bloqueios atrioventricular cardiologia veterinária

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1 Clínica de Pequenos Animais | VeteduKa| MEDICINA VETERINÁRIA UFPA 2019| Alícia de Souza Silva | @mdemedvetr 
Bloqueios atrioventriculares 
O que é? 
São retardos ou interrupção da condução do impulso elétrico sinusal na região atrioventricular. A formação do impulso é 
normal, mas não é conduzido de maneira adequada.
CLASSIFICAÇÃO 
• BAV 1º grau: não há bloqueio completo, não tem 
alteração do ritmo cardíaco 
• BAV 2º grau: é um bloqueio intermitente (parte 
bloqueia a transmissão de IE, e parte não 
bloqueia), alterando o ritmo cardíaco. 
• BAV 3º grau ou total: dois marcapassos (atrial e 
ventricular), ocorrendo um bloqueio constante e 
causando uma frequência cardíaca baixa. 
BAV DE PRIMEIRO GRAU 
É um atraso na condução do estímulo elétrico do nodo 
sinusal, para os feixes internodais e para o nodo 
atrioventricular (dos átrios para os ventrículos). Não há 
alteração do ritmo cardíaco ou frequência cardíaca. 
 Causas 
• Pode acontecer em cães hígidos/saudáveis, mas de 
idade avançada 
• Estímulo parassimpático 
• Intoxicação digitálica (por grupo de fármacos 
usados no tratamento de doenças do coração) 
• Medicações como B-bloqueadores, quinidina e 
procainamida (atuam reduzindo a frequência 
cardíaca) 
• Hiper ou hipocalemia 
• DMVM crônica (dilatação da câmara cardíaca) 
• Miocardite 
 Característica no ECG 
• Onda P normal 
• Complexo QRS normal 
• Intervalo entre a onda P e o início do complexo QRS 
(intervalo PR) é maior. 
o Cães: PR > 0,13s 
o Gatos: PR > 0,09s 
 
No ECG, devemos avaliar a onda P, um traçado longo, 
complexo QRS e uma onda T. O intervalo entre o início 
da onda P e o início do complexo QRS, há 8 
quadradinhos. Esse ECG está em 50 mm/s e 
multiplicamos 8 por 0,02, o resultado sendo 0,16. Ou 
seja, é um caso de BAV de 1º grau. 
 
Observa-se que há um intervalo maior entre onda P e 
o complexo QRS. O ritmo é regular nesse ECG. 
 Manifestações clínicas 
São pacientes assintomáticos! Normalmente, é 
diagnosticado em ECG pré-operatório. 
Não há repercussão clínica, sendo a terapia 
desnecessária. Nesses casos, deve-se procurar a causa 
base (se houver) e fazer acompanhamento anual. 
BAV DE SEGUNDO GRAU 
É uma falha ou bloqueio na transmissão do impulso 
elétrico gerado no átrio (nodo sinusal) para os 
ventrículos. Esse bloqueio acontece de maneira 
intermitente, ou seja, não acontece sempre, mas, 
quando acontece, altera o ritmo e a frequência 
cardíaca. 
 Classificação 
• Mobitz tipo I ou fenômeno de Wenckebach: A 
morfologia de onda P normal e intervalo PR vai 
aumentando até bloquear. É menos grave e 
normalmente assintomático. 
 
A cada batimento, o intervalo PR aumenta. No quarto 
batimento, não há complexo QRS, ou seja, houve 
bloqueio. O ritmo é diferente. 
• Mobitz tipo II: morfologia de onda P normal e 
intervalo PR constante e sempre o mesmo. Então, 
de forma súbita, ocorre o bloqueio. É mais grave, 
podre progredir pra uma BAV de 3º grau e 
apresenta manifestações clínicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Esse tipo de Mobitz pode acontecer de duas formas: 
o BAV de condução 2:1: proporção fixa em relação à quantidade de ondas P bloqueadas e complexos QRS = 2 
ondas p para 1 QRS 
 
o BAV avançado de condução > 3:1 
 Característica no ECG 
• Ondas P nem sempre vão estar “antes” do complexo QRS 
• Pode ocorrer logo antes do QRS, após o QRS, antes da onda T, depois da onda T e etc. 
 
 Causas 
• Fibrose idiopática do sistema de condução: células 
morreram, cicatrizou e não funciona como uma 
boa condutividade, geralmente ocorre em cães 
idosos. 
• Estenose hereditária do feixe de His: ocorre 
geralmente em Pugs 
• Alterações eletrolíticas: hipercalemia, por exemplo 
• Taquicardia supraventricular: FC muito acelerada, 
com estímulo na parte superior do coração e, para 
descompensar, ocorre uma despolarização atrial 
desacompanhada de QRS. 
• Uso de medicações: 
o Intoxicação digitálica 
o Xilazina 
o Quinidina e procainamida 
o B-bloqueadores 
o Bloqueadores dos canais de cálcio 
 Manifestações clínicas 
Depende do grau de BAV. Mas, a maior parte dos 
animais são assintomáticos! Geralmente, há um baixo 
débito cardíaco. O animal pode apresentar fraqueza, 
intolerância à exercícios, síncope (desmaio) e ICC (BAV 
avançado). 
Se houver histórico de desmaios, mas fez ECG e não 
deu resultados, é indicado o uso do Holter para 
determinar se no momento do desmaio há algum 
bloqueio. 
• Mobitz tipo I: animal possui sintomas? Senão, 
não tem indicação de tratamento. 
• Mobitz tipo II: Os animais são sintomáticos e 
há chances de evoluir para um BAV de 3º grau. 
Deve ser feito um tratamento curativo com 
marcapasso artificial. 
 
