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1 Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) Felipe Alckmin de Carvalho Roteiro da Aula Capítulo 1. Três ondas das Terapias Cognitivo-Comportamentais; Capítulo 2. Terapia de Aceitação e Compromisso: definições e conceitos básicos; Capítulo 3. Sofrimento a partir da perspectiva ACT; Capítulo 4. Modelo de Psicopatologia ACT [Inflexibilidade Psicológica (Hexaflex)]; Capítulo 5. Entrevistas Iniciais ACT; Capítulo 6. Relação Terapêutica na ACT. 2 Livros utilizados Primeira onda Terapia comportamental ou mudança de comportamento Primeira metade do século XX. Alternativa à psicologia clínica da época, que tinha como características Subjetividade; Pouca eficácia; Falta de compromisso com critérios científicos; Estudo de Eysenck mostrou falta de efetividade das “terapias de insight”. 3 APA P » y < N E T ” L AMERICAN ËSYCHOLOGICAL ASSDCIAïION APA PsycNET Direct Article Selected Ps cholo as the behavlDFist views it. Bi \\ atson. John B Pe/chological R e'ziey/. Vol 20i 2 i klar 1913 Abstract The behaviourist vie •'s psychology as a purely directive experiment al brunch of natural science Its theoretic al goal is the prediction and control of behavior Zo for. human pst chologj has been unsuccessful due to the mistaken notion that introspection is the only method available to pst chology. and that it is the study of consciousness. Actually. psychology is the study of behavior and therefore need not take recourse to conscious phenomena. Hence. animal pst chology is as valid a field of study as human psychology The la •'s of behavior of animals must be determined and evaluated in and for themselves. regardless of their generaliza to other animals or humans. This suggested elimination of states of consciousness as the objects of investigation •'ill remove the barrier that exists bet •'een psychology and other natural sciences. •'ithout neglecting the essential problems of introspective pst chology. (PsyclNFO Database Record (c› 2012 APA. all rights reserved› Looin Lanouaoes E art (0) Hell› onta ü Us F eedha »L $11.95 Primeira onda (Fase 1 -1912-1950) Embasada no Behaviorismo Metodológico; Abordagem de comportamentos observáveis (e mensuráveis); Foco da mudança comportamental; Paradigma Respondente (Watson); Baixo alcance clínico; Descrição dos princípios básicos da Análise do Comportamento em animais não humanos e em crianças com desenvolvimento atípico (TEA). 4 Primeira onda (Fase 2-1950) Embasada no Behaviorismo Radical; Paradigma Operante (Skinner): compreensão da função do comportamento por meio da análise funcional; Aplicação dos princípios básicos do comportamento à clínica; Wolpe, Lazarus e Rachman: novas técnicas, como a dessensibilização sistemática; Ampliação do alcance clínico; Crianças e adultos com desenvolvimento típico. Aspectos clínicos da Primeira Onda Modificação do ambiente; Utilização de princípios do condicionamento para “readequação” dos socialmente pacientes (readequação social); Objetivo de extinção de comportamentos considerados inadequados (readequação de orientação sexual, por exemplo); Nenhuma ênfase na relação terapêutica; Aspectos humanísticos desconsiderados. 5 Críticas à primeira onda Alcance limitado para o tratamento de problemas de saúde mental considerados mais complexos; Não conseguiu abordar de forma satisfatória a questão da linguagem e das cognições; Visão extremamente mecanicista do ser humano. Segunda onda Terapia cognitiva ou terapia cognitivo-comportamental Ellis: terapia racional emotiva (1957) Bandura: teoria da aprendizagem social (1960) Cognições como foco da terapia Beck: terapia cognitiva (1976) 6 Paradigma Cognitivista (Beck) S (Situação) O (Variáveis Internas) R (Comportamento) Cognições: crenças, pensamentos automáticos Explicação mediacional Terapia Cognitiva: Pressupostos Básicos A atividade Cognitiva influencia o comportamento; A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada; Mudanças nas cognições produzem mudanças comportamentais. Mudança Cognitiva Mudança Comportamental 7 Aspectos clínicos pensamentos mal-adaptativos que contribuíam para os transtornos Mudança de psicológicos; Observação da relação entre pensamentos e comportamentos; Modelo ganhou força por mostrar evidências da sua eficácia para diversos tipos de transtornos; Necessidade, por parte dos terapeutas, de lidar com pensamentos e sentimento de uma forma mais direta; Preservou a objetividade da primeira onda; Valoriza o ser humano racional. Crescimento da segunda onda TCC: assimilação das técnicas cognitivas pela terapia comportamental; 1970 e 1980: aceitação e visão como tratamento psicológico de escolha para problemas médicos; 1990: expansão por diversos países (inclusive Brasil); Atualmente, é força dominante em todo o mundo no tratamento de problemas de saúde mental. 8 Críticas à segunda onda Intervenções cognitivas não tiveram benefícios observados na depressão; Papel de mediadores cognitivos é pouco claro e não demonstrado em pesquisas de processo; Respostas positivas ocorridas na terapia cognitiva podem ocorrer antes dos aspectos “chave” da terapia serem implementados. Terceira onda Terapias Contextuais Origem no final do século XX e início do século XXI; Muito recente, em termos históricos; Retomada do papel do contexto na compreensão do indivíduo e de suas cognições. 9 Segunda onda e terceira onda Similaridades Exercícios de exposição Habilidades Solução de problemas Role play Tarefas de casa Objetivos claros e observáveis Mais consciência dos pensamentos, sentimentos e sensações Melhora na qualidade de vida Diferenças Terceira onda foca na relação com os pensamentos mais do que na modificação do seu conteúdo Terceira onda dá maior ênfase ao contexto do indivíduo Terceira onda tem maior ênfase na relação terapêutica Diferenças na forma de lidar com o pensamento Foco no conteúdo do pensamento Questionamento da verdade ou realidade do pensamento Segunda onda ACT Foco na forma do pensamento Em vez de travar um diálogo mental, afastar-se dos pensamentos 10 Características da terceira onda Raízes empíricas Mudanças contextuais e experienciais Função além da forma Construção de comportamentos flexíveis Além de só resolver comportamentos problemáticos Sintetiza gerações prévias Lida com questões de outras tradições Mindfulness, valores de vida, aceitação Hayes,2004 Dimensões do contexto • Meio em que pessoa vive • Sociedade e cultura Ambiental • Contexto da psicoterapia • Foco no que acontece na própria sessão Relação terapêutica • História • Explicações e avaliações sobre si mesmo Pessoal 11 Críticas à terceira onda Ainda não apresenta a mesma quantidade de estudos que a TCC tradicional Não vem se mostrando melhor do que a TCC tradicional Resultados semelhantes Qual a “melhor” abordagem? Teoria é representação da realidade, não realidade; Estudos não preveem o que será melhor para um paciente específico; Maior arcabouço de técnicas aumenta capacidade do terapeuta em ajudar cada paciente. 