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Embriologia do Sistema Digestivo

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Embriologia do Sistema Digestivo
Maísa Miranda Coutinho
Faça a leitura da seguinte situação-problema. Ela servirá para nortear suas
respostas nas próximas etapas dessa atividade.
Os alunos da UFSB estavam estagiando em uma Unidade Básica de Saúde (UBS)
para realizar o acompanhamento das famílias de uma comunidade próxima. Um dos
casos acompanhados na Saúde da Mulher chamou a atenção dos alunos. MLB, 29
anos, realizou o seu pré-natal com a equipe da UBS desde que descobriu a sua
gestação. Não possuía comorbidades, referia não fazer uso de bebidas alcoólicas e
outras drogas e apresentou sorologias negativas nos exames laboratoriais. Realizou
uma ultrassonografia durante a gestação que não apresentou alterações, segundo o
laudo. A criança, do sexo feminino, nasceu de parto cesáreo com idade gestacional,
peso, comprimento e perímetro cefálicos adequados ao nascer. Após o nascimento, no
entanto, apesar de apresentar bom estado geral e exame físico normal em consulta de
acompanhamento, a mãe relatou que o recém-nascido começou a apresentar
salivação excessiva, com relevante presença de espuma que passou a comprometer as
vias aéreas superiores. A aspiração da secreção melhorou a ventilação pulmonar do
recém-nascido. Depois, porém, o RN apresentou piora no quadro, com dificuldade em
deglutir o leite e a própria saliva. A tentativa de passagem de sonda orogástrica
falhou. A avaliação radiográfica foi sugestiva para a presença de atresia esofágica.
1. Agora você precisa conceituar os seguintes pontos-chaves que são importantes para o
entendimento da nossa situação-problema. Procure nas referências do Componente ou
em outras fontes disponíveis. Ah, talvez você possa precisar dessas informações na
próxima etapa. Não avance sem antes tirar um print da tela ou anotar o que você
colocou no seu caderno!
a) Dobramento do embrião no plano mediano: é um evento significativo no
estabelecimento da forma do corpo do embrião, ocorrendo entre a quarta e a oitava
semanas de gestação. O dobramento do plano mediano produz as pregas cefálicas e
caudal que resultam de uma movimentação das regiões cranial e caudal ventralmente,
enquanto o embrião se alonga cranial e caudalmente.
b) Dobramento do embrião no plano horizontal: é um evento significativo no
estabelecimento da forma do corpo do embrião, ocorrendo entre a quarta e a oitava
semanas de gestação. O dobramento lateral do embrião em desenvolvimento produz
as pregas laterais direita e esquerda. O dobramento lateral é resultado do rápido
crescimento da medula espinhal e dos somitos. O primórdio da parede abdominal
ventrolateral dobra-se em direção ao plano mediano, deslocando as bordas do disco
embrionário ventralmente e formando um embrião grosseiramente cilíndrico. Com a
formação da parede abdominal, parte da camada germinativa endodérmica é
incorporada ao embrião como o intestino médio, o primórdio do intestino delgado.
c) Intestino primitivo: se forma durante a quarta semana, quando a cabeça, a eminência
caudal (cauda), e as pregas laterais incorporam a parte dorsal da vesícula umbilical
(saco vitelínico) sendo o resultado do processo de formação das dobraduras
embrionárias cefalocaudal e lateral, uma porção do endoderma derivado da
gastrulação. Seu desenvolvimento é discutido em 4 partes, que são: o intestino
faríngeo, o intestino anterior, o intestino médio e o intestino posterior. O endoderma
forma o revestimento epitelial do sistema digestório e dá origem a células específicas
(parênquima) das glândulas, como os hepatócitos e as células exócrinas e endócrinas
do pâncreas.
d) Intestino anterior: compreende o intestino faríngeo que se estende da membrana
orofaríngea para o divertículo respiratório, e uma porção caudal ao tubo faríngeo que
se estende até a evaginação hepática. Os derivados do intestino anterior são: a faringe
primitiva e seus derivados; o sistema respiratório inferior; o esôfago e o estômago; o
duodeno, distal à abertura do ducto biliar; o fígado e sistema biliar (ductos hepáticos,
vesícula biliar e ducto biliar) e o pâncreas.
e) Intestino médio: tem seu início caudalmente ao broto hepático e se estende até a
junção dos dois terços direitos com o terço esquerdo do colo transverso no adulto. Os
derivados do intestino médio são: o intestino delgado, incluindo o duodeno distal à
abertura do ducto biliar; o ceco, o apêndice, o colo ascendente e a metade direita a
dois terços do colo transverso.
f) Intestino posterior: se estende do terço esquerdo do colo transverso até a membrana
cloacal. os derivados do intestino posterior são: o terço esquerdo da metade do
colotransverso, o colo descendente e o colo sigmóide, reto e parte suprior do canal
anal; o epitálioda bexiga urinária e a maior parte da uretra.
g) Membranas orofaríngea e cloacal:
● Membrana orofaríngea: está presente junto com o intestino primitivo,
fechando sua extremidade cranial. Esta membrana é formada pelo estomodeu
(cavidade oral primitiva derivada do ectoderma) da faringe (parte do intestino
anterior derivada do endoderma). Na quarta semana, a membrana orofaríngea
se rompe, estabelecendo uma conexão aberta entre a cavidade oral e o intestino
primitivo.
