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TCC - Principais Manifestações Patológicas nas Estruturas de Concreto

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_________________________ 
1 Pós Graduação em Engenharia de Estruturas, Engenheiro Civil; Engenheiro Ambiental. E-mail: 
eng.thiagoaf@gmail.com. 
2 Orientador: Prof. Me’. Charles Ferreira de Oliveira. Engenheiro Civil. 
E-mail: charles.engenheirocivil@gmail.com.
 
 
PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS ESTRUTURAS DE 
CONCRETO ARMADO 
Thiago Antônio de Oliveira Freitas¹ 
Orientador: Prof. Me. Charles Ferreira de Oliveira² 
 
RESUMO 
O uso do concreto como material de construção ocorre desde os tempos do império 
Romano. Com o passar dos anos, ele tornou-se cada vez mais essencial para a 
construção de edificações e demais tipos de obras, sendo hoje o material de 
construção mais consumido pela civilização moderna. Com o passar do tempo e com 
diversas contribuições de estudiosos, compreende-se cada vez mais todas as 
possibilidades que o concreto permite para as estruturas de um modo geral. Com o 
grande aumento de seu uso e a disseminação da tecnologia construtiva, começaram 
a surgir problemas, então os estudiosos começaram a estudar e entender as principais 
manifestações patológicas para as quais esse tipo de estrutura encontra-se 
suscetível, antevendo possíveis problemas, erradicando ou os diminuindo. Essas 
manifestações patológicas podem levar estruturas robustas a terem significativa perda 
de desempenho, até mesmo colapsando-as se não forem identificadas de maneira 
correta a tempo e devidamente tratadas/corrigidas. O estudo a seguir visa realizar 
uma revisão bibliográfica das principais manifestações ocorrentes nas estruturas de 
concreto. 
Palavras-chave: Manifestações patológicas; concreto; material de construção. 
 
ABSTRACT 
The use of concrete as a building material, occurre since the times of the Roman 
empire and over the years it has become more essential for the construction of 
buildings and other types of works, being today the construction material most 
consumed by civilization Modern. Over time and several contributions from scholars, 
come to understand more and more all the possibilities that concrete allows for 
structures in general. With the great increase in its use and the dissemination of 
constructive technology, problems began to emerge, and scholars began to search 
and understand the main pathological manifestations that this type of structure are 
susceptibles to, anticipating possible problems, eradicating or reducing them. These 
pathological manifestations can lead to robust structures that have a significant loss of 
performance, even collapsing them if they are not correctly identified in time and 
properly treated / fixed. This study aims to carry out a bibliographic review of the most 
occurring manifestations, from their cause and effects on the concrete structures. 
Keywords: Pathological manifestations, concrete, construction material. 
 
SUMÁRIO 
1.INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1 
2. OBJETIVO .........................................................................................................................................3 
3. REVISÃO LITERÁRIA .....................................................................................................................4 
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO CONCRETO ............4 
3.1.1 CAUSAS INTRÍSECAS ......................................................................................................6 
3.1.2 CAUSAS EXTRÍNSECAS .....................................................................................................7 
3.2 FALHAS DE CONCEPÇÃO DE PROJETO ..........................................................................8 
3.3 FALHAS DURANTE A EXECUÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ............... 16 
3.4 FALHAS DURANTE O USO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO 
(MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE ORIGEM MECÂNICA) ......................................... 21 
3.4.1 CHOQUES E VIBRAÇÕES ............................................................................................ 22 
3.4.2 INCÊNDIOS ....................................................................................................................... 25 
3.4.3 RECALQUE DIFERENCIAL DE FUNDAÇÕES ......................................................... 26 
3.5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE ORIGEM QUÍMICA ......................................... 33 
3.5.1 ÁCIDOS ............................................................................................................................. 33 
3.5.2 SULFATOS ....................................................................................................................... 39 
3.5.3 CLORETOS ....................................................................................................................... 42 
3.5.4 ÁGUA COMO AGENTE DE DETERIORAÇÃO QUÍMICA ....................................... 45 
3.5.5 REAÇÃO ENTRE AGREGADOS DO CONCRETO ................................................... 47 
3.6 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE ORIGENS FÍSICAS ........................................ 50 
3.6.1 RETRAÇÃO DO CONCRETO ....................................................................................... 52 
3.6.2 MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA DO CONCRETO ......................................................... 54 
3.6.3 DESGASTE SUPERFICIAL ........................................................................................... 58 
3.6.4 AÇÃO DO GELO-DEGELO ........................................................................................... 59 
3.7 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE ORIGEM BIOLÓGICA.................................... 60 
4 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 64 
5. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 65 
1 
 
1.INTRODUÇÃO 
 
Para Miodownik (2015), o concreto é um material utilizado em larga escala e 
bastante provecto, tendo evidências inclusive de um concreto anterior à modernidade 
do Portland, encontrado em escavações do antigo império Romano. 
A utilização do concreto tem crescido muito, o que o torna cada vez mais presente 
nos canteiros de obras, sendo o material de construção com maior intensidade de 
utilização no mundo. Grande parte desse uso amplo, segundo Miodownik (2015), é 
devido ao seu custo, pois ele é indiscutivelmente o mais barato por tonelada. Outro 
dado que confirma Midownik é a Federación Iberoamericana de Hormigón 
Premesclado (FIHP), que estima o uso de 1,9 toneladas de concreto por habitante 
anualmente, valor este que é inferior apenas ao consumo de água. No Brasil, o 
concreto que sai das centrais dosadoras gira em torno de 30 milhões de metros 
cúbicos ao ano (IBRACON, 2009). 
A ampla utilização do concreto nas obras, que ocorrem desde a elemento de 
ligação de alvenarias à confecção e molde de elementos estruturais de edifícios, 
pontes, obras de saneamento, estradas, dentre outras infinidades de aplicações, 
devem levar em consideração a aplicação de boas práticas para a labuta com o 
material. A falta de práticas recomendadas e insumos básicos de qualidade podem 
ocasionar o surgimento de manifestações patológicas atenuantes que podem 
comprometer o desempenho e a vida útil do material, expondo os seus usuários a 
risco de segurança, além de tornar a manutenção mais onerosa e precoce. 
Um exemplo que elucida a importância das boas práticas ao se lidar com o 
concreto é uma pesquisa feita em 2007 pelo Ministério da Transparência e 
Fiscalização em conjunto com a Controladoria Geral da União em empreendimentos 
do programa do governo a época Minha Casa Minha Vida (MCMV). A pesquisa teve 
uma amostra total de 55 empreendimentos de unidades habitacionais, dentre eles, 
56,4% apresentavam problemas já antes dotérmino da garantia concedida pelas 
construtoras. Esses problemas construtivos que surgiram de forma precoce estavam 
em sua maioria atribuída a manifestações patológicas diretamente ligadas às 
estruturas de concreto armado. 
2 
 
Todavia, o surgimento de manifestações patológicas não se encontra intimamente 
ligado somente às boas práticas, qualidade dos insumos, entre outros, é necessário 
explanar também a necessidade de bons projetos conceituais, planejamento, técnicas 
adequadas de aplicação com afinco a fim de obter um controle de qualidade 
satisfatório para o cliente final. Ripper e Souza (1998) explanam que, em relação ao 
nível de controle de qualidade, é necessário também na etapa de concepção, com o 
intuito de facilitar a execução e também adequada capacidade de manutenção. 
 
3 
 
2. OBJETIVO 
 
O estudo apresentado possui como principal propósito abordar sobre as 
diversas manifestações patológicas em que as estruturas de concreto encontram-se 
suscetíveis, assim como os efeitos que se manifestam nessas estruturas. 
 
4 
 
3. REVISÃO LITERÁRIA 
 
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO CONCRETO 
 
 Para Bertonoli (2010), no pretérito tinha-se comum senso de que as estruturas 
de concreto armado eram intrinsecamente duráveis, mesmo quando feitas de maneira 
descuidada e expostas a ambientes agressivos. Exclusivamente a partir dos anos 
1980, e diante a casos crescentes de degradação, elevados riscos de segurança e 
custos de manutenção exorbitantes mudaram a perspectiva e, assim, começou um 
processo de entendimento dos processos para prevenir a degradação do concreto e, 
sobretudo, a corrosão das armaduras. 
 Com a perda de desempenho das estruturas de concreto ao decorrer de sua 
vida útil, essas estruturas ficam propensas a obterem algumas manifestações 
patológicas que podem deteriorar seu desempenho até mesmo causar a sua ruína. 
Devido a esses efeitos das manifestações que estas estruturas podem obter, houve 
uma grande necessidade de fazer estudos profundos sobre esse assunto, desde suas 
origens e formas atuações. 
 Para Bertonoli (2010) no pretérito se tinha comum senso que as estruturas de 
concreto armado fossem intrinsecamente duráveis, e mesmo quando feitas de 
maneira descuidada e expostas a ambientes agressivos. Exclusivamente a partir dos 
anos 1980 e diante a casos crescentes de degradação, elevados riscos de segurança 
e custos de manutenção exorbitantes que se mudou a perspectiva e começou o 
processo de entendimento dos processos para prevenir a degradação do concreto e 
sobretudo a corrosão das armaduras. 
 