12 Principais terapias de terceira onda Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT); Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT); Programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness (MBSR); Psicoterapia Analítica Funcional (FAP); Terapia Comportamental Dialética (DBT); Terapia Metacognitiva. Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) Criada por Steven Hayes, Kirk Strosahl e Kelly G. Wilson no fim dos anos 1980, nos Estados Unidos; Parte da terceira onda de terapias cognitivo-comportamentais; Evidências recentes de eficácia em diversos tipos de transtornos do humor, abuso de substâncias, ansiedade e transtornos alimentares; Em inglês: Acceptance and CommitmentTherapy (ACT); ACT: “agir”. 13 Compreensão de sofrimento na ACT Nós, seres humanos, podemos estar aquecidos, bem alimentados, secos, fisicamente bem, e, ainda assim, nos sentirmos miseráveis (dor psicológica excruciante); Boa aparecia, bons pais, filhos brilhantes, segurança financeira e uma relação amorosa estável podem não ser o suficiente. Sobre a nossa condição 14 Sobre a nossa condição Estamos todos guardando o mesmo segredo: viver é difícil, todos temos problemas de autoestima. Desejamos ardentemente sermos aceitos, amados, reconhecidos e validados em nossos esforços. Desejamos ardentemente a intimidade, e é essa mesma intimidade que nos apavora. Richard Cory, poema de Edwin Arlington Robinson (1897) 15 Richard Cory, poema de Edwin Arlington Robinson (1897) Richard Cory, poema de Edwin Arlington Robinson (1897) 16 É muito difícil ser feliz! Felicidade Perpetuação da espécie Sobrevivência Seleção natural: os melhor adaptados sobrevivem 17 “Tire isso de mim” A função do medo e da ansiedade: preservação da espécie: fuga/esquiva de estímulos que oferecem risco Ansiedade/medo normais (adaptativos) Ansiedade/medo patológicos 18 Sofrimento em números Prevalencia de transtornos mentais (na vida): 50%; 10% das pessoas vão, em algum momento da vida, tentar contra a própria vida; 20% vão ter ideaçao suicida e desenvolver um plano para concretizar o suicídio; 20% vão lutar com ideação suicida, sem um plano; Todos os dias um ser humano com todo tipo de privilégio e vantagens, apanha uma arma, carrega e dispara o gatilho. (Chiles & Strosahl, 2004) Análise das motivações em cartas de despedida É difícil estar vivo. A vida é uma carga pesada demais. Viver é simplesmente muito sofrido. Foster, 2003 19 Verdades incômodas É difícil ter autocompaixão e compaixao pelos outros; Sofrimento psicológico é uma característica básica da condição de humano; A felicidade é mais reconhecida pela sua ausencia (sobre o imperativo de felicidade e diversão - caso Henrique); A felicidade não é normal. “ ha um elefante na sala” Perdas; Incontrolabilidade; Conflitos interpessoais; Solidão existencial; Perspectiva de morte; Ansiedade/medo; Falta de sentido (sobre inventar um sentido). (Nao são estados anormais. Sao normais, tem função) Verdades incômodas 20 Modelos de psicopatologia tradicional Os modelos de psicopatologia atuais quase não tratam do sofrimento como uma condição; Eliminar comportamentos inadequados; Reeestruturar cognições disfuncionais; Espécie de miopia (negação) de nossa condição. Modelo de psicopatologia tradicional Modelo de psicopatologia tradicional: pensamentos angustiantes, tristeza, medo, ansiedade e outros eventos encobertos difíceis de sentir considerados sintomas, a serem eliminados; Um conjunto de sinais (que o clinico ve) e sintomas (reportados pelo paciente) configuram um diagnóstico em saúde mental. 21 Modelo de psicopatologia tradicional Felicidade como estado natural (homeostatico); Terapias cognitivo-comportamentais: influencia de um modelo médico; Infelicidade/sofrimento – doença; Psicopatologizaçao da vida e dos problemas da vida cotidiana; Dificuldade e vergonha em procurar um profissional da área de saúde mental (voce precisa fazer terapia!!!). Modelo de Psicopatologia na ACT 22 Modelo de Psicopatologia ACT Modelo de Psicopatologia ACT 23 Esquiva Experiencial e Aceitação Esquiva experiencial Tentativa de controlar ou alterar a forma, a freqüência ou conteúdo de experiências internas, como pensamentos, sentimentos, sensações ou memórias. A partir da linguagem e cognições, julgamos, avaliamos, evitamos situações de risco, ou de perigo no mundo. Isso costuma funcionar bem! Utilizar esse mesmo recurso com o mundo interno, com objetivo de evitar sentimentos difíceis, pode ter implicações paradoxais. Esquiva (SR-) de eventos aversivos, em longo prazo, aumentam a magnitude da estimulação aversiva (além de gastar energia que poderia estar sendo empregada para produção de (SR+)) 24 Por exemplo, tentar controlar a ansiedade freqüentemente produz ainda mais ansiedade; É possível, no entanto, manejar as contingências externas para reduzir estímulos ambientais que produzem ansiedade; Sociedade ocidental estimula a : “não pensa nisso não”; “não fique triste”. Esquiva experiencial Esquiva experiencial Exemplos de maneiras pelas quais as pessoas costumam evitam seus pensamentos Controlando comida; Controlando peso e corpo; Usando substâncias psicoativas; Fazendo exercícios; Fazendo sexo; Masturbando-se; Comendo; Trabalhando; Utilizando benzodiazepínicos. 25 Esquiva experiencial Todos esses comportamentos podem “funcionar”, em curto prazo, para diminuir a ansiedade, a angústia, a solidão, entre outros sentimentos que consideramos desagradáveis. No entanto, em longo prazo, podem produzir problemas, como burnout, transtornos alimentares, problemas financeiros, transtorno obsessivo compulsivo e dependência química. Esquiva experiencial não é, por si só, um problema! Todos nós agimos de forma a evitar sofrimento. 