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APELAÇÃO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE TAGUATINGA - DF.
Processo nº ...
Viviane Silva, devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, inconformado com a sentença proferida às fls., vem tempestivamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, com fulcro no art. 593, I, do Código de Processo Penal, interpor:
Apelação
Pugnando que, depois de exercido o juízo de admissibilidade do presente recurso, bem como das razões recursais que estão em anexo, sejam os autos remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça e Territórios, para apreciação das referidas razões.
Nestes Termos 
Pede Deferimento.
27 de agosto de 2015
Advogado ...
		OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
Processo nº ...
Apelante: Viviane Silva
Apelado: Ministério Público do Distrito Federal e Territórios 
Origem: Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Taguatinga - DF.
Colenda Turma, 
Ínclitos Julgadores!
Em que pese o ilibado saber jurídico do magistrado a quo, o recorrente vem perante Vossas Excelências por intermédio de seu patrono infra assinado, apresentar Razões de Apelação, com base nos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:
I – DOS FATOS
No dia 15 de fevereiro de 2010 Viviane, ora apelante, supostamente teria, utilizado um documento falso, induzido a locadora de DVD´s “Veja e Curta”, localizada no Taguatinga Shopping, em erro para obter vantagem ilícita. Conforme a denúncia, a acusada teria chegado com documentos particulares falsificados para abrir um cadastro no estabelecimento e locar filmes, já objetivando não devolvê-los. Após escolher os 03 filmes desejados (avaliados em R$ 10.00 cada) e passar pelo caixa, a acusada foi detida por um dos seguranças. As mercadorias foram apreendidas quando Viviane já havia saído do estabelecimento e caminhava em direção à sua residência. A apelante confessou todos os atos narrados na denúncia.
A apelante foi denunciada pelo Ministério Público como incursa nas penas do art. 171, caput, em concurso material com o crime do art. 304 c/c 298 do Código Penal.
A denúncia foi recebida, no dia 20 de maio de 2015, acolhendo a imputação feita pelo Ministério Público e aplicando. A ré foi citada para manifestação escrita através de profissional habilitado, o que de fato foi feito pela defensoria. A audiência de instrução e julgamento foi designada para o dia 20 de julho de 2015
Encerrado a instrução processual, foi dada vista dos autos ao MP que sustentou pela condenação nos mesmos moldes da denúncia. A defesa teve vista dos autos em 02 de agosto de 2015, uma segunda-feira, para manifestação, tendo a mesma sustentada pela improcedência da denúncia. No entanto, Viviane foi condenada a pena de 04 anos pelos dois crimes em concurso material, sendo a pena de 02 anos para o crime de estelionato e 02 anos para o crime de falso, motivando o juiz, na sentença, que os crimes contra o patrimônio como o estelionato, têm sido grandes vilões da sociedade, razão pela qual necessitam de reprimenda exacerbada, o que estava a ser feito na primeira fase da dosimetria quando da análise da culpabilidade.
Todavia, a sentença proferida, com a máxima data vênia do entendimento do juízo a quo, merece a mais ampla reforma.
II. DAS PRELIMINARES E NULIDADES
II.I DA PRELIMINAR DA EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DA PENA EM CONCRETO RETROATIVA
No âmbito de preliminares, vêm a apelante exigir a extinção da punibilidade com base nos arts. 109, 110, § 1º e 115 do Código Penal. 
Ressalta-se um pequeno resumo das datas dos fatos ocorridos à prescrição para que fique óbvio o entendimento de sua aplicação: 
O fato ocorrido de acordo com a denúncia proposta pelo Ministério Público ocorreu em 14 de fevereiro de 2010. A denúncia, por sua vez, foi ofertada em 16 de maio de 2015 e recebida em 20 de maio do ano referido. As partes foram intimadas da sentença em 21 de agosto de 2015.
Repara-se que o lapso temporal ocorrido entre a data da ocorrência do fato e a data da sentença condenatória foi de 05 (cinco) anos e 06 (seis) meses.
A apelante nasceu em 28 de outubro de 1940, conforme certidão anexada nos autos, portanto possuindo 74 anos na data da sentença condenatória, Sendo assim aplicado o art. 115 do Código Penal, reduzindo o prazo prescricional pela metade. 
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 
Vejamos o prazo prescricional aplicado para o fato em questão: 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; 
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 03 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 01 (um) ano;
Não havendo manifestação do Ministério Público sobre a sentença condenatória, na qual foi aplicada a pena de 03 anos de reclusão, é de se entender pela aplicação do art. 110, § 1o do Código Penal: 
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. 