 
 
 
5 
 
 
 A tabela a seguir permite uma melhor compreensão sobre as diversas formas 
nas quais as superfícies de concreto estão dispostas ao processo de degradação. 
AGRESSIVIDADE CONSEQUÊNCIAS INERENTES AO PROCESSO 
NATUREZA DO 
PROCESSO 
CONDIÇÕES 
PARTICULARES 
ALTERAÇÕES DE 
COR/MANCHAS 
ALTERAÇÕES FÍSICO-
QUIMICAS 
Carbonatação 
Umidade relativa do 
ar entre 60 e 85% 
Em geral mais clara 
Redução do pH 
Corrosão das armaduras 
Fissuração superficial 
Lixiviação 
Atmosfera ácida, 
águas moles 
Escurece com 
manchas 
Redução do pH 
Corrosão das armaduras 
Desagregação superficial 
Retração 
Molhagem/secagem 
e ausência de cura 
Manchas e fissuras 
Redução do pH 
Corrosão das armaduras 
Fissuração 
Fuligem 
Atmosferas urbanas 
e industriais (zonas 
úmidas) 
Manchas escuras 
Redução do pH 
Corrosão das armaduras 
Fungos 
Zonas úmidas e 
salinas 
Manchas escuro- 
-esverdeadas 
Redução do pH 
Corrosão das armaduras 
Desagregação superficial 
Concentração Salina 
Atmosferas marinhas 
e industriais 
Branqueamento 
Despassivação da 
armadura 
Desagregação superficial 
 
 
 
Tabela 2 – Principais Mecanismos de degradação das superfícies de concreto. 
Fonte: (HELENE; 1992 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 218) 
 
6 
 
Figura 1: Causas intrínsecas aos processos de deterioração das estruturas de concreto 
(RIPPER; SOUZA, 1998, p. 29) 
3.1.1 CAUSAS INTRÍSECAS 
 
Ripper e Souza (1998) esclarecem que as manifestações patológicas possuem 
causas e processos ligados a formas intrínsecas e por causas extrínsecas, sendo que 
as causas intrínsecas de degradação das estruturas de concreto estão ligadas de 
forma maior a erros humanos, que vão desde a dosagem a erros de ordem executiva, 
cura inadequada, entre outros fatores. 
A figura a seguir exibe de forma ampla a classificação das causas intrínsecas e os 
processos de deterioração das estruturas de concreto. 
 
7 
 
3.1.2 CAUSAS EXTRÍNSECAS 
 
As causas extrínsecas de deterioração das estruturas são as que não 
dependem do corpo estrutural em si nem da composição interna ou de falhas 
relacionadas ao processo executivo. Elas são vistas de outra forma, na maioria das 
vezes são fatores que afetam a estrutura começando sua atuação desde o meio 
externo chegando até a comprometer a estrutura internamente (RIPPER; SOUZA, 
1998). 
 A figura a seguir denota amplamente a classificação das causas extrínsecas do 
processo de deterioração das estruturas de concreto armado. 
 
Figura 2: Causas extrínsecas aos processos de deterioração das estruturas de concreto 
(RIPPER; SOUZA, 1998, p. 41) 
 
8 
 
3.2 FALHAS DE CONCEPÇÃO DE PROJETO 
 
As falhas de concepção de projeto costumam acontecer pelo fato do projetista 
não se atentar suficientemente para as respectivas normas e técnicas para projetar 
as estruturas de concreto, sejam elas armado, protendido e pré-moldado, além demais 
normas de execução, fundação, etc. Tais normas, além de ajudarem os profissionais 
de engenharia a terem melhor concepção do projeto, costumam ainda prever aspectos 
que visam o bom desempenho das estruturas. 
Um exemplo de norma a ser seguido é a NBR 6118/2014, que define os critérios 
gerais para o dimensionamento dos projetos de estruturas de concreto armado e 
protendido. Em seu item 6, ela aborda as diretrizes para a durabilidade das estruturas 
de concreto, visando orientar sobre os aspectos que devem ser considerados na hora 
da concepção do projeto, como exigências de durabilidade, vida de útil de projeto 
(VUP), além de alertar sobre os mecanismos de envelhecimento e deterioração das 
estruturas de concreto e agressividade do ambiente. A tabela de classificação da 
classe de agressividade ambiental apresentada na figura 3 é um item de suma 
importância dentre muitos outros que devem sempre ser adotados na concepção do 
projeto. 
 
Figura 3: Tabela 6.1 da NBR - 6118/2014 que aborda sobre as Classes de Agressividade Ambiental 
nas estruturas de concreto. 
9 
 
Posteriormente, na mesma norma, observam-se informações importantes 
acerca da qualidade do concreto em relação à classe de agressividade ambiental 
(CAA) onde a edificação será executada. A tabela a seguir faz a correlação entre as 
classes de agressividades e características do tipo de concreto que deve ser usado, 
como resistência mecânica e a relação A/C (água cimento). 
 
Figura 4: Tabela 7.1 da NBR - 6118/2014 que aborda sobre a correlação da qualidade do concreto 
com as Classes de Agressividade Ambiental nas estruturas de concreto. 
Outro item de extrema importância nas diretrizes de concepção conforme NBR 
6118/2014 é o recobrimento necessário que os elementos estruturais necessitam para 
que haja aumento da VUP e o concreto consiga proteger as armaduras passivas e 
ativas de forma efetiva, deixando-as protegidas contras aspectos físico-químicos que 
podem acelerar o processo de degradação e o surgimento de manifestações 
patológicas de forma precoce. Na figura 5, é apresentada a tabela que relaciona a 
CAA e o cobrimento mínimo nominal, conforme previsto na NBR 6118:2014. 
 
Figura 5:Tabela 7.2 da NBR - 6118/2014 que correlaciona a CAA e o cobrimento mínimo nominal 
Δc=10mm. 
10 
 
 
Figura 6: Notas da tabela 7.2 da NBR - 6118/2014 que correlaciona a CAA e ocobrimento mínimo 
nominal Δc=10mm. 
Apesar de as NBRs 6118 e 12655 não exporem o tempo de vida útil atendido 
com a adoção desses parâmetros em projeto, estima-se que uma vida útil de 
50 anos seja cumprida, mantido o plano de manutenção definido. O tempo de 
retorno seja cumprida, mantido o plano de manutenção definido. O tempo de 
retorno das ações variáveis, praticadas pela NBR 8681 (ABNT. 2003) e da 
aerodinâmica, originada da NBR 6123 (ABNT, 1988), considera o prazo de 
50 anos. Em um primeiro momento, isso se torna um problema, uma vez que 
a NBR 15575 (ABNT, 2013d) estabelece para a estrutura de concreto três 
níveis de desempenho: mínimo, intermediário e superior, com uma vida útil 
de projeto mínima de 50, 63 e 75 anos (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, 
p. 74). 
A seguir, temos uma imagem que demonstra exemplos genéricos de diversas 
manifestações patológicas em relação ao tipo de esforços em que os elementos 
estruturais são submetidos. Problemas estes que ocorrem com a falta de 
dimensionamento adequado dos elementos. 
 
Figura 7: Configurações genéricas de fissuras em função do tipo de solicitação predominante 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 58) 
 
11 
 
Para Ripper e Souza (1998), as falhas acontecidas em projetos estruturais têm 
influência direta na formação de manifestações patológicas, sendo os mais diversos 
e assumindo a configuração em função do tipo de esforço ao qual o elemento 
encontra-se submetido. 
Situações em que os esforços de compressão e tração encontram-se 
superiores ao o esforço de projeto, submete-se o elemento a condições não seguras, 
tornando a estrutura instável e, em casos mais adversos, levando ao seu colapso. A 
seguir, observam-se as figuras ilustrando exemplos claros de fissuras formadas por 
esforços de compressão atuando nas estruturas. 
 
Figura 8: Fissuração em viga submetida a esforços de flexocompressão 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 58) 
 
Figura 9: Fissuras por compressão sem e com confinamento. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 58) 
 
12 
 
As figuras a seguir exibem os tipos de fissuras que ocorrem em vigas “T” e lajes, 
fatores que são relacionados ao dimensionamento de armaduras e falhas na 
concepção de projetos e esforços que irão atuar sobre esses elementos estruturais. 
 
Figura 10: Fissuração por flexão na viga T, como consequência de seção insuficiente de aço diante 
do momento negativo 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 59) 
 
Figura 11: Fissuração por flexão na viga T, como consequência de seção insuficiente de aço diante 
do momento positivo 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 59) 
 
Figura 12:Fissuração por esmagamento do concreto na viga T, por insuficiência da armadura de 
compressão 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 59) 
 
Figura 13: Fissuração por cisalhamento na viga T, por insuficiência de armaduras para combate ao 
cortante. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 59) 
13 
 
 
Figura 14: Fissuração na laje por esmagamento do concreto por espessura reduzida da laje. As 
fissuras surgem na parte inferior pela ineficiência em suportar os momentos negativos. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 60) 
 
Figura 15: Fissuração de flexão na laje devido à insuficiência de armadura para os momentos 
negativos, tais fissuras surgem na parte superior. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 60) 
 
14 
 
 
Figura 16: Fissuração por esmagamento do concreto na laje devido à espessura reduzida. As fissuras 
surgem na face superior por deficiência diante dos momentos positivos. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 60) 
 
Figura 17: Fissuração na laje por flexão devido à insuficiência de armadura para os momentos 
positivos. As fissuras surgem na face inferior. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 60) 
 
15 
 
 
Figura 18: Fissuração na laje por deficiência de armaduras para combater aos momentos volventes 
na face superior da laje. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 60) 
 
Figura 19: Fissuração por deficiência de armaduras para combate aos momentos volventes na face 
inferior da laje 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 60) 
 