26 A esquiva experiencial só é um problema na medida em que nos impede de viver a vida que queremos viver. Só vamos questionar se vai contra os valores da pessoa atentida. Caso clínico Mariana, 52 anos, gerente de uma equipe de Tecnologia da Informação, procurou psicoterapia depois de ter sido submetida à cirurgia bariátrica, relatando angústia e ansiedade. Entendemos juntos, ao longo do processo de psicoterapia, que Mariana utilizava a comida como estratégia de autorregulação emocional, para aliviar seus incômodos com o casamento, com a ideia de que suas filhas estão se desenvolvendo e que logo vão sair de casa e para “compensar” os sacrifícios de sua vida cotidiana, marcada por uma longa jornada de trabalho e dificuldades interpessoais. (Alckmin-Carvalho & Pereira, no prelo) 27 Considerações sobre o caso clínico No caso de Mariana, ingerir grandes quantidades de comida, além de não alterar suas questões com um casamento difícil e dificuldade de lidar com o amadurecimento das filhas e as pressões no trabalho, acabou produzindo um novo problema: a obesidade mórbida e os problemas de saúde associados a ela. Constatamos também que a cirurgia bariátrica retirou esse recurso, de lidar com suas questões existências por meio da comida. Em outras palavras, a cirurgia inviabilizou o uso-outro da comida que Mariana fazia, para além da função de alimentação. (Alckmin-Carvalho & Pereira, no prelo) Sofrimento “limpo” e sofrimento “sujo” 28 Aceitação O que é Postura aberta, receptiva, e sem julgamento em relação a todos os aspectos da experiência Aceitação de eventos internos e externos em prol dos valores O que não é Aprovar Querer Gostar Resignar-se Aceitação Paciência Tolerância Emoção não está no controle Possibilita a vida de acordo com os valores Evitação experiencial Impulsividade Controle Comportamento dominado pelas emoções ou pensamentos aversivos Leva a pessoa a afastar-se de seus valores Aceitação 29 Fusão Cognitiva e Desfusão Fusão Cognitiva É estar fundido, fixado, preso aos eventos privados, considerando-os verdadeiros ou reais; Quanto maior a fusão cognitiva, mais incapaz a pessoa será de diferenciar esses eventos privados das contingências ambientais. Para essas pessoas, pensar ou sentir literalmente é o que está acontecendo no ambiente; Considerando a evolução das espécies e a seleção natural, se temos facilidade de estarmos fundidos cognitivamente, é porque isso funciona e é útil para nossa adaptação e sobrevivência; Chegamos onde estamos também pela habilidade que temos de, entre outras, classificar, prever, explicar, comparar, preocupar e julgar. Proteção e adaptação parecem ser as funções da cognição. 30 O problemaé que a linguagem se desenvolve a partir de relações que são arbitrariamente definidas e derivadas (não necessariamente provindas) da experiência vivida; É possível que a cognição nos proteja de algo que já aconteceu, nunca aconteceu, não esteja acontecendo agora ou nem se sabe se vai acontecer (catastrofização); “Quando tomamos o pensamento literalmente, estamos à mercê de toda a experiência da vida” (Hayes & Smith, 2005). Fusão por parte do terapeuta O terapeuta pode fundir-se e, consequentemente, agir em função de pensamentos como os seguintes: “Eu preciso ser um bom terapeuta.” “Eu acho que não conseguirei ajudar esse cliente.” “Eu não suporto esse cliente.” “Esse cliente é muuuuito chato...” 31 Desfusão Desfusão Relacionar-se com a forma dos pensamentos Observar pensamentos, sensações e emoções a partir de uma perspectiva externa Deixar o fluxo de pensamentos e sensações livre, sem sair do eixo dos valores Fusão Relacionar-se com o conteúdo dos pensamentos Acreditar em tudo que a mente diz Ficar dominado por uma ideia, sensação ou emoção SELF COMO CONCEITO E SELF COMO CONTEXTO 32 O que é Self? Concepção de si mesmo. É o estímulo que acho de “eu”. Desenvolvido a partir da interação com a família nuclear, e posteriormente, nos grupos sociais. Na infância, em última instância, eu sou o que “meus pais” querem que eu seja. As pessoas nos contam histórias sobre quem somos nós, e, mais tarde, nós contamos essas histórias para nós mesmos e para os outros. O que é Self? Construção a partir da interação nos níveis filogênico (características fenotípicas): “Sou” homem (anatomia masculina); “Sou” moreno; Tenho 1,75m (“sou baixo”). 33 O que é Self? �Ontogênico/cultural: lugares subjetivos e objetivos. - “Sou” professor universitário; - “Sou” psicólogo clínico; - “Sou” filho de Jack; - “Sou” pai do Henrique; - “Sou” nascido em 1960; - “Sou” nascido no Brasil (momento histórico específico); - “Sou” tímido; - “Sou” introvertido; - “Sou” inteligente; - “Sou” carismático. Eu sou Eu estou O que é Self? Determinismo no “eu sou”; “Eu sou” minimiza ou dispensa o contexto; “Eu sou”: cristalização do meu estado, diminuição do meu potencial de ação. 34 Aceitação Desfusão Self como contexto Self Conceitual Através de nossa capacidade humana de relacionar estímulos arbitrariamente, nós não só aprendemos a abstrair, avaliar e categorizar o mundo. Nós aprendemos a fazer isso com nós mesmos, e com a concepção que temos de quem somos; Capacidade autorreflexiva: pensar sobre mim mesmo, sobre meu funcionamento e sobre meus atributos; Ex: Simpática, chata, agressiva, introvertida, desajeitada, inteligente; Todas esses atributos são construções verbais de comparação entre estímulos e o estímulo que chamamos de “eu”. 35 Implicações de Self Conceitual e essa Problema de conceituar o “eu”; Contingências mudam, e o “eu” permanece cristalizado, conceituação torna o indivíduo pouco sensível às situações; Por exemplo: Sou inteligente, entende a matéria, vai bem na prova (pré-de-seis); Graduação: notas baixas, recuperação. Mas eu não sou inteligente?; Limitação do repertório comportamental e a possibilidade de ação. Implicações de Self Conceitual Vinheta Clínica: Ronaldo Eu sou juiz. Juízes fazem coisas certas. Juízes não faze coisa errada); Eu Juiz Eu - Nesse Juiz. Fazer coisas de maneira certa. Faço coisas certo. caso é importante investigar: quais foram e como foram construídas as derivações do paciente com relação à sua profissão. Em outras palavras: o que ele entende que é um juiz, e qual é a função da fusão com a profissão. 36 Vinheta Clínica: Ronaldo Restrição do repertório comportamental: - Não posso broxar (não transo); - Não posso ser gay (não namoro); - Não posso me atrasar (fico super ansioso em compromissos sociais e detesta esperar); - Não posso me expor, demonstrar vulnerabilidade (não tem relações de intimidade - solidão). Implicações de Self Conceitual Vinheta Clínica: Thiago Eu sou médico. Médicos não ficam doentes e não demonstram fragilidade Eu Médico Eu Médico. Não fica doente. Não demonstra fragilidade. Não fico doente. Não demonstro fragilidade. “aqui você não é doutor” 37 Vinheta Clínica: Thiago Restrição do repertório comportamental: - Déficits de repertório de autocuidado: soropositivo, não faz uso de antirretroviral. - Déficits de relações interpessoais significativas: “eu não quero que as pessoas descubram quem eu sou”. (E você sabe?) - Déficits de habilidades interpessoais: não têm amigos: “as pessoas me acham arrogante” Self contextual (como contexto) Noção de perspectiva, de conceber a si mesmo como observador dos eventos internos, mas você não é esses eventos; O indivíduo passa pelas experiências e sua essência é justamente a de expectador dessas experiências; Indivíduo mais em contato direto com as contingências, sem precisar adequar essas contingencias para fazer sentido ao eu - conceitual. 