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COLETA, TRANSPORTE, RECEPÇÃO E PREPARO DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE UNIPLAN Disciplina: Microbiologia de Alimentos Prof. Msc. Adriana Barbosa Costa INTRODUÇÃO A coleta de amostras para avaliação de lotes de alimentos processados deve obedecer a planos de amostragem que permitam tomar decisões a respeito do destino dos lotes; Resolução RDC nº 12, de 02/01/2001, ANVISA; Alguns termos: lote, amostra de lote e unidade analítica; No tocante à linguagem médica colheita é usado de preferência quando se colhe alguma coisa individualmente (colheita de sangue, colheita de urina, etc.) e coleta quando se trata da obtenção de material, dados, amostras ou informações de uma coletividade ou de arquivos que os contenham. DEFINIÇÕES Lote: Quantidade de alimento de mesma composição e características físicas, químicas e sensoriais, produzida e manuseada nas mesmas condições; Amostra de lote: Número de entidades individuais, escolhidas ao acaso, para representar o lote; Unidade analítica: quantidade de alimento efetivamente utilizada na análise de uma amostra; Coleta de amostras para análise Alimentos em embalagens individuais: Devem ser coletadas e encaminhadas ao laboratório na sua embalagem comercial original, fechada e intacta; Alimentos em embalagens não individuais: Alimentos contidos em tanques ou grandes embalagens, impossíveis de serem transportadas ao laboratório; Deve-se transferir porções representativas da massa total para frascos ou sacos estéreis, sob condições assépticas; Coletar 200g para alimentos sólidos e 300 a 500 mL de líquidos; Um frasco de coleta nunca deve ser completamente preenchido pelo alimentos, recomenda-se usar no máximo ¾ de sua capacidade, para facilitar a mistura da amostra; Frascos e utensílios: esterilizados individualemente; Autoclave: 121°C/ 30 min Estufa: 170°/ 2h Procedimentos para coleta Sempre que possível, promover uma mistura de toda a massa de alimentos, antes de iniciar a coleta da amostra; Alimentos líquidos podem ser agitados; Alimentos moídos ou em pó devem ser revolvidos; Alimentos congelados devem ser acondicionados em 2 sacos plásticos estéreis e quebrados; Deve-se evitar a retirada de porções apenas das regiões próximas à abertura do tanque ou volume; Quando a abertura for uma torneira ou tubulação, limpar a parte externa da saída com etanol 70%, flambar se o material for resistente ao fogo, e deixar ecoar uma certa quantidade do produto, antes de iniciar a coleta; Para se retirar amostras de grandes peças sólidas, deve-se usar uma pinça, faca, etc... retirando-se porções de diferente pontos; Coleta de alimentos envolvidos em surtos de toxinfecções alimentares Tentar coletar e analisar amostras das refeições suspeitas o mais cedo possível; Porém, não adianta coletar amostras de alimentos que tenham sofrido do abuso de temperatura ou que já se encontrem em estado de parcial deterioração; Se não houver sobras das refeições suspeitas: Coletar os vasilhames onde as refeições se encontravam acondicionadas; Coletar amostras do lote de ingredientes e matéria- prima utilizadas na preparação das refeições; Coletar amostras de refeições similares, preparadas posteriormente sob as mesmas condições. Coleta de amostras de água Amostras de água clorada devem ter o cloro residual neutralizado imediatamente após a coleta, para impedir a continuação do seu efeito bactericida; Ao se coletar amostras de torneiras e tubulações, deve-se limpar a área externa da saída com etanol 70% , deixar a água fluir por 3 min. Antes da coleta; Informações que devem acompanhar as amostras Tipo de amostra e processo utilizado na fabricação; Ex: leite pasteurizado, suco de fruta concentrado pasteurizado, polpa de tomate concentrada; Fabricante/ data de fabricação/ código do lote; Interessado solicitante da análise (nem sempre o interessado e o fabricante são os mesmos) Data e local da coleta da amostra; Razão da análise (controle de qualidade interno do fabricante, avaliação da conformidade com os padrões legais, registro de um novo produto, amostra envolvida com surto); Transporte e estocagem de amostras para análise Como regra geral, deve-se transportar e estocar amostras de alimentos da mesma forma como o produto foi normalmente transportado e estocado na sua comercialização; Recepção e preparação de amostras para análise Recepção: deve-se observar as condições da embalagem e as condições em que foi feito o transporte, antes de aceitar em se fazer a análise; Deve ser rasgada qualquer amostra com embalagem rasgada, furada, violada ou com corpos estranhos; Preparação Envolve duas etapas: Retirada da unidade analítica - Deve ser feita de forma a garantir que a porção removida seja representativa de todo o conteúdo da amostra; Preparação de diluições decimais seriadas; SEGURANÇA DOS ALIMENTOS: NECESSÁRIA PARA GARANTIR A SAÚDE DO CONSUMIDOR Alimento seguro é aquele que não causa danos à saúde dos consumidores, como por exemplo: dores de barriga, dores de cabeça, febre, diarréias, vômitos, ferimentos na boca ou garganta, entre outros. A responsabilidade em fornecer alimentos seguros cabe a todos que pertencem à cadeia alimentar, desde os produtores rurais até os estabelecimentos que preparam alimentos para o consumo, inclusive a nossa casa. A principal forma de fornecer alimentos seguros aos consumidores é evitar que alguns perigos estejam presentes nos alimentos. Os perigos nos alimentos podem ser: Perigos biológicos: são provocados por microrganismos (bactérias, vírus, fungos, entre outros) que não podemos ver a olho nu, mas que são as principais causas de contaminação nos alimentos; Perigos químicos: são provocados por desinfetantes, produtos para matar ratos, inseticidas, antibióticos, agrotóxicos e outros venenos; Perigos físicos: são materiais que podem machucar, como pregos, pedaços de plástico, de vidro e de ossos, espinhas de peixe e outros. ATENÇÃO: sempre observe as embalagens que envolvem os alimentos, se o plástico ou vidro estiverem violados, não os adquira. Alimentos seguros são aqueles que não oferecem perigos à saúde e à integridade do consumidor. OS MICRORGANISMOS Os microrganismos são seres invisíveis a olho nu e, por não conseguirmos enxergá-los, não sabemos em que quantidade eles estão presentes nos alimentos. Por serem muito pequenos, somente conseguimos enxergá-los com auxílio de um microscópio que aumenta seu tamanho de 400 a 1000 vezes, ou ainda, quando estão agrupados na forma de colônias (grande número de microrganismos juntos), sem auxílio desse equipamento. Temperaturas abaixo de 10ºC ou acima de 60ºC retardam a multiplicação dos microrganismos em alimentos! Por outro lado, se os alimentos forem mantidos entre 10ºC e 60ºC, por mais de 2 horas, as chances dos microrganismos se multiplicarem é muito grande, pois eles se proliferam dobrando a quantidade e, conseqüentemente, os alimentos ficam contaminados e, se consumidos, podem causar, por exemplo, uma intoxicação alimentar. O intervalo entre 10ºC e 60ºC é a chamada Zona Perigosa, ou seja, é o intervalo de temperatura que melhor os microrganismos se multiplicam por isso, evite deixar alimentos em temperaturas da Zona Perigosa. ATENÇÃO! Para evitar a multiplicação dos microrganismos, devemos sempre manter os alimentos em refrigeração (geladeira) ou em aquecimento (banho- maria). OS PRINCIPAIS TIPOS DE MICRORGANISMOS PARA OS ALIMENTOS SÃO: Bactérias: são organismos amplamente distribuídos na natureza. Algumas são parasitasdo homem, causando infecções de maior ou menor gravidade. Como exemplo, a salmonela, que pode ser encontrada nos ovos. Outras porém, vivem em nossa pele, nas vias respiratórias e no tubo digestivo sem causar nenhum dano. As bactérias do intestino chegam até a ajudar-nos, fabricando algumas vitaminas importantes para o nosso organismo. Muitas bactérias vivem no solo e na água, fazendo a decomposição da matéria orgânica de cadáveres, fezes e folhas mortas sendo, portanto, indispensáveis à reciclagem da matéria na natureza e ao equilíbrio ecológico. Finalmente, algumas bactérias como o lactobacilo são usadas pelo homem na fabricação de iogurtes, queijos, etc. Bolores e mofos: estão amplamente distribuídos na natureza, são encontrados no solo, ar, água e superfícies de vegetais e nos animais. Geralmente estão presentes em ambientes úmidos. Podem ser encontrados com maior freqüência em pães e frutas. Fermentos e leveduras: são usados para fazer pães, bebidas alcoólicas e massas. Às vezes estragam os alimentos, fermentando-os. Muitas bactérias produzem toxinas (venenos) e algumas produzem esporos (cápsula protetora), que são resistentes ao calor e, por isso, não são destruídos no cozimento. Quando alguns alimentos (frutas, grãos) são armazenados em locais úmidos, os bolores se multiplicam e alguns produzem toxinas (micotoxinas). ALGUNS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A MULTIPLICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS Nutrientes/comida: como qualquer ser vivo, os microrganismos precisam de alimento para sobreviver, inclusive restos de comida! As bactérias têm preferência por alimentos ricos em proteínas, como carnes, leite e derivados. Já os fungos, preferem os alimentos ricos em carboidratos (massas e frutas). Os alimentos ricos em gordura, não favorecem o desenvolvimento desses microrganismos. Água: quanto mais água tiver o alimento, melhor para os microrganismos, mais facilmente eles se multiplicam e quanto mais seco for o alimento, mais difícil é para um microrganismo se multiplicar. Portanto, os alimentos que têm pouca água, como por exemplo, o leite em pó, duram mais. Temperatura: a maioria dos microrganismos multiplica-se no nosso