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Entamoeba histolytica - Ana Cláudia Neves MED 96 ❖ Reino: Protista. Sub-Reino: Protozoa. Filo: Sarcomastigophora (pseudópodes ou flagelos) ❖ Subfilo: Sarcodina (pseudópodes). Ordem: Amoebida. Família: Entamoebidae. Espécie: Entamoeba histolytica. Doença: Amebíase ❖ Morfologia: Diversas espécies de Entamoeba e de outros amebídeos ❖ Formas: Entamoeba histolytica ➢ Pré-cisto – fase intermediária entre trofozoíta e cisto. É uninucleado, gera o cisto. ➢ Cisto – cisto imaturo apresenta 2 núcleos e, após nucleotomia, contém 4 núcleos. Mede 10 a 14 micra. Se ativa na porção final do intestino delgado, há outra nucleotomia e libera metacisto. ➢ Metacisto – forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado; apresenta 8 núcleos. Origina 8 trofozoítos. ➢ Trofozoíta – uninucleado, e, em caso de disenteria, com eritrócitos fagocitados (rompimento das paredes dos vasos sanguíneos). Divisão binária. Mede 12 a 50 micra. Quando ele chega no final do intestino, ela se transforma em um pré-cisto (uninucleado). ➢ Entamoeba com cistos contendo oito núcleos (8 amebas partindo de um cisto), também chamada grupo coli: E. coli (é comensal, vive no intestino grosso do homem, não deve ser tratada - não produz quadro clínico - bom indicativo de possibilidade de parasitismo intestinal, pois, se o homem defeca com essa ameba, significa que ele teve contato com fezes humanas contaminadas - pode se contaminar com outros parasitos), E. muris (roedores). E. gallinarum (aves domésticas). ➢ Entamoeba de cistos com quatro núcleos, também chamada grupo hystolytica: E. histolytica (homem), E. dispar (indistinguível morfologicamente da hystolitica, é sempre comensal; para distinguí-las é preciso dosar PCR). ➢ (homem), E. ranarum (sapo e rã), E. invadens (cobras e répteis), E. moshkoviskii (vida livre). ➢ Entamoeba de cisto com um núcleo: E. polecki (porco, macaco e, eventualmente, humanos), E. suis (porco, para alguns sinonímia de E. polecki). ➢ Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gingivalis (humanos e macacos - frequenta a cavidade oral humana, boca; para maioria dos autores é comensal, mas, alguns odontologistas dizem que ela pode estar associada à gengivites e queda de dentes, quando associada a algumas bactérias - adquirida através do beijo). ❖ Se no EPF de um indivíduo aparecer Entamoeba histolytica é preciso tratar imediatamente, para que não haja repercussões em outros órgãos - amebíase extraintestinal. ❖ Ela causa lesões no epitélio intestinal a ponto de produzir ulcerações na parede do intestino e, assim, ter sangramentos nas fezes. Essas úlceras podem ser colonizadas por bactérias da microbiota intestinal, causando produção de pus e maior produção de muco na tentativa de proteção. Portanto, há fezes mucopiosanguinolentas. ❖ Pode agir no organismo como um comensal - se alimenta de restos, não prejudica o indivíduo acometido. Dependendo da sua flora bacteriana, ela usa restos celulares provenientes de descamação intestinal. ❖ Habitat: vivem na luz do intestino grosso (ceco e cólon), podendo penetrar nos vasos sangüíneos produzindo ulcerações intestinais, ou no fígado, rins, pulmões e, mais raramente, no cérebro e até na pele. ❖ Nutrição: ingestão de partículas sólidas, eritrócitos, bactérias e restos celulares. ❖ Ciclo: há ingestão do cisto com 4 núcleos irá liberar um metacisto com 8 núcleos, originando 8 trofozoítos metacisticos que podem seguir o caminho comensal, dando origem a pré-cistos ou o caminho parasito. Há invasão da mucosa e destruição; fazem uma nova invasão via corrente circulatória (hematófagos obrigatórios e jamais produzirão cistos; trofozoítos permanecem através da DBS), atingindo outros órgãos. No caso extraintestinal, eles não produzem cistos, pois não irão precisar da proteção do ambiente intestinal; os trofozoítos presentes nos órgãos irão lesionar as células e tecido conjuntivo, atingindo os vasos em busca de eritrócitos para sua nutrição. ❖ Epidemiologia: as principais fontes de infecção amebiana são os pacientes crônicos, os assintomáticos e os indivíduos portadores sãos. Em uma evacuação de aspecto normal, podem