38 Self contextual (como contexto) Sensação de ameaça à existência, ou desintegração (vou ficar louco). Seus eventos encobertos não te colocam em risco. Você pode observar a guerra, mas não participar dela. Não importa o que apareça, durante a sessão de psicoterapia, o “eu” não está ameaçado. Aumenta o potencial de autoexposição e de ação (santuário). Na terapia, você pode observar a guerra interna (mas você não está participando dela). O Tabuleiro de Xadrez Saban, M. T. (2015). Terapia de aceitação ecompromisso (ACT). 2ª Edição. Belo Horizonte: Editora Artesã. (Página 76) 39 PREDOMINÂNCIA DO PASSADO COMO CONCEITO CONTATO COM MOMENTO PRESENTE FUTURO TEMIDO E E PREDOMINÂNCIA DO PASSADO COMO CONCEITO E FUTURO TEMIDO O presente é tudo que temos. Análise do passado como esquiva do presente Previsão e “tentativa de controle” do futuro Por que é tão difícil ficar aqui (?) Do que é que você está fugindo? O que aparece no presente, quando você sai do “piloto automático”? Férias, natal e recaída de pacientes. 40 Contato com o momento presente Capacidade de direcionar a atenção para o que está acontecendo agora de uma forma deliberada e focada, mas ainda assim flexível. O que nos tira do presente. Eventos dolorosos. Preocupações. Tentativas de controle. É possível treinar com o cliente o contato com o momento, seja ele qual for (aceitação, desfusão). Momento presente para terapeutas Se você não conseguir tolerar situações aversivas com o cliente, será mais difícil ajudá-lo. Cliente percebe quando o terapeuta se incomoda e pode passar a ser menos honesto e falar o que o terapeuta quer ouvir. Coragem para passar por momentos dolorosos. Não negar a dor. Enfrentar perdas em conjunto. 41 FALTA DE CLAREZA SOBRE VALORES / PREDOMINÂNCIA DE INFLUENCIABILIDADE E ESQUIVA E CLAREZA DE VALORES Valores Direcionam e dignificam o trabalho terapêutico; Escolhidos livremente; Dinâmicos; Estabelecem reforçadores a longo prazo. 42 Valores Valores de vida são um componente central da ACT. Os valores de alguém têm relação com o que interessa na vida para essa pessoa. Por exemplo, que tipo de pessoa quero ser: Quero ser um profissional dedicado. Quero ter uma relação de proximidade com minha família. Quero atuar de forma relevante na minha comunidade. Quero me sentir engajado espiritualmente. Valores são as qualidades que gostaríamos que nossas atitudes tivessem: Coragem Autenticidade Empatia Honestidade Generosidade Espiritualidade Companheirismo Dedicação 43 Valores são construídos Influência da história de vida e da cultura (data de nascimento, país de nascimento, família em que você nasceu, relação com os pares, etc. Dentro desse pacote, o que lhe interessa? O que é importante para você? Como você quer usar o seu tempo? Qual é o sentido da sua vida? Mais do que metas ou objetivos externos, valores estão ligados ao que a pessoa quer ser. 44 Valores mudam ao longo do tempo (e é bom que seja assim) -Mudança de fase de vida (adolescência para idade adulta); -Adoecimento próprio; -Adoecimento de outras pessoas; -Aprendizagem (condicionamento direto, aprendizagem vicária); -Morte na família; Valores mudam ao longo do tempo (e é bom que seja assim) Nascimento de filho (a); Envelhecimento dos filhos; Crises naturais do desenvolvimento (revisão de meio de processo); Envelhecimento próprio. 45 Valores e ACT Direcionam e dignificam o trabalho terapêutico; Escolhidos livremente; Dinâmicos; Estabelecem reforçadores (de alta magnitude) em longo prazo; O conceito de valor, então, é uma tentativa de substituir o controle verbal que descreve reforçamento negativo em curto prazo por um controle verbal que descreva reforçamento positivo em longo prazo. Valores e ACT Para o terapeuta Estou ajudando meu cliente a viver de acordo com seus valores? Para o cliente Estou me aproximando de uma vida de acordo com meus valores? Valores Na terapia 46 Valores e ACT Os exercícios trabalhados na ACT visam reduzir verbalizações que resultam em escolhas baseadas em esquiva, em prol de escolhas baseadas em valores consistentes e na aceitação, ainda que essas escolhas produzam certo nível de consequências aversivas. Na ACT, o objetivo não é remover as sensações negativas, mas levar a pessoa a buscar uma vida significativa apesar dos desconfortos. A produção de reforçadores positivos (o que nos interessa) tem um preço: Eventualmente temos que lidar com a ansiedade, medo e vulnerabilidade que “vem junto no pacote” 47 Uma resposta produz múltiplas consequências Antecedente Pessoa interessante Interesse sexual Reciprocidade Assuntos/interesses em comum Resposta “namorar” (beijar, transar, cuidar, afeiçoar-se a alguém) Consequências/Efeitos Evitar solidão (R-) Prazer sexual (R+) Sensação de vulnerabilidade (P+) Intimidade e seus subprodutos (R+) apetitivos Restrição da Liberdade (P-) O obstáculo é o caminho V A L O R E S SENSAÇÕES E EMOÇÕES NEGATIVAS AÇÃO COMPROMETIDAESQUIVA Barreiras ambientais 48 Como ajudar seu paciente a identificar seus valores (?) Questões para levantar valores O que é importante para você? Que tipo de pessoa você que ser? Como você quer viver essa área da sua vida? Como você quer sentir que lidou com esse momento depois que ele passar? Que mensagem você quer que sua vida passe? 49 Questões para levantar valores Como você gostaria de viver se o medo não fosse um problema? O que você faria se não tivesse que se preocupar com a aprovação de outras pessoas? Como você quer se perceber no futuro, ao olhar para trás e avaliar a forma como viveu? Tabela de Valores Áreas da vida Como desejaria ser importância Sucesso que vem tendo objetivos Ações Barreiras Relacionamento amoroso Família Social Trabalho Estudo Lazer Saúde Comunidade 50 Exercícios para identificação de valores Um exercício para identificar valores, referente ao tema morte, é o da vida e morte (Harris, 2009). Os passos seguintes são propostos: Imagine o seu próprio funeral: imagine o que você gostaria que as pessoas falassem sobre você. Aja como se estivesse no próprio funeral, como uma dramatização. Escreva o seu obituário ou o que você gostaria que estivesse na sua lápide. Imagine que você só tem mais 24 horas de vida, mas não pode dizer a ninguém: quem você visitaria? O que você faria? Falsos Valores Alguns pacientes podem apresentar pressões sociais como valores, sem ter a habilidade de diferenciá-los. Uma estratégia interessante, nesses casos, é tentar isolar os reforçadores sociais, disponibilizados a partir do contato com outras pessoas (reforçadores arbitrários), e não da atividade em si (reforçadores intrínsecos). Rever se ainda assim o que foi relatado como valor permanece importante (Hayes et al., 1999). 