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Aula 5 - O Contexto Socioeducacional na Perspectiva da Inclusão

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O Contexto Socioeducacional 
na Perspectiva da Inclusão
Aula 5
4▪
evOluçãO HiStóriCa da eduCaçãO eSPeCial: 
diFerenteS enFOqueS
Seja bem vindo (a)!
Nesta quarta unidade, faremos uma retrospectiva his-
tórica da Educação Especial buscando diferentes en-
foques.
Assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=blhs6s_3rh4 
Bons estudos!!!
Caro (a) Aluno (a)
▪ Conhecer e contextualizar a Educação Especial des-
de os primórdios até a atualidade.
▪ Abordar a segregação das pessoas com deficiên-
cia em diversos períodos históricos da humanidade,
apontando o processo de exclusão
▪ Indicar o paradigma da inclusão para as pessoas com
deficiência na sociedade.
A unidade quatro propõe falar da história da Educação 
Especial no mundo, comentando as fases de exclusão 
das pessoas com deficiência. Movimentos internacio-
nais e nacionais apontam o caminho da inclusão.
Objetivos da Unidade
Conteúdos da Unidade
4
A maioria dos problemas da humanidade ocorre devido 
à deficiência de interpretação de texto.
Milena Leão
Filme: http://www.youtube.com/watch?v=3TfKyMtcPJE
http://www.youtube.com/watch?v=pZ8ri7ohZGQ
Cardoso (2003,p.137) relata que desde a Idade 
Antiga, a sociedade ignorava, rejeitava, perseguia e ex-
plorava as pessoas portadoras de deficiência. Em Es-
parta, as crianças eram abandonadas nas montanhas, 
em Roma eram atiradas em rios. A resistência a acei-
tação social das pessoas com deficiência vem de longa 
data. Cardoso (2003, p.137) cita Misés (1977, p.14):
“Nós matamos os cães danados e touros fero-
zes, degolamos débeis ou anormais, nós afogamos, não 
se trata de ódio, mas da razão que nos convida a sepa-
rar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las.”
Na Idade Média, nos países europeus, as pesso-
as deficientes eram comparadas ao diabo, aos atos de 
feitiçaria, perseguidas, mortas. As formas de exclusão 
eram por afastamento do convívio social e até mesmo, 
sacrificá-las.
Carvalho (2000, p.92) diz que a filosofia huma-
nista contribuiu para alterar esse quadro, na medida 
em que pensadores se preocupavam em discutir o di-
reito, do homem, a igualdade e a cidadania. Foi impor-
tante, mas de rejeitados, excluídos, inúteis, passaram a 
serem considerados coitados, indefesos, alguém que 
precisava ser protegido.
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Ao final do século XVIII e início do século XIX, 
dá-se início nos países escandinavos e na América do 
Norte, o período da institucionalização especializada das 
pessoas com deficiências, assim surge a Educação Espe-
cial. A sociedade percebe que é necessário atender essas 
pessoas, mas o faz com caráter assistencial, em centros 
destinados, continuando sem o contato nos grupos so-
ciais. Começa aí o período da segregação, criaram escolas 
especiais cujo objetivo era separar e isolar as crianças do 
grupo principal e majoritário da sociedade.
Excluídas da sociedade e da família pessoas defi-
cientes eram atendidas na maioria das vezes em institui-
ções religiosas ou filantrópicas e estas tinham pouco ou 
nenhum controle sobre a qualidade da atenção dada.
Philippe Pinel,em 1800, escreve os primeiros 
tratados sobre os atrasos mentais, Esquirol, entre 
1780 e 1820, estabelece uma diferença entre idiota e 
demência, Seguin,de 1840 até 1870, elaborou um mé-
todo para a educação de crianças com atraso mental 
chamado método fisiológico.
No século XX criam-se programas escolares 
para os deficientes mentais leves e moderados, há uma 
relativa abertura das instituições, ampliam-se os servi-
ços especiais, na época eram chamados de excepcionais.
