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Tribunal do Júri - resumo 01 (2)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
TRIBUNAL DO JÚRI 
PROCEDIMENTO 
 
A estrutura do Júri foi alterada pela Lei 11.689/08. Ela imprimiu uma nova 
roupagem estrutural ao procedimento do Júri e a forma de interpretá-lo. 
 
1. Considerações iniciais 
 
1.1. Origem histórica 
Em que pese a polêmica doutrinária, pode-se apontar a origem histórica do 
Júri a Magna Carta de 1215. Há também quem indique a Revolução Francesa de 
1789. 
 
1.2. Origem no Brasil 
- Surge em 1822, tendo atribuição para apreciar os crimes praticados pela 
imprensa. 
- O Júri ganhou respaldo constitucional em 1824 (Império). 
- O Júri teve assento em todas as constituições republicanas, salvo a de 1937 
– Constituição Polaca. 
 
1.3. Momento atual 
Está no art. 5º, XXXVIII, CF. Foi colocado como cláusula pétrea. O Júri é um 
direito ou uma garantia fundamental? Nucci está certo. Ele dá um viés dúplice na 
análise constitucional do Tribunal do Júri, que seria direito e garantia. Direito a quê? 
E garantia de quê? Primeiro o Júri é um direito fundamental de participação popular 
na administração da Justiça, na condição de jurado. Depois é garantia fundamental 
de ser julgado por pessoas comuns do povo, quando da prática de crime doloso 
contra a vida. De ser julgado pelos pares. 
ADVERTÊNCIA: em que pese o Júri ter tratamento no art. 5º da CF, é pacífico 
o entendimento de que ele integra o Poder Judiciário no âmbito da Justiça Comum, 
seja ela estadual ou federal. 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
 
 
2. Princípios 
2.1. Plenitude de defesa 
2.1.1. Conceito 
O defensor pode, além dos técnicos, usar argumentos metajurídicos 
(filosóficos, socioeconômicos, sentimentais). Por isso não fala apenas em ampla 
defesa, que se restringe aos argumentos técnicos. Para Paulo Rangel, além dos 
argumentos técnicos podem ser utilizados argumentos metajurídicos, já que os 
jurados são juízes leigos. 
 
ADVERTÊNCIA: Gilmar Mendes entende que é apenas uma força de 
expressão, mas ontologicamente não haveria diferença entre ampla e plena defesa. 
É o mero emprego da linguagem. 
 
APLICAÇÃO PRÁTICA: no Júri ganham ênfase os laudadores, que são as 
testemunhas que depõem sobre os antecedentes do réu. São chamados de 
testemunhas de beatificação. 
Desdobramentos do PRINCÍPIO DA PLENITUDE DE DEFESA: 
a)possibilidade da utilização de argumentos extrajurídicos; 
b)juiz deve assegurar defesa efetiva; 
c)juiz quesitadefesa técnica e autodefesa. 
 
2.1.2. Enquadramento classificatório 
 Plenitude de defesa técnica: Segundo o STF, na súmula 523, a ausência de defesa 
técnica é fato gerador de nulidade absoluta, ao passo que a deficiência ocasionará 
nulidade relativa. Se o juiz perceber, na sessão plenária, que o réu está indefeso, ele 
deve dissolver o Conselho de Sentença, remarcando a sessão e oportunizando que 
o réu contrate novo advogado ou nomeando dativo (art. 497, V CPP - São 
atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de outras expressamente 
referidas neste Código V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo 
indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o 
julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor). 
 
 Plenitude de autodefesa: o réu pode apresentar a sua defesa no interrogatório, que 
pode ser distinta da apresentada pelo advogado nos debates orais. De todo modo, 
todas serão apreciadas pelos jurados na quesitação. 
 
2.2. Sigilo das votações 
2.2.1. Conceito 
Em virtude da segurança e da preservação da soberania, os jurados votam os 
quesitos sigilosamente para que não ocorra ingerência externa. Ele pode ser 
analisado sob dupla ótica: 
 
a) sigilo do ambiente – uma sala especial ou secreta, sob pena de nulidade 
absoluta. 
 