16 
 
3.3 FALHAS DURANTE A EXECUÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO 
 
No âmbito da engenharia civil, há uma grande escassez de mão de obra 
qualificada para atender a demanda da construção civil. Nessas contratações que 
muitas vezes ocorrem de forma massiva, não levam em consideração a capacitação 
dos colaboradores nem os separam por qualificações adequadas. Com isso, o uso 
descriminado de mão de obra não qualificada para tal leva a diversos erros de ordem 
executiva, seja por falta de conhecimento, má interpretação de projetos, fiscalização 
insuficiente, falta de controle de qualidade, além de outros fatores que influenciam 
diretamente no andamento das atividades de execução. Esses erros que muitas vezes 
passam de maneira despercebida, desencadeiam no baixo desempenho das 
estruturas e no surgimento de manifestações patológicas precocemente, fazendo com 
que ocorra manutenções corretivas periódicas ao invés de manutenções preventivas. 
O fato de as manutenções, na maioria das vezes, serem de caráter corretivo, pode 
estar ligado na cultura brasileira, já que a preocupação dos usuários em relação ao 
desempenho das estruturas ainda é pequena. 
São inúmeros os exemplos típicos que podem ser levados em consideração sobre 
os erros executivos que ocasionam o surgimento de manifestações patológicas. Esses 
erros podem ser desde a falta de adensamento adequado do concreto, movimentação 
de formas, escoramento falho, até outras situações não previstas que podem ocorrer 
no processo. 
 
17 
 
 
A seguir, temos figuras e exemplos que irão abordar sobre origens típicas de 
manifestações patológicas recorrentes devido a erros de execução em estruturas de 
concreto armado. 
 
Figura 20: Formação de fissuras por assentamento plástico de concreto. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 62) 
Ripper e Souza (1998) asseguram que esse tipo de fissuração por 
assentamento ocorre sempre que existe um determinado movimento natural de massa 
que é resultante da gravidade e que é impedido por haver a presença de formas ou 
armadura, sendo esse tipo de manifestação patológica maior quanto mais espessa for 
a camada de concreto lançada. 
As fissuras formadas pelo assentamento do concreto acompanham o 
desenvolvimento das armaduras e provocam a criação do chamado efeito de 
parede, ou de sombra, que consiste na formação de um vazio por baixo da 
barra, que reduz a aderência desta ao concreto. Se o agrupamento de barras 
for muito grande, as fissuras poderão interagir entre si, gerando situações 
mais graves, como a de perda total de aderência. 
É importante também considerar-se que, em termos de durabilidade, fissuras 
como estas que acompanham as armaduras, são as mais nocivas, pois 
facilitam, bem mais que as ortogonais, o acesso direto dos agentes 
agressores, facilitando a corrosão das armaduras. (RIPPER; SOUZA, 1998, 
p. 62) 
18 
 
 
Figura 21: Fissuras por assentamento plástico em pilares 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 62). 
Observa-se ainda a fissuração proveniente da movimentação de formas mal 
escoradas durante o processo de concretagem, que acarretam deformações 
excessivas da peça a ser concretada, além da formação de fendas ou juntas mal 
vedadas, próximas a outros elementos estruturais já concretados ou não. 
 
Figura 22: Exemplos de fissuração por movimentação de fôrmas e escoramentos. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 62). 
 
19 
 
A seguir, temos um caso verídico ocorrido por escoramento insuficiente das formas 
que ocasionou um acidente nesta obra situada no leste do estado de Minas Gerais na 
cidade de Governador Valadares. 
 
Figura 23: Acidente no leste de Minas Gerais enquanto ocorria concretagem. 
Fonte: Inter TV dos Vales. 
As figuras que se seguem mostram os mecanismos típicos de fissuras, relacionados 
à retração do concreto (ocasionalmente tornam-se mais perceptíveis após a cura total 
doconcreto). Em relação às vigas, as fissuras ficam situadas em todo o contorno da 
alma delas, de forma paralela entre si e em intervalos quase regulares, ocorrendo em 
qualquer ponto do vão, já em relação às lajes, há uma formação de fissuras em 
aspecto de Mosaico, podendo ocorrer em qualquer parte da laje. (RIPPER; SOUZA, 
20 
 
1998). 
 
Figura 24: Na primeira imagem mostra fissuras de retração em vigas, enquanto na imagem ao lado 
mostra retração em laje. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 64 
De acordo com Ripper e Souza (1998), as fissuras provenientes de erros 
executivos, seja por incúria ou por incompetência, possuem similaridades ao 
fissuramento causado por erros de projeto - como nas figuras 20 e 21, mostradas 
anteriormente - e também como uma deficiência de deslocamento das fôrmas 
conforme mostrado na figura 22. Uma situação típica gerada por falha executiva 
durante o processo construtivo ou má interpretação de projeto, em que o mau 
posicionamento da armadura negativa da laje faz com que o concreto sofra o esforço 
de traço que deveria ser combatido pela armadura e, assim, resulte em seu 
rompimento (RIPPER; SOUZA, 1998). 
 
Figura 25: Fissura causada pelo deslocamento da armadura principal em relação à posição original. 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 64) 
 
21 
 
3.4 FALHAS DURANTE O USO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO 
(MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE ORIGEM MECÂNICA) 
 
As principais manifestações patológicas relacionadas ao mau uso das 
estruturas de concreto geralmente ocorrem pelo fato de não haver a devida instrução 
do usuário para o seu adequado uso, ou seja, para o que tal estrutura foi projetada. 
Os exemplos mais clássicos desses típicos problemas são: alteração da sobrecarga 
de uso, alterações de layouts sem prévia consulta de profissional habilitado, choques 
por ações mecânicas, além de outras intervenções antrópicas de forma inconsequente 
ou criminosa. Tais fatores corroboram de forma efetiva para o surgimento de 
problemas, mesmo que o projetista tenha adotado os devidos cuidados, seguido as 
normas pertinentes e levado em consideração os coeficientes de segurança. 
 
22 
 
3.4.1 CHOQUES E VIBRAÇÕES 
 
Segundo Milititsky, Consoli, Schnaid (2015), os choques e vibrações internos 
ou externos próximos a uma edificação podem ser causados de várias formas, como 
por equipamentos industriais, máquinas de compactação de solos, explosões, dentre 
outras formas. 
Outro aspecto a ser observado em relação às vibrações é que as estruturas 
podem sofrer seriamente - principalmente às causadas pelas ações antrópicas - em 
relação ao tempo, frequência e intensidade da vibração para a qual a estrutura de 
concreto pode estar exposta, caso ela não seja projetada para receber determinadas 
vibrações durante o seu uso, a estrutura pode ficar suscetível a receber fissurações 
em vários pontos. 
A imagem a seguir mostra um maquinário de compactação de solos 
trabalhando numa distância próxima às edificações e, durante o seu trabalho, as 
edificações sofreram com as vibrações causadas pelo maquinário, inclusive 
quebrando alguns vidros. 
 
Figura 26 - Rolo compactador trabalhando próximo a edificações, causando fortes vibrações. 
Fonte: Arquivo pessoal 
 Diferente das vibrações, os choques atuam de forma mais direta nas estruturas 
por ser causado pelas ações antrópicas, sejam elas intencionais, por exemplo 
serviços de demolição, ou acidentais, como colisão de automóveis nas estruturas. 
23 
 
 Um exemplo recente que pode ser citado é o caso que ocorreu no ano de 
2019, que provocou o colapso do Edifício Andrea, localizado na cidade de 
Fortaleza/CE. Nele, durante uma reforma predial, por falta de acompanhamento 
técnico adequado, tentaram recuperar os pilares do pilotis do prédio aplicando golpes 
nos pilares que já estavam comprometidos sem realizar nenhum tipo de escoramento, 
danificando os apoios e tornando o prédio em uma estrutura hipostática, permitindo o 
colapso da estrutura. 
 
Figura 27 - Fotos da vistoria cautelar realizada pela empresa responsável pela recuperação dos 
pilares, um mês antes do acidente. 
Fonte: G1 Globo 
24 
 
 
Figura 28 - Trabalhador causando golpes nos pilares enquanto a equipe de engenharia estava 
observando o profissional na execução do serviço. 
.Fonte: G1 Globo 
 
Figura 29 - Edifício Andrea desaba em Fortaleza/CE 
Fonte: G1 Globo 
 
25 
 
3.4.2 INCÊNDIOS 
 
Os incêndios, na grande maioria das vezes, surgem através de efeitos de causas 
naturais quando são gerados por fenômenos da natureza (combustão espontânea, 
raios, dentre outras causas), e até mesmo artificialmente, que podem originar-se 
através de fenômenos físicos (curto-circuito, calor por atrito, entre outras causas), 
meios químicos (reações exotérmicas) e meios biológicos (autocombustão). Todas as 
possíveis origens citadas anteriormente podem ser causadas por meio de ações 
antrópicas, sejam elas acidentais, culposas ou dolosas. (RIPPER; SOUZA, 1998). 
A imagem a seguir mostra as fases de um incêndio. De acordo com RIPPER; SOUZA, 
1998, quando ocorre um incêndio, o instante mais crítico para a estrutura ocorre entre 
a primeira e a segunda fase. 
 
Figura 30 - Fases de um incêndio 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 51) 
 
26 
 
A imagem a seguir mostra sobre o comportamento que o concreto está sujeito quando 
está sendo elevado a altas temperaturas. 
 