No Brasil, na década de 50, praticamente não 
se falava em Educação Especial, mas na educação de 
ANEE (alunos com necessidades educacionais espe-
ciais. Na década de 70, com a proliferação das institui-
ções públicas e privadas de atendimento aos ANEE 
e a criação de órgãos normativos federais e estaduais 
criam-se as classes especiais, fase que inicia a categori-
zação e classificação dos deficientes mentais, aplicação 
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da escala métrica de inteligência por Binet e Simon,em 
1905, os testes de quociente intelectual (QI).
Em 1978, Heron E Skinner dizia que o ambien-
te educacional deveria ser o menos restritivo possível, 
deveria buscar formas para favorecer as relações sociais 
aceitáveis entre os alunos com necessidades educacio-
nais especiais, se possível no âmbito da escola regular.
O uso da nomenclatura “excepcionais” foi lar-
gamente usada sendo substituída por outras expres-
sões consideradas mais adequadas. O termo pessoa 
portadora de deficiência se popularizou na literatura 
da década de 80, criticada foi substituída por pessoa 
com necessidade especial ou pessoa com necessidade 
educacional especial.
Segundo a UNESCO (1994, p.40), nos últimos 
anos, mudanças importantes estão ocorrendo na con-
ceituação da Educação Especial, gerando novos enfo-
ques educativos em muitas partes do mundo. O con-
ceito Necessidades Educativas Educacionais, segundo 
Coll, Palácios E Marchesi (1995), que começou a ser 
usado no final dos anos 60, não foi capaz de modificar 
a concepção dominante. Para eles NEE seria:
...”o aluno que apresenta algum problema 
de aprendizagem ao longo de sua escolariza-
ção, que exige uma atenção mais específica 
e maiores recursos educacionais do que os 
necessários para os colegas de sua idade.” 
Cardoso (2003, p.139)
Na década de 80, surge no Brasil, no Rio Gran-
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de do Sul, os estudos de Estimulação Precoce, em be-
bês de zero a três anos de idade, apresentam alteração 
global no desenvolvimento na área hospitalar, nas es-
colas especiais nas creches e escolas infantis. Assim, o 
tratamento de bebês com deficiência mental inicia-se 
o mais precocemente possível para os aspectos neuro-
-motores, cognitivos e afetivos desses sujeitos, modi-
ficando o prognóstico de aprendizagem. Identificadas
as dificuldades no desenvolvimento, a ênfase era ofe-
recer ao aluno mediação em suas demandas, cuja fi-
nalidade é analisar a potencialidade da aprendizagem,
como sujeito integrado no sistema de ensino regular,
avaliando os recursos necessários para um desenvolvi-
mento satisfatório e assim evitar dificuldades.
Cardoso (2003, p.140) diz que:
“Então, os programas de Ensino Especial 
ganham forca, na medida em que a maioria 
daqueles indivíduos não tem outra opção na 
sociedade normalizada. Embora, do ponto 
de vista legal e teórico, o discurso seja da 
igualdade de oportunidades, o que parece 
ocorrer na verdade é a falta de acesso aos 
meios regulares de ensino. Este sistema de 
Ensino Especial paralelo, criado para educar 
os possuidores de uma diferença, contribui 
também para que sejam segregados e excluí-
dos da sociedade que os nega.” 
Cardoso cita Tomasini (1998,p.124):
8
“ Essa atitude acaba por reforçar a criação de 
escolas especiais, o que faz com que as esco-
las regulares de ensino consigam se livrar com 
mais eficácia daqueles que consideram inaptos 
para usufruir de seus serviços.O discurso de 
que, ao serem educados,devem ser separados 
dos normais,em virtude de certas especificida-
des, na pratica não contribui numa mudança 
de postura por parte da sociedade no que diz 
respeito aos seus direitos de cidadania.”
Cardoso (2003, p.140) diz que a repetência es-
colar no Brasil produz o processo de exclusão escolar 
das camadas populares, parte dessa parcela de alunos 
são encaminhados à Educação Especial, identificados 
como deficientes mentais leves ou portadores de dis-
túrbios de aprendizagem ou linguagem, fato que leva 
a Educação Especial reproduzir, no seu âmbito de 
ação, o processo de participação- exclusão. 