OBS: nos fóruns com estrutura mais humilde, se não houver sala secreta o 
plenário será esvaziado e funcionará como tal. Art. 485. Não havendo dúvida a ser 
esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o 
querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à 
sala especial a fim de ser procedida a votação. § 1o Na falta de sala especial, o juiz 
presidente determinará que o público se retire, permanecendo somente as pessoas 
mencionadas no caput deste artigo. 
A sala secreta tem compatibilidade constitucional, afinal o princípio da 
publicidade não é absoluto (art. 5º, LX c/c art. 93, IX, CF). OBS2: pessoas presentes 
na sala secreta - Juiz, jurados, acusação (MP ou querelante), advogado do réu, 
escrivão, oficial de Justiça. Se o réu advoga em causa própria, ele terá acesso à 
sala secreta.O advogado do assistente de acusação (sucessor da vítima) também 
tem trânsito livre, mas o assistente não. 
 
b) Sigilo quanto ao procedimento 
 Incomunicabilidade dos jurados: os jurados não poderão conversar entre si ou com 
terceiros sobre os fatos a serem julgados, sob pena de nulidade absoluta, o que 
aproxima o Júri brasileiro do francês. Por outro lado, nada impede que os jurados 
conversem sobre amenidades com a fiscalização do escrivão ou do oficial de justiça. 
Art. 564,II, “j” CPP. 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III - por falta das fórmulas ou dos 
termos seguintes: j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal 
e sua incomunicabilidade; 
Se for quebrada: 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez 
sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua 
opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 
2o do art. 436 deste Código. – um a dez salários mínimos. 
 
Obs.concluído o julgamento, não há nulidade se, porventura, o jurado vier a revelas 
a posteriori o sentido do seu voto. 
 
 Votos: atualmente os jurados votam de maneira impessoal, por intermédio de uma 
cédula opaca, que não o identifica. Até 2008, indiretamente, o sigilo era quebrado 
pela unanimidade da votação, afinal todos tinham conhecimento do teor da 
deliberação dos jurados. Mais recentemente, a Lei 11.689/08 encampando antiga 
sugestão de Rui Barbosa, aproximou ainda mais o Júri brasileiro do francês, 
acabando com a unanimidade. Hoje com quatro votos em determinado sentido, é 
sinal de que o quesito está suficientemente julgado, pois obtida a maioria e os 
demais votos serão descartados. § 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) 
jurados, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo 
encerra a votação e implica a absolvição do acusado. 
 
2.3. Soberania dos veredictos 
2.3.1. Conceito 
Em respeito à vontade popular na análise concreta, concluímos que o mérito 
da deliberação dos jurados, em regra, não pode ser alterado pelos demais órgãos do 
Judiciário, consolidando-se a soberania. 
 
2.3.2. Mitigações 
 Apelação da sentença emanada do Júri: se os jurados julgarem de forma 
manifestamente contrária à prova dos autos, caberá apelação que pode levar à 
cassação do julgado e remessa do réu a um novo Júri, com outros jurados. 
ADVERTÊNCIA: este fundamento só poderá ser invocado uma única vez, 
independente da parte que o apresentar primeiro. (art. 593, III, “d” c/c §3º). OBS. 
Segundo o STF, na súmula 206, se no segundo julgamento participar jurado que 
tinha integrado o primeiro, haverá nulidade absoluta e, por consequência, será 
realizado um terceiro Júri. 
Juízo rescindente: nessa hipótese de apelação, o Tribunal vai se limitar a cassar a 
decisão (juízo rescindente), devolvendo os autos para que, em primeiro grau, a sorte 
do réu seja rediscutida. 
 
OBS. segundo o STF, na súmula 713, o fundamento da apelação do Júri, está
adstrito às hipóteses do inciso III do art. 593, CPP e o Tribunal não poderá se 
distanciar do argumento invocado pelo apelante. 
Segundo Prof. Andrey não seria propriamente uma exceção, mas uma restrição à 
soberania. Seria exceção se o tribunal condenasse/absolvesse. O que o Tribunal faz 
é rescindir a decisão. 
 
OBS. se a impugnação não estiver relacionada ao mérito da decisão dos jurados, 
guardando relação com decisões proferidas pelo Juiz Presidente, é plenamente 
possível a modificação do teor da decisão pelo juízo ad quem – juízo rescindente e 
rescisório. 
 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: 
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos 
jurados; juízo rescindente e rescisório. 
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de 
segurança; juízo rescindente e rescisório. 
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. juízo 
rescindente 
§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se 
convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos 
autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, 
porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. 
 
 Ação de revisão criminal: admite-se que o réu injustamente condenado por sentença 
transitada em julgado, possa, de pronto, ser absolvido, por intermédio da revisão 
criminal. Notadamente, nas situações onde o equívoco é manifesto, enfatizando-se a 
liberdade e a demonstração da inocência em detrimento da soberania dos 
veredictos. (art. 621). CONCLUSÃO: percebe-se que nesse caso o Tribunal 
promoverá um juízo rescindente, cassando a decisão impugnada, e um juízo 
rescisório, proferindo um acórdão substitutivo. 
 