Figura 31 - Comportamento do concreto em altas temperaturas 
Fonte: (The Concrete Centre 2004, apud. BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 154) 
3.4.3 RECALQUE DIFERENCIAL DE FUNDAÇÕES 
 
Os recalques diferenciais de fundações pode haver várias causas que geram 
tais manifestações patológicas, desde má concepção de projeto de fundações, falhas 
nas etapas construtivas, entre outras causas. Quando ocorre o surgimento dessas 
manifestações, costuma-se aparecer nas edificações trincas e fissuras no ângulo de 
45º nas alvenarias. 
Toda edificação, durante a obra ou mesmo após a sua conclusão, por um 
determinado período de tempo, está sujeita a deslocamentos verticais, lentos, 
até que o equilíbrio entre o carregamento aplicado e o solo seja atingido. Em 
projetos mal concebidos, com erros de cálculo nas fundações (como, por 
exemplo, nas fundações superficiais com diferenças acentuadas na relação 
carga/área de fundação), ocorrem recalques diferenciais entre os vários 
apoios, causando a abertura de trincas nas alvenarias e na estrutura. 
(RIPPER; SOUZA, 1998, p. 49) 
 No que se refere aos requisitos para esforços externos, imprevistos 
acontecem (através de fenômenos naturais, como sismos ou mesmo edifícios vizinhos 
27 
 
que requeiram tais esforços durante a fase de execução das fundações para realizar 
a construção nas suas proximidades) e também há a supressão de edifícios após a 
construção, que afetam diretamente as estruturas vizinhas. 
 
Pode-se adotar como exemplo a imagem a seguir, onde há superposição de 
pressões de recalque adicionais existentes devido à adição de esforços não previstos, 
situações claras a serem abordadas, uma vez que são construções de um porte maior 
onde a pressão da carga da maior edificação afeta a área de pressão da edificação 
menor, causando recalque na edificação menor. 
 
Figura 32 - Superposição de pressões e recalques adicionais na edificação antiga devido a 
construções de maior porte. 
Fonte: (MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 168) 
 
Também nas obras de ampliação, quando não são tomadas as devidas 
precauções, verifica-se, com o tempo, o surgimento de trincas entre a 
construção nova e a antiga, já que as fundações desta última não estão mais 
sujeitas a recalques, enquanto as da primeira ainda vão recalcar por um certo 
período de tempo. (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 49) 
28 
 
As imagens a seguir mostram exemplos claros sobre o impacto de uma construção 
vizinha de porte maior atuando sobre uma construção de porte menor, no caso foiuma 
situação de um estacionamento que sofreu efeitos de recalques diferenciais devido 
aos esforços causados por uma construção de um hospital ao lado do próprio 
estabelecimento. 
 
Figura 33 - Estacionamento antes de ser afetado pelos esforços causados pela obra ao lado. 
Fonte: Google Earth (2016) 
 
Figura 34 - Estacionamento depois de ser afetado pelos esforços causados pela obra ao lado. 
Fonte: O autor (2016) 
 
29 
 
 
As imagens que se seguem mostram o comportamento de trincas e fissuras que 
atuam de acordo com o surgimento de manifestações patológicas relacionadas ao 
recalque de fundação. 
 
Figura 35 - Fissuras típicas causadas por recalque de fundações de pilares internos. 
Fonte: (Ortiz, 1984 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 25). 
 
Figura 36 - Esquematização das fissuras por recalque de fundação de pilar de canto. 
Fonte: (Ortiz, 1983 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 25). 
30 
 
 
Figura 37 - Provável fissuramento em parede com recalque na extremidade. 
Fonte: (Ortiz, 1983 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 25). 
 
Figura 38 - Deformação côncava de parede portante e seus efeitos. 
Fonte: (Ortiz, 1983 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 26). 
31 
 
 
Figura 39 - Deformação convexa de parede portante e seus efeitos. 
Fonte: (Ortiz, 1983 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 26). 
 
 
Figura 40 - Provável fissuramento de edificação assente parte em corte e parte em aterro. 
Fonte: (Ortiz, 1983 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 27). 
 
32 
 
 
Figura 41 - Prováveis diagramas de esforços e fissuras em estruturas de concreto por recalques de 
fundações de pilares internos e nas extremidades. 
Fonte: (Mañá, 1978 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 27). 
 
33 
 
3.5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE ORIGEM QUÍMICA 
 
As deteriorações por processos químicos nas estruturas de concreto atuam de várias 
formas e também possuem vários tipos de gênesis, no qual as mais conhecidas são 
por ataque por ácidos, sulfatos, álcalis e outras formas que serão abordadas nesse 
estudo. 
3.5.1 ÁCIDOS 
 O concreto quando está em condições normais, possui o pH entre 12,5 a 13,5, 
sendo um material básico com função de preservar a estabilidade dos compostos 
hidratados cimentícios e das barras de aço que atuam com valor estrutural em 
conjunto com o concreto, porém, caso haja alteração em seu pH, sofrendo uma 
diminuição abaixo de 11, o concreto torna-se um material cada vez mais ácido, tal 
alteração facilita a entrada de agentes químicos que atacam as armaduras, 
ocasionando a deterioração da estrutura. (BOLINA; TUTIKIAN, HELEN, 2019). 
Vários são os tipos de ácidos perigosos para o concreto, sejam eles 
inorgânicos (clorídrico, sulfídrico, nítrico, carbônico, etc.) ou orgânicos, 
normalmente encontrados na terra (acético, láctico, esteárico, etc.). Em 
qualquer caso, a ação do íon hidrogênio provoca a formação de produtos 
solúveis, que ao serem transportados pelo interior do concreto e vão 
deteriorando. (RIPPER; SOUZA, p.39, 2009). 
 Nesses ataques, o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) é o composto hidratado mais 
facilmente solúvel. O teor desse composto é considerado um indicador da durabilidade 
do concreto, pois, quanto menor o teor de Ca(OH)2, maior será a resistência química 
do concreto aos ácidos. Porém, é importante observar que sempre deve haver um 
mínimo de Ca(OH)2 para garantir a passivação da armadura de aço. (BOLINA; 
TUTIKIAN, HELEN, 2019) 
Os ataques de ácidos às estruturas de concreto podem provir de águas pluviais com 
alto índice de acidez em conjunto ao óxido de enxofre (SO2) e dióxido de carbono 
(CO2), dissolvidos em grande abundância nos grandes centros urbanos, devido a 
atuação das atividades industriais e o constante aumento do fluxo de veículos 
automotivos a cada dia nesses centros urbanos, formando o fenômeno natural 
conhecido como chuva ácida. (BOLINA; TUTIKIAN, HELEN, 2019). 
34 
 
Agora, serão demonstrados os ácidos responsáveis pelas chuvas ácidas, que podem 
causar danos aos ambientes onde ocorre esse tipo de precipitação. 
O SO2 reagindo com a água pode formar ácido sulforoso, conforme a demonstração 
abaixo: 
H2O + SO2 → H2SO3 
Em relação ao gás carbônico, trata-se de um óxido ácido que, em reação com água, 
produz o ácido carbônico, outro grande responsável pela chuva ácida. 
CO2 + H2O → H2CO3 
O ácido carbônico em contato com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) da pasta de 
cimento Portland hidratada, forma carbonato de Cálcio (CaCO3). 
Ca(OH)2 + H2CO3 → CaCO3 + 2H2O 
“Após a precipitação do carbonato de cálcio (CaCO3), que é insolúvel, a 
primeira reação é interrompida, a menos que alguma reação desse carbonato ocorra 
com CO2 ainda livre na água“. (BOLINA; TUTIKIAN, HELEN, 2019, p. 83). 
CaCO3+CO2 + H2𝑂 → +Ca(𝐻𝐶𝑂3)2 
Com a formação de carbonato de cálcio no concreto, resulta em um fenômeno 
patológico conhecido como carbonatação do concreto. 
 
35 
 
 
A seguir, serão mostrados os principais ácidos potencialmente agressivos ao 
concreto. 
Ácido Fórmula Provável origem 
Ácidos agressivos que geram sais de cálcio solúveis 
Ácido clorídrico HCl Indústria química 
Ácido nítrico HNO3 Indústria de fertilizantes 
Ácido acético CH3CO2H 
Processos de 
fermentação 
Ácido fórmico HCO2H Indústria de alimentos 
Ácido lático C2H4(OH)CO2H Indústria leiteira 
Ácido tânico C76H52O46 Águas pantanosas 
Ácidos agressivos que geram sais de cálcio insolúveis 
Ácido fosfórico H3PO4 Indústria de fertilizantes 
Ácido tartárico {CH(OH)CO2H]2 Indústria vitivinícola 
 
Tabela 1 - Ácidos potencialmente agressivos ao concreto 
Fonte: (Benitez et al. 2007 apud. BOLINA; TUTIKIAN, HELEN, 2019) 
 
