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RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA E.E.E.M PROFESSOR AGENOR RORIS CADERNO TEMÁTICO Priscila Lopes de Oliveira Fabrício Carlos Tozzi Quem nunca se apaixonou por alguém?! Sentiu o coração bater mais forte! De nos fazer pensar naquela pessoa dia e noite, imaginando como seria estar com ele (a) naquele momento?!?! Se pararmos para pensar, até os mais ogros já desfrutaram desse sentimento! Albert Einstein disse uma vez que explicar o que sentimos por uma pessoa especial, e por que nos apaixonamos sob os termos da química do amor é retirar a magia do assunto. No entanto, queiramos ou não, existem processos, como a atração ou a paixão mais obsessiva, em que a neuroquímica delimita parte do que somos. O amor, do ponto de vista romântico ou filosófico, é algo de que os poetas e escritores falam diariamente. Foi a antropologista Helen Fisher, famosa pelos seus estudos sobre a bioquímica do amor – e autora de vários livros, entre os quais o recente “Porque Amamos: a Natureza e a Química do Amor Romântico” –, que propôs a existência de três fases no amor, cada uma delas com as suas características emocionais e os seus compostos químicos próprios. Nesses universos literários onde se concebe um sentimento que às vezes dá lugar a mais mistérios do que certezas é o que além de nos fascinar e romantizar, também ocasiona-se o desejo de submergir sobre tais sentimentos. No entanto, sobre a paixão são os neurologistas que podem nos fornecer dados mais precisos; menos sugestivos, mas objetivos e reais. Curiosidade A escolha do parceiro é um processo inconsciente ou, pelo contrário, uma atitude muito racional? Bem, tudo indica que é muito pouco racional! Em uma experiência, um grupo de mulheres foi convidada a cheirar camisolas usadas por diferentes homens durante dois dias, manifestando depois a sua preferência. A preferência foi sempre pelos homens com perfis MCH bastante distintos dos perfis das próprias, ou seja, pelos parceiros mais adequados geneticamente! Conforme já dito por Fisher, nos explica que a humanidade parece fazer uso de três fases no amor: A primeira fase é chamada “fase do desejo” e é provocada pelas nossas hormonas sexuais, a testosterona nos homens e o estrogénio nas mulheres. É a circulação destas hormonas no nosso sangue – que se inicia na fase da adolescência – que torna o nosso cérebro interessado em parceiros sexuais. A segunda fase é a “fase da atração”, enamoramento ou paixão: é quando nos apaixonamos, ou seja, é o momento em que perdemos o apetite, não dormimos, não conseguimos concentrar-nos em nada que não seja o objeto da nossa paixão. É uma fase em que podem acontecer coisas surpreendentes, que por vezes dão origem a situações divertidas e embaraçosas: As mãos suam, a respiração falha, é difícil pensar com clareza, há “borboletas no estômago”! Tudo isto tem a ver com outro conjunto de compostos químicos que afetam o nosso cérebro: a noradrenalina que nos excita (e acelera o bater do coração), a serotonina que nos descontrola, e a dopamina, que nos faz sentir felizes. Noradrenalina A noradrenalina é um estimulante natural do cérebro, que pode estar associada à exaltação, euforia, falta de sono e de apetite. Dopamina A presença de elevados níveis de dopamina no cérebro parece ser uma característica dos recém-apaixonados. O papel da dopamina é muito importante no mecanismo de desejo e recompensa e os seus efeitos no cérebro são parecidos aos da cocaína. É um verdadeiro licor do amor. Serotonina A serotonina pode ser resumida em uma palavra: felicidade. Ela adquire maior relevância mais adiante no relacionamento. Aparece em um momento no qual percebemos que estar ao lado dessa pessoa em particular é experimentar uma felicidade mais intensa. Portanto, é necessário investir esforços e A dopamina é um neurotransmissor principal das vias meso-limbicas e meso-estriadas. Essas vias têm funções de produzir prazer em respostas a acontecimentos positivos na vida do indivíduo, recompensando a aquisição de novos conhecimentos ou capacidades (aprendizagem), progresso nas relações sociais, relações emocionais e outros eventos. O aumento artificial da dopamina na sinapses pela cocaína vai ativar anormalmente essas vias. O consumidor sente-se extremamente autoconfiante, poderoso, irresistível e capaz de vencer qualquer desafio, de uma forma que não corresponde à sua real situação ou habilidade. Com a regularização do consumo, as vias dopaminérgicas são modificadas e pervertidas, em que a cocaína passa de facilitadora do sentimento de sucesso e confiança face a situações externas, para simples recompensa derivada diretamente de um distúrbio bioquímico cerebral criado pela