BAV DE TERCEIRO GRAU 
Também chamado de BAVT (bloqueio atrioventricular 
total). É uma condição em que não há nenhuma 
condução atrioventricular. Pode ser que haja um 
estimulo no noda atrial, mas ele é totalmente 
bloqueado, não tendo a ativação das fibras de purkinje. 
Tendo um bloqueio total, tem o átrio contraindo e tem 
o ventrículo parado. Por consequência, não há débito 
cardíaco. 
 
Sem débito cardíaco, o sistema de condução 
ventricular começa a tentar suprir essa necessidade. 
Nessa situação, há uma presença de 2 marcapassos 
distintos: o nodo sinusal (com despolarização atrial) e 
o tecido de condução ventricular. Dessa forma, não há 
relação entre a onda P e o complexo QRS. 
 
 
 
 
 
 
 
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 Característica no ECG 
 
• Onda P: morfologia normal, mas sem relação com o complexo QRS 
• Complexo QRS: largo 
• Intervalos PP e RR: constantes 
• Frequência de despolarização: 40-60 bpm 
 
 Causas 
• Fibrose idiopática do sistema de condução 
• Miocardite 
• Cardiomiopatias primárias 
• Infarto do miocárdio 
• Intoxicação digitálica 
• Distúrbios eletrolíticos 
 
Bloqueios intraventriculares 
O que é? 
São anormalidades na condução do impulso elétrico do coração nos ramos ventriculares. Não interferem com o 
ritmo cardíaco, não há implicação clínica e não há necessidade de tratamento. Deve-se investigar a causa! 
DERIVAÇÕES PRECORDIAIS 
São eletrodos acoplados no tórax em que será 
visualizado a parte elétrica intraventricular do coração. 
Sendo eles: 
• V1: 5º espaço intercostal na janela paraesternal 
direita 
• V2: 6º espaço intercostal na janela paraesternal 
esquerda 
• V4: 6º espaço intercostal na junção costocondral 
esquerda 
• V10: 7º espaço intercostal, junto ao processo 
espinhoso da coluna. 
 
EIXO ELÉTRICO CARDÍACO 
Se houve um bloqueio em X região, eu posso ter uma 
rotação no vetor final, que é o eixo elétrico cardíaco. 
Logo, toda vez que fizer um ECG e calculo de eixo 
elétrico do coração e tiver desvio, deve-se pensar na 
possibilidade de bloqueio intraventricular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BLOQUEIO DO RAMO ESQUERDO 
É quando tem uma lesão no ramo esquerdo (na parede 
ventricular esquerda) do sistema de condução elétrica. 
Dessa forma, não há propagaçãodo impulso elétrico 
nessa região. Além disso, o lado direito vai propagar de 
maneira mais rápida e o lado esquerdo só vai receber 
devido às cardiomiócitos estruturais (mas é mais 
lento). 
 Características ECG 
São extremamente específicos. 
• Complexo QRS largo > 0,08 em D2 
• Sem desvio de eixo elétrico 
• QRS largo e positivo em D1, D2, D3 e aVF e em 
precordiais esquerdas V2 e V4 
• QRS negativo em aVR, aVL e V1 
• Pode ser intermitente/alternado, acontecendo do 
nada. 
 
 
 Causas 
• Degeneração do ramo esquerdo 
• Doença miocárdica primária 
• Estenose aórtica 
 
BLOQUEIO DO RAMO DIREITO 
Há a formação do impulso elétrico no nodo sinusal, 
conduzido pelos feixes internodais pro nodo átrio 
ventricular, é conduzido pelo feixe de His para o ramo 
esquerdo, mas quando chega no lado direito, é 
bloqueado. Assim, o lado esquerdo vai despolarizar 
mais rápida e o direito vai estar mais lenta. 
 Características ECG 
• Complexo QRS largo > 0,06s 
• Onda S larga e profunda em D1, D2, D3, aVF, V2 e 
V4 e com um padrão em W em V10. 
• Desvio do eixo elétrico para a direita 
• Complexo QRS positivo em aVR e V1 com padrão 
M em V10 
• Pode ser intermitente/alternado 
 
 
 
 
 
 Características ECG 
• Pode ocorrer em gatos saudáveis 
• Cardiomiopatias 
• Doenças e condições que remodelem o coração 
(principalmente o ventrículo) 
• Neoplasia cardíaca 
• Hipercalemia 
 
BLOQUEIO DO FASCÍCULO ANTERIOR 
ESQUERDO 
Há a formação do impulso elétrico no nodo sinusal, 
conduzido pelos feixes internodais pro nodo átrio 
ventricular, é conduzido pelo feixe de His para o ramo 
esquerdo e direito, mas o fascículo anterior esquerdo 
é bloqueado. 
 
 Características ECG 
São extremamente específicos. 
• Complexo QRS com duração normal 
• Onda S presente e profunda em D2, D3 e aVF 
• Desvio do eixo elétrico para a esquerda 
• Padrão qR em D1 e aVL 
• Onda S na D3 é mais ampla que na D2