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AV2 - Prática Civil

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Disciplina: Prática Civil I - Cível
	Professor(a): Ellen Camila Remedi Pontual
	Turma:
	Aluno(a): 
	Curso: Direito
	Observação:
A prova será composta por um caso concreto em que deve ser elaborada a peça prático
processual correspondente, com todos os seus requisitos e fundamentações e inclusão de uma jurisprudência (1,0). Valor total da prova: 8,0 (oito) pontos
	Nota:
1) Elabore a peça processual cabível
Miguel dirigia seu veículo na QL 08, em Brasília, quando sofreu uma batida, na qual também se envolveu o veículo de Rubens. O acidente lhe gerou danos materiais estimados em R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), equivalentes ao conserto de seu automóvel. Rubens, por sua vez, também teve parte de seu carro destruído, gastando R$ 25.000,00 (quinze mil reais) para o conserto. Diante do ocorrido, Miguel pagou as custas pertinentes e ajuizou ação condenatória em face de Rubens, autuada sob o nº 21212121/2121 e distribuída para a 5ª Vara Cível da Circunscrição Judiciária de Brasília/DF, com o objetivo de obter indenização pelo valor equivalente ao conserto de seu automóvel, alegando que Rubens teria sido responsável pelo acidente, por dirigir acima da velocidade permitida. Miguel informou, em sua petição inicial, que não tinha interesse na designação de audiência de conciliação, inclusive porque já havia feito contato extrajudicial com Rubens, sem obter êxito nas negociações. Miguel deu à causa o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Rubens recebeu a carta de citação do processo pelo correio, no qual fora dispensada a audiência inicial de conciliação, e procurou um advogado para representar seus interesses, dado que entende que a responsabilidade pelo acidente foi de Miguel, que estava dirigindo embriagada, como atestou o boletim de ocorrência, e que ultrapassou o sinal vermelho. Entende que, no pior cenário, ambos concorreram para o acidente, porque, apesar de estar 5% acima do limite de velocidade, Miguel teve maior responsabilidade, pelos motivos expostos. Aproveitando a oportunidade, Rubens pretende obter de Miguel indenização em valor equivalente ao que dispendeu pelo conserto do veículo. Rubens não tem interesse na realização de conciliação.
Na qualidade de advogado(a) de Rubens, elabore a peça processual cabível para defender seus interesses, indicando seus requisitos e fundamentos, nos termos da
legislação vigente. Considere que o aviso de recebimento da carta de citação de Rubens foi juntado aos autos no dia 14/06/2021 (segunda-feira), e que não há feriados no mês de novembro.
AO JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DE BRASÍLIA - DF
Nº do Processo: 21212121/2121
RUBENS, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por meio de seu advogado constituído (procuração anexa), com endereço profissional em XXXXX e endereço eletrônico XXXXX, vem a presença de vossa excelência, com fulcro nos artigos 335, artigo 336, bem como o artigo 343 do Código de Processo Civil (CPC), apresentar:
CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO
aos fatos e direitos opostos por MIGUEL, também já qualificado nos autos do presente processo.
I - DA TEMPESTIVIDADE
A presente peça processual é tempestiva visto que o prazo para apresentação da contestação é de 15 dias úteis segundo art. 219 do CPC, a partir da juntada do AR relativo à carta de citação de acordo com o art. 231, inciso I e Art. 335 ambos do CPC, ou seja, o prazo final para a prática do ato seria o dia 06 de Julho de 2021, restando a peça tempestiva.
II - DO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS DO PEDIDO RECONVENCIONAL
Na oportunidade, nos termos do artigo 292, V o réu-reconvinte junta a GRERJ N. XXXX, referente às custas processuais e a taxa judiciária referente à reconvenção.
III - PRELIMINARMENTE
III.I – DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA
A parte autora apresenta o valor de R$5.000,00 (cinco mil reais) como valor da causa. Contudo, com amparo no artigo 337, III do CPC, esse valor não respeita o que determina o artigo 292, inciso V do CPC, o qual diz que o valor das ações indenizatórias deve ter por valor da causa a quantia que se pretende.
Sendo assim, o montante pleiteado pela parte autora é o de R$45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), valor este que justifica ter sido utilizado no reparo do seu veículo. Portanto, o valor da causa indicado pela parte autora deveria ser o de R$45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), devendo o juiz decidir a respeito, impondo a complementação das custas, nos termos do Art. 292, §3º, CPC.
IV - DOS FATOS
Alega a parte autora que dirigia seu veículo na QL 08 em Brasília, quando se envolveu em acidente de trânsito com o veículo do réu. Em decorrência do acidente, sofreu danos materiais no valor de R$45.000,00, valor que foi utilizado para os reparos do veículo.
Segue aduzindo que o acidente foi provocado por culpa do réu, pois estaria dirigindo acima da velocidade permitida. Pleiteando, no mérito, a indenização pelos danos materiais sofridos.
