Prévia do material em texto
Patologia� da� glândula� salivare� As glândulas salivares apresentam-se em dois grupos: 3 pares de glândulas salivares maiores - parótidas, submandibulares e sublinguais - e glândulas salivares menores. A saliva produzida pela glândulas salivares tem função digestiva, bactericida, facilita a gustação e age para limpar e proteger a cavidade oral, além de função imunológica e de fazer o controle de Ca e P nos dentes. Ectopi� Além das avaliações anatômicas, que são lóbulos e prolongamentos massetéricos e paraamigdalianos da parótida e prolongamentos suprahioideos da glândula submandibular, existem verdadeiras ectopias salivares. As heterotopias ( presença de tecido salivar supranumerário em uma região anormal) afetam: orelha média, mastóide, articulação temporomandibular, cavidade oral como bochechas e mandíbula e, sobretudo na borda anterior do esternocleidomastoideo. Podem se manifestar clinicamente em forma de fístula, cisto e tumor. O tratamento é cirúrgico. Sialolitías� Formação de cálculos nos ductos das glândulas salivares. ➔ 75% dos pacientes (5° e 8° década de vida), entretanto há casos de crianças. ➔ Causa da formação desconhecida, porém há fatores que podem estar associados como: estase jugular, foco para formação de cálculos resultante de lesão e inflamação dos epitélio do ducto, fatores biológicos que parecem favorecer a precipitação de sais de cálcio estão particularmente associados à inflamação crônica. Composição do cálculo ➔ fosfatos e carbonatos, associados a magnésio, zinco, nitrato e outros materiais orgânicos ➔ A única doença sistêmica conhecida que causa cálculos salivares é a gota. Cálculos na gota são compostos por ácido úrico. As pedras podem distribuir-se por todo o sistema de ductos, entretanto são mais frequentes no hilo. 85% dos cálculos aparecem na glândula submandibular e 19% e 1% na parótida e sublingual, respectivamente. Cálculos em glândulas salivares menores são incomuns, com predileção para lábio superior e mucosa bucal. Formação do cálculo Alguns fatores favorecem a formação de cálculos na glândula submandibular: sua secreção é mais alcalina e viscosa, contém maior concentração de cálcio e fosfato que as outras glândulas e o ducto de Warthin é mais longo e tem fluxo antigravitacional. Na submandibular, a formação de cálculos leva à migração retrógrada de bactérias e consequentemente à “sialoadenite”, enquanto que na parótida, as infecções repetidas é que levam à sialolitíase. ➔ O quadro clínico compõe-se de dor em cólica e aumento da região da glândula. ➔ Infecção secundária leva a estreitamentos do ducto e atrofia do parênquima glandular. ➔ O trauma intralumial pode resultar em extrusão do cálculo para o parênquima glandular e formação de fístula. ➔ O diagnóstico é feito baseado na história e exame físico. À palpação bimanual pode-se notar o ducto e/ou cálculo no assoalho da boca, na glândula submandibular. ➔ Já na parótida, a palpação é difícil, pois os cálculos são muito pequenos e é prejudicada pelos tecidos da bochecha. Ao exame contrastado, pode-se ver os cálculos radiotransparentes associados à dilatação proximal do ducto, além do esvaziamento retardado. 90% dos cálculos submandibulares são radiopacos, enquanto quw 10% dos parotídeos são radiolucentes. Portanto, o raio-x revela frequentemente o cálculo submandibular, mas muito menos o de parótida. As complicações de sialolitíase são: sialoadenite supurativa, ectasia e estenose ductais. Atualmente, o tratamento para cálculo é conservador, sendo o mesmo que para sialodenite. Através da palpação pode-se identificar o cálculo no assoalho da boca e ordenhá-lo até removê-lo. Pode-se incisar o ducto para facilitar a remoção. Aqueles cálculos perto do orifício do ducto podem ser removidos trans oralmente enquanto que aqueles dentro do hilo requerem excisão completa da glândula. Com a simples retirada do cálculo, há recorrência de 18%. Sialometaplasi� necr�ant� agud� Apresenta-se mais comumente como nódulo ulcerado do palato duro em todas as regiões onde haja presença de glândula salivar. Possui importância clínica pela possibilidade de simular neoplasias malignas, como carcinoma epidermóide e mucoepidermóide. É uma doença inflamatória e rara que acomete mais comumente as glândulas salivares menores do palato duro. A maior evidência de sua natureza benigna é a evolução espontânea para sua cura, geralmente entre 3 a 12 semanas, além da ausência de recidivas. ➔ Pico de incidência é dos 45 aos 55 anos ➔ Sem predomínio racial ➔ Sexo masculino Etiologia ➔ Tabagismo ➔ Etilismo ➔ Infecções ➔ Agressão vascular por fatores físicos ( traumatismo por agulha) ➔ Compromisso da irrigação sanguínea por qualquer que seja o fator desencadeante (anestésico local) com infarte, degeneração da glândula e consequente