● Membrana cloacal: atua fechando sua extremidade caudal, o intestino
posterior, sendo constituída pelo endoderma da cloaca e o ectoderma da fosseta
anal. Esta membrana separa a porção superior do canal anal (derivada do
endoderma) da porção inferior, chamada de proctodeu, formada por uma
depressão invaginada alinhada com o ectoderma. A membrana se rompe na
sétima semana para criar uma abertura para o ânus.
h) Atresia (esofágica, duodenal):
● Atresia esofágica ocorre em decorrência do desvio do septo traqueoesofágico
para uma direção posterior e da separação incompleta do esôfago do tubo
laringotraqueal. A atresia isolada resulta de uma falha na recanalização
esofágica durante a oitava semana do desenvolvimento. Esse defeito está
associado à fístula traqueoesofágica em mais de 90% dos casos. Um feto com
atresia esofágica é incapaz de deglutir o líquido amniótico; consequentemente,
o líquido não consegue passar para o intestino para absorção e nem
transferir-se através da placenta para o sangue materno para ser eliminado. Isto
resulta em polidrâmnio, o acúmulo de uma quantidade excessiva de líquido
amniótico. Geralmente, recém-nascidos com atresia esofágica parecem
saudáveis inicialmente. Contudo, a salivação excessiva pode ser notada logo
após o nascimento, e o diagnóstico de atresia esofágica deve ser considerado
se o bebê rejeitar a alimentação oral com regurgitação imediata e tosse.
● Atresia duodenal é a obstrução completa da da luz intestinal, sendo que a
atresia duodenal sendo responsável por aproximadamente ⅓ dos casos de
obstrução intestinal, ocorrendo no duodenos em 25% das vezes e no íleo em
50%. O grau de comprometimento depende da extensão da área afetada. Elas
resultam da não formação de um número adequado de vacúolos durante a
recanalização do intestino (restauração da luz intestinal). Em alguns casos,
forma-se um septo transverso ou uma rede, produzindo o bloqueio. Outra
causa possível de estenoses e atresias é a interrupção do suprimento sanguíneo
para uma alça do intestino fetal, resultante de um acidente vascular fetal
causado por um comprometimento da microcirculação associado ao
sofrimento fetal, exposição a drogas ou vólvulo. A perda de suprimento
sanguíneo leva à necrose do intestino e ao desenvolvimento de um cordão
fibroso conectando as extremidades proximal e distal do intestino normal. A
má fixação do intestino ocorre mais provavelmente durante a 10ª semana; ela
predispõe o intestino ao vólvulo, estrangulamento e prejuízo do seu
suprimento sanguíneo.
2. Estamos quase finalizado. Para essa etapa, produza um pequeno texto que
correlacione a temática da nossa atividade e os conceitos abordados na etapa anterior.
Tente criar algo que "dê linha" aos termos pesquisados. Pense: Qual a relação que há
entre os pontos-chaves abordados? Comoeles estão interligados?
Se for possível, crie o seu texto evidenciando os pontos-chaves em caixa alta. Exemplo:
"O PONTO-CHAVE 1 é uma estrutura formada no período embrionário inicial, que leva a
formação das estruturas PONTO-CHAVE 2 e PONTO-CHAVE 3 num processo conhecido
como tal."
O ponto primordial é ponto-chave para iniciar o sistema digestório é o dobramento do
embrião no plano mediano é um evento significativo no estabelecimento da forma do
corpo do embrião, ocorrendo entre a quarta e a oitava semanas de gestação, após isso o
dobramento do embrião no plano horizontal é o segundo evento significativo no
estabelecimento da forma do corpo do embrião, ocorrendo entre a quarta e a oitava
semanas de gestação. O dobramento lateral do embrião em desenvolvimento produz as
pregas laterais direita e esquerda. O dobramento lateral é resultado do rápido crescimento
da medula espinhal e dos somitos. O primórdio da parede abdominal ventrolateral
dobra-se em direção ao plano mediano, deslocando as bordas do disco embrionário
ventralmente e formando um embrião grosseiramente cilíndrico. Com a formação da
parede abdominal, parte da camada germinativa endodérmica é incorporada ao embrião
como o intestino médio, o primórdio do intestino delgado. Ademais o intestino primitivo,
se forma durante a quarta semana, quando a cabeça, a eminência caudal (cauda), e as
pregas laterais incorporam a parte dorsal da vesícula umbilical (saco vitelínico) sendo o
resultado do processo de formação das dobraduras embrionárias cefalocaudal e lateral,
uma porção do endoderma derivado da gastrulação. Seu desenvolvimento é discutido em 4
partes, que são: o intestino faríngeo, o intestino anterior, o intestino médio e o intestino
posterior. Além dele o intestino médio: inicia caudalmente ao broto hepático e se estende
até a junção dos dois terços direitos com o terço esquerdo do colo transverso no adulto. Os
derivados do intestino médio são: o intestino delgado, incluindo o duodeno distal à
abertura do ducto biliar; o ceco, o apêndice, o colo ascendente e a metade direita a dois
terços do colo transverso. Já o intestino posterior: se estende do terço esquerdo do colo
transverso até a membrana cloacal. os derivados do intestino posterior são: o terço
esquerdo da metade do colotransverso, o colo descendente e o colo sigmóide, reto e parte
suprior do canal anal; o epitálioda bexiga urinária e a maior parte da uretra. Por fim ,
temos o final do sistemas digestivo com os dois ultimos eventos que são Membrana
orofaríngea presente junto com o intestino primitivo, fechando sua extremidade cranial.