 
36 
 
A próxima tabela mostra que existem alguns ácidos que podem ter efeitos de 
forma mais rápida do que outros nas estruturas de concreto, conforme for as 
condições do ambiente em que essas estruturas estão situadas. 
VELOCIDADE 
DE ATAQUE À 
TEMPERATURA 
AMBIENTE 
ÁCIDOS 
INORGÂNICOS 
ÁCIDOS 
ORGÂNICOS 
SOLUÇÕES 
ALCALINAS 
SAIS 
SUBSTÂNCIAS 
DIVERSAS 
Rápida 
Ácido clorídrico 
Ácido fluorídrico 
Ácido nítrico 
Ácido sulfúrico 
Ácido acético 
Ácido fórmico 
Ácido láctico 
- 
Cloreto 
de 
Alumínio 
- 
Moderada Ácido fosfórico Ácido tânico 
Hidróxido 
de sódio 
solução 
com mais 
de 20% 
Cloreto 
de 
amônio e 
magnésio 
Cianeto 
de sódio 
Gás Bromo 
Sulfito liquido 
Lenta Ácido carbônico - 
Hidróxido 
de sódio 
solução 
entre 10% e 
20% 
Hipoclorito 
de sódio 
Cloreto 
de 
amônio e 
magnésio 
Cianeto 
de sódio 
Gás Cloro 
Água do mar 
Água doce 
Desprezível - 
Ácido oxálico 
Ácido 
tartárico 
Hidróxido 
de sódio 
solução 
com 
solução 
com menos 
de 10% 
Hidróxido 
de amônio 
Cloreto 
de cálcio 
e sódio 
Nitrato de 
zinco 
Cromato 
de sódio 
Amoníaco líquido 
37 
 
Tabela 2 - Ácidos potencialmente agressivos ao concreto em função da velocidade de ataque à 
temperatura ambiente. 
Fonte: (HELENE; PEREIRA, 2003 apud. MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, 2015, p. 218) 
 
Há ainda o ácido úrico, presente na urina de pessoas e animais, que é um agente 
degradante às estruturas de concreto, geralmente na base de pilares. (BOLINA; 
TUTIKIAN, HELEN, 2019, p.86). 
Em relação ao ácido úrico, podemos tomar como exemplo um caso que ocorreu 
no ano de 2009, na cidade de Salvador/BA, onde a prefeitura teve de investir R$ 
500.000,00 (quinhentos mil reais) para realizar a manutenção da via de iluminação 
pública pelo fato da população ter o costume de urinar nos postes. A figura da imagem 
a seguir mostra como exemplo um poste deteriorado pelo ácido úrico. 
 
Figura 42 - Poste deteriorado por ácido úrico 
Fonte: G1 Globo 
 
38 
 
 
Com os avanços dos ataques de ácidos nas armaduras, que causam a sua 
corrosão, a figura abaixo mostra o exemplo de corrosão de armaduras atuando em 
uma viga de concreto ao decorrer do tempo.Figura 43 - Evolução das manifestações patológicas de viga de concreto afetada por mecanismos de 
corrosão. 
Fonte: (Benitez et al.2007 BOLINA; TUTIKIAN, HELEN, 2019) 
 
 
39 
 
3.5.2 SULFATOS 
Os íons sulfato são originários de fontes externas, como indústrias. Até o contato com 
esgotos, ele sofre alterações na sua composição química e em sua constituição física 
do concreto, gerando a formação de gipsita (gesso), ocasionando em fissuras no 
concreto, tracionando internamente a esforços que não foram previstos a suportar. 
(BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). 
“O ataque por sulfatos incide geralmente no aluminato tricálcico (3CaO). 
Al2O2, simplificadamente representado por (C3A) e no hidróxido de cálcio 
(Ca(OH)2). Esse ataque pode se manifestar sob a forma de expansão e 
fissuração do concreto ou sob a forma de diminuição progressiva do módulo 
de elasticidade e perda de massa.” (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 
87). 
Todos os tipos de sulfato levam a alguma deterioração da pasta de cimento 
Portland, mas o mecanismo e o grau de ataque dependem do tipo de sulfato 
presente. Enquanto o sulfato de cálcio reage apenas com o aluminato de 
cálcio hidratado, o sulfato de sódio reage com o hidróxido de cálcio, que, por 
sua vez, reage com o aluminato. (COUTINHO, 2001, apud. BOLINA; 
TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 88). 
A seguir será mostrada a equação química que gera a formação de gipsita 
(gesso), processo descrito anteriormente. 
𝐶𝑎(𝑂𝐻)2⏟ 
𝐻𝑖𝑑𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑖𝑜
+𝑁𝑎2𝑆𝑂4. 10𝐻2𝑂 → 𝐶𝑎𝑆𝑂42𝐻2𝑂⏟ 
𝐺𝑒𝑠𝑠𝑜/ 𝑔𝑖𝑝𝑠𝑖𝑡𝑎
+ 2𝑁𝑎𝑂𝐻 + 8𝐻2𝑂 
 
+𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 
 A formação de etringita pode resultar em até 2,5 vezes o volume do 
aluminato. No caso de ataque por sulfato de sódio, a formação de hidróxido 
de sódio como subproduto da reação assegura a manutenção da alta 
alcalinidade do sistema, estabilizando o subproduto da hidratação do C-S-H. 
(BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 89). 
A equação abaixo mostra o processo de formação da etringita na qual foi descrita 
anteriormente. 
4𝐶𝑎𝑂. 𝐴𝑙2𝑂3. 19𝐻2𝑂⏟ 
𝐴𝑙𝑢𝑚𝑖𝑛𝑎𝑡𝑜
+ 3(𝐶𝑎𝑆𝑂42𝐻2𝑂)⏟ 
𝐺𝑒𝑠𝑠𝑜/ 𝑔𝑖𝑝𝑠𝑖𝑡𝑎
+ 16𝐻2𝑂 
→ 3𝐶𝑎𝑂. 𝐴𝑙2𝑂3. 3𝐶𝑎𝑆𝑂431𝐻2𝑂⏟ 
𝐸𝑛𝑡𝑟𝑖𝑛𝑔𝑖𝑡𝑎
+ 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 
40 
 
O sulfato de magnésio (MgSO4), todavia, tem uma ação mais 
devastadora do que os outros sulfatos. Nesse caso, há a conversão do 
hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) em gipsita (CaSO4.2H2O) e hidróxido de 
magnésio (Mg(OH)2). (MEHTA, MONTEIRO, 2014 apud. BOLINA; TUTIKIAN; 
HELENE, 2019, p. 89). 
𝑀𝑔𝑆𝑂4 + 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 + 2𝐻2𝑂 → 𝐶𝑎𝑆𝑂4 + 2𝐻2𝑂 + 𝑀𝑔(𝑂𝐻)2 
 Os ataques por sulfatos com formação tardia de etringita ocorrem quando a 
fonte de sulfatos é interna, acrescidos na produção do concreto. No caso, quando há 
agregados contaminados com gipsita, inserção de gesso no concreto, utilização da 
técnica de má fé e também nos casos onde o cimento possui um teor de sulfato muito 
elevado usado na produção do concreto, faz-se com que a cura do concreto ocorra 
em temperaturas elevadas, como na cura térmica de pré-fabricados. (BOLINA; 
TUTIKIAN; HELENE, 2019). 
O ataque de sulfatos no concreto em conjunto com aluminato tricálcico (C3A) 
permite que haja formação de gesso e etringita. (COUTINHO 2001, Apud. BOLINA; 
TUTIKIAN; HELENE, 2019). 
𝑆𝑢𝑙𝑓𝑎𝑡𝑜𝑠 + 𝐶3𝐴 → 𝐺𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑒 𝐸𝑡𝑟𝑖𝑛𝑔𝑖𝑡𝑎 
Os ataques por sulfatos com formação de taumasita apresentam diferenças aos 
ataques convencionais que formam gessos e etringita. No caso, quando há reação do 
Silicato de Cálcio Hidratado (C-S-H). (COUTINHO, 2001 apud. BOLINA; TUTIKIAN; 
HELENE, 2019). 
A sistematização desse ataque será representada na equação abaixo: 
𝑆𝑢𝑙𝑓𝑎𝑡𝑜𝑠 + 𝐶 − 𝑆 − 𝐻 → 𝑇𝑎𝑢𝑚𝑎𝑠𝑖𝑡𝑎 
 O subproduto dessa reação, o hidróxido de magnésio, é insolúvel e 
reduz a alcalinidade do sistema e, nessa ausência de íons hidroxila na 
solução, o C–S–H deixa de ser estável e é também atacado pelo sulfato de 
magnésio. (MEHTA, MONTEIRO, 2014 apud. BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 
2019, p. 89). 
3𝑀𝑔𝑆𝑂4 + 3𝐶𝑎𝑂. 2𝑆𝑖𝑂2. 3𝐻2𝑂 + 8𝐻2𝑂 → 3(𝐶𝑎𝑆𝑂42𝐻2𝑂) + 3𝑀𝑔(𝑂𝐻)2 + 2𝑆𝑖𝑂2. 𝐻2𝑂 
 
41 
 
A NBR 12655/2015 apresenta na tabela 4 os requisitos a serem adotados em 
ambientes com alta presença de sulfato. 
 
Figura 44 Tabela 4 da NBR 12655/2015 - Requisitos para concreto exposto a soluções contendo 
sulfatos. 
 