ulceração e metaplasia escamosa. Fase nodular: as lesões surgem subitamente não ulceradas e indolores com aspecto de tumefação exofítica eritematosa do palato que podem ou não evoluir para ulceração. Inexistência de queixas nessa fase. Fase ulcerada: lesão típica (ulceração irregular profunda de 1 a 3cm) e halo eritematoso. O centro da lesão pode apresentar exsudato esbranquiçado não sangrante facilmente. Nas formas mais severas pode estender até o osso sem nunca ser agressiva. Aspectos microscópicos ➔ Epitélio adjacente com hiperplasia pseudocarcinomatosas ➔ Ductos salivares com metaplasia escamosa ➔ Desaparecimento das células acinosas por necrose isquêmica com manutenção da estrutura tubular, liberação de mucina e infiltração de células inflamatórias A preservação da estrutura lobular e ausência de atipias certificam a natureza benigna da lesão. Diagnóstico diferencial Fase ulcerada: ➔ Goma sifilítica ➔ Infecção micótica profunda ➔ Tuberculose ➔ Linfoma oral (granuloma letal mediano) Fase quando não existe úlcera ➔ Abcesso dentário ➔ SASN- Sialoadenite Subaguda Necrosante Diagnóstico diferencial com lesões neoplásicas ➔ Carcinoma espinocelular ➔ Carcinoma mucoepidermoíde Tratamento e prognóstico Já que a doença é autolimitante sem deixar sequelas, o tratamento é inespecífico. Corticóides tópicos e bochechos salinos poderão auxiliar no processo de diminuição do tempo de cicatrização. Mucocel� Lesão cística benigna, assintomática e causada pelo rompimento do ducto de glândulas salivares menores da cavidade bucal. Geralmente é causado por um trauma local. É de cor azulada, sendo geralmente encontrada mais em crianças e adultos jovens. Características: cavidade contendo muco (saliva) circundada por tecido de granulação. Vários macrófagos espumosos e algumas células inflamatórias estão presentes no interior da cavidade entremeada com o muco. Podem ser observadas fragmentos de glândulas salivares menores adjacentes a lesão. Características clínicas ➔ Bolha translúcida ➔ Indolor ➔ Localizada principalmente no lábio inferior ➔ Episódios de remissão e exacerbação. Tratamento Diagnóstico confirmado no exame microscópico. ➔ Biópsia excisional ➔ Eliminação do trauma Rânul� Tumefação azulada e translúcida no soalho bucal, dita como tendo aspecto de rã. Pseudocistos resultantes do extravasamento de mucina para os tecidos moles circunjacentes, após ruptura ou obstrução de um ou mais ductos excretores da glândula sublingual. Características clínicas ➔ Tumefação azulada em forma de cúpula no assoalho bucal ➔ Geralmente maior que as mucoceles ➔ Também com episódios de remissão e exacerbação Sempre que possível não suturar o assoalho bucal devido ao risco de novas obstruções Rânula mergulhantes (variantes de rânula oral) Ocorre quando o extravasamento de mucina disseca o músculo milohioide e produz tumefação no pescoço. A tumefação concomitante no soalho da boca pode ou não estar presente. A remoção da lesão juntamente com a glândula sublingual é a técnica mais segura para evitar recidiva, apresentando prognóstico excelente. Tratamento ➔ Marsupsialização ➔ Micromarsupsialização ➔ Excisão cirúrgica Cist� d� retençã� salivar São cistos que resultam do acúmulo de saliva(muco) no interior do ducto excretor de uma glândula. Isto ocorre pela dificuldade ou impossibilidade de drenagem, determinada pela obstrução ou rompimento do canal excretor. Quando situado superficialmente aparece como massa mole que varia entre as cores âmbar, amarela ou azul clara. Geralmente, é detectado somente pela palpação. Adenom� Pleomórfic� É a neoplasia de glândula salivar mais comum. Trata-se de uma neoplasia benigna de origem epitelial composta por células que demonstram diferenciação epitelial e mesenquimal. O nome pleomorfico se deve justamente pela diversidade de arranjos arquiteturais, estruturais e variações de celularidade por vezes em um mesmo tumor (diferentes arranjos morfológicos). Carcinom� Mucoepidermoíd� Consiste em uma neoplasia maligna que se encontra com maior frequência em glândulas salivares. As glândulas maiores estão envolvidas em 54% dos casos, comumente com a glândula parótida. Carcinom� adenóid� cístic� É um dos mais reconhecidos tumores malignos das glândulas salivares, apesar de sua frequência ser pouco usual. É caracterizado por ser uma neoplasia maligna rara, de crescimento lento, apresentando prognóstico desfavorável em razão da agressividade da invasão tumoral e uma elevada taxa de recidiva Esse tumor pode ocorrer em qualquer glândula salivar, mas cerca de 50% dos casos desenvolvem-se nas glândulas salivares menores, principalmente na região do palato, podendo ocorrer com certa frequência na parótida e na submandibular, sendo raro nas sublinguais. Quando há metástase, possui predileção pelos pulmões, ossos, fígado e cérebro.