- tegrante da Educação geral. Entretanto dificuldades podem ser (re) conhecidas pelos profissionais da Edu- cação, são elas: *”articulação insuficiente, quanto à organização de ações nas esferas federal, estadual, municipal e particular; *planejamento distanciado da realidade educacio- nal; *falta de continuidade dos planejamentos e ações,em virtude de mudanças administrativas; *recursos financeiros insuficientes para os pro- gramas de Educação Especial; *divulgação de informações sobre necessidades educacionais dos portadores de deficiências, acar- retando desinteresse das escolas em aceitá-los; 17 *atendimento aos portadores de necessidades es- peciais, além de insuficiente, é precário, na maio- ria dos estados; *numero de técnicos, insuficientes para orienta- ção e avaliação da programação pedagógica de- senvolvida com o aluno; *dificuldade de consenso na operalização do pro- cesso de integração escolar dos portadores de deficiências, e condutas típicas; *despreparo dos docentes e técnicos das escolas regulares, provocado pela inadequação curricular dos cursos de formação de magistério, tanto no segundo quanto no terceiro grau.” PaPel da eSCOla Diante das questões colocadas, cabe à escola: ▪ preparar o aluno para o sucesso profissional e vida independente; ▪ preparar a própria escola para incluir nela o aluno com deficiência. Para isto, é necessário sensibilização e treina- mento dos recursos humanos, reorganização dos re- cursos materiais e físicos da escola, sensibilização de pais e alunos para um papel mais ativo em prol da escola e de uma sociedade ambas inclusivas, sensibili- zação de empresas, entidades, associações da comuni- dade através de palestras, exposições etc. Estas discussões podem ocorrer na sala de aula, nos espaços da escola e comunidade. 18 Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos com trans- tornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações so- ciais recíprocas e na comunicação, um repertório de in- teresses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndro- mes do espectro do autismo e psicose infantil. Alunos com muitas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áre- as, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, li- derança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. A Educação Especial é uma modalidade de en- sino que perpassa todos os níveis, etapas e modalida- des, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto à sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas classes comuns do ensino regular. O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recur- sos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, consi- derando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especia- lizado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de 19 aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e inde- pendência na escola e fora dela. Dentre as atividades de atendimento educacio- nal especializado são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarização esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. O atendimento educacional especializado é acompanha- do por meio de instrumentos que possibilitem moni- toramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educa- cionais especializados, públicos ou conveniados. O acesso à educação tem início na Educação Infantil, na qual se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e desenvolvimen- to global do aluno. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de es- tímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as dife- renças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Do nascimento aos três anos, o atendimentoeducacional especializado se expressa por meio de ser- viços de estimulação precoce, que objetivam aperfei- çoar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviços de saúde e assistência social. Em todas as etapas e modalidades da Educação básica, o atendimento educacional especializado é or- 20 ganizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensi- no. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional. Desse modo, na modalidade de educação de jovens e adultos e educação profissional, as ações da Educação Especial possibilitam a ampliação de opor- tunidades de escolarização, formação para ingresso no mundo do trabalho e efetiva participação social. Na Educação Superior, a Educação Especial se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos. Estas ações envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção da acessibilidade arquite- tônica, nas comunicações, nos sistemas de informa- ção, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no de- senvolvimento de todas as atividades que envolvam o ensino, a pesquisa e a extensão. Para o ingresso dos alunos surdos nas escolas comuns, a Educação bilíngue – Língua Portuguesa/ Libras desenvolve o ensino escolar na Língua Portu- guesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Por- tuguesa como segunda língua na modalidade escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o ensino das Libras para os demais alunos da escola. O atendimento edu- cacional especializado para esses alunos é ofertado tanto na modalidade oral e escrita quanto na língua de sinais. Devido à diferença linguística, orienta-se que o aluno surdo esteja com outros surdos em turmas 21 comuns na escola regular. O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Bra- sileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do de- senvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequa- ção e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tec- nologia assistiva e outros. A avaliação pedagógica como processo dinâmi- co considera tanto o conhecimento prévio e o nível atual de desenvolvimento do aluno quanto às possi- bilidades de aprendizagem futura, configurando uma ação pedagógica processual e formativa que analisa o desempenho do aluno em relação ao seu progresso individual, prevalecendo na avaliação os aspectos qua- litativos que indiquem as intervenções pedagógicas do professor. No processo de avaliação, o professor deve criar estratégias considerando que alguns alunos po- dem demandar ampliação do tempo para a realização dos trabalhos e o uso da língua de sinais, de textos em Braille, de informática ou de tecnologia assistiva como uma prática cotidiana. Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclu- siva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/ intérprete de Libras e guia-intérprete, bem como de monitor ou cuidador dos alunos com necessidade de 22 apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomo- ção, entre outras, que exijam auxílio constante no co- tidiano escolar. Para atuar na Educação Especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial e con- tinuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter inte- rativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos nú- cleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes do- miciliares, para a oferta dos serviços e recursos de Educação Especial. Os sistemas de ensino devem organizar as con- dições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógi- cos e à comunicação que favoreçam a promoção da aprendizagem e a valorização das diferenças, de forma a atender às necessidades educacionais de todos os alunos. A acessibilidade deve ser assegurada mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas, urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equipamentos e mobiliários – e nos transportes escolares, bem como as barreiras nas comunicações e informações. 23
Compartilhar