Síntese Reflexiva - WIT - Uma Lição de Vida (1)

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA
 Júlia Micheli Perez
RESENHA CRÍTICA: WIT – UMA LIÇÃO DE VIDA
 
Salvador – BA
2021
RESENHA CRÍTICA: WIT – UMA LIÇÃO DE VIDA
Síntese Reflexiva apresentado à disciplina curricular de Habilidades Comunicação, sob a orientação da professora Dolores Araújo, como requisito parcial de avaliação.
Salvador – BA
2021
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SUMÁRIO
1. Resenha Crítica ..................................................................................................... 3
Dirigido por Mike Nichols, o longa-metragem Wit: uma Lição de Vida, relata o drama vivido pela renomada professora universitária Vivian Bering ao ser diagnosticada com câncer de ovário insidioso, metastático em estágio IV pelo respeitado Dr. Kelekian. Diante disso, o médico de maneira fria e tecnicista em sua linguagem a propôs um tratamento experimental com doses máximas de quimioterapia que causava danosos efeitos colaterais, com o foco meramente acadêmico e nos resultados da pesquisa, não aventando a possibilidade de um tratamento paliativo para ofertar a paciente dignidade e conforto no seu inevitável processo de morte.
De maneira análoga, no quadro “Morte no Ambulatório”, Edvard Munch pinta um cenário em que o paciente, as portas da morte, encontra-se de costas. Enquanto o médico apenas o observa, mantendo um certo distanciamento. Fora das telas, lamentavelmente, como foi evidenciado no filme, muitos médicos apresentam tal postura e não reconhecem que a atenção ao paciente, escuta ativa respeito a sua autonomia, comunicação efetiva, verdade no olhar e nas palavras mesmo  na impossibilidade de cura, podem ser essenciais para proporcionar zelo, bem-estar, respeito e uma resposta razoável para as pessoas portadoras de enfermidades que ameaçam a continuidade da vida. Outrossim, o filme proporciona uma reflexão contundente sobre o adoecimento, a morte e o processo de morrer. Ao iniciar o tratamento, Vivian começa a sofrer com os efeitos colaterais da quimioterapia “sempre na dose máxima” e chega à conclusão paradoxal de que não é a doença que está fazendo mal a ela e sim o tratamento. Nesse viés, a médica inglesa Cicely Sounders, afirma que " O sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida.", para discutir sobre a necessidade dos cuidados paliativos e a importância da humanização nas relações do médico/paciente serem pautadas na empatia, confiança e compaixão para tornar o sofrimento mais tolerável.
Assim, seguindo o raciocínio da médica, os cuidados integrais e ativos em pacientes, na fase avançada ou em estágio terminal possibilitam garantir maior conforto e qualidade de vida, aliviando o sofrimento, ao tocar nas dimensões físicas, espirituais e psicológicas dos pacientes. Durante o tratamento, Vivian desenvolve um olhar especial para a forma como está sendo tratada no ambiente intra-hospitalar. Nesses flashbacks, Vivian interroga-se e nos faz refletir a respeito da degradante e desumana condição dos pacientes em processo de morte iminente, em especial aos submetidos a pesquisa clínica, com a perda progressiva de identidade e privacidade e a lenta evolução em protocolo de cuidados experimentais, onde não são tratados com empatia ou seres humanos, mas, como objetos.
Nesse contexto, a empatia, do grego “inphatos”, significa sentir com o outro. No entanto, no filme e no âmbito da saúde, infelizmente, esse fundamental atributo tornou-se cada vez mais escasso, acarretando no distanciamento do profissional médico e paciente. Nesse sentido, o teólogo Leonardo Boff, ao afirmar que “Cuidar é sair de si e centrar-se no outro com desvelo e solicitude.”, discute que o cuidado e a empatia são indissociáveis. Assim, é possível destacar a relação humana da enfermeira Susie e Vivian, regada de empatia, zelo e compaixão, proporcionando a paciente momentos únicos de alento e conforto durante sua dolorosa estadia hospitalar. Logo, é possível perceber que a empatia quando utilizada como principal ferramenta de trabalho de todo e qualquer profissional de saúde, proporciona uma aproximação do paciente, possibilitando invariavelmente uma identificação. Nessa ótica, o cuidado torna-se mais humano e eficiente, o que possibilita uma melhor e mais assertiva tomada de decisão por parte do profissional, que passa a se colocar no lugar do paciente e enxergá-lo com respeito, ética e compaixão, sob a perspectiva de um olhar mais humanizado e integral.
Portanto, a partir das reflexões voltadas ao processo desumanizante de um tratamento experimental e a busca da cura a qualquer custo, é possível evidenciar a quebra de paradigma quando Vivian em uma conversa com a enfermeira Susie decide não ser ressuscitada. Momentos depois ela tem uma parada cardiorrespiratória e nesse momento Susie rompe a tentativa desenfreadas dos médicos de cura-la (reanimando-a), suscitando um questionamento sobre o real significado da cura, dissociando-a da ideia do corpo funcionante não levando em consideração outras variáveis.
Em última análise, o filme Wit: uma lição de vida é emocionante e me arrancou lágrimas. Sem dúvidas, me fez refletir a respeito da profissional que eu quero ser e reafirmei valores como o respeito, humanização, empatia e que enquanto ser humano e futura médica tenho uma missão social de aliviar o sofrimento de pacientes como Vivian. Escutar o que a ausculta não é capaz, a alma do paciente.
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