Na medida em que os conceitos de igualdade e 
justiça vão evoluindo, as crianças e as famílias saem de 
uma situação de passividade para questionamento aos 
procedimentos escolares que conduzem à segregação 
e exclusão das crianças ditas deficientes.
A Educação Especial passa por grandes refor-
mulações, crises e mudanças no final do século XX e 
início do século XXI. Neste contexto histórico que 
se intensifica o processo de exclusão e que o termoexcepcional passa a ser utilizado.
Na Europa há inquietação em relação à exclusão, 
para reafirmar o direito de Educação para todos, acon-
9
tece a Conferência Mundial de Educação patrocinada 
pela Espanha e UNESCO, conhecida como Declaração 
de Salamanca (1994,p.9) que tinha como pressuposto: 
“A escolas regulares com orientação 
para a Educação Inclusiva são o meio 
mais eficaz no combate às atitudes 
discriminatórias,propiciando condições 
para o desenvolvimento de comunidades 
integradas,base da construção da sociedade 
inclusiva e obtenção de uma real educação 
para todos.” 
Seu objetivo (1994, p.11):
“A escola é o lugar onde todas as crianças 
devem aprender juntas, sempre que possível, 
independentemente de quaisquer dificuldades 
ou diferenças que elas possam ter,conhecendo 
e respondendo às necessidades diversas de 
seus alunos,acomodando ambos os estilos 
e ritmos de aprendizagem e assegurando 
uma educação de qualidade a todos atra-
vés de um currículo apropriado, arranjos 
organizacionais,estratégias de ensino,uso de 
recurso e parceria com as comunidades.”
A Declaração de Salamanca e a Política em 
Educação Especial geraram um documento das Na-
ções Unidas, ”Regras Padrões sobre Equalização de 
Oportunidades para Pessoas com deficiências”, de-
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mandando aos estados assegurar a educação às pes-
soas com NEE dentro do sistema regular de ensino. 
Proclamam que (1994, p.8):
*” Toda criança tem direito fundamental à 
educação, e deve ser dada a oportunidade de 
atingir e manter o nível adequado de apren-
dizagem;
* Toda criança possui características, interes-
ses, habilidades e necessidades de aprendiza-
gem que são únicas;
* Aquelas com necessidades educacionais
especiais devem ter acesso à escola regular,
que deveria acomodá-los dentro de uma Pe-
dagogia centrada na criança, capaz de satis-
fazer tais necessidades.”
Coube à Declaração de Salamanca ressaltar que 
os alunos com NEE necessitam de apoio suplemen-
tar para garantir educação eficaz e acreditando que a 
Educação Inclusiva é a melhor forma de promover a 
solidariedade entre os alunos com deficiência e aque-
les considerados “normais”. 
Carvalho (2003, p.142) diz que, na sociedade 
moderna, a Educação Especial tem cumprido duplo 
papel, de complementaridade da educação regular. 
Atende à democratização do ensino quando responde 
a demanda da população que não consegue usufruir 
dos processos regulares de ensino, por outro lado, res-
ponde ao processo de segregação da criança diferente, 
endossando a ação seletiva da escola regular. Para ele, 
é evidente que a Educação Especial tem crescido no 
11
sentido de atender as crescentes exigências da socie-
dade em processo de renovação e de busca da demo-
cracia, que só será alcançada quando todas as pessoas, 
sem discriminação, tiverem acesso à informação, ao 
conhecimento e aos meios necessários para a forma-
ção de sua plena cidadania. É claro que o discurso nem 
sempre corresponde à realidade, alguns segmentos da 
comunidade continuam à margem, discriminados, 
exigindo ordenamentos sociais específicos, que lhes 
garantam o exercício dos direitos e deveres humanos.
A Educação Especial tomou para si práticas onde 
o ANEE deveria frequentar escolas e classes especiais,
contribuindo para que estes fossem identificados como
diferentes e se mantivessem afastados do convívio com
as demais pessoas seja na escola, na rua, no trabalho. A
criação e a manutenção dessa estrutura paralela tinham
como viés “beneficiar” mais a sociedade do que o su-
jeito com deficiência, pois mantinha afastada a maioria
deles do processo de interação social e escolar.