Deu à causa o valor de R$5.000,00 e informou não desejar audiência de conciliação, por ter tentado acordo extrajudicial, sendo infrutífero.
Entretanto, inexiste qualquer direito a ser reparado ao autor. Pois, ele se encontrava embriagado no momento do acidente, e inclusive avançou o sinal vermelho conforme atestou boletim de ocorrência.
V - DO DIREITO
Diante do que foi apresentado até o presente momento é possível entender que Rubens não cometeu ato ilícito, portanto não há responsabilidade civil. Sendo assim, o réu em nenhum momento praticou ação voluntária com negligência ou imprudência que causasse danos a parte autora e, consequentemente, gerasse o dever indenizatório. Entretanto, Miguel em uma atitude imprudente, como atestado no boletim de ocorrência, dirigia seu veículo sob influência de álcool e sem a devida atenção avançou o sinal vermelho, ensejando o acidente e dando causa a batida na qual envolveu o veículo de Rubens. Sendo assim é possível compreender que Miguel agiu por ação voluntária, com imprudência causando danos a Rubens e assim incidindo nos artigos 186 c/c 927 do Código Civil.
Portanto, ao contrário do réu, toda responsabilidade cabe à parte autora que, conforme documentos apresentados, estava completamente embriagado no momento do acidente, colocando os terceiros em risco, desrespeitando e avançando sinais vermelhos.
Neste viés a jurisprudência assim se comporta:
“APELAÇÃO CÍVEL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - FALTA DE PROVA DE QUEM FOI O CAUSADOR DO DANO - INTELIGÊNCIA DO ART. 333, I DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - INDENIZATÓRIA IMPROCEDENTE - APELO IMPROVIDO
Não fazendo o autor a prova de serem os réus causadores dos danos sofridos em acidentes de trânsito, que é o fato constitutivo de seu direito, impõe-se a improcedência da indenização. (Apelação Cível nº 14.651, Relator: Dr. José Tadeu Cury, DJMT 22/07/92)
RESPONSABILIDADE CIVIL -ACIDENTE DE TRÂNSITO - REPARAÇÃO DE DANO - INCOMPROVADA A CULPA DO RÉU - RECURSO IMPROVIDO.
A sentença de improcedência da ação deve ser confirmada, porquanto não demonstrada a culpa do réu pelo acidente. (Apelação Cível nº 14.211, DJM 19/03/92, Relator Dr. Benedito Pereira do Nascimento)”
Caso assim não se entenda, é necessário considerar a responsabilidade concorrente entre as partes. Pois, a culpa é fator determinante no momento de se determinar o valor indenizatório.
Assim sendo, o Código Civil permite reduzir equitativamente a indenização quando houver a excessiva desproporção entre a culpa e o dano, conforme preconiza o artigo 944 parágrafos único do CC. Sendo estabelecido ainda que: Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com o do autor do dano, segundo o art. 945 do Código Civil.
Ora, apesar do réu exceder o limite de velocidade em 5%, esse valor é ínfimo, não sendo o motivo preponderante para o acontecimento do acidente. Pelos motivos aduzidos, requer a improcedência dos pleitos autorais. Caso reste configurada a responsabilidade civil, imperioso implicar que a mesma seja concorrente.
VI - DA RECONVENÇÃO
Nos termosdo artigo 343 do CPC, ao réu é lícito propor RECONVENÇÃO, manifestando pretensão própria, se conexa com a ação principal ou com fundamento de defesa.
Decorrente do mesmo fato, pleiteia o réu, ora RECONVINTE, indenização pelos danos materiais sofridos no valor de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais), montante utilizado para o conserto do veículo avariado pelo acidente (Doc anexo).
Restando claro o dever indenizatório do RECONVINDO, ante a prática de ato ilícito pela sua negligência ao dirigir embriagado, atravessando sinais vermelhos, nos termos do artigo 186, 927 do Código Civil.
VII - DOS PEDIDOS
VII.I - Requer o acolhimento da preliminar arguida, intimando a parte autora à complementar as custas.
VII.II - No mérito, requer a total improcedência dos pleitos autorais.
VII. III - Subsidiariamente, requer a procedência parcial em razão da responsabilidade concorrente.
VII.IV - Quanto à RECONVENÇÃO, requer a procedência do pedido reconvencional, para condenação do autor-reconvindo ao pagamento da indenização do valor de R$25.000,00.
VII.V - No final, requer a condenação da parte autora em custas e honorários advocatícios.
VII.VI - Pleiteia provar o alegado por todos os meios em direito admitido, em especial com a juntada de notas fiscais e comprovantes de pagamento dos R$25.000,00 e juntada do boletim de ocorrência.
Brasília-DF, 03 de Julho de 2021.
Advogado, OAB

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