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
Com isso, a prescrição ocorreria com a decorrência de 08 anos, de acordo com o art. 109, IV do Código Penal, supramencionado, no entanto, reduz-se pela metade referido prazo pelo fato da apelante ter mais de 70 anos na data da sentença, conforme exposto no art. 115, CP. Logo, resta demonstrado que o prazo prescricional para a apelante que possuía 75 anos na data da sentença, é de 04 anos. 
Nesse sentido, seguem excertos do entendimento da jurisprudência: 
[...] LAPSO TEMPORAL. OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. 
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ESTATAL. 1. É pacífico nesta Corte que o crime 
previsto no art. 95, alínea d, da Lei n.º 8.212/91, [...] com pena máxima em 
abstrato de 5 (cinco) anos, o que acarreta prazo prescricional de 12 (doze) 
anos, conforme disposto no art. 109, inciso III, do Código Penal, que restou 
transcorrido no caso desde o último março interruptivo da prescrição. [...] (STJ 
- EDcl nos EDcl no REsp: 686564 SC 2004/0104290-6, Relator: Ministra 
LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 23/02/2010, T5 - QUINTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 22/03/2010). PENAL E PROCESSUAL PENAL. SENTENÇA 
ABSOLUTÓRIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA IN 
ABSTRATO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. - A prescrição, para os crimes cuja 
pena seja de no máximo 8 (oito) anos, é de 12 (doze) anos, nos termos do art. 
109, III, do CP, [...] - Tendo em vista que transcorrido mais de 12 anos entre o 
recebimento da denúncia e o julgamento no Tribunal, operou-se a prescrição 
da pretensão punitiva in abstrato, o que acarreta na decretação da extinção da 
punibilidade. - Julgado prejudicado o exame da apelação. Súmula TFR nº 241. 
(TRF-2 - ACR: 2228 1999.02.01.056624-0, Relator: Desembargador Federal 
ALEXANDRE LIBONATI DE ABREU, Data de Julgamento: 06/04/2005, PRIMEIRA 
TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU - Data: 19/04/2005 - Página: 
181).
Deste modo, requer de V. Excelência que seja extinta a punibilidade da apelante por razão de decurso de prazo prescricional,com fulcro no artigo 107, IV do Código Penal.
II.II NULIDADEPOR FALTA DE DEFESA
Pois bem Excelências, é correto afirmar que a ampla defesa em processos criminais é compreendida pela defesa técnica e pela autodefesa, logo somente podem ser realizadas pelos acusados em processos criminais.
Portanto, a audiência é coberta de absoluta nulidade, sendo que a ré passou a audiência praticamente desassistida de advogado, apenas foi nomeado um advogado dativo em seu interrogatório., tendo como pressuposto o dispositivo que de forma expressa está previsto na Carta Magna de 1988, que todo o cidadão tem direito ao Contraditório e a Ampla Defesa. O Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa é assegurado pelo artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal.
Cumpre informar que o Defensor se quer teve vista aos autos anteriormente, e mal sabia do que se tratava o referido processo, tão pouco acompanhou a oitiva das testemunhas, dos agentes condutores da prisão e do ofendido, logo não teve direito à defesa de questionar absolutamente nada nem ao menos de indicar algum vício no processo, restando claro tamanho prejuízo ao apelante.
O Código de Processo Penal, traz em seu artigo 564, inciso III, alínea e e inciso IV a nulidade absoluta por falta de formalidade essencial do ato: “Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes;
 e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; 
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato;
Portanto, a Defesa requer a nulidade de todos os atos realizados após a audiência, com fulcro no artigo 564, III, L, IV do Código de Processo Penal.
III - DO DIREITO
III.I - DA ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE USO DE DOCUMENTO FALSO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA PELO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
Conforme a sentença proferida, a apelante foi condenada a pena de 04 anos pelos dois crimes em concurso material, sendo a pena de 02 anos para o crime de estelionato e 02 anos para o crime de falso. Inevitável no presente caso, a aplicação do princípio da consunção, para fins de absolver o apelante pela prática do crime do art. 304 c/c 298 do Código Penal.
A consunção é utilizada quando a intenção criminosa é alcançada pelo cometimento de mais de um tipo penal, devendo o agente, no entanto, por questões de justiça e proporcionalidade de pena, ser punido por apenas um delito. A regra é: o fato de maior entidade consome ou absorve o de menor graduação. 