Cardoso (2003, p.142), considera que numa 
política de atendimento, na sociedade, muitas vezes a 
Educação Especial, tem servido para manter o âmbito 
do assistencialismo para as pessoas com deficiência 
sem o devido entendimento de seus direitos. É de 
suma importância a compensação de déficits funcio-
nais, independente de suas causas, desde que não fi-
ram o bem comum ou tornem-se privilégios, compro-
metendo a igualdade de direitos. Expressões recentes 
buscam dar melhor entendimento a situações antigas, 
procurando construir uma sociedade melhor.
A sociedade inclusiva vem para garantir espa-
ços adequados e de direito para todos. Ela fortalece 
12
as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de 
valorização da diversidade humana e enfatiza a impor-
tância do pertencer, da convivência, da cooperação e 
da contribuição que todas as pessoas podem dar para 
construírem vidas comunitárias mais justas, mais sau-
dáveis e mais satisfatórias.
A inclusão social não está acontecendo por 
acaso. É o resultado de fatores e tendências irreversí-
veis, tais como: (Sassaki 1997):
▪ solidariedade humana;
▪ consciência de cidadania;
▪ necessidade de melhoria da qualidade de vida,
▪ investimento econômico;
▪ necessidade de desenvolvimento da sociedade;
▪ pressão internacional;
▪ cumprimento de legislação;
▪ crescimento do exercício do EMPOWERMENT
(processo pelo qual a pessoa ou um grupo de pessoas 
utiliza o seu poder pessoal, inerente à sua condição, 
para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o con-
trole de sua vida);
▪ mídia: assumir papel de educador social, um
agente da história, fundamentalmente das histórias 
silenciosas (minorias).Impedir que algumas histórias 
continuem seu registro ou com deturpações ou omis-
sões, pois, o real deve aparecer para a melhor condu-
ção da humanidade.
Para que as escolas possam receber os alunos 
com deficiência em classes regulares, é importante que 
os professores acreditem que é possível, que percebam 
a ampliação do campo de atuação. Envolve uma escola 
eficiente, diferente, aberta, comunitária, solidária e de-
13
mocrática, onde aprender juntos sempre que possível, 
leva em consideração as dificuldades e diferenças, e em 
classes heterogêneas. Os estudos mais recentes no cam-
po da Educação Especial enfatizam que as definições e 
uso de classificações devem ser contextualizados, não se 
esgotando na mera especificação ou categorização atri-
buída a um quadro de deficiência, transtorno, distúrbio, 
síndrome ou aptidão. Considera-se que as pessoas se 
modificam continuamente, transformando o contexto 
no qual se inserem. Esse dinamismo exige uma atuação 
pedagógica voltada para alterar a situação de exclusão, 
reforçando a importância dos ambientes heterogêneos 
para a promoção da aprendizagem de todos os alunos. 
É meta, a inclusão das pessoas com deficiên-
cia na escola regular, isto pressupõe que é o sistema 
educacional como um todo que assume a responsabi-
lidade de Educação e não uma parte dele, a Educação 
Especial. É necessária a discussão sobre a inserção 
dessas pessoas no ensino regular, pois envolve ques-
tões como as diferentes concepções de deficiência e 
todo o problema de avaliação, diagnóstico, prognós-
tico daqueles que não correspondem à expectativa de 
normalidade colocada pelos padrões sociais vigentes.
É sábio, lembrar que antes de serem alunos 
com deficiência, são sujeitos, pessoas, que precisam 
receber um atendimento escolar adequado, suas po-
tencialidades precisam ser desafiadas, e deve-se ate-
nuar o preconceito acerca da capacidade intelectual.
