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04/01/2021 Versão para impressão 1/10 Segurança do Trabalho Indicadores de modelo de gestão – Tipos e características Uma das maneiras de acompanhar a eficácia de um sistema de gestão, seja ele de segurança do trabalho, de qualidade e/ou de meio ambiente, é por meio da avaliação de desempenho. Essa avaliação é realizada por meio do uso de indicadores. Os indicadores fazem parte de uma estrutura maior, composta pela política, pelos objetivos, pelas metas, pelos planos de ação e, finalmente, pelos indicadores. A política define os propósitos da empresa na área em questão (por exemplo, “reduzir acidentes e doenças relacionados ao trabalho” ou “apoiar o desenvolvimento sustentável de empresas parceiras”). Já os objetivos e as metas definem claramente o que se espera de determinada condição e que patamar deseja-se atingir, respectivamente. Um objetivo poderia ser a “adequação de máquinas, conforme NR- 12, no setor de produção de pneus”, associado a uma meta do tipo “100% de adequação até dezembro de 2020”. Naturalmente, para atingir a meta estabelecida, um planejamento baseado em prioridades é elaborado, o qual é chamado de plano de ação, contendo as ações e os recursos necessários, além de prazos e responsáveis. Para acompanhar e avaliar o atendimento aos objetivos e às metas, indicadores são utilizados, e ao menos um deles deve estar relacionado diretamente à meta. Como exemplo, poderia ser utilizado o indicador “percentual de máquinas adequadas à NR-12”. 04/01/2021 Versão para impressão 2/10 Os principais indicadores se concentram no desempenho em saúde e segurança com a intenção de melhoria contínua. Eles são um sinal e um monitor do que está sendo feito de forma continuada para evitar doenças e lesões do trabalhador. Para Martins e Costa Neto (1998), “A medição do desempenho deve ser feita não somente para planejar, induzir e controlar, mas também para diagnosticar. Nesse sentido, é importante ir sofisticando a medição de desempenho conforme a empresa vai passando pelos níveis de maturidade na implementação da gestão pela qualidade total (encenando, demonstrando, comprometida e incorporada)”. Sendo assim, é importante entender que é necessário identificar as necessidades a partir dos dados e determinar os indicadores que auxiliarão a organização a alcançar os seus objetivos. Os indicadores devem demonstrar onde ações são necessárias para que se evitem efeitos indesejados e para que se possam alcançar as metas estabelecidas. Um indicador deve permitir uma interpretação, seja de números ou até mesmo de tendências, e tornar possível uma comparação. Os números podem ser absolutos (números de acidentes) ou até mesmo taxas (em função de horas trabalhadas) que orientem decisões gerenciais. Antes de executar qualquer atividade, é preciso planejar, ou seja, visualizar o futuro e elaborar planos que permitam às pessoas tomar as ações no presente para enfrentar desafios vindouros. Esse planejamento deve ser feito com base em informações estratégicas. Elas moldarão o plano de trabalho, que funcionará como balizamento para assegurar a obtenção dos recursos necessários, a integração entre os vários objetivos organizacionais e o trabalho em diferentes atividades, além do monitoramento e da avaliação da realização de cada etapa em relação aos padrões ou aos indicadores estabelecidos. 04/01/2021 Versão para impressão 3/10 Segundo Chiavenato (2005), o planejamento é um processo composto por seis etapas: Definição dos objetivos Para onde queremos ir? Análise da situação momentânea Onde estamos no momento? Análise das premissas em relação ao futuro O que temos pela frente? Análise das alternativas de ação Quais são os caminhos possíveis? Definição da melhor alternativa Qual é o melhor caminho? Implementação do plano escolhido e avaliação dos resultados Como percorreremos o caminho? O plano de trabalho geralmente é composto de: Descriçãos do problema identificado Objetivos do plano de trabalho Justificativa baseada no monitoramento de indicadores Metas e indicadores de monitoramento para o acompanhamento do plano de trabalho Vejamos um exemplo! Problema identificado: aumento do número de acidentes no setor de corte. Objetivos: Resguardar a saúde dos trabalhadores do setor de corte. Justificativa: os acidentes no setor de corte têm potencial de gerar danos irreparáveis. Meta: Acidente zero no setor de corte. Indicador ligado diretamente à meta: percentual de redução de acidentes no setor de corte em comparação ao período anterior. 