Muitas vezes, um ou mais ilícitos penais constituem condutas anteriores ou posteriores do cometimento de outro, cujo tipo penal prevê pena mais severa, ou, o agente, tendo em mira uma infração penal, pratica-a, mas logo se prontifica a desenvolver outra. A hipótese recorrente já consagrada pela jurisprudência é o exaurimento do fato no estelionato, matéria objeto da súmula nº 17, do Superior Tribunal de Justiça.
 É o que determina o princípio da consunção, para o qual em face a um ou mais ilícitos penais, que funcionam apenas como condutas, anteriores ou posteriores, mas sempre intimamente interligada, dependentemente, deste último, o sujeito ativo só deverá ser responsabilizado pelo ilícito mais grave. No dizer de Damásio de Jesus:
 “Nestes casos, a norma incriminadora que descreve o meio necessário, a 
normal fase de preparação ou execução de outro crime, ou a conduta anterior 
ou posterior, é excluída pela norma a este relativa”. 
No caso dos autos, a apelante teria utilizado um documento falso, induzido a locadora de DVD´s “Veja e Curta”, em erro para obter vantagem ilícita. Neste sentido, a jurisprudência nos diz: 
"1. O princípio da consunção é aplicado quando uma das condutas típicas for meio necessário ou fase normal de preparação ou execução do delito de alcance mais amplo. 2. Comprovado que os crimes tipificados no art. 171, 'caput', c/c art. 14, inciso II e parágrafo único (estelionato tentado), e art. 304 (uso de documento falso), todos do Código Penal, ocorreram na mesma circunstância fática, servindo o falso como meio necessário para o estelionato e nele se exaurindo (por não haver provas em sentido contrário), aplica-se o princípio da consunção." (...) “Com efeito, a aplicação da consunção entre os crimes de uso de documento falso (crime-meio) e estelionato (crime-fim) exige uma análise das circunstâncias fáticas do caso concreto, para a verificação de eventual absolvição quanto ao crime de falso, conforme requerido pela Defesa.” Acórdão 1184895, 20150710285282APR, Relator: SILVANIO BARBOSA DOS SANTOS, 2ª Turma Criminal, data de julgamento: 4/7/2019, publicado no DJe: 12/7/2019 - TJ-DFT.
Seguindo o mesmo entendimento:
APELAÇÃO CRIME. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. ART. 14, CAPUT, LEI 
10.826/03. RECEPTAÇÃO. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. PRINCÍPIO DA 
CONSUNÇÃO. 
CRIME-MEIO PARA O COMETIMENTO DO PORTE ILEGAL. Não prospera o 
apelo ministerial, pois o delito de receptação depende de comprovação de 
que o réu sabia da origem espúria do artefato. Além disso, o crime de 
receptação, nesse caso, não passa de crime-meio para um crime-fim, que é o 
porte ilegal de arma de fogo. APELO MINISTERIAL DESPROVIDO (Apelação 
Crime Nº 70059124776, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em 24/04/2014) APELAÇÃO CRIMINAL. 
TRÁFICO DE DROGAS. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. 
DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO PRÓPRIO. RECEPTAÇÃO E POSSE IRREGULAR 
DE ARMA DE FOGO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. REDUÇÃO 
DA PENA DE OFÍCIO COM ALTERAÇÃO DO REGIME E SUBSTITUIÇÃO DA 
CORPÓREA POR RESTRITIVA DE DIREITOS. 1 - (...). 2 - Havendo nexo de 
dependência e subordinação entre o delito de receptação e posse de arma de 
fogo, cabível aplicação do princípio da consunção, com absorção. 3 - (...). 4 – 
(...). Apelação parcialmente provida. (TJGO, APELACAO CRIMINAL 62349- 
09.2014.8.09.0071, Rel. DES. IVO FAVARO, 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgado em 
22/09/2015, DJe 1900 de 29/10/2015) 
Sendo assim, requer-se a absolvição da apelante quanto ao delito do art. Art. 298 c/c art. Art. 304, ambos do Código Penal, por aplicação do princípio da consunção, tornando a conduta imputada atípica.
III.II - DA ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA PELO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO CRIME DE ESTELIONATO
Caso as teses anteriores não sejam acolhidas, insta verificar se a conduta teoricamente praticada pela acusada foi idônea a lesar o bem jurídico tutelado pelo tipo penal.