*APROFUNDANDO: 
REPERGUNTA: É possível o ajuizamento de Revisão Criminal para modificar 
os fundamentos de caso submetido ao Tribunal do Júri? Em tal caso, haveria 
ofensa ao princípio da soberania dos vereditos? 
O tema é divergente, todavia, o entendimento dominante[1]1 é no sentido de que a 
condenação penal definitiva imposta pelo Júri também pode ser desconstituída 
mediante revisão criminal, não lhe sendo oponível a cláusula constitucional da 
soberania do veredicto do Conselho de Sentença. Podem-se citar os 
seguintes argumentos em prol da referida corrente: 
a) A soberania dos veredictos do Júri, apesar de ser prevista constitucionalmente, 
não é absoluta, podendo a decisão ser impugnada, seja por meio de recurso, seja 
por revisão criminal. A CF não previu os veredictos como um poder incontrastável e 
ilimitado. 
b) Segundo a doutrina, a soberania dos veredictos é uma garantia constitucional 
prevista em favor do réu e não da sociedade. 
c) Desse modo, se a decisão do júri apresenta um erro que prejudica o réu, ele 
poderá se valer da revisão criminal. Não se pode permitir que uma garantia instituída 
em favor do réu (soberania dos veredictos) acabe por prejudicá-lo, impedindo que 
ele faça uso da revisão criminal. 
REPERGUNTA: Em tal caso, o Tribunal que irá julgar a revisão criminal, além 
de fazer o juízo rescindente, poderá também realizar o juízo rescisório? 
O tema é cercado de polêmicas, existindo duas correntes principais. 
 
1
 [1]Esse é o entendimento do STF e do STJ, tendo sido reafirmado nos julgados: (STF, 1ª Turma, HC 
70.193/RS, Rel. Min. Celso de Mello, j. 21/09/1993, DJ 06/11/2006). REsp 1304155/MT, Rel. Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 
20/06/2013, DJe 01/07/2014; AgRg no REsp 1154436/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2012, DJe 17/12/2012; HC 137504/BA, Rel. Ministra 
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 28/08/2012, DJe 05/09/2012; REsp 964978/SP, Rel. 
Ministra LAURITA VAZ, Rel. p/ Acórdão Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR 
CONVOCADO DO TJ/ RJ), QUINTA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 30/08/2012. 
A primeira, encabeçada por Ada Pellegrini Grinover, que defende a possibilidade do 
Tribunal, ao julgar a revisão, ter competência para fazer o juízo rescindente e 
também o juízo rescisório. 
A segunda corrente, defendida por Nucci, defende que o Tribunal só pode realizar o 
juízo rescindente, devendo determinar a realização de novo júri. 
 
2.3. Competência mínima para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, 
tentados ou consumados. 
2.3.1. Conceito 
Ao contrário do que ocorreu na Constituição portuguesa, o legislador brasileiro 
estabeleceu o contingente mínimo da competência do Júri, provisionado nos art. 121 
a 128 do CP, e esse núcleo mínimo é consolidado como cláusula pétrea. 
 
OBS1: nada impede que o legislador ordinário amplie a competência do Júri, desde 
que exista vontade política. 
 
OBS2: vis atrativas - o Júri também vai julgar as infrações comuns, eventualmente 
conexas ao crime doloso contra a vida. Art. 78, I - no concurso entre a competência 
do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri 
 
ADVERTÊNCIA: vale lembrar que, havendo conexão com crime militar ou eleitoral, 
impõe-se a separação obrigatória de processos. 
 
OBS3: infrações de menor potencial ofensivo. Art. 60, parágrafo único, da lei 
9099/95 aduz que havendo conexão entre infração de menor potencial ofensivo e 
crime doloso contra a vida, a primeira será levada a Júri, respeitando-se os institutos 
benéficos como composição civil e transação penal. Para LFG, devemos promover 
uma adaptação procedimental, marcando-se, inicialmente, audiência preliminar para 
tentar resolver a situação da infração de menor potencial. Se não resolver vai ao 
plenário. Para a suspensão condicional do processo, somar-se-ão as penas 
mínimas. ADVERTÊNCIA: Para Rômulo em posição minoritária, o parágrafo único 
referido é inconstitucional, pois a competência do JECRIM decorre do art. 98, I, CF, 
não podendo ser excepcionada por lei ordinária. 
 