ambiente, em temperaturas entre 10°C e 60°C. Para controlar a multiplicação, os alimentos devem estar em temperaturas abaixo de 10ºC e acima de 60ºC. A temperatura geralmente está aliada ao tempo. Quanto mais tempo o alimento permanecer entre 10°C e 60°C, mais arriscado será para a qualidade do produto. Oxigênio: a maioria dos microrganismos necessita de ar para viver. São os chamados aeróbios. Por isso, muitas embalagens são para evitar a presença do ar, conservando por mais tempo o alimento. Outros preferem a ausência de ar (anaeróbios) e, há ainda aqueles que se desenvolvem na presença ou ausência de ar. Estes últimos são os chamados facultativos. Baixa acidez: os alimentos pouco ácidos (leite, carne, aves, peixes) são os preferidos pelos microrganismos, principalmente pelas bactérias. Alimentos pouco ácidos são aqueles que têm um pH superior a 4,5. Para evitar a multiplicação, é importante que esses alimentos sejam guardados sob refrigeração PH O pH é um indicador de acidez dos alimentos. • pH superior a 4,5: são os chamados pouco ácidos (produtos a base de leite). • pH entre 4,0 e 4,5: são os chamados ácidos (tomate). • pH menor que 4,0: são os chamados muito ácidos (frutas cítricas). Alimentos com pH abaixo de 4,5 não permitem o crescimento de bactérias patogênicas. Como exemplo, podemos citar a bactéria que causa o botulismo. É a chamada Clostridium botulinum. Os microrganismos podem ser úteis ou prejudiciais Os úteis são utilizados para produzir alimentos como iogurtes, pães, queijos. Os prejudiciais são divididos em 2 grupos: Deteriorantes: são os que estragam os alimentos. Patogênicos: são os que causam doenças para aqueles que os ingerirem. MITOS E VERDADES PRODUTOS ESTRAGADOS X PRODUTOS CONTAMINADOS Produtos estragados contém microrganismos deteriorantes. Esses produtos apresentam alteração de cor, odor, sabor, textura e, por isso,são rejeitados pelos consumidores. Produtos contaminados contém microrganismos patogênicos. Esses produtos não apresentam alterações nas suas características (cor, odor, sabor e textura) e, portanto, são consumidos sem que se perceba qualquer problema. O consumidor irá perceber depois, com sintomas como dores de barriga, vômitos e diarréia. Como podemos evitar a perda dos alimentos em nossa casa ou na empresa que produz ou comercializa alimentos? • Avaliando as condições da embalagem: se as mesmas não estão violadas ou danificadas; • Verificando sempre a data de fabricação e de validade dos produtos comprados; • Utilizando o produto alimentício dentro do prazo de validade indicado na embalagem; • Se o produto cru foi descongelado, cozinhe antes de voltar a congelar. Assim você ganha mais um período para o armazenamento; • Preparando os alimentos em locais limpos e com higiene; • Utilizando matérias primas adquiridas de fornecedores idôneos; • Controlando as pragas, de forma a não permitir que entrem em contato com os alimentos; • Evitando que os alimentos fiquem expostos em temperatura ambiente por muito tempo; CUIDADOS A SEREM TOMADOS COM ALGUNS ALIMENTOS Leite: depois de aberto, deve ser descartado se mantido acima de 10oC por mais de 2 horas. Sucos de frutas: descartar se estiverem turvos, embolorados ou fermentados. Queijos duros, manteiga, margarina: descartar se estiverem com bolor ou com cheiro de ranço. Frutas frescas e vegetais: descartar se estiverem com bolor, com odor de fermentação ou com textura fina. Carnes, aves e peixes frescos: descartar se mantidos acima de 10oC por mais de 2 horas. Carnes cozidas e cachorro quente: descartar se mantido abaixo de 65oC por mais de 2 horas. Maionese (aberta): descartar se mantido acima de 10oC por mais de 2 horas. DICAS Qualquer alimento pode ser guardado quente na geladeira. Recomenda-se esperar sair a fumaça e então, o recipiente onde está guardado o alimento deve ser devidamente tampado e levado à refrigeração ou congelamento. Não precisa esperar que o alimento fique totalmente frio para guardá-lo na geladeira! COMO CONTROLAR OS PERIGOS? Os perigos podem ser controlados através das Boas Práticas de Fabricação (BPF) - termo utilizado nas indústrias de alimentos - e que vem do inglês Good Manufactoring Practices, também conhecido pela sigla GMP. Também pode ser dito Boas Práticas de Manipulação (BPM) e ainda, para a produção primária, é mais utilizado o termo Boas Práticas Agrícolas (BPA). São regras utilizadas na produção de alimentos e, quando aplicadas, ajudam a prevenir os perigos. Existem regras para a higiene pessoal, para a higiene dos utensílios e instalações, de cuidados durante o preparo, qualidade da água utilizada, etc. As boas práticas já dão uma boa segurança aos alimentos, se estiverem sendo respeitadas. “O otimismo é a fé que leva à realização. Nada pode ser feito sem esperança ou confiança." (Helen Keller) Obrigada!!!
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