04/01/2021 Versão para impressão 4/10 Indicadores não ligados diretamente à meta, mas que podem auxiliar no processo de avaliação: número de acidentes no setor de corte, número de situações de desvios de segurança identificados e corrigidos. A redução no número de acidentes só será possível com o monitoramento das ações propostas. Para isso, é necessário contar com planos de ação claros e objetivos. A escolha de ao menos um indicador ligado diretamente à meta é fundamental para que a comparação do desempenho seja possível. O nível momentâneo de desempenho da SST de uma organização é importante para que se possa modificar alguma ação que não está contribuindo para o atendimento da meta. Estes são mais eficazes quando estão alinhados com os objetivos específicos de SST de uma organização. Consequentemente, o que é considerado adequado para uma organização pode não ser um bom ajuste para outra, inclusive dentro da mesma indústria. Seguem três conjuntos diferentes de indicadores principais, os quais são utilizados de forma conjunta conforme o nível da organização. Foco no cumprimento Organizações nos estágios iniciais do desenvolvimento de programa de SST ou cujo nível de desempenho de SST requer melhorias podem apresentar determinados indicadores para apenas confirmar a conformidade com os requisitos legais. Os indicadores podem confirmar se as avaliações de perigo/risco estão realmente sendo concluídas e garantir que os trabalhadores estejam envolvidos no processo. Os empregadores podem desenvolver sua lista de principais indicadores e monitorar tarefas de trabalho, bem como riscos e medidas de controle identificados durante avaliações formais de perigo. Foco na melhoria 04/01/2021 Versão para impressão 5/10 Organizações com programas de SST com níveis de desempenho melhores (além da conformidade básica) podem apresentar indicadores para crescer e para aprimorar programas existentes, de modo a buscar a melhoria contínua. São exemplos de indicadores: percentual da força de trabalho que tem treinamento em SST além da conformidade legislativa básica; frequência com que saúde e segurança são discutidas nas reuniões; e frequência com que a administração anda no chão de fábrica. Foco na aprendizagem contínua Organizações com uma cultura de SST madura, com um nível consistentemente alto de desempenho (baixas taxas de incidência), podem selecionar indicadores para explorar um conhecimento mais profundo, extraindo informações sobre sua cultura de saúde e segurança. Eles podem selecionar indicadores para rastrear qual percentual de seu orçamento de comunicação é dedicado a SST ou quantas vias diferentes a organização usa para comunicar mensagens de SST. Nas organizações, existem dois tipos de indicadores de SST: os reativos e os proativos. Indicadores reativos Os indicadores reativos medem eventos passados, como acidentes e doenças ocupacionais, e nem sempre refletem a situação de SST da empresa. Por exemplo, a ausência de acidentes não significa, por si só, um ambiente de trabalho seguro. Os indicadores reativos são objeto de preocupação apenas quando um acidente já aconteceu ou uma doença já se desenvolveu. No Brasil, a Norma Regulamentadora 4 (NR-4) estabelece que compete aos profissionais do Serviço 04/01/2021 Versão para impressão 6/10 Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) analisar e registrar em documento(s) específico(s),uma série de indicadores reativos: acidentes ocorridos na empresa ou no estabelecimento, com ou sem vítima, taxas de acidentes, casos de doença ocupacional, entre outros. Além disso, cabe ainda ao SESMT registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade. É preciso preencher, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas constantes nos quadros III, IV, V e VI da NR-4, devendo o empregador manter a documentação à disposição da inspeção do trabalho. No quadro III da NR-4, são apresentados os acidentes de trabalho e dois indicadores de caráter reativo: taxa de gravidade (TG) e taxa de frequência (TF) de acidentes. Essas equações já foram trabalhadas em unidades curriculares anteriores). No quadro IV da NR-4, são apresentadas as doenças profissionais desenvolvidas nos ambientes de trabalho da organização. No quadro V da NR-4, são apresentados os dados de insalubridade nos ambientes de trabalho. No quadro VI da NR-4, são apresentados os acidentes sem vítima desenvolvidos no ambiente de trabalho. Cabe citar que a Previdência Social mantém dados históricos de indicadores reativos de acidentes e doenças ocupacionais relacionados ao trabalho para consulta pública. Os dados estão separados por tipo de acidente, por estado, por ocupação etc. e representam uma fonte de pesquisa. Eles podem ser consultados na página da Secretaria da Previdência Social, em anuário estatístico da Previdência Social. Quadro III da NR-4 04/01/2021 Versão para impressão 7/10 Indicadores proativos Os indicadores proativos devem contemplar uma série de aspectos, de modo a abranger diversas e variadas situações ou condições de realização das tarefas e permitir uma atuação preventiva. “Os indicadores proativos são uma forma de monitorização ativa centrada sobre alguns sistemas de controle crítico do risco para assegurar