OBS4: Situações em que há morte, mas a competência do Júri não se estabelece. O 
simples fato de haver morte, pode não atrair a competência do Júri em razão da 
classificação do delito, como ocorre: 
 Latrocínio: crime contra o patrimônio (art. 157, §3º CP c/c Súmula 603 STF). 
 Lesão corporal seguida de morte, que é crime contra a pessoa (art. 129, §3º 
CP). 
 Estupro seguido de morte, que é crime contra a dignidade sexual. (art. 213 c/c 
225 CP). 
 Genocídio (lei 2889/56): Segundo STF e STJ, o genocídio, em regra, não vai 
ao júri, por se tratar de crime contra a humanidade. Uma parcela significativa 
da doutrina entende que se a conduta genocida ocasionar a morte, estaremos 
diante de concurso formal impróprio entre genocídio e homicídio, de forma 
que pela vis atrativa, o genocídio seria levado a Júri. Art. 78, I c/c art. 77 CPP. 
 Ato infracional será julgado de acordo com o procedimento pertinente na vara 
da infância e da juventude. (art. 103 do ECA). 
 Foro por prerrogativa de função previsto na CF. Segundo o STF, na súmula 
721, as autoridades com foro por prerrogativa na CF não vão a Júri. O mesmo 
não ocorre quando a prerrogativa é prevista apenas na Constituição Estadual 
– defensor, secretario. 
 
E SE ALGUÉM AUXILIAR DEPUTADO FEDERAL A PRATICAR CRIME DOLOSO 
CONTRA A VIDA? 
-entendimento MAJORITÁRIO: separação de processos (STF) -fundamento: ambos 
possuiriam competência prevista no texto constitucional. 
-entendimento minoritário: junção. -neste sentido, vide decisão da 2ª turma do STF 
(HC 83583, DJU 07.05.2004) [decisão isolada] 
 
 Militar das forças armadas mata militar das forças armadas, estando ambos 
na ativa. Nesse caso, o militar será julgado na Justiça
Militar federal. (art. 9º, 
II, a CPM). Militar em serviço – há divergência, mas prevalece. 
 Militar estadual mata militar estadual: nesse caso, o julgamento ocorrerá na 
Justiça Militar estadual. Art. 9º, II, a COM. Militar em serviço – há divergência, 
mas prevalece. 
Obs. militar mata militar, nenhum dos dois em serviço – Júri. 
 Civil mata militar das forças armadas em serviço e em lugar sujeito a 
jurisdição militar. Nesse caso, o agente será julgado na Justiça Militar Federal. 
(art. 9, II, b CPM). Militar em serviço. 
 Civil mata militar estadual (PM, bombeiro militar): nesse caso, o agente será 
levado a Júri. Art. 5º, XXXVIII c/c art. 125, §4º, CF. Militar em serviço. 
 Crime político de matar o Presidente da República, o Presidente do Senado, o 
Presidente da Câmara, Presidente do STF (art. 29 da Lei 7170/83 – Lei de 
Segurança Nacional) – será julgado pelo juiz federal singular de primeiro 
grau. ADVERTÊNCIA: Dessa sentença, condenatória ou absolutória, caberá 
recurso ordinário constitucional ao STF.Não cabe apelação. O STF funciona 
nesse caso como órgão de segundo grau comum. A análise é de mérito e de 
direito. Art. 109, IV, CF. art. 102, II, b da CF. 
 
Será que matar essa turma é automaticamente crime contra a segurança nacional? 
NÃO. É necessária uma motivação política. Uma motivação que atinja o Estado 
Democrático de Direito. 
 
Ex. Joaquim Barbosa morto por uma dos mensaleiros por cauda do julgamento – 
Não vai a Júri. Ex2. Moleque jogando pelada com Joaquim, sem nem saber quem 
ele é, irrita-se e mata o Joaquim – vai a Júri. 
 Tiro de abate: de acordo com o art. 9º, parágrafo único, do CPM, inserido pela 
Lei 12.432/11, nas hipóteses de excesso no tiro de abate para combater o 
tráfico de drogas, a competência será da Justiça Militar Federal. 
 
JÚRI FEDERAL EXISTE? SIM LEI 2889/56 
HOMICÍDIO CONTRA A ÍNDIO É COMPETÊNCIA DO JÚRI FEDERAL? Depende 
do motivo do crime. STJ, 140: Compete à Justiça Comum Estadual processar e 
julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. 
 
Obs5.: crime doloso contra a vida praticado por militar contra pessoa comum. Saiu 
da esfera militar e foi para o Júri, em razão do episódio de Carandiru – art. 9º CPPM. 
Foi de aplicação imediata, atingindo o julgamento de Carandiru. Isso porque se 
achava a Justiça Militar corporativista. A competência da JM decorria do texto 
constitucional. Será que poderia ser alterada por lei ordinária? Em 2004 o 
Congresso Nacional editou a emenda constitucional 45/04 nesse sentido. A emenda, 
no entanto, fez referência aos militares estaduais. E se for agente das forças 
armadas? Também vai a Júri? Há divergência. Aury Lopes Jr. e a prova da DPU 
(CESPE) disseram que não. E se o militar mata culposamente? Justiça Militar. E se 
um militar matar outro? Justiça Militar. 
 