42 
 
3.5.3 CLORETOS 
 Os cloretos podem ser adicionados de forma involuntária ao concreto quando 
utilizado aditivos que aceleram o endurecimento do concreto. Também, por adição de 
água ou agregados contaminados e até mesmo por limpeza utilizando ácido muriático, 
penetrando no concreto, aproveitando de sua estrutura porosa. (RIPPER; SOUZA, 
1998). 
 Diferente da carbonatação ou da exposição a ambientes ácidos, o 
ataque por íons cloreto é capaz de despassivar a armadura mesmo em 
condições de pH elevado. Quando grandes quantidades de íons cloreto estão 
presentes, o concreto tende a reter mais umidade, o que também se torna um 
risco para a corrosão do aço, devido à diminuição da resistividade elétrica 
(Mehta; Monteiro apud. BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 103). 
 Os ataques por íons cloretos podem vir das condições externas do ambiente 
ou ser implementado na fase da execução da estrutura do concreto. Pelo fato de 
possuir fontes externas, os íons cloretos possuem as suas gênesis oriundas pelos 
efeitos da maresia, névoas salinas, variação da maré, sais de degelo, solos 
contaminados e limpezas com o uso de ácido muriático. (BOLINA; TUTIKIAN; 
HELENE, 2019). 
A seguir, serão apresentadas as equações químicas atuantes nas armaduras de aço 
(Helene, 1997, apud. BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). 
Na primeira equação, ocorre a formação de cloreto ferroso, onde o cloro entra 
em contato com o aço da armadura e inicia lentamente o processo de deterioração 
das armaduras. 
𝐹𝑒2+ + 2𝐶𝑙− → 𝐹𝑒𝐶𝑙2⏟ 
𝐶𝑙𝑜𝑟𝑒𝑡𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜𝑠𝑜
 
Após a formação do cloreto ferroso em contato com a água, ocorre a reação de 
hidróxido ferroso e cloro, oxidando a armadura. 
𝐹𝑒𝐶𝑙2 + 2𝐻2𝑂 → 𝐹𝑒(𝑂𝐻)2⏟ 
𝐻𝑖𝑑𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜𝑠𝑜
+ 2𝐶𝑙− 
Devido ao acúmulo de cloreto ferroso em contato com oxigênio e água, forma-
se o óxido de ferro, fazendo com que a armadura tenha alteração em sua seção, 
43 
 
levando ao comprometimento do desempenho do aço nas estruturas de concreto, 
mostrado na equação abaixo. 
6𝐹𝑒𝐶𝑙2 + 𝑂2 + 6𝐻2𝑂 → 2𝐹𝑒3𝑂4⏟ 
Ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 (𝑀𝑎𝑔𝑛𝑒𝑡𝑖𝑡𝑎)
+ 12𝐻− + 12𝐶𝑙− 
Dada a última equação, pode-se observar que, se a estruturar ficar sempre 
submersa em água do mar sem que possa ter contato com oxigênio, não haverá 
corrosão de armaduras. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). 
Será sempre interessante lembrar que a grande maioria dos aditivos 
aceleradores de pega e endurecimento têm, na sua composição química, 
cloreto de cálcio (CaCl2), o que requererá, sempre, que sejam utilizados com 
muito conhecimento de causa, sem o que poderão ser contraproducentes. 
(RIPPER; SOUZA, 1998, p. 38) 
A NBR 12655/2015 apresenta uma tabela que mostra o limite de teor máximo 
permitido de íons cloreto para que não comprometa as armaduras nas estruturas de 
concreto. 
 
Figura 45 Tabela 5 da NBR 12655 - Teor máximo de íons cloreto para proteção das armaduras de 
concreto. 
De acordo com (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 39) são diversos os inconvenientes 
causados por cloretos em altos teores no concreto, que são a seguir relacionados de 
forma resumida: 
• Em dias de temperatura ambiente elevada, os cloretos podem causar 
na concretagem um endurecimento de concreto tão rápido que poderá 
impedir o total enchimento das fôrmas e o acabamento das superfícies; 
• Em casos de cobrimentos pouco espessos, o cloreto de cálcio presente 
pode acelerar o processo de corrosão nas armaduras; 
44 
 
• A utilização de concreto comcloretos em peças estruturais próximas a 
correntes elétricas de alta tensão é especialmente desaconselhada, pois 
resulta em corrosão eletrolítica; 
• A corrosão de chumbadores, conectores e outras peças metálicas 
embutidas é agravada e até fôrmas metálicas galvanizadas têm o processo 
de corrosão acelerado quando não são devidamente protegidas com óleo; 
• Os cloretos provocam a corrosão do alumínio e aceleram a do aço 
quando tais metais são utilizados conjuntamente no concreto, como ocorre 
na utilização de conduítes e de chumbadores de alumínio embutidos; 
• A retração do concreto cresce praticamente com o quadrado da 
aceleração do endurecimento, aumentando enormemente a fissuração 
interna e superficial. 
45 
 
3.5.4 ÁGUA COMO AGENTE DE DETERIORAÇÃO QUÍMICA 
 Segundo Ripper e Souza (1998), o transporte de água nas estruturas 
porosas de concreto implicam em dissolução do hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), 
resultando na redução do pH do concreto, ocorrendo a precipitação de gel de sílica 
(situações em que o pH pode estar reduzido a 10,5) ou de alumina (pH<7), 
desagregando o concreto. 
A água tem participação decisiva nos mecanismos químicos de deterioração, 
seja por (I) diluir os agentes agressivos e facilitar o ingresso deles no interior 
do concreto, (II) viabilizar as transformações químicas, funcionando como um 
reagente ou (III) inibir o ingresso de gases no interior do concreto, os quais 
causam transformações de natureza química. (BOLINA; TUTIKIAN; 
HELENE, 2019, p. 105) 
Em relação aos elementos estruturais construídos na água, existem várias formas de 
surgimentos de patologias conforme mostra a figura a seguir. 
 
Figura 46 - Riscos de deterioração em estruturas construídas na água 
Fonte: Adaptado de Metha (1980) apud. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 107) 
 
46 
 
Como mostrado na figura 46, é perceptível que no nível da camada atmosférica 
as estruturas de concreto estão mais suscetíveis a carbonatação, enquanto no nível 
de variação de respingos de maré, onde ocorre de forma mais severa a atuação de 
agentes patológicos na estrutura de concreto, em relação ao nível da zona submersa, 
as estruturas de concreto não estão propensas a terem patologias de corrosão por 
cloretos e carbonatação. Porém, caso a água esteja contaminada, pode surgir uma 
deterioração de forma severa gerada por ácidos e sulfatos, dependendo dos materiais 
utilizados pode obter as condições ideais que podem iniciar uma reação álcali-
agregado na estrutura de concreto. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). 
 
47 
 
3.5.5 REAÇÃO ENTRE AGREGADOS DO CONCRETO 
Segundo Ripper e Souza (1998), para obter-se um bom desempenho do 
concreto, a qualidade dos agregados que serão utilizados são de suma importância. 
Caso os insumos utilizados não possuam uma qualidade adequada, o concreto não 
atenderá o desempenho desejado, criando vetores para uma série de patologias de 
forma precoce. 
A reação álcali-agregado é uma reação química que ocorre devido à 
presença de agregados reativos e hidróxidos alcalinos da pasta de cimento 
hidratada, em presença de umidade. Essa reação é chamada de reação 
álcali-agregado (álcali-aggregate reaction – AAR) e possui como 
consequência a formação de um gel higroscópico que na presença de 
umidade, é capaz de se hidratar e aumentar de volume, gerando fissuras na 
presença e na perda de resistência de elementos contaminados. (Isaia, 2011 
apud. BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 92). 
A reação álcalis-agregado, resultante da interação entre a sílica, reativos de 
certos tipos de agregados utilizados e os íons álcalis (Na+ e K+) que estão presentes 
nos cimentos (quando há uma concentração superior a 0,6%), que são liberados 
durante o processo de hidratação desses ou também pela penetração de cloretos, 
contendo esses mesmos ións no concreto, causando uma expansão pela formação 
adicional de sólidos, provocando fissuração do concreto e causando um aspecto 
mosaico, posteriormente desagregando a estrutura, formando crateras onde pode 
escorrer um gel de sílica. (RIPPER; SOUZA, 1998). 
 
48 
 
A figura a seguir mostra sobre o desenvolvimento da reação álcalis-agregado que 
ocorre no concreto. 
 
Figura 47 - Reação álcalis-agregado no concreto (RIPPER; SOUZA, 1998. p. 37) 
A seguir, será abordado sobre os tipos de reações álcalis que podem ocorrer nas 
estruturas de concreto. 
3.5.5.1 REAÇÃO ÁLCALI-SÍLICA 
A reação álcali-sílica é a forma mais frequente encontrada de reação 
álcali-agregado. É um tipo de AAR em que participam a sílica reativa dos 
agregados e os álcalis, na presença de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) 
originando na hidratação de cimento, formando um gel sílico alcalino 
expansivo. 
 A existência de álcalis no cimento e de sílica no agregado determina a 
possibilidade de destruição do concreto. A reação ocorrerá somente com uma 
determinada temperatura e umidade do concreto. (BOLINA; TUTIKIAN; 
HELENE, 2019, p. 92) 
3.5.5.2 REAÇÃO ÁLCALI-SILICATO 
Tipo especifico de reação álcali-silica, sendo que alguns autores 
sequer consideram essa classificação, tratando-a como reação álcali-sílica. é 
o tipo de AAR mais encontrado no Brasil. Apresenta natureza mais lenta e 
complexa que os outros tipos de reação (SILVA, 2007, p. 14 apud. BOLINA; 
TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 97) 
 
49 
 
3.5.5.3 REAÇÃO ÁLCALI-CARBONATO 
A reação álcali-carbonato ocorre diferente das outras maneiras citadas anteriormente 
pelo fato de participarem do processo os álcalis e os agregados rochosos 
carbonáticos. A maneira mais conhecida de deterioração resultante por essa AAR é 
pela desdolomitização da rocha que resulta no enfraquecimento da ligação pasta-
agregado, formando gel-alcalino expansivo como produto, em compostos 
cristalizados, como brucita, carbonatos alcalinos, carbonatos cálcios e silicato 
magnesiano. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). 
 Será mostrada a reação quando ocorre o ataque dos álcalis do cimento no 
constituinte dolomítico. 
CaMg(CO3)2⏟ 
Dolomita
+ 2MOH → M2CO3 +Mg(OH)2⏟ 
Brucita
+ CaCO3⏟ 
Calcita
 