51 The top five regrets of the dying: O livro intitulado “The top five regrets of the dying”, escrito por Bronnie Ware, e traduzido para o português como “Antes de Partir: Uma vida transformada pelo convívio com pessoas diante da morte”, retrata as experiências vividas por uma cuidadora em seu ofício de acompanhar pacientes terminais em seus últimos dias (Ware, 2009/2012). Bronnie, em conversas honestas sobre vida e morte com pacientes terminais, percebeu, em uma espécie de “balanço final da vida”, o que os pacientes gostariam de ter feito diferente. A autora constatou que cinco arrependimentos se repetiam nas diferentes histórias de vida: The top five regrets of the dying Arrependimento 1. Desejaria ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira para mim mesma, não a vida que os outros esperavam de mim. Arrependimento 2. Desejaria não ter trabalhado tanto. Arrependimento 3. Desejaria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos. Arrependimento 4. Desejaria ter ficado em contato com meus amigos. Arrependimento 5. Desejaria ter-me permitido ser mais feliz. 52 “As artimanhas que usamos para escapar da aflição nos desviam de nossos objetivos de vida. E é por eles que vale a pena viver” (Hayes,Strosahl & Wilson, 2011) Inércia, impulsividade e Persistência na esquiva e Compromisso (ação comprometida) 53 Inércia, impulsividade e Persistência na esquiva Impulsividade como mecanismo de esquiva de desconforto/dúvida; Dificuldade de sustentar uma dúvida; Respostas difíceis para perguntas difíceis; (Você não precisa resolver isso agora) (Essa pergunta é importante – não dá pra responder qualquer coisa) Compromisso Ações que levam na direção dos valores; Desvios vão ocorrer; Constante escolha e retorno suave ao eixo dos valores; Ação compromissada requer enfrentar obstáculos. 54 Ação comprometida Compromisso Ação comprometida Consequência a curto prazo Incômodos Obstáculos Conflitos Consequência a longo prazo Valores Satisfação Vida plena Seu plano 55 Realidade SESSÕES INICIAIS NAACT 56 O que você já tentou? Funcionou? • Listar estratégias que a pessoa utiliza ou utilizou para tentar se livrar de pensamentos, sentimentos e sensações negativas. Entender se aquilo funciona a curto e longo prazo. Qual o custo dessas estratégias para você? • O que a pessoa atendida perde ao utilizar essas estratégias? Ela está melhor ou pior ao longo do tempo? • Sempre validar aquilo que a pessoa já fez e a própria tentativa de não sofrer, ao mesmo tempo que se aponta o custo. Você está aberto(a) a algo novo? Perguntas iniciais O que você já tentou? Possíveis estratégias: Distrair-se Esquivar-se Isolar-se Desistir Substâncias, comportamentos autodestrutivos 57 Funcionou? Como a pessoa se sentiu no momento? Resolução a longo prazo? Sente-se melhor ou pior a longo prazo? Qual o custo? Entender quais são as perdas relacionadas às estratégias de esquiva Validação: entender que o cliente fez o que podia, que acreditava ser o certo “Você se esforçou muito para tentar resolver isso” 58 Como é perceber isso para você? Como é perceber que tudo que você vem tentando não está funcionando? Adicionar mais validação Você está aberta a algo diferente? Você vem tentando não sentir… Isso tem custado muito para você. Você perdeu bastante coisa. Você está disposta a fazer algo diferente, que pode funcionar melhor em criar uma vida melhor para você? É uma forma bem diferente de lidar com… E muito diferente de tudo que você já tentou. 59 Desesperança criativa Questionar o hábito de querer se livrar dos sentimentos e pensamentos desagradáveis Com validação Mostrar que não funciona e ainda impede uma vida significativa Metas emocionais x metas comportamentais Clientes chegam para a terapia,geralmente, com metas emocionais Não quero sentir ansiedade, tristeza, raiva Ajudar o cliente a não sentir seria corroborar a esquiva experiencial Direcionar cliente para metas comportamentais 60 Como estabelecer metas comportamentais? todo o seu medo, vergonha, Se pudéssemos remover magicamente desconforto, o que você estaria fazendo? Que atitudes que você teria na sua vida indicariam que a terapia está funcionando? O obstáculo é o caminho V A L O R E S SENSAÇÕES E EMOÇÕES NEGATIVAS AÇÃO COMPROMETIDAESQUIVA 61 Esquiva x compromisso Consequências a longo prazo Insatisfação com a vida, depressão, ansiedade Vida de acordo com os valores, satisfação, plenitude Consequências a curto prazo Alívio, conforto Desconforto, incômodo Comportamento Esquiva Ação comprometida Disposição para o compromisso Padrões de esquiva foram construídos ao longo da vida toda Mudança leva tempo Mudança significa passar por dificuldades Quanto mais importante, mais difícil Qual a disposição do cliente em passar pelas dificuldades? Qual a disposição do terapeuta em passar pelas dificuldades do cliente junto com ele? 62 Avaliação Quais ações comprometidas são mais fáceis? E mais difíceis? Quais as dificuldades internas a serem enfrentadas? Como o ambiente pode reagir às mudanças do cliente? Quais os ganhos possíveis a longo prazo? Identificando ações comprometidas Se pudéssemos, num passe de mágica, retirar todo os medos, preocupações, receios, traumas que essa situação traz... Como você estaria agindo? 63 Relação Terapêutica na ACT O que é um psicólogo clínico? O terapeuta é um ser humano; Nós estamos no mesmo barco; Estamos todos aprendendo coisas (obrigado, também). 64 O que é a relação terapêutica? “As intervenções ACT foram desenvolvidas para desestabilizar padrões comportamentais que produzem inflexibilidade psicológica, e, por conseguinte, estreitamento do repertório do cliente. O objetivo é estabelecer repertórios alternativos que possam ser sustentados por conseqüências que vão ao encontro dos valores do paciente”. (tradução livre, Hayes, Strosahl & Wilson, 1999, p. 143) A relação terapêutica é a base (contexto) onde essas transformações de tornam possíveis. É o meio pelo qual habilidades de flexibilidade são transmitidas ao cliente. Dificuldades em comum Muitas vezes terapeuta e cliente são confrontados com os mesmos dilemas. Por exemplo, termino de relação amorosa, perda dos pais, outras mortes da família, dificuldades financeiras, sentimento de ser uma fraude; Acontece porque as mesmas armadilhas da linguagem que fisgam o paciente, também podem fisgar o terapeuta; “Essa sessão eu pagaria”. 