ATENÇÃO: STJ diz que mesmo se tratando de crime de competência da Justiça 
Comum não há impedimento de que também seja instaurado inquérito militar. O MP 
pode se valer dos dois, de um ou de nenhum. 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, 
nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares 
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao 
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da 
graduação das praças. 
 
RESUMO 
- MILITAR X MILITAR: JM 
- MILITAR X MILITAR (FORA DO SERVIÇO): JÚRI 
- CIVIL X MILITAR FEDERAL: JM 
- CIVIL X MILITAR ESTADUAL: JÚRI 
- MILITAR ESTADUAL X CIVIL: JÚRI (EC 45/04) 
- MILITAR FEDERAL X CIVIL: DIVERGENCIA. PREVALECE JÚRI. 
 
É da competência do tribunal do júri? Sim Não 
1. Crimes dolosos contra a vida. X 
2. Crimes conexos aos crimes do tribunal do júri. X 
3. Exceções: crimes militares e eleitorais (separação do processo). X 
4. Ampliação da competência do júri. A CF só trata da competência mínima. X 
5. Crime culposo contra a vida. X 
6. Crime doloso no trânsito. X 
7. Lesão corporal seguida de morte. X 
8. Crimes com resultado morte. X 
9. Crime preterdoloso. X 
10. Militar que mata civil. X 
11. Militar que mata militar fora do serviço. X 
12. Civil que mata militar das forças armadas. X 
13. Genocídio – RE 351487. X 
14. Latrocínio – súmula 603 do STF X 
15. Foro por prerrogativa de função. obs.: deputado estadual tem foro 
especial. obs.: cessou o mandato cessa o foro por prerrogativa. 
 X 
16. Vereador – súmula 721 do STF X 
17. Juiz pode absolver sumariamente o réu? Sim, pode. O caso não vai a 
júri. 
 X 
18. Menor que comete o crime doloso. X 
19. Obs.: concorrência entre tribunal do júri federal e estadual? Prepondera 
o federal. 
 
20. Obs.: foro competente para o tribunal do júri é o local da consumação. 
Porém, cuidado, excepcionalmente a jurisprudência admite o local dos fatos 
por facilitar as provas, por exemplo, o caso Misael. 
 
 
 
3. Características 
3.1. Composição do Júri 
25 jurados + juiz presidente. Ele é heterogêneo. 
Conselho de sentença: 7 pessoas 
OBS: Classificação das decisões judiciais em razão do órgão prolator. 
 Decisão subjetivamente simples: é aquela proferida por órgão singular – Ex. 
Decisão de Monis 
 Decisão subjetivamente plúrima: é aquela emanada de órgão colegiado 
homogêneo – ex. TRF. 
 Decisão subjetivamente complexa: é aquela emanada de órgão colegiado 
heterogêneo - Júri. 
 
3.2. Horizontalidade 
Não existe hierarquia entre o juiz e os jurados. 
 
OBS. classificação da competência no Júri. Há uma repartição de funções. Há 
divisão de competência funcional pelo objeto do juízo, afinal os jurados 
funcionalmente apreciarão os fatos votando os quesitos e o juiz presidente 
funcionalmente profere a sentença vinculado à lei e à deliberação dos jurados, sem 
vínculo hierárquico. 
-JURADOS julgam questões de fato. 
-JUIZ TOGADO julga questão de direito. 
JURI X JULGAMENTO EM ESCABINATO 
-no julgamento escabinato não há distinção de funções, pois juízes leigos e 
técnicos (togados) atuam e decidem em colegiado. No escabinato, juízes leigos e 
togados decidem, por primeiro, sobre a pretensão punitiva e, em seguida, sobre a 
aplicação da pena. Distingue-se, também, do assessorado, porque neste o assessor 
tem voto consultivo, uma vez que o jurado procura instruir-se com o assessor" 
 
3.3. Temporariedade 
O Júri vai funcionar por determinados períodos do ano estabelecidos na Lei 
de Organização de cada estado. 
OBS. enquadramento terminológico. 
 Reunião do Júri: são os meses do ano em que o Júri atua em cada comarca. É o 
período de atividade. 
 Sessão do Júri: é o ato solene onde o processo será submetido a julgamento. 
Nada impede que uma sessão ocupe mais de um dia. Admite-se que no mesmo 
dia mais de um processo seja levado à análise do mesmo Conselho de 
Sentença, desde que exista aquiescência das partes. (Art. 452. O mesmo 
Conselho de Sentença poderá conhecer de mais de um processo, no mesmo 
dia, se as partes o aceitarem, hipótese em que seus integrantes deverão prestar 
novo compromisso) 
 
3.4. O Júri é um tribunal que vota por maioria, estando vedada a unanimidade. 
Com quatro votos em determinado sentido, o quesito estará suficientemente 
julgado pela obtenção da maioria e os demais votos serão descartado. 
Com isso acabamos a parte propedêutica. 
 