Exige do professor um esforço individual de 
atualização profissional para todos. O ensino dicoto-
mizado em regular e especial perpetua a ideia de que o 
ensino de alunos com deficiência e com dificuldades 
14
de aprendizagem exige conhecimentos e experiências 
que não estão à altura dos professores regulares. Há 
um discurso que exagera tudo que se relaciona à Edu-
cação Especial e que desqualifica o ensino regular e 
os professores de terem a habilidade de ensinar essa 
clientela. Recuperar a confiança que o professor per-
deu, de saber ensinar todos os alunos, sem exceção, 
com o entendimento que não há aluno que aprende 
diferente, mas diferentemente envolve novos valores 
e atitudes pessoais e profissionais, que se choca com a 
cultura conservadora da escola, como também com a 
nossamaneira de conceber as pessoas excluídas.
A inclusão gera mudanças, reflexões na pers-
pectiva educacional, pois não se limita apenas aos 
alunos que apresentam dificuldades na escola, mas 
propõe envolvimento de toda a comunidade escolar 
(professores, alunos, pessoal administrativo, governo, 
mídia, ONGS), para que tenhamos sucesso no pro-
cesso educativo geral.
O papel da escola não se resume ao desenvol-
vimento de habilidades essenciais para a conquista de 
autonomia, mas também na possibilidade de poder 
contribuir com a sua evolução enquanto pessoa.
O mOvimentO 
de eSCOlarizaçãO
É necessário lembrar que muitas crianças pas-
saram a vida inteira dentro das instituições, o que traz 
um perfil de conduta, certa passividade para enfrentar 
os desafios que a sociedade inclusiva coloca.
15
Surgem Escolas Especiais, centros de reabili-
tação e oficinas protegidas de trabalho. A sociedade 
começou a perceber que pessoas deficientes poderiam 
ser produtivas se recebessem escolarização e treina-
mento profissional.
É forte o fenômeno de globalização, que se 
estende às dimensões da vida humana: política, eco-
nomia, sociedade, cultura, educação, que é um mo-
vimento de homogeneização e normalização, mas, a 
inclusão é um movimento que está se processando, 
dinâmico e de defesa da diferença, da heterogeneida-
de e da diversidade.
A lógica da heterogeneidade traduz-se pelo re-
conhecimento e aceitação das diferenças individuais. 
São diferentes suas motivações, expectativas, interes-
ses, conhecimentos, vivências e experiências prévias 
e as diferenças são resultantes de características físi-
cas, étnicas, cultural ou sócio - econômicas que são 
visíveis e evidentes, o mesmo não podemos falar das 
características cognitivas, do ritmo e os percursos de 
aprendizagem, do tempo necessário para aprender e 
os modos mais eficazes de fazê-lo.
O movimento de escolarização universal de-
monstra dificuldades, na prática, em considerar as di-
ferenças individuais entre os alunos e se ocupar em 
buscar estratégias de ensino-aprendizagem diferen-
ciadas e adequadas que visem atender às diferenças 
individuais. Os alunos com deficiência são um caso 
no seio da diversidade da população escolar. Para as 
classes heterogêneas, os alunos com as mais variadas 
e diversas expectativas, competências e possibilidades 
não só convivem como são pretexto e contexto de 
16
própria definição e organização do processo ensino-
-aprendizagem. Na organização e gestão dos sistemas
educativos e das escolas em geral, e, para a prática co-
tidiana da sala de aula, são necessários recursos ade-
quados à satisfação das necessidades educativas, isto
é, que a escola seja de fato para todos.
Tratar a diferença como ponto positivo, traba-
lhar o potencial das pessoas produz avanços, cresci-
mento tanto para alunos com deficiência, como, para os 
de conduta típica, com dificuldades de aprendizagem, 
com déficit de atenção, com dislexia, pois faz refletir, 
repensar velhos conceitos, metodologias, concepções 
de Educação, traz informações, diferentes estratégias 
de aprendizagem que são importantes para todos.