65 Relação Terapêutica Você não precisa (nem nunca precisará) ter todas as respostas; Não se trate como uma máquina de resolver problemas; Deixe o cliente trabalhar também; Como é fazer silêncio para você, durante a sessão? O que aparece, no silêncio?; Intelectualização como esquiva experiencial do terapeuta; A serviço de quem estão as técnicas, exercícios e metáforas? Relação Terapêutica O que é importante para o paciente vs o que é importante para o paciente? Quais são os componentes responsáveis pela mudança em psicoterapia? Pesquisas de resultado vs pesquisas de processo em psicoterapia. Irvin Yalom (Os desafios da Terapia) - Modelo de vulnerabilidade (falar da vulnerabilidade vs mostrar vulnerabilidade). -Autoexposição. 66 ACT e FAP Relação Terapêutica positiva: fortemente correlacionada ao desfecho do tratamento psicoterápico; É possível utilizar a relação terapêutica para embasar intervenções (FAP); -Você sente isso comigo também? -Isso aparece aqui também? -Como é que isso aparece aqui, entre a gente?. ACT e FAP: utilizando a relação terapeutica como contexto para promover mudanças � Pacientes com transtornos interpessoais severos. Analisar de personalidade: problemas o que a interação produz no terapeuta, em termos de pensamentos e sentimentos, é muito importante. Paciente PROMUD (Ipq-HC-FMUSP) Paciente I. tédio, sonolência 67 Relações Terapêuticas poderosas são inerentemente flexíveis Relação Terapêutica Flexibilidade Psicológica Modelo de Psicopatologia ACT 68 Modelo de Psicopatologia ACT Terapeuta da modelo de flexibilidade psicológica 69 Relações Terapêuticas poderosassão inerentemente flexíveis Relação Terapêutica Inflexível Flexível Julgamento e objetivação Percepção de ser aceito do jeito que é Tenta estar certo, te mostrar o caminho e provar que você está equivocado. Idéias são ouvidas, de fato, com abertura, interesse e curiosidade A pessoa está presa no próprio mundo, inacessível A pessoa está lá com você, acessível Você sente que é invisível, pouco reconhecido em suas características, pouso importante, Sente que a pessoa não te conhece A pessoa têm a capacidade de ver o mundo com os seus olhos, às vezes. Você tem a perceção de que a pessoa te conhece profundamente Seus valores são desconhecidos, e o que importa para você não é aceito/validado Você se sente apoiado e têm seus valores mais profundos reconhecidos e validados Relação marcada por passividade crônica, repetição, automatismo ou constante impulsividade (soa falso). Na relação aparecem pequenas e grandes ações significativas, e no timing natural (parece natural). Relações Terapêuticas poderosas são inerentemente flexíveis Em outras palavras, em relações de intimidade, proximidade aparecem aceitação, desfusão (o outro existe e é diferente de mim – ele não é o que eu penso), atenção ao momento presente (eu estou disponível para o outro, aberto e atento). 70 Relações Terapêuticas poderosas são inerentemente flexíveis Terapeutas com menor flexibilidade psicológica (evitativos, pouco presentes, fusionados tendem a ser menos eficázes e parece ser mais pesado atender – mais vulneráveis ao burnout (Hayes, Bissett et al., 2004) Não é necessário (nem possível) estar livre de questões existenciais. O enfrentamento das questões a motivação de tentar se aprimorar, em termos de flexibilidade psicológica, é suficiente para sustentar intervençõesACT. Autorrevelação: “eu também uso antidepressivo”. Sobre a importância do clínico fazer psicoterapia Não se aprende a ser um bom terapeuta lendo livros, apenas; Supervalorização da teoria e desvalorização da psicoterapia própria; Em supervisão, alguns terapeutas me dizem: acho que tenho que estudar mais; “você não aprende a andar de bicicleta lendo um manual. Você aprende a andar de bicicleta andando de bicicleta”. 71 Comprar o peixe primeiro,para depois vender ACT tem approach muito experiencial; É altamente desejável que terapeutas ACT experimentem em si mesmos, os exercícios, técnicas e metáforas ACT, para então prescrevê-los aos clientes; Prescreva aquilo em que você acredita e vive (você precisa comprar o peixe, antes de vendê-lo. Comprar o peixe primeiro, para depois vender “Terapeutas que aprenderam a enfrentar obstáculos aversivos em sua luta pessoal, direção de seus valores desenvolvem um senso de vitalidade e sentido que impactam a relação terapeutica positivamente, e transmitem esse conceito não por instrução, mas por um approach mais experiencial”. 72 Sobre o humor e a irreverência na relação terapêutica Você e o seu problema de estimação; O problema aqui não é que você tem um problema... É que eles continuam sendo os mesmos problemas; Fazer graça e tratar de modo irreverente o sistema social que produz as armadilhas; Rir de si mesmo e da nossa condição; O humor é uma habilidade sofisticada. Matriz e Ponto de Escolha 73 “Excelência nunca é um acidente. É sempre o resultado de alta intenção, esforço sincero, inteligência e execução; representa a escolha sábia entre muitas alternativas – escolha, não acaso, determina o seu destino.” Aristóteles Matriz da ACT Act matrix Kevin Polk,Jerold Hambright, Mark Webster 74 Características Matriz é instrumento de formulação de caso para ser feita em conjunto com a pessoa atendida Pode ser feita em uma ou mais sessões Pode ser feita com perguntas diretas ou a partir do relato da pessoa Desenvolvimento da matriz Matriz = diagrama Foco da ACT em dois processos Diferenciar experiências dos cinco sentidos de processos mentais Diferenciar comportamentos de esquiva e de aproximação dos valores 75 Matriz da ACT 5 sentidos Esquivas (o que eu lago para evitar ou diminuiro sofrimenta) Campromisso (passos para ir na dire§äo dos meus valores) Sofrimento (o que eu näo quero sentir ou pensar) Mente Valores (a que mais importa pra mim) AJaplado deKevin &Benjam in 5 sentidos Esquivas (o que eu lago para evitar ou diminuiro sofrimentaj Campromisso (passos para ir na dire§äo dos meus valores) 5oJrimento (o que eu nüo quero sentir ou pensar) Mente Valores (a que mais importa pra mim) AJaptado deKevin &Benjam in 76 5 sentidos Tudo aquilo que pode ser percebido pelos sentidos Visão Audição Paladar Tato Olfato Na matriz, ligado às experiências e comportamentos Matriz da ACT 5 sentidos Esquivas (o que eu lago para evitar ou diminuiro sofrimenta) Campromisso (passos para ir na dire§äo dos meus valores) Sofrimento (o que eu näo quero sentir ou pensar) Mente Valores (a que mais importa pra mim) AJaplado deKevin &Benjam in 77 Mente Tudo que não vem diretamente dos cinco sentidos Pensamentos Emoções Impulsos Imaginações Memórias Na matriz, conceitos como valores e regras 78 Comportamentos de aproximação Comportamentos que aproximam a pessoa de seus valores Bem a longo prazo Pode ser desconfortável a curto prazo 79 Comportamentos de afastamento Afastamento das experiências internas indesejadas Muitas vezes, afastam também dos valores Avaliar se agir para se afastar do desconforto tem custo incompatível com a vida que a pessoa escolhe 12 3 4 80 ente Valores (o que mais importa pra mim) Questões para levantar valores O que é importante para você? Que tipo de pessoa você que ser? Como você quer viver essa área da sua vida? Como você quer sentir que lidou com esse momento depois que ele passar? Que mensagem você quer que sua vida passe? 