Esta membrana é formada pelo estomodeu (cavidade oral primitiva derivada do
ectoderma) da faringe (parte do intestino anterior derivada do endoderma). Na quarta
semana, a membrana orofaríngea se rompe, estabelecendo uma conexão aberta entre a
cavidade oral e o intestino primitivo. E a membrana cloacal: atua fechando sua
extremidade caudal, o intestino posterior, sendo constituída pelo endoderma da cloaca e o
ectoderma da fosseta anal. Esta membrana separa a porção superior do canal anal
(derivada do endoderma) da porção inferior, chamada de proctodeu, formada por uma
depressão invaginada alinhada com o ectoderma. A membrana se rompe na sétima semana
para criar uma abertura para o ânus.
3. Vamos recordar a situação-problema?
Os alunos da UFSB estavam estagiando em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para
realizar o acompanhamento das famílias de uma comunidade próxima. Um dos casos
acompanhados na Saúde da Mulher chamou a atenção dos alunos. MLB, 29 anos,
realizou o seu pré-natal com a equipe da UBS desde que descobriu a sua gestação. Não
possuía comorbidades, referiu não fazer uso de bebidas alcoólicas e outras drogas e
apresentou sorologias negativas nos exames laboratoriais. Realizou uma ultrassonografia
durante a gestação que não apresentou alterações, segundo o laudo. A criança, do sexo
feminino, nasceu de parto cesáreo com idade gestacional, peso, comprimento e perímetro
cefálicos adequados ao nascer. Após o nascimento, no entanto, apesar de apresentar bom
estado geral e exame físico normal em consulta de acompanhamento, a mãe relatou que o
recém-nascido começou a apresentar salivação excessiva, com relevante presença de
espuma que passou a comprometer as vias aéreas superiores. A aspiração da secreção
melhorou a ventilação pulmonar do recém-nascido. Depois, porém, o RN apresentou
piora no quadro, com dificuldade em deglutir o leite e a própria saliva. A tentativa de
passagem de sonda orogástrica falhou. A avaliação radiográfica foi sugestiva para a
presença de atresia esofágica.
Para finalizar, vamos fazer uma análise retrospectiva da nossa situação-problema com base
nos conceitos que você acabou de aprender. No caso de MLB e seu filho, o que
possivelmente explica o quadro apresentado pelo recém-nascido? Qual a justificativa
embriológica para o comprometimento de vias aéreas superiores?
O quadro do recém-nascido pode ser explicado por uma malformação congênita caracterizada
pela ausência de continuidade do esôfago, que pode ser associada ou não à comunicação com
a traqueia, conceituando-se assim uma atresia esofágica. A atresia da luz do esôfago (canal
esofágico) ocorre com uma incidência de um em cada 3.000 a 4.500 recém nascidos.
Aproximadamente um terço das crianças afetadas nasce prematuramente. Esse defeito está
associado à fístula traqueoesofágica em mais de 90% dos casos. A atresia esofágica ocorre
em decorrência do desvio do septo traqueoesofágico para uma direção posterior e, da
separação incompleta do esôfago do tubo laringotraqueal. A atresia isolada resulta de uma
falha na recanalização esofágica durante a oitava semana de desenvolvimento. A justificativa
embriológica para o comprometimento de vias aéreas superiores através da atresia esofágica,
está na formação do esôfago se inicia quando o embrião tem entre 3 a 4 semanas de idade
gestacional, quando o divertículo respiratório – que é o broto pulmonar – aparece na parede
ventral do intestino anterior na borda com o intestino 29 anterior faríngeo. O divertículo
respiratório é separado pelo septo traqueoesofágico da parte dorsal do intestino anterior.
Sendo assim, o intestino anterior é dividido em primórdio respiratório, que é sua parte
ventral, e esôfago, que é sua parte dorsal. Inicialmente o esôfago é curto, mas posteriormente
se alonga com a descida do coração. Quando o septo traqueoesofágico, que separa o
divertículo respiratório, sofre um desvio posterior, que pode ser espontâneo ou devido a
algum fator mecânico, ele é empurrado para frente da parede dorsal do intestino anterior,
ocorrendo a atresia de esôfago.

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