própria droga, que é dela dependente. O bem-estar desliga-se de condicionantes externas, passando a ser apenas uma medida do tempo passado desde a última dose. A motivação torna-se irreal, desligando-se dos interesses sociais, familiares, emocionais, profissional, para se concentrar apena nas droga, que dá um sentimento de auto realização artificial de intensidade impossível de atingir de outra forma. (JUNIOR,2010) compromissos nesse relacionamento para manter esse estado emocional tão positivo. A serotonina nos proporciona bem-estar quando as coisas vão bem, dando-nos otimismo, bom humor e satisfação. No entanto, quando depois da paixão começamos a notar, por exemplo, que a outra pessoa se afasta, que a coisa esfria ou que não vai além do plano sexual, os níveis de serotonina podem cair nos aproximando de um estado de desamparo e angústia muito intensos, onde pode aparecer uma depressão. Cada um de nós tem uma determinada preferência, muito profunda, característica e às vezes até inconsciente. Há também evidências claras de que muitas vezes nos apaixonamos por pessoas com características semelhantes às nossas: grau de inteligência similar, senso de humor parecido, mesmos valores e etc. No entanto, há algo chamativo e ao mesmo tempo exuberante em tudo isso. Podemos estar em uma sala de aula com 60 pessoas com características semelhantes às nossas, gostos parecidos e valores semelhantes, e nunca nos apaixonaremos por todas elas. O poeta e filósofo indiano Kabir disse que o caminho do amor é estreito e que, no coração, há espaço para apenas uma pessoa. O aroma dos genes Intangível, invisível e imperceptível. Se dissermos neste momento que nossos genes dão origem a um cheiro particular capaz de despertar a atração entre algumas pessoas e não em outras, é bem possível que mais de um levante uma das sobrancelhas em uma careta de sutil descrença. No entanto, mais do que os genes, o que desprende um aroma particular – do qual não somos conscientes, mas que guia nossa conduta de atração – é o nosso sistema imunológico e, especificamente, as proteínas MHC. Essas proteínas têm uma função muito específica em nosso organismo: desencadeiam a função defensiva. Sabe-se, por exemplo, que as mulheres se sentem inconscientemente mais atraídas por homens com um sistema imunológico diferente do seu. É o cheiro que as orienta nesse processo e, se preferem os perfis genéticos diferentes dos seus, é por uma razão muito simples: a descendência com esse par daria lugar a uma criança com uma carga genética mais variada. Querido, você me dispara a “feniletilamina” !! A química do amor é autêntica por uma razão muito simples: cada emoção é impulsionada por um neurotransmissorparticular, um componente químico que o cérebro irá liberar com base em um determinado conjunto de estímulos e fatores mais ou menos conscientes. A dopamina, como já vimos, é o componente biológico que nos “acende”, por sua vez, é o neurotransmissor que também desempenha o papel de hormônio e que está associado a um sistema de recompensa muito poderoso, ao ponto de ter em nosso cérebro até 5 tipos de receptores. Além disso, algo que todos nós já experimentamos alguma vez é a persistente necessidade de estar com uma pessoa em particular, e não outra. A paixão nos torna seletivos e é a dopamina que nos obriga a focar todo o nosso: Quando estamos apaixonados, há um composto orgânico que nos domina completamente: a feniletilamina. Como a própria palavra nos indica, estamos diante de um elemento que compartilha muitas semelhanças com as anfetaminas e que, combinada com a dopamina e a serotonina, sintetiza a receita perfeita para um filme de amor. Como um fato curioso, se há um alimento famoso por conter feniletilamina, é o chocolate. Na verdade, a feniletilamina do chocolate é metabolizada muito rapidamente em comparação com a de alguns produtos lácteos. Este composto orgânico é como um dispositivo biológico que procura “intensificar” todas as nossas emoções. A feniletilamina é como o açúcar em uma bebida ou o verniz que colocamos em uma tela: tudo se torna mais intenso. É ela quem intensifica a ação da dopamina e da serotonina, ela quem constitui a autêntica química do amor para fazer nos sentirmos felizes, realizados e incrivelmente motivados… Serotonina e oxitocina: a união que fortalece nossa paixão A terceira fase é a “fase de ligação” – passamos à fase do amor sóbrio, que ultrapassa a fase da atração/paixão e fornece os laços para que os parceiros permaneçam juntos. Há duas hormonas importantes nesta fase: a oxitocina e a vasopressina. Oxitocina A oxitocina é uma pequena proteína, com apenas nove aminoácidos, produzida numa zona cerebral que se chama hipotálamo. Esta proteína atua tanto em