81 • Proximidade com Proximidade com Proximidade com Proximidade com a a a a minhaminhaminhaminha filhafilhafilhafilha • Dedicação aoDedicação aoDedicação aoDedicação ao trabalhotrabalhotrabalhotrabalho • SobriedadeSobriedadeSobriedadeSobriedade • HonestidadeHonestidadeHonestidadeHonestidade • Ser Ser Ser Ser saudável e ativosaudável e ativosaudável e ativosaudável e ativo fisicamentefisicamentefisicamentefisicamente • Cultivo Cultivo Cultivo Cultivo dadadada espiritualidadeespiritualidadeespiritualidadeespiritualidade • Manter apenas relaçõesManter apenas relaçõesManter apenas relaçõesManter apenas relações positivaspositivaspositivaspositivas • Estado Estado Estado Estado dededede pazpazpazpaz Sofrimento (o que eu näo quero sentir ou pensar) Mente 82 Questões para identificar sofrimento O que é difícil para você sentir? Que tipo de pensamentos te incomodam? O que você imagina que possa acontecer nessa situação? Que eventos internos são difíceis de aceitar? • Conflito Conflito Conflito Conflito comcomcomcom exexexex----esposaesposaesposaesposa • Momento Momento Momento Momento de de de de iniciariniciariniciariniciar trabalhostrabalhostrabalhostrabalhos • Sensação de Sensação de Sensação de Sensação de ter ter ter ter falhadofalhadofalhadofalhado (perfeccionismo)(perfeccionismo)(perfeccionismo)(perfeccionismo) • SolidãoSolidãoSolidãoSolidão • Ser Ser Ser Ser julgado pelosjulgado pelosjulgado pelosjulgado pelos amigosamigosamigosamigos • Ser Ser Ser Ser visto visto visto visto como como como como fraco fraco fraco fraco ouououou doentedoentedoentedoente • Medo Medo Medo Medo dededede rótulosrótulosrótulosrótulos • Medo Medo Medo Medo de entrar de entrar de entrar de entrar emememem conflitoconflitoconflitoconflito • Medo Medo Medo Medo de desagradar (medo de “estar de desagradar (medo de “estar de desagradar (medo de “estar de desagradar (medo de “estar mal” commal” commal” commal” com alguém)alguém)alguém)alguém) 83 5 senti Esquivas (o que eu lago para evitar ou diminuir osofrimento) Questões para identificar esquivas O que você faz para evitar esses pontos que lhe causam sofrimento? O que você já tentou fazer para resolver esses sofrimentos? Em que tipo de coisas você busca alívio? Que comportamentos você percebe que trazem alívio momentâneo mas são ruins a longo prazo? 84 • Deixo de lutar pela guarda da minhaDeixo de lutar pela guarda da minhaDeixo de lutar pela guarda da minhaDeixo de lutar pela guarda da minha filhafilhafilhafilha • Não inicio Não inicio Não inicio Não inicio novos projetos / novos projetos / novos projetos / novos projetos / chego tarde nochego tarde nochego tarde nochego tarde no trabalhotrabalhotrabalhotrabalho • Deixo Deixo Deixo Deixo de fazerde fazerde fazerde fazer exercíciosexercíciosexercíciosexercícios • Saio Saio Saio Saio com com com com pessoas de pessoas de pessoas de pessoas de quem nãoquem nãoquem nãoquem não gostogostogostogosto • Faço coisas Faço coisas Faço coisas Faço coisas que não quero que não quero que não quero que não quero só para agradar só para agradar só para agradar só para agradar osososos outrosoutrosoutrosoutros • BeboBeboBeboBebo • Tento me convencer de Tento me convencer de Tento me convencer de Tento me convencer de que que que que posso beber só posso beber só posso beber só posso beber só umumumum poucopoucopoucopouco • Deixo Deixo Deixo Deixo de frequentar ode frequentar ode frequentar ode frequentar o centrocentrocentrocentro • Medo Medo Medo Medo de entrar de entrar de entrar de entrar emememem conflitoconflitoconflitoconflito • Não falo Não falo Não falo Não falo o o o o que que que que penso para penso para penso para penso para minhaminhaminhaminha famíliafamíliafamíliafamília ntidos Compromisso (passos para ir na diregäo dos meus valores) Valores (o que mais importa pra mim) 85 Questões para levantar ação comprometida Que coisas você poderia fazer que aproximariam você dos seus valores? Em termos práticos, o que significaria agir de acordo com seus valores nessa situação? O que seria algo oposto à esquiva nessa situação? Que tipo de comportamento deixaria você satisfeito consigo mesmo(a), independentemente do resultado? • Batalhar para Batalhar para Batalhar para Batalhar para ter mais tempo com minhater mais tempo com minhater mais tempo com minhater mais tempo com minha filhafilhafilhafilha • Enfrentar novosEnfrentar novosEnfrentar novosEnfrentar novos projetosprojetosprojetosprojetos • Chegar cedo Chegar cedo Chegar cedo Chegar cedo aoaoaoao trabalhotrabalhotrabalhotrabalho • RetomarRetomarRetomarRetomar exercíciosexercíciosexercíciosexercícios • Dizer não quando não quiserDizer não quando não quiserDizer não quando não quiserDizer não quando não quiser sairsairsairsair • AfastarAfastarAfastarAfastar----me de amigos me de amigos me de amigos me de amigos que que que que bebem e ambientes bebem e ambientes bebem e ambientes bebem e ambientes com com com com bebidabebidabebidabebida • Aceitar o Aceitar o Aceitar o Aceitar o fato fato fato fato de de de de que não que não que não que não possopossopossoposso beberbeberbeberbeber • Conviver Conviver Conviver Conviver com a com a com a com a discordância dodiscordância dodiscordância dodiscordância do outrooutrooutrooutro • Frequentar oFrequentar oFrequentar oFrequentar o centrocentrocentrocentro • PosicionarPosicionarPosicionarPosicionar----me claramente me claramente me claramente me claramente com com com com minhaminhaminhaminha famíliafamíliafamíliafamília 86 Matriz da ACT 5 sentidos Esquivas (o que eu lago para evitar ou diminuiro sofrimento) Campromisso (passos para ir na dire§äodos meus valores) Sofrimento (o que eu näo quero sentir ou pensar) Mente Valores (a que mais importa pra mim) AJaplado deKevin &Benjam in Pontos para se discutir com a matriz pronta Perceber a incompatibilidade entre a esquiva e os valores Perceber que a ação comprometida vai inevitavelmente causar desconforto e sofrimento Perceber que há um sofrimento inútil e um sofrimento útil 87 • BatalharBatalharBatalharBatalhar paraparaparapara terterterter maismaismaismais