Já a reação de regeneração do hidróxido, encontra-se na equação a seguir 
(SILVEIRA 2006 apud. BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019 p. 97). 
𝑀2𝐶𝑂3 + 𝐶𝑎(𝑂𝐻2) → 2𝑀𝑂𝐻 + 𝐶𝑎𝐶𝑂3 
Nas equações mostradas anteriormente, M representa K (Potássio), Na (Sódio) ou Li 
(Lítio). 
3.5.5.4 REAÇÃO ÁLCALIS-DOLOMITA 
A reação álcalis-dolomita implica expansão típica dos cristais de 
calcário dolomítico em solução de hidróxido de sódio, presente nos cimentos, 
que se caracteriza pela formação de novos sólidos sem que haja a dissolução 
do sódio primitivo, o que, necessariamente, implica expansão. Esta reação é 
mais perigosa do que a anteriormente referida, porque a única forma de 
combate-la é a utilização de cimentos com mínima quantidade de álcalis (a 
adição de pozolanas, neste caso, não fará efeito), além da prévia avaliação 
da reatividade dos calcários. (RIPPER; SOUZA, 1998. p. 38) 
 
50 
 
3.6 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE ORIGENS FÍSICAS 
 
A deterioração por processos físicos nas estruturas de concreto atua de várias formas, 
principalmente pela variação de temperatura que ocorrem nos ambientes, resultando 
em vários tipos de patologias que podem gerar trincas e fissuras, problemas que serão 
abordados neste capitulo deste estudo. 
As principais ações físicas a serem consideradas como agentes agressores 
às estruturas de concreto são: 
i) As variações de temperatura, não só as ambientais, ou sejam, as que 
solicitam igualmente as várias peças de uma estrutura, mas também, e 
principalmente, as que geram gradientes térmicos, ao solicitarem peças que 
são protegidas apenas em uma das faces, como reservatórios e lajes de 
cobertura, por exemplo. Em qualquer caso, se a correspondente armadura 
resistente não tiver sido convenientemente dimensionada e detalhada, é certa 
a instalação de um quadro fissuratório; 
ii) Os movimentos queocorrem na interface entre materiais com 
diferentes coeficientes de dilatação térmica, mas submetidos à mesma 
variação de temperatura, com a consequente geração de diferentes 
deformações, como é caso do assentamento de paredes de alvenaria em 
peças de concreto; 
iii) A insolação, ou incidência direta do sol, ação que se manifesta de 
forma semelhante à descrita em i) para o caso de gradiente térmico, agravada 
pelas questões relacionadas com as radiações solares, que atuam sobre a 
camada epidérmica do concreto, alterando a textura e a cor da mesma; 
iv) A ação da água, nas suas diversas formas, desde a umidade – 
geradora das mais diferentes patologias, explicadas na descrição dos 
processos químicos – à chuva e ao gelo. (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 53) 
 
 
51 
 
A figura a seguir esquematiza sobre os processos físicos de deterioração das 
estruturas de concreto. 
 
 
Figura 48 - Processos físicos de deterioração das estruturas de concreto 
Fonte: (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 56) 
 
52 
 
3.6.1 RETRAÇÃO DO CONCRETO 
 
A retração do concreto pode acontecer por 4 formas: através de secagem, por 
assentamento plástico, autógena e por carbonatação. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 
2019). 
“A retração por assentamento plástico é quando o concreto se adensa e, após o 
endurecimento, elementos fixos e rígidos restringem a sua movimentação, como 
eletrodutos e barras de aço.” (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 109). 
A figura abaixo esquematiza sobre a retração por assentamento plástico. 
 
Figura 49 - Retração por assentamento plástico. 
Fonte: (Adaptado. FILHO, CARMONA 2013, apud. BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 109) 
 Já a retração autógena ocorre devido ao volume dos compostos 
hidratados, o qual é o menor que o volume do cimento mais o da água. Ou 
seja, toda partícula de cimento que hidrata provoca uma pequena contração. 
Logo, é uma manifestação patológica que ocorrerá, mais comumente, em 
concretos com elevados consumos de cimento, como os concretos de alta 
resistência. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 109). 
A retração por carbonatação é parecida com a autógena, pois também é uma 
contração química na qual seu processo foi explicado anteriormente nesse estudo, 
enquanto na retração por secagem, a maior parte da fissuração ocorre na etapa de 
preparo do concreto, dentre o início e após a pega, em até 48 horas. (BOLINA; 
TUTIKIAN; HELENE, 2019). 
53 
 
Torna-se interessante observamos principalmente esse ponto citado 
anteriormente na retração por secagem: a importância de procurarmos controlar a 
temperatura do concreto, principalmente nos estágios iniciais de produção em que há 
maior liberação de calor após a hidratação do cimento. Segue a figura da curva de 
calorimetria do cimento para esquematizar melhor sobre o que foi mencionado 
anteriormente. 
ara 
Figura 50 - Curva da taxa de liberação de calor do cimento Portland. 
Fonte: Representação esquemática da liberação de calor durante a hidratação do cimento Portland 
Jawed; Skalny (1989 citado por QUARCIONI, 2008, p. 8) apud. VIECILI, HASTENPFLUG, GIRARDI, 
2018) 
“Para se evitar essa retração, recomenda-se a concretagem em dias ou horários com 
menor temperatura, menor incidência de vento e maior umidade ambiental. “(BOLINA; 
TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 111). 
 
54 
 
3.6.2 MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA DO CONCRETO 
 
 Devido às mudanças climáticas que ocorrem no decorrer do ano, com o passar 
do tempo, essa variação de temperatura causa expansão e retração dos materiais, 
um exemplo claro são os próprios metais, já que são excelentes condutores térmicos. 
Em épocas mais quentes do ano, o material expande-se, enquanto em períodos com 
menores temperaturas, ocorre o efeito oposto. Apesar do concreto ser um excelente 
isolante térmico, ele não escapa desse fenômeno que também pode causar 
fissuração. 
 A figura a seguir é um exemplo de uma fissura cuja origem é devida a variação 
de temperatura, atuando em uma laje de um vertedouro. 
 
 
Figura 51 - Fissura devido a variação térmica do ambiente. 
Fonte: Arquivo pessoal 
 O exemplo citado na figura 51 trata-se de uma fissura e um vertedouro de uma 
PCH (Pequena Central Hidrelétrica), na qual não estava vertendo água pelo fato da 
barragem não estar operando na época em que foi feito o mapeamento das fissuras 
existentes no local. 
 
55 
 
 A figura a seguir mostra a vista geral do vertedouro que apresentava uma série 
de fissuras, sendo a maioria originária da variação térmica do ambiente. 
 
Figura 52 - Vista geral do vertedouro 
Fonte: Arquivo pessoal 
 As solicitações de natureza térmica se sobrepõem às tensões 
produzidas pelo uso ou carregamento normal da peça estrutural. Há, 
portanto, uma sobreposição de efeitos que deve ser considerada no 
dimensionamento da peça. A negligência de projeto, é portanto, um fator 
decisivo no surgimento do fenômeno, até porque, em muitos elementos essa 
solicitação é predominante. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 113). 
 Nas estruturas de concreto, os efeitos da dilatação térmica podem ocorrem 
tanto internamente quanto externamente, onde os elementos de menores inércias 
estão mais suscetíveis a esse tipo de fissuração do que elementos que possuem maior 
inércia. 
 
As figuras a seguir esquematizam a forma que a fissuração térmica pode ocorrer nas 
estruturas de concreto. 
56 
 
 
Figura 53 - Fissuras de retração e dilatação térmica restringida, com vigas de grande inércia e pilares 
de pequena inércia. 
Fonte: (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 114) 
 
Figura 54 - Fissuras de retração e dilatação térmica, com vigas de pequena inércia e pilares de 
grande inércia. 
Fonte: (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 114) 
57 
 
 
Figura 55 - Fissuras de retração em uma viga de concreto armado. 
Fonte: Adaptado THOMAS, 2007 apud. BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 115) 
 
58 
 
3.6.3 DESGASTE SUPERFICIAL 
 
Os desgastes superficiais das superfícies de concreto acontecem devido ao 
atrito, no caso através da abrasão, muito comum em pisos de concreto ou através de 
percussão. (RIPPER; SOUZA, 1998) 
O desgaste superficial pode ser originado pelo contato de partículas ou 
materiais sólidos com o elemento de concreto o que ocasiona a erosão; ou 
pelo movimento de água corrente sobre a peça, originando a cavitação. A 
primeira situação é mais comum em pavimentos rígidos de concreto, pelo 
atrito dos pneus dos veículos que trafegam. A segunda, mais frequente em 
estações ou galerias subterrâneas, provém do aparecimento de bolhas de 
vapor de água que explodem, principalmente nos casos em que o fluído tem 
repentina mudança de direção. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019, p. 117) 
A ação abrasiva pode ser devida à atuação de diversos agentes, sendo os 
mais comuns o ar e a água, que carregam partículas que provocam a 
abrasão, os veículos que passam sobre pistas de rolamento, o impacto das 
ondas, etc. A ação das partículas carregadas pela água em movimento e pelo 
ar geralmente ocasiona a erosão, cuja intensidade dependerá da quantidade, 
da forma, do tamanho e da dureza das partículas em suspensão, da 
velocidade e do turbilhonamento da água ou do ar, bem como da qualidade 
do concreto da estrutura atacada. (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 78). 
 Há também o desgaste de superfície através do processo de cavitação, que 
consiste na formação de pequenas cavidades, pela ação das águas correntes, que se 
originam através de vazios que se formam e desaparecem quando o movimento da 
água está em velocidade elevada. (RIPPER; SOUZA, 1998). 
 