ser eliminados milhões de cistos de E. hystolytica. A transmissão ora é direta por mãos sujas, ora indireta por águas e alimentos contaminados. Insetos, como Entamoeba histolytica - Ana Cláudia Neves MED 96 moscas e baratas, podem transportar mecanicamente os cistos de amebas. ❖ Patogenia: depende da flora bacteriana associada - E.coli,Shigela,Salmonella,Clostridium e Enterobacter podem potencializar a amebíase. ➢ Na mucosa intestinal: úlceras conhecidas como “botões de camisa”ou “colo de garrafa” – no ceco. (ação traumática - pode causar ruptura da alça intestinal); massas granulomatosas chamadas amebomas (pouco comum). As úlceras são formadas a partir do contato com as células epiteliais (contato muito forte entre sua membrana plasmática e essas células), liberando enzimas proteolíticas que destroem a célula como um todo, além disso, a Entamoeba fagocita essas células lesionadas para se nutrir. À medida que isso vai ocorrendo, as úlceras vão sendo formadas, acompanhadas de invasão bacteriana secundária que determina purulência e, atingindo as camadas mais profundas, chegando na submucosa, inicia o sangramento. ➢ lesões na pele – região anal ou vaginal (períneo). ❖ Sintomatologia: formas assintomáticas – comensal. ➢ Formas sintomáticas: ■ amebíase intestinal: colite amebiana disentérica – 8 a 10 ou mais evacuações por dia, febre, fezes mucopiosanguinolentas, cólica, tenesmo, perda de peso; colites não disentéricas – 2 a 4 evacuações por dia, diarreia/CI, dores abdominais, sangue e muco nas fezes; colite necrotizante - febre elevada, diarreia com sangue e muco, odor de ovo podre; amebomas - massas granulomatosas, os granulócitos se acumulam em volta do protozoário formando uma massa - é preciso investigá-la a fim de saber se é uma massa tumoral ou em decorrência da amebíase; apendicite amebiana). Pode haver febre e tenesmo (OBS.: complicação – perfuração, peritonites e hemorragia). ■ amebíase extra-intestinal: amebíase hepática (abscesso hepático), amebíase cutânea e amebíase em outros órgãos. Já foram encontradas lesões no cérebro, pulmões, abaixo do diafragma, apêndice, pele da região perineal (fístula). ❖ Diagnóstico: EPF com MIF (conservante - não é mais usado), PCR em abscesso hepático; ELISA, tomografia, ultrassonografia; biópsia ou sorologia (extra-intestinal), etc. ❖ Indivíduos mais jovens e mais velhos, imunossuprimidos, subnutridos e alcoólatras apresentam maior propensão a contrair a doença. Se um indivíduo tem amebíase e se alimenta de fibras e carboidratos, há piora do quadro clínico, favorecem o ciclo da Entamoeba, enquanto dietas ricas em vitaminaC e proteínas desfavorecem. ❖ Profilaxia: combate a moscas; higienização; melhoria sanitária; lavar corretamente frutas; utilizar água tratada. ❖ Tratamento: metronidazol 30-40mg/kg/dia durante 7 dias. Tinidazol, ornidazol e nimorazol ou nitrimidazina. ➢ As formas graves requerem repouso no leito, dieta branda, rica em proteínas e vitaminas, mas pobre em carboidratos e fibras. Tomar líquidos em abundância. ➢ É preciso combinar dois tipos de medicamentos. ➢ Há dois tipos de amebicidas: ■ Amebicidas não absorvíveis, que atuam apenas na luz intestinal. São as dicloracetamidas: ● Teclosan, Furamida ou o furoato de diloxamida e Clefamida. Agem sobre os trofozoítas por contato, destruindo-os e interrompendo o ciclo reprodutivo do parasito na luz intestinal. Indicados para tratar infecções assintomáticas e os eliminadores de cistos. Mas, por não afetarem os parasitos que se encontrem nos tecidos, devem ser associados aos amebicidas do 2o grupo. ■ Amebicidas teciduais que, sendo absorvidos pelo intestino, são capazes de destruir as formas invasivas do parasito em qualquer tecido onde se encontrem. São os nitroimidazóis, utilizados especificamente para tratar a amebíase doença: ● Metronidazol (Flagil®), Tinidazol (Fasigyn ®), Ornidazol, Nimorazol (ou nitrimidazina) ● Secnidazol e Nitazoxanida (Annita®). Exigem associação com as dicloracetamidas para uma cura radical, visto serem rapidamente absorvidos no intestino delgado e não chegarem ao intestino grosso, onde as amebas colonizam.
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