tempotempotempotempo comcomcomcom minhaminhaminhaminha filhafilhafilhafilha • Enfrentar Enfrentar Enfrentar Enfrentar novosnovosnovosnovos projetosprojetosprojetosprojetos • Chegar cedo Chegar cedo Chegar cedo Chegar cedo aoaoaoao trabalhotrabalhotrabalhotrabalho • RetomarRetomarRetomarRetomar exercíciosexercíciosexercíciosexercícios • DizerDizerDizerDizer nãonãonãonão quandoquandoquandoquando nãonãonãonão quiserquiserquiserquiser sairsairsairsair • AfastarAfastarAfastarAfastar----memememe dededede amigosamigosamigosamigos quequequeque bebembebembebembebem eeee ambientesambientesambientesambientes comcomcomcom bebidabebidabebidabebida • AceitarAceitarAceitarAceitar o fatoo fatoo fatoo fato dededede quequequeque nãonãonãonão possopossopossoposso beberbeberbeberbeber • Conviver Conviver Conviver Conviver com a com a com a com a discordância discordância discordância discordância dodododo outrooutrooutrooutro • Frequentar Frequentar Frequentar Frequentar oooo centrocentrocentrocentro • PosicionarPosicionarPosicionarPosicionar----me claramente me claramente me claramente me claramente com minhacom minhacom minhacom minha famíliafamíliafamíliafamília • DeixoDeixoDeixoDeixo dededede lutarlutarlutarlutar pelapelapelapela guardaguardaguardaguarda dadadada minhaminhaminhaminha filhafilhafilhafilha • NãoNãoNãoNão inicioinicioinicioinicio novosnovosnovosnovos projetosprojetosprojetosprojetos / chego/ chego/ chego/ chego tardetardetardetarde nononono trabalhotrabalhotrabalhotrabalho • Deixo de fazerDeixo de fazerDeixo de fazerDeixo de fazerexercíciosexercíciosexercíciosexercícios • Saio Saio Saio Saio com pessoas de quem nãocom pessoas de quem nãocom pessoas de quem nãocom pessoas de quem não gostogostogostogosto • FaçoFaçoFaçoFaço coisascoisascoisascoisas quequequeque nãonãonãonão queroqueroqueroquero sósósósó paraparaparapara agradaragradaragradaragradar osososos outrosoutrosoutrosoutros • BeboBeboBeboBebo • TentoTentoTentoTento memememe 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visto como fraco ouvisto como fraco ouvisto como fraco ouvisto como fraco ou doentedoentedoentedoente • Medo Medo Medo Medo dededede rótulosrótulosrótulosrótulos • Medo Medo Medo Medo de entrar de entrar de entrar de entrar ememememconflitoconflitoconflitoconflito • MedoMedoMedoMedo dededede desagradardesagradardesagradardesagradar (medo(medo(medo(medo dededede “estar“estar“estar“estar mal”mal”mal”mal” comcomcomcom alguém)alguém)alguém)alguém) • Proximidade Proximidade Proximidade Proximidade com a minhacom a minhacom a minhacom a minha filhafilhafilhafilha • Dedicação Dedicação Dedicação Dedicação aoaoaoao trabalhotrabalhotrabalhotrabalho • SobriedadeSobriedadeSobriedadeSobriedade • HonestidadeHonestidadeHonestidadeHonestidade • SaúdeSaúdeSaúdeSaúde físicafísicafísicafísica • Cultivo daCultivo daCultivo daCultivo da espiritualidadeespiritualidadeespiritualidadeespiritualidade • Manter apenas relaçõesManter apenas relaçõesManter apenas relaçõesManter apenas relações positivaspositivaspositivaspositivas • Estado deEstado deEstado deEstado de pazpazpazpaz Considerações sobre a matriz Matriz é direcionamento tanto para a pessoa atendida como para o terapeuta Pontos podem ser alterados ao longo da terapia Alguns valores podem ser conflitantes; é necessário estabelecer prioridades 88 TRATAMENTO ACT ANOREXIANERVOSA TRATAMENTO ACT ABUSO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS 89 Componentes cognitivos nos TAG Preocupação excessiva com diversos eventos e com relação ao futuro. Preocupação em evitar ou diminuir a probabilidade de eventos ruins; Intolerância a situações de ambiguidade, incerteza ou risco; Tendência a centralização e controle; Percepção do mundo como um lugar perigoso e do futuro como temerário; Incapacidade ou fantasia de incapacidade de lidar com crise/frustração; Dificuldade de autorregulação emocional. 90 Distorções cognitivas típicas em quadros de TAG Hipergeneralização • Todos os homens são perigosos; todas as pessoas traem Catastrofização • Se eu for demitido, todo meu futuro está arruinado Filtro mental • Absorver apenas informações que confirmam o sistema de crenças – geralmente associada ao perigo/fracasso do outro. Pensamento Irracional • Sobretudo quanto ao grau de periculosidade da situação temida e dos próprios recursos para lidar com ela. Falácia do Controle • Tudo depende de mim e tem relação comigo OU “Não tenho nada a ver com isso”/ “não há nada que eu possa fazer” Falácia da mudança • Mudar o outro – me mudar: se pelo menos ele fosse mais “X”... Tratamento dos quadros de TAG Psicoeducação Evitação vs Valores Exposição Gradual Treinamento de habilidades sociais Aceitação 91 e escuta Entrevistas Iniciais Estabelecimento de vínculo (audiência não punitiva); Validação dos sentimentos do paciente; Cuidado com a pressa!; Instrumentos de triagem, instrumentos diagnósticos clínica. Investigação da história de evitação; Quando se iniciou, períodos mais críticos; Estratégias de enfrentamento; Consequências; Tentativas de tratamento anteriores; Hipóteses do paciente sobre os fatores predisponentes e mantenedores do TAG Avaliação de distorções cognitivas com foco da reestruturação cognitiva. Entrevistas Iniciais 92 Psicoeducação e Biblioterapia A etapa de psicoeducação é muito importante e envolve orientar o paciente sobre: Etiologia de seu problema; As fases do tratamento; As questões fisiológicas relacionadas à ansiedade; A função da ansiedade; Podem ser utilizados recursos como livros, filmes, documentários (biblioterapia); Hierarquização de situações de risco e exposição gradual. Balança Decisória Ambivalência entre exposição graduale tolerância dos riscos vs manter-se em um padrão evitativo; O que se ganha e o que se perde com o padrão evitativo? Qual é o custo pessoal (objetivo/subjetivo)? 93 Treinamento de Habilidades Sociais Autocontrole; Autorregulação emocional, com ou sem uso de distração; Resolução de problemas; Comunicação (assertividade); Habilidades Interpessoais; Resiliência; Habilidades / estratégias de enfrentamento; Aceitação das emoções negativas como parte de nossa existência Aceitação do controle limitado e da “dor” como fazendo parte da condição humana Eliminação/distração da ansiedade ou falta de controle Aceitação 94 Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) No final dos anos de 1980 Desenvolvida por Steven Hayes Verdade é aquilo que funciona Pragmatismo O fenômeno só pode ser entendido com seuambiente e sua história de aprendizado Filosofia: Contextualismo Funcional Restrição de repertório, indivíduo com uma gama reduzida de possibilidades de ações. Psicopatologia: inflexibilidade psicológica