59 
 
3.6.4 AÇÃO DO GELO-DEGELO 
 
Os efeitos da ação gelo-degelo nas estruturas de concreto estão mais suscetíveis de 
acontecer em regiões com predominância de baixas temperaturas negativas por 
períodos prolongados, logo, esse fenômeno não é muito comum no Brasil pela 
predominância do clima tropical. 
O estudo dos efeitos do gelo-degelo deve considerar duas etapas: (I) no estadofresco 
ou poucas horas após o início da solidificação do concreto; (II) durante a vida da 
estrutura. Na fase (I), quando a água de amassamento congela, o processo de 
hidratação do cimento será suspenso e retomado após o derretimento. 
A água tem uma mudança de volume em sua mudança de fase, o que prova que o 
desempenho do período (II) está correto. Em temperaturas abaixo de 0ºC, o volume 
de água aumenta em até 9%. Se não for absorvida pelos poros, esse congelamento 
e consequente expansão de volume promoverão o surgimento de tensões internas na 
peça. Caso a tensão ultrapasse a resistência à tração do concreto, acabará por levar 
ao aparecimento e propagação de fissuras. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019) 
 
 
60 
 
3.7 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE ORIGEM BIOLÓGICA 
 
Os agentes biológicos são vários tipos de organismos vivos que possuem sua forma 
de atuação na estrutura de concreto, causando manifestações patológicas. Os 
agentes causadores podem variar de insetos artrópodes (formigas e cupins) até 
plantas e fungos e outros organismos. Suas patologias podem variar de fissurações 
na estrutura, desagregação da estrutura de concreto até causar riscos na saúde das 
pessoas que ocupam tal estrutura de concreto, tomando, por exemplo, a possibilidade 
da presença desses agentes causarem alergia nas pessoas que ficam expostos a 
esses tipos de agentes por determinado período. 
Fungos, bactérias, algas ou musgo podem causar danos biológicos no concreto 
exposto. Os agentes patógenos são encontrados em áreas úmidas com circulação de 
ar insuficiente - como as partes sul e oeste do hemisfério sul e as partes norte e leste 
do hemisfério norte -, áreas marinhas e perto de redes de esgoto. 
 O principal resultado da formação dessas substâncias é a separação do ácido 
húmico, sendo que a dissolução da pasta de cimento Portland é hidratada devido à 
atividade metabólica dos microrganismos, o que reduz o desempenho da pasta de 
cimento, expõe o agregado e finalmente produz fissuras de impacto visual, mudanças 
na aparência das espécies e partes contaminadas. Por serem seres vivos, sua 
reprodução indica fortemente a presença de umidade interna nos elementos, pois eles 
precisam de água para sobreviver. Para baixo pH e estruturas úmidas, a corrosão 
pode ocorrer dependendo da espessura do concreto. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 
2019). 
 
61 
 
 
As figuras a seguir mostram exemplos de patologias biológicas em estruturas de 
concreto. 
 
Figura 56 - Formação de pequena vegetação na parte inferior da parede e pequenos 
desplacamentos. 
Fonte: Arquivo pessoal 
Como referido no estudo das causas, várias são as ações biológicas (raízes 
de vegetação, microrganismos, etc.) que, ao penetrarem no concreto e 
acharem o ambiente próprio ao seu desenvolvimento, vêm a ocupar o espaço 
dentro de uma massa estrutural, gerando tensões internas e fraturando o 
concreto. (RIPPER; SOUZA, 1998, p. 74). 
62 
 
 
Figura 57 - Fraturas no acabamento, junto a formação de musgos e outras vegetações. 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
Figura 58 - Formação de musgos na parte inferior na parede. 
Fonte: Arquivo pessoal 
63 
 
 
Figura 59 - Predominância de musgos no piso e na parte inferior da parede. 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
Figura 60 - Surgimento de mofo na parte inferior na parede. 
Fonte: Arquivo pessoal 
 Como foi mostrado nas figuras anteriores, as manifestações patológicas 
biológicas costumam aparecer nas estruturas, justamente na parte inferior, e seu 
avanço é geralmente no sentido ascendente. Muitas vezes esses problemas 
acontecem pelo simples fato de não haver uma impermeabilização apropriada nesses 
ambientes, permitindo a formação desses organismos. Além do excesso de umidade, 
a iluminação e oxigênio são fatores importantes para proliferação de boa parte desses 
agentes. Observa-se na figura 60 a coloração preta, que é referente a um ambiente 
que não possui uma boa iluminação natural e ventilação, no caso a sua origem 
64 
 
ocorreu-se pela absorção da umidade do ambiente externo, conforme mostrado nas 
figuras anteriores. 
4 CONCLUSÃO 
 Por meio do estudo apresentado, torna-se importante a procura do aprendizado 
sobre as manifestações patológicas que as estruturas estão propensas a receber, 
levando em consideração desde o processo de concepção do projeto, para que seja 
possível detectar possíveis falhas antes de ser levado para a execução, enquanto na 
etapa executiva da estrutura, para que seja feita com a maior maestria possível, 
minimizando as possibilidades de surgimento de uma série de manifestações 
patológicas. Também há uma grande importância da implementação de um controle 
de qualidade cada vez mais eficiente nos canteiros de obra. Por último, e não menos 
importante, é necessária a conscientização em nossa cultura, orientando melhor as 
pessoas sobre a importância de fazer manutenções nas estruturas de forma 
preventiva ao invés de fazer a manutenção de forma corretiva, tornando-se um 
processo mais trabalhoso e oneroso. 
 Em relação às manutenções que precisam ser realizadas nas estruturas 
periodicamente, é importante entendermos sobre as manifestações patológicas, o que 
se torna um fator essencial para que seja adotada uma metodologia eficiente que 
permita sanar tais problemas. Assim, tem-se um melhor custo-benefício, além de 
gastar menos tempo possível para realizar esses reparos, fornecendo o máximo de 
segurança possível e fazendo com que a estrutura possa ter sua vida útil aumentada, 
além de cumprir o seu papel na qual foi desempenhada. 
 
65 
 
5. REFERÊNCIAS 
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PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO – PROCEDIMENTOS. Rio de 
Janeiro, 2014. 
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 12655: 
CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND – PREPARO, CONTROLE, RECEBIMENTO 
E ACEITAÇÃO. Rio de Janeiro - RJ, 2015. 
BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS, São Paulo - SP, 
2019. 
BERTOLINI, Luca, MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO PATOLOGIA, REABLITAÇÃO, 
PREVENÇÃO, 2010. 
G1 VALES, LAJE DESABA E TRABALHADORES FICAM FERIDOS EM 
GOVERNADOR VALADARES, 2016. 
Disponível em: < http://www.g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2016/07/laje-desaba-
e-trabalhadores-ficam-feridos-em-governador-valadares.html > Acesso em: 
28/02/2021 
 
G1 CE, EDIFÍCIO QUE DESABOU EM FORTALEZA PASSOU POR REFORMA 8 
MESES ANTES DE TRAGÉDIA, 2019. 
Disponível em: < https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/12/30/edificio-que-
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Acesso em: 26/02/2021 
 
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EM SALVADOR, 2009. 
Disponível em: < http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1084815-5598,00-
XIXI+POE+EM+RISCO+ESTRUTURAS+DE+VIADUTO+E+PASSARELAS+EM+SAL
VADOR.html > 
Acesso em: 26/02/2021 
 
REVISTA CONCRETO & CONSTRUÇÕES, São Paulo, IBRACON, ano 37, nº 53, 
2009. 
66 
 
RIPPER; SOUZA, PATOLOGIA, RECUPERAÇÃO E REFORÇO DE ESTRUTURAS 
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MILITITSKY; CONSOLI, SCHNAID, PATOLOGIA DAS FUNDAÇÕES, 2ª Ed, São 
Paulo – SP, 2015. 
MINISTÉRIO DA TRANSPARÊNCIA, FISCALIZAÇÃO E CONTROLADORIA-GERAL 
DA UNIÃO, RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DE PROGRAMA DE 
GOVERNO Nº 66 PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA – FGTS, Brasília,2017.
 
Disponível em: < https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/noticias/2017/08/minha-casa-
minha-vida-56-4-dos-imoveis-avaliados-apresentam-defeitos-na-construcao > acesso 
em: 01/02/2021. 
MIODOWNIK, Mark, DE QUE SÃO AS COISAS: 10 MATERIAIS QUE CONSTROEM 
O NOSSO MUNDO, 2015. 
TOMAZELI, Alexandre, ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DE EDIFÍCIOS: 
INSPEÇÃO, ANÁLISE E ACEITAÇÃO, 1ª Ed, 2019. 
VIECILI; HASTENPFLUG; GIRARDI, COMPARATIVO ENTRE O TESTE DE VICAT 
E A CALORIMETRIA SEMI-ADIABÁTICA PARA DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE 
INÍCIO E FIM DE PEGA EM CIMENTOS PORTLAND,2018. Disponível em: < 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-70762018000300425> Acesso em: 05/03/2021

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