Conforme demonstrado na instrução criminal, a apelante, uma idosa sem nenhum antecedente criminal, que supostamente teria subtraído a ínfima quantia de 03 (três) DVD’S, no valor de R$ 30,00. Ou seja, o valor supostamente subtraído não representaria em quase nada no rendimento mensal da empresa, tendo em vista que o valor da vantagem obtida não chega a nem 10% do valor atual do salário mínimo, o que evidencia que a conduta é inofensiva.
Nesse sentido, Fernando Capez diz:
“Não cabe ao Direito Penal preocupar-se com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas totalmente inofensivas ou incapazes de lesar o bem jurídico.”
Cumpre ressaltar que o princípio da insignificância o qual deve ser imposto ao julgamento quando na conduta restar claro os pressupostos de: a) Mínima ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Desta forma, a condução do presente processo deve considerar que os danos causados são ínfimos, devendo ser considerada a insignificância da conduta, conforme precedentes sobre o tema: 
ESTELIONATO - FALSIFICAÇÃO DE CRACHÁ PARA VIAJAR SEM PAGAMENTO DE PASSAGEM - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA A Turma absolveu, por maioria, o acusado da prática de estelionato por haver falsificado crachá de empregado de empresa de transporte coletivo, com o intuito de locomover-se sem pagar a passagem. Considerou-se que o valor da passagem se mostrou ínfimo em relação ao patrimônio da empresa, devendo ser aplicadoo princípio da insignificância. Já o voto minoritário manteve a condenação ocorrida em primeira instância, entendendo inaplicável o princípio da bagatela, por não ser possível quantificar o montante exato do prejuízo financeiro sofrido pela empresa, já que o golpe foi aplicado por mais de um ano. (Vide Informativo nº 128 - 1ª Turma Criminal). 20030310078259APR, Rel. Des. GETULIO PINHEIRO. Des. Convocado SOUZA E ÁVILA - voto minoritário. Data do Julgamento 30/04/2009. 
 Desta forma, admitindo-se que a conduta não ofendeu ao bem jurídico, sendo, portanto insignificante, deve-se afastar a tipicidade e proceder à reforma da sentença de modo a absolver a apelante, nos termos do art. 386, inc. I, III, do CPP.
III.III - DA OCORRÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIA PRIVILEGIADORA 
Conforme as teses anteriores, nota-se que serve em favor da apelante a circunstância privilegiadora do art. 155, § 2o, do Código Penal, conforme diz o art. 171, § 1º, também do Código Penal.
 Isso porque, conforme à redação do dispositivo, se o prejuízo for de pequeno valor e o réu for primário, este fará jus à diminuição de um a dois terços ou substituição pela pena de detenção ou de multa. 
Conforme já demonstrado o valor inexpressivo e, como há comprovadas informações nos autos, considerando-a primária, em atenção ao princípio do in dubio pro reo. 
Dessa forma, como serve em favor da apelante a privilegiadora do art. 155, § 2o, do CP, conforme o art. 171, § 1º, deve a sentença ser reformada de modo a favorecer ainda mais a pena aplicada, seja com sua maior diminuição ou substituição, na forma que entenderem pertinente Vossas Excelências.
III.IV. DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA ESTELIONATO PRIVILEGIADO 
Se em nenhuma hipótese o tribunal entender por alguma das teses arroladas, que venha desclassificar o crime de estelionato previsto no caput do art. 171 do Código Penal para o delito de estelionato privilegiado imposto no § 1º do referido art. tendo em vista o § 2º do artigo 155: 
§ 1º: Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
Não há dúvida que a vantagem indevida, no valor de R$ 30,00 (trinta reais) é R$ 30,00 (trinta reais) mínima e que não deu algum prejuízo para a empresa, ressaltando mais uma vez a primariedade da apelante. Portanto a defesa pugna a desclassificação do crime de estelionato para o delito do parágrafo 1º do referido artigo, com fulcro do art. 383 do Código Penal.
III.V. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Conforme o art. 77 do Código Penal, o sursis comum é aplicado à execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, podendo ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: o condenado não seja reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; e não seja indicada ou cabível a substituição por penas restritivas de direitos conforme redação do art. 77 da lei 2.848/40 que instituiu o Código Penal
Nesse sentido, requer a defesa pela modificação da sentença proferida pelo magistrado, tendo em vista que possibilite ao apelante o benefício da suspensão condicional da pena, em consolidação ao princípio da isonomia, nos termos do art. 77 do Código Penal.
III.VI - SUBSTITUIÇÃO PARA RESTRITIVA DE DIREITOS
Tem-se nas folhas dos autos do processo a sentença do juízo de primeira instância, o qual condenou a apelante à pena de 04 (quatro) anos de reclusão. Em que pese o notório conhecimento da autoridade julgadora, é de suma importância o destaque de pontos relevantes no que tange à pena atribuída não observada pelo eminente magistrado.