4. Procedimento 
 
4.1. Considerações 
É o mais solene de todos. 
 
O procedimento do Júri é enquadrado pela doutrina majoritária como 
procedimento especial, notadamente pela sua organização, como procedimento 
escalonado ou bifásico. ADVERTÊNCIA: Para Rômulo Moreira, em posição 
minoritária, o Júri não segue um enquadramento ortodoxo, afinal topograficamente o 
CPP não o enquadrou como comum nem com o especial. ADVERTÊNCIA: 
enquadramento
de fases. Nós optamos por construir uma primeira fase produzida 
monocraticamente e sem intervenção de jurados. Em muitos países há dois 
plenários – um pequeno Júri e um grande Júri: 
 
1ª Fase: Judicium Accusationis ou sumário da culpa. Julga a viabilidade da 
acusação e seus limites. Será presidida de acordo com a Lei de Organização 
Judiciária e não necessariamente tramita na vara do júri. Ex. vara da infância e da 
juventude no caso de criança ou adolescente vítima – Na Bahia é assim. Após a 
pronúncia os autos são remetidos a Vara especializada do Júri. 
INF/STF 747 Julho.2014 
 
 
 
 
 
2ª Fase: Judicium Causae ou fase de julgamento. Julgamento do mérito 
propriamente dito. 
 
 
 
 
 
 
4.2. Estrutura do procedimento 
 
4.2.1. Judicium accusationis ou sumário da culpa 
 
a) Oferta da inicial acusatória. 
Seja ela denúncia ou queixa crime (no caso de ação penal privada subsidiária 
da pública ou eventual conexão entre crime doloso contra a vida e crime de ação 
privada). Ex. conexão entre crime doloso contra a vida e injúria. 
 
OBS. a queixa crime se justifica em virtude das seguintes hipóteses: 
 Ação privada subsidiária da pública (art. 29 CPP) 
 Por conexão entre crime doloso contra a vida e delito persecutível por ação 
privada, formando-se um litisconsórcio ativo facultativo, entre o MP e o 
querelante – ação penal adesiva (art. 76 CPP). ex. marido que pratica tentativa 
de homicídio e injúria. CRÍTICA: para a doutrina o mais adequado é que se 
promova uma separação de processos para que não ocorra tumulto com a 
reunião no polo ativo do MP e do querelante. (art. 80 CPP). O juiz então está 
autoriza a separar. 
 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e 
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer 
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do 
querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
 I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo 
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora 
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; 
 II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar 
as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
 III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias 
elementares influir na prova de outra infração. 
 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem 
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo 
excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por 
outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. 
 
OBS2: os requisitos formais da inicial acusatória estão concentrados no art. 
41 do CPP. 
 
b) Juízo de admissibilidade da inicial 
 Negativo: rejeita a inicial. Obs. as hipóteses do art. 395 CPP são aplicadas na 
sua íntegra ao procedimento do Júri. O sistema recursal também é o mesmo e 
da rejeição da inicial caberá RESE (art. 581, I CPP). Art. 581. Caberá 
recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não 
receber a denúncia ou a queixa; 
 Positivo: recebe a inicial. O processo começa. Art. 406 CPP O juiz, ao receber a 
denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a 
acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
 
 
c) Realização da citação 
OBS.: no Júri teremos as três modalidades citatórias similares ao 
procedimento comum, vale dizer a pessoal, por edital e eventualmente por hora 
certa. 
 
d) Apresentação da resposta escrita à acusação em 10 dias 
É a peça defensiva que vai resistir aos termos da inicial acusatória com 
argumentos fáticos e jurídicos, além do requerimento de diligências e, sob pena de 
preclusão, o rol de testemunhas (8 no máximo). Art. 406 § 3o Na resposta, o 
acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, 
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar 
testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, 
quando necessário– Tem redação similar aos art. 396 e 396-A,que disciplinam a 
resposta escrita no procedimento comum ordinário. 
- a peça é de natureza obrigatória, pelo que se o defensor não oferecê-la o juiz 
deverá nomear defensor dativo. 
 