sua eficácia contínua. Exigem uma verificação sistemática regular das ações-chave ou atividades. Podem, portanto, ser considerados como medidas do processo ou condições a ter em conta em relação ao patamar de segurança desejado” (SILVA, 2012). É necessária uma postura proativa dos gestores junto aos processos de modo a identificar e controlar os riscos em sua fonte e, assim, poder adotar indicadores que deixem entrever as melhorias. O estabelecimento de dados de monitoramento proativo depende de cada organização (em função da sua política e da complexidade de seus processos). A norma BS 8800 (1996), guia reconhecido mundialmente, cita alguns exemplos de dados de monitoramento proativo: a. A extensão em que planos e objetivos têm sido estabelecidos e atingidos b. Percepções do pessoal sobre o comprometimento da administração com a SST c. A designação de um diretor para a SST d. A designação de pessoal especializado em SST e. O grau de influência dos especialistas em SST f. A publicação da política de SST g. Uma adequada comunicação da política de SST h. O número de pessoas treinadas em SST 04/01/2021 Versão para impressão 8/10 i. A eficácia do treinamento em SST j. O número de avaliações de riscos completadas em relação às requeridas k. A extensão da conformidade com os controles de riscos l. A extensão da conformidade com os requisitos legais m. O número e a eficácia das “rondas” de SST dos gerentes sêniores n. A quantidade de sugestões do pessoal para melhorias de SST o. Atitudes do pessoal frente a riscos e a controle de riscos p. Conhecimento do pessoal sobre os riscos e os controles de riscos q. Frequência das auditorias de SST r. Tempo para implementar as recomendações das auditorias de SST s. Frequência e eficácia das reuniões do comitê de SST t. Frequência e eficácia dos resumos (briefings) sobre SST u. Relatórios dos especialistas em SST v. Tempo para implementar ações sobre reclamações ou sugestões w. Relatórios do monitoramento da saúde x. Relatórios da amostragem da exposição do pessoal y. Níveis de exposição nos locais de trabalho (ruídos, poeiras, fumos) z. Utilização de EPIs (equipamentos de proteção individual) Além desses, há vários outros indicadores proativos utilizados por instituições no Brasil, como: 04/01/2021 Versão para impressão 9/10 Percentual de acidentes resolvidos Monitora-se a quantidade de registros de acidentes investigados pelos profissionais de SST. Não conformidades versus acidentes de trabalho Avalia-se o número de não conformidades que contribuíram para a ocorrência de acidentes de trabalho. Integração dos trabalhadores no ambiente de trabalho Monitora-se a porcentagem de treinamentos realizados a partir do número de funcionários contratados. Controle de treinamento As NRs determinam quais funcionários devem passar por treinamento. Monitora-se então a porcentagem de treinamentos realizados. Investimento em EPIs Avalia-se o custo médio (consumo) de EPIs por funcionário. Ações do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) Verificam-se o percentual de ações resolvidas e o número de ações planejadas no PPRA por um determinado período. Ações do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) Monitora-se o percentual de ações resolvidas entre o número de ações planejadas no PCMSO por um determinado período, incluindo exames médicos. Ações da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) Monitoram-se as ações da CIPA a partir do percentual de não conformidades corrigidas e do número de não conformidades registradas por ela. Ações de manutenção preventiva Verificam-se as manutenções preventivas programadas versus as realizadas. Elas são muito importantes para a segurança da empresa. Quantidade de inspeções Monitoram-se o número de inspeções realizadas e o número de inspeções planejadas. Além desses, o técnico em segurança do trabalho poderá, na organização em que trabalha, estipular outros indicadores proativos com o objetivo de melhorar o desempenho dela em SST. 04/01/2021 Versão para impressão 10/10 Os indicadores reativos fazem referência a algo que já se passou. E qual será a sua gerência sobre isso? Podem-se apenas detectar as causas do problema e almejar uma sistemática de correção para evitar novas ocorrências. Os indicadores proativos, por sua vez, permitem antecipar situações indesejadas. O seu foco é prevenção: o que pode ser feito para prevenir que um acidente ocorra? Não é possível evitar todo e qualquer acidente, mas certamente será reduzida drasticamente a possibilidade de ocorrência. A utilização de ambos os tipos de indicadores permite que as decisões na área de segurança do trabalho sejam mais assertivas. Indicadores proativos permitem que problemas sejam identificados e corrigidos em suas fases iniciais Já indicadores reativos apontam falhas no processo de modo objetivo.
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