Carvalho (2000, p.92) salienta que mundial-
mente, a Educação Especial tem sido vista como in-
tegrante da Educação geral. Entretanto dificuldades 
podem ser (re) conhecidas pelos profissionais da Edu-
cação, são elas:
*”articulação insuficiente, quanto à organização 
de ações nas esferas federal, estadual, municipal 
e particular;
*planejamento distanciado da realidade educacio-
nal;
*falta de continuidade dos planejamentos e
ações,em virtude de mudanças administrativas;
*recursos financeiros insuficientes para os pro-
gramas de Educação Especial;
*divulgação de informações sobre necessidades
educacionais dos portadores de deficiências, acar-
retando desinteresse das escolas em aceitá-los;
17
*atendimento aos portadores de necessidades es-
peciais, além de insuficiente, é precário, na maio-
ria dos estados;
*numero de técnicos, insuficientes para orienta-
ção e avaliação da programação pedagógica de-
senvolvida com o aluno;
*dificuldade de consenso na operalização do pro-
cesso de integração escolar dos portadores de
deficiências, e condutas típicas;
*despreparo dos docentes e técnicos das escolas
regulares, provocado pela inadequação curricular
dos cursos de formação de magistério, tanto no
segundo quanto no terceiro grau.”
PaPel da eSCOla
Diante das questões colocadas, cabe à escola:
▪ preparar o aluno para o sucesso profissional
e vida independente;
▪ preparar a própria escola para incluir nela o
aluno com deficiência.
Para isto, é necessário sensibilização e treina-
mento dos recursos humanos, reorganização dos re-
cursos materiais e físicos da escola, sensibilização de 
pais e alunos para um papel mais ativo em prol da 
escola e de uma sociedade ambas inclusivas, sensibili-
zação de empresas, entidades, associações da comuni-
dade através de palestras, exposições etc.
Estas discussões podem ocorrer na sala de 
aula, nos espaços da escola e comunidade.
18
Diretrizes da Política Nacional de Educação 
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 
Considera-se pessoa com deficiência aquela que 
tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, 
mental ou sensorial que, em interação com diversas 
barreiras, podem ter restringida sua participação plena 
e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos com trans-
tornos globais do desenvolvimento são aqueles que 
apresentam alterações qualitativas das interações so-
ciais recíprocas e na comunicação, um repertório de in-
teresses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. 
Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndro-
mes do espectro do autismo e psicose infantil. Alunos 
com muitas habilidades/superdotação demonstram 
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áre-
as, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, li-
derança, psicomotricidade e artes, além de apresentar 
grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e 
realização de tarefas em áreas de seu interesse.
A Educação Especial é uma modalidade de en-
sino que perpassa todos os níveis, etapas e modalida-
des, realiza o atendimento educacional especializado, 
disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto à 
sua utilização no processo de ensino e aprendizagem 
nas classes comuns do ensino regular. 
O atendimento educacional especializado tem 
como função identificar, elaborar e organizar recur-
sos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as 
barreiras para a plena participação dos alunos, consi-
derando suas necessidades específicas. As atividades 
desenvolvidas no atendimento educacional especia-
lizado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de 
19
aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. 
Esse atendimento complementa e/ou suplementa a 
formação dos alunos com vistas à autonomia e inde-
pendência na escola e fora dela. 
Dentre as atividades de atendimento educacio-
nal especializado são disponibilizados programas de 
enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e 
códigos específicos de comunicação e sinalização e 
tecnologia assistiva. Ao longo de todo o processo de 
escolarização esse atendimento deve estar articulado 
com a proposta pedagógica do ensino comum. O 
atendimento educacional especializado é acompanha-
do por meio de instrumentos que possibilitem moni-
toramento e avaliação da oferta realizada nas escolas 
da rede pública e nos centros de atendimento educa-
cionais especializados, públicos ou conveniados. 
O acesso à educação tem início na Educação 
Infantil, na qual se desenvolvem as bases necessárias 
para a construção do conhecimento e desenvolvimen-
to global do aluno. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às 
formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de es-
tímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, 
psicomotores e sociais e a convivência com as dife-
renças favorecem as relações interpessoais, o respeito 
e a valorização da criança. 
Do nascimento aos três anos, o atendimentoeducacional especializado se expressa por meio de ser-
viços de estimulação precoce, que objetivam aperfei-
çoar o processo de desenvolvimento e aprendizagem 
em interface com os serviços de saúde e assistência 
social. Em todas as etapas e modalidades da Educação 
básica, o atendimento educacional especializado é or-
20
ganizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, 
constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensi-
no. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe 
comum, na própria escola ou centro especializado que 
realize esse serviço educacional. 