e) Oitiva da acusação em 5 dias 
Em homenagem ao princípio do contraditório, após a resposta escrita, deve o 
juiz abrir vistas à acusação, para que ela se manifeste sobre os termos da defesa 
escrita, no prazo de cinco dias (Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o 
Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) 
dias). 
Se a defesa alegar preliminar ou juntar documento novo o MP deverá ter 
oportunidade de se manifestar novamente. [únicas hipóteses que o MP deverá se 
manifestar novamente] 
 
ADVERTÊNCIA: essa previsão não tem ressonância no procedimento comum 
ordinário. 
f) Autos conclusos para o juiz – saneamento 
Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das 
diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias. 
Prazo: dez dias a partir do momento em que os autos lhe são conclusos. 
 
ADVERTÊNCIA: o conteúdo do saneador dependerá da posição adotada em 
virtude da preleção normativa. Vejamos. 
 1ª Posição (MAJORITÁRIA): só pode absolvição no final. Após os debates 
orais. 
- sanar nulidades 
- deliberar sobre as diligências requeridas 
- marcar a audiência de instrução, debates e julgamento. 
 2ª Posição (Távora – mas vem sendo cobrado): 
- sanar nulidades 
- deliberar sobre diligências 
- absolvição sumária 
- não sendo caso de absolvição – marcar audiência 
 
A lei 11.719 (art. 394 § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código 
aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não 
regulados neste Código.) exige que 4 artigos do procedimento comum sejam 
aplicados a todos os procedimentos que tramitam em primeiro grau, o que 
obviamente inclui o procedimento do júri. Que procedimentos são esses? Art. 395 
(hipóteses para rejeitar a inicial); art. 396 e 396-A (conteúdo da resposta), art. 397 
(absolvição sumária). Portanto, no saneador há o momento para absolver o réu 
sumariamente, sem a necessidade da realização de audiência. O juiz está 
autorizado. 
 
Obs. Renato – só pode absolvição no final. Após os debates orais. 
 
g) Realização da audiência de instrução, debates e julgamento. 
G.1. Conceito 
É nessa audiência que a primeira fase se encerra com a remessa do réu ou 
não aos jurados. 
 
G.2. Prazo 
90 dias (no comum é 60 dias), independentemente se se trata de réu preso ou 
solto, contados, em que pese a omissão da lei, do recebimento da inicial acusatória. 
-se não observar? 
-RÉU SOLTO: prazo impróprio. 
-RÉU PRESO: Depende da análise do fundamento do atraso. 
 
G.3. Estrutura 
I. Instrução: os atos instrutórios se iniciam com a oitiva da vítima e se encerram pelo 
interrogatório do réu, sendo que a sequencia lógica segue a ordem similar do 
procedimento comum ordinário, em verdadeira padronização. Esse foi o desejo da 
reforma: padronizar sempre que for possível. Art. 411. Na audiência de instrução, 
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das 
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos 
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e 
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se
o 
debate. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1o Os esclarecimentos dos 
peritos dependerão de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. (Incluído pela 
Lei nº 11.689, de 2008)§ 2o As provas serão produzidas em uma só audiência, 
podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. 
I)OITIVA DO OFENDIDO; 
II)OITIVA TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO E DEFESA (8); 
III)ESCLARECIMENTO DOS PERITOS (E ASSISTENTES TÉCNICOS) 
V)ACAREAÇÃO 
V)RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS 
VI) INTERROGATÓRIO DO ACUSADO 
VII)ALEGAÇÕES ORAIS (ART. 571, INC. I) 
 
OBS: No Júri não há previsão de requerimento pelas partes de diligências 
complementares, cuja necessidade foi revelada na audiência de instrução. Nada 
impede, contudo, que o juiz de ofício determine a diligência, como autoriza o art. 
156, II, CPP. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, 
facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de 
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação 
e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante 
 
 
 