certas partes do corpo quanto em regiões cerebrais cuja função está associada com emoções e comportamentos sociais. Em um estudo efetuado em 2003, verificou-se que a inalação de oxitocina provoca um aumento da confiança nos outros. A oxitocina é o hormônio que molda o amor em “letras maiúsculas”. Já não falamos da mera “paixão” ou da atração (onde as substâncias acima mencionadas intervêm mais); nos referimos à necessidade de cuidar do ser amado, de lhe proporcionar carinho, de acariciá-lo, de ser parte da pessoa amada em um compromisso a longo prazo. Por outro lado, cabe destacar mais uma vez que a oxitocina está associada, acima de tudo, à geração de laços afetivos, e não apenas aos relacionados à maternidade ou à sexualidade. Sabe-se, por exemplo, que quanto maior é o nosso contato físico, quanto mais nos acariciamos, abraçamos ou beijamos, mais oxitocina nosso cérebro irá liberar. Já compreendemos que todos esse conjunto de compostos químicos reagem em nosso corpo na medida em que nos apaixonamos! Mas haveria alguma dica para estimular essa química do amor? Veja algumas opções!! FICA A DICA! Por muitas vezes nos questionamos quando, como e onde aplicaríamos toda a química que estudamos! Não é verdade? Sabemos que tudo tem um sentido... Se algo foi descoberto, porque um dia foi utilizado. Com isso podemos identificar que cada composto químico... há classificações distintas! Me diga!! DOPAMINA A dopamina é um composto orgânico de função mista álcool, fenol e amina que apresenta fórmulas molecular C8H11NO2. A dopamina é um neurotransmissor e sua função é estimulante e está relacionada ao controle dos movimentos, à sensação de prazer, movimento, memória, recompensa agradável, comportamento e cognição, atenção, inibição de produção do prolactin, sono, humor, aprendizagem. O excesso e a deficiência deste produto químico vital são a causa de diversas condições da doença. A doença e a toxicodependência de Parkinson são alguns dos exemplos dos problemas associados com os níveis anormais da dopamina. Pela nomenclatura IUPAC é conhecido como 3,4-dihidroxi- feniletilamina ou 2-(3,4-dihidroxifenil)etilamina. SEROTONINA A serotonina é um composto orgânico de função mista fenol e amina que apresenta fórmulas molecular C10H12N2O, é um neurotransmissor, isto é, uma molécula envolvida na comunicação entre as células do cérebro (neurônios). Ela é quimicamente representada pela 5-hidroxitriptamina (5-HT), sendo também frequentemente designada por este nome. NORADRENALINA A noradrenalina é um composto orgânico de função mista álcool, fenol e amina que apresenta fórmulas molecular C8H11NO3. A noradrenalina ou norepinefrina é um hormônio e também um neurotransmissor do sistema nervoso simpático. Ela é produzida na medula da glândula suprarrenal, sendo liberada diretamente na corrente sanguínea. Também pode ser secretada por neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático. Essa substância é produzida a partir do aminoácido tirosina. OXITOCINA A ocitocina é um peptídeo formado por nove ácidos aminados. Seu nome sistemático é cisteina-tirosina-isoleucina-glutamina-asparagina-cisteina-prolina-leucina-glicina-amina (cys - tyr - ile - gln - asn - cys - pro - leu - gly - NH2) ou CYIQNCPLG-NH2. Sua fórmula é C43H66N12O12S2 e sua massa 1007,19 g.mol-1. Na molécula de ocitocina pode-se observar a ligação dissulfeto entre os resíduos de cisteína, além das inúmeras ligações peptídicas. A ocitocina é um peptídeo cíclico contendo 9 resíduos de ácidos aminados. Em sua molécula, encontramos diversos grupos amida (-CONH), que foram formados através das ligações peptídicas entre os ácidos aminados. Visto que o plasma sanguíneo é em grande parte composto por água, a ocitocina pode fazer ligações de hidrogênio através dos átomos de N, O e H e desta forma ser carregada. A ocitocina possui importância fundamental no trabalho de parto e na ejeção do leite. A ocitocina atua no trabalho de parto estimulando as contrações uterinas, bem como promove a dilatação do canal vaginal e afastamento da sínfise púbica. A sucção promovida pelos bebês na auréola do seio da mãe também promove a liberação da ocitocina, que tem como função ajudar na secreção do leite. Referências bibliográficas Giuliano, F.; Allard J. (2001). Dopamina e função sexual. Int J Impot Press. Sabelli H, Javaid J. Modulação fenileticamina de efeito: implicações terapêuticas e diagnósticas. Journal of Neuropsychiatry 1995; 7: 6-14. Fisher, H. (2004). Por que amamos: a natureza e a química do amor romântico. Nova Iorque: Henry Holt. Garrido, José María (2013). A química do amor. Madrid. Chiado Editorial Fisher, Helen (2009). Por que amamos. Madrid: Taurus
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