O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 44, preleciona que poderá ocorrer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nas seguintes hipóteses:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente;
Observados os incisos do art. 44 do Código Penal, pode-se concluir que todos se adequa a apelante, valendo ressaltar nunca havia sido processada anteriormente. Logo, nota-se que a conduta social da acusada não é ruim e não possui antecedentes criminais, devendo sua pena ser substituída a pena restritiva de direitos.
O artigo 65, em seu inciso III, alínea “d” garantem a acusada a atenuação da pena em pela confissão espontânea do crime, fatos que foram demonstrados nos autos do processo. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
III - ter o agente: 
(...)
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
VII. DA DOSIMETRIA DAS PENAS 
Ora, Excelência, a sentença que condenou a apelante vai totalmente o oposto do artigo 5º, XLVI e o artigo 93, IX, ambos da Constituição Federal: 
5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
93, IX - Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
De maneira que dentro do processo legal, respeitando a Casta Magna, não pode a motivação de a sentença ser de forma genérica, conforme a decisão do proferida pelo magistrado, in verbis: 
“os crimes contra o patrimônio como o estelionato, têm sido grandes vilões da sociedade, razão pela qual necessitam de reprimenda exacerbada” 
Não restam dúvidas que ao proferir a sentença com essa fundamentação, foi a total contra mão dos referidos artigos citados acima, de forma que deve ser reformada.
Todavia, pugna-se que considere as atenuantes, vale lembrar que a apelante possuía 74 anos na data da sentença condenatória, Sendo assim, aplicado o art. 65, I, do Código Penal.
No entanto, se não for o caso de nulidade da audiência de instrução, que vossa excelência considere a confissão da apelante, por esse motivo, cabendo o beneficio do art. 65, III, “d” do CP.
Ademais, pela falta de amparo legal, requer a defesa a atenuação de pena com fulcro no art. 66 do Código Penal.
IV – DO PEDIDO
a) Preliminarmente, requerer o conhecimento da apelação para declarar a nulidade e reconhecer a extinção da punibilidade com base na prescrição da pretensão punitiva do Estado, nos termos do art. 107, IV, ou do art. 109. Inciso III, ambos do CP;
b) Não sendo o entendimento de extinguir o feito conforme o pedido acima, a defesa pugna para que seja acolhida a nulidade da audiência de instrução e julgamento pela ausência de defesa técnica, nos termos art. 564, III, L, do Código Penal;
c) A reforma da decisão que proferiu a sentença para absolver a apelante quanto ao crime de falso, removendo a sentença que atribuiu o concurso material com o delito do art. 304 c/c 298 do Código Penal - em virtude da aplicação do princípio da consunção, com fulcro do artigo 386, I, III, do CPP;
d) Subsidiariamente, requer que seja a apelante absolvida, ante a evidente atipicidade da conduta pela insignificância, nos termos do art. 386, inc. I, III, do CPP;
e) A reforma da decisão que proferiu a sentença para absolver a apelante quanto ao crime de falso, removendo a sentença que atribuiu o concurso material com o delito do art. 304 c/c 298 do CódigoPenal - em virtude da aplicação do princípio da consunção, com fulcro do artigo 386, I, III, do CPP;
f) Requer ainda, que seja aplicada em favor da apelante a privilegiadora prevista no art. 155, § 2o, do CP, uma vez que resta configurado;
g) Subsidiariamente, reforme a sentença desclassificando o delito de estelionato do caput, para o crime previsto no parágrafo 1º do mesmo artigo, nos termos do artigo 383 do CP;
h) A reforma da sentença no sentido de que se ofereça ao apelante o benefício da suspensão condicional do processo, tendo em visto o princípio da isonomia, com fulcro no art. 77 do Código Penal; 
i) A reforma da sentença com intuito de afastar o regime semiaberto imposto na sentença por uma das penas restritivas de direito elencadas no artigo 43, 44 do Código Penal.
j) Requer-se a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos nos termos do art.43 e 44 do CP, visto que se encontram presentes os requisitos para tal, sob pena de total nulidade.
k) Se nenhuma das teses citadas for aceita, ainda assim, ou em ajuntamento com essas, que a decisão seja reformada para atenuar a pena conforme os termos dos artigos 65 e 66 do Código Penal 
Pede Deferimento.
27 de agosto de 2015
Advogado ...
OAB...

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