Desse modo, na modalidade de educação de 
jovens e adultos e educação profissional, as ações da 
Educação Especial possibilitam a ampliação de opor-
tunidades de escolarização, formação para ingresso 
no mundo do trabalho e efetiva participação social. 
Na Educação Superior, a Educação Especial se 
efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a 
permanência e a participação dos alunos. Estas ações 
envolvem o planejamento e a organização de recursos 
e serviços para a promoção da acessibilidade arquite-
tônica, nas comunicações, nos sistemas de informa-
ção, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem 
ser disponibilizados nos processos seletivos e no de-
senvolvimento de todas as atividades que envolvam o 
ensino, a pesquisa e a extensão. 
Para o ingresso dos alunos surdos nas escolas 
comuns, a Educação bilíngue – Língua Portuguesa/
Libras desenvolve o ensino escolar na Língua Portu-
guesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Por-
tuguesa como segunda língua na modalidade escrita 
para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete 
de Libras e Língua Portuguesa e o ensino das Libras 
para os demais alunos da escola. O atendimento edu-
cacional especializado para esses alunos é ofertado 
tanto na modalidade oral e escrita quanto na língua de 
sinais. Devido à diferença linguística, orienta-se que 
o aluno surdo esteja com outros surdos em turmas
21
comuns na escola regular. 
O atendimento educacional especializado é 
realizado mediante a atuação de profissionais com 
conhecimentos específicos no ensino da Língua Bra-
sileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade 
escrita como segunda língua, do sistema Braille, do 
Soroban, da orientação e mobilidade, das atividades 
de vida autônoma, da comunicação alternativa, do de-
senvolvimento dos processos mentais superiores, dos 
programas de enriquecimento curricular, da adequa-
ção e produção de materiais didáticos e pedagógicos, 
da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tec-
nologia assistiva e outros. 
A avaliação pedagógica como processo dinâmi-
co considera tanto o conhecimento prévio e o nível 
atual de desenvolvimento do aluno quanto às possi-
bilidades de aprendizagem futura, configurando uma 
ação pedagógica processual e formativa que analisa o 
desempenho do aluno em relação ao seu progresso 
individual, prevalecendo na avaliação os aspectos qua-
litativos que indiquem as intervenções pedagógicas do 
professor. No processo de avaliação, o professor deve 
criar estratégias considerando que alguns alunos po-
dem demandar ampliação do tempo para a realização 
dos trabalhos e o uso da língua de sinais, de textos 
em Braille, de informática ou de tecnologia assistiva 
como uma prática cotidiana. 
Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a 
Educação Especial na perspectiva da Educação Inclu-
siva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/
intérprete de Libras e guia-intérprete, bem como de 
monitor ou cuidador dos alunos com necessidade de 
22
apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomo-
ção, entre outras, que exijam auxílio constante no co-
tidiano escolar. 
Para atuar na Educação Especial, o professor 
deve ter como base da sua formação, inicial e con-
tinuada, conhecimentos gerais para o exercício da 
docência e conhecimentos específicos da área. Essa 
formação possibilita a sua atuação no atendimento 
educacional especializado, aprofunda o caráter inte-
rativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns 
do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros 
de atendimento educacional especializado, nos nú-
cleos de acessibilidade das instituições de educação 
superior, nas classes hospitalares e nos ambientes do-
miciliares, para a oferta dos serviços e recursos de 
Educação Especial. 
Os sistemas de ensino devem organizar as con-
dições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógi-
cos e à comunicação que favoreçam a promoção da 
aprendizagem e a valorização das diferenças, de forma 
a atender às necessidades educacionais de todos os 
alunos. A acessibilidade deve ser assegurada mediante 
a eliminação de barreiras arquitetônicas, urbanísticas, 
na edificação – incluindo instalações, equipamentos e 
mobiliários – e nos transportes escolares, bem como 
as barreiras nas comunicações e informações. 
23

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