 
II. Debates orais 
A sua distribuição temporal e organização é idêntica ao que ocorre no 
procedimento comum ordinário, respeitando-se o espírito de padronização. Art. 411, 
§4º, 5º e 6º. 
eventuais nulidades anteriores devem ser alegadas nesse momento. 
-nulidade relativa não alegada nesse momento preclui. 
§ 4o As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à 
acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 
(dez). (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a 
defesa de cada um deles será individual. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 6o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão 
concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de 
manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Obs. em que pese a ausência de previsão legal, admite-se a substituição por 
memoriais (fora dos casos legais é mera irregularidade - STJ) em analogia ao que 
ocorre no procedimento comum ordinário. Art. 403, §3º c/c 404. ADVERTÊNCIA: no 
procedimento comum os memoriais tendem a ser exaurientes, pois na sequência a 
sorte do réu será resolvida. Na primeira fase do Júri, entretanto, os memoriais, 
podem ser apresentados por negativa geral quando se percebe que o cenário não é 
favorável à defesa e o advogado pode reservar os argumentos para apresentar 
diretamente aos jurados (estratégia de defesa) – STF HC 103.579. 
MUTATIO LIBELLI E PRIMEIRA FASE:- antes havia divergência. Agora não há mais 
dúvida de sua aplicação (art. 411, §3º). 
-se comprovou um fato na primeira fase não contido na denúncia deverá aditar 
denúncia, etc. 
-denúncia por homicídio simples e comprova-se o motivo torpe (circunstância) no 
curso da 1ª fase 
 § 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de 
acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a 
apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir 
a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a 
requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. 
 
ALEGAÇÕES FINAIS NO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI: segundo o 
posicionamento do STJ, a apresentação das ALEGAÇÕES FINAIS é FACULTATIVA 
nos processos de competência do tribunal do júri, uma vez que não há 
JULGAMENTO DO MÉRITO com a SENTENÇA DE PRONÚNCIA, mas mero JUÍZO 
DE ADMISSIBILIDADE da acusação formulada. 
III. Autos conclusos ao juiz para proferir decisão no prazo de 10 dias se ele não se 
sentir a vontade de julgar na própria audiência ou quando os debates orais forem 
substituídos por memoriais (art. 411, §9º, CPP) 
§ 9o Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) 
dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. 
 
OBS. O CPP alberga ao juiz quatro decisões possíveis em razão das 
circunstâncias do caso concreto. Vejamos: 
 
 
 
1ª DECISÃO – Pronúncia 
 
 = Indícios de autoria + prova da materialidade. 
 
I. Conceito (Frederico Marques) 
É a decisão interlocutória mista não terminativa, que encerra a primeira fase 
do Júri, com a remessa do réu ao jurado. 
 
II. Natureza jurídica 
Uma decisão interlocutória (integra a estrutura do processo e possui conteúdo 
decisório. Não julga o mérito), mista (conclui uma etapa procedimental) e não 
terminativa (não encerra o processo). 
A sentença de pronúncia não faz coisa julgada, mas sim preclusão pro 
judicato. Depois dessa preclusão só pode ser modificada por causa superveniente 
que altere a classificação do crime (principio da Imodificabilidade da pronúncia). 
 
III. Pressupostos 
- Convencimento quanto à materialidade (juízo de certeza) 
- Verossimilhança quanto à autoria (juízo de probabilidade) 
ADVERTÊNCIA: quanto à autoria, a pronúncia é pautada no princípio do in 
dubio pro sociedade, afinal bastam meros indícios. Entretanto, quanto à 
materialidade, a pronúncia é pauta no in dubio pro reo, exigindo-se a certeza da 
existência do crime (STF HC 81646; HC 95068). O in dubio pro sociedade é 
construção doutrinária e jurisprudencial e o pro réu é legal. Na dúvida, deve 
pronunciar. 
 
IV. Conteúdo 
Continuação de pronúncia 
 
IV. Conteúdo 
A) Positivo (deve ter) 
 Indícios de autoria 
 Prova da materialidade 
 Qualificadoras 
Pode afastar qualificadora quando tiver certeza do seu descabimento. 
Não basta apontar a qualificadora. É necessário dizer qual seria o motivo fútil, 
por exemplo. 
 Causas de aumento de pena 
Somente aquelas da parte especial. 
 
#OUSESABER 
Na decisão da pronúncia, devem constar todas as causas de aumento 
de pena? 
O art.413, parágrafo primeiro, do CPP, dispõe que a pronúncia fará 
referência às causa de aumento de pena, sem fazer qualquer distinção se isso 
abrange as previstas na parte geral e especial. No entanto, prevalece na doutrina 
e jurisprudência que só devem constar na pronúncia aquelas inseridas na parte 
especial do Código Penal, já que as que constam na parte geral não integram o 
tipo penal (básico ou derivado), tendo como objetivo auxiliar o juiz na fixação da 
pena, a exemplo do crime continuado 
 
 Omissão penalmente relevante (art. 13, §2º CP – dever de agir). 
 Tese da tentativa (art. 14, II CP). 
 Concurso de pessoas 
Esses três últimos são tipos penais por extensão. Envolvem a tipicidade e não 
a dosimetria, por isso devem ser suscitados. 
 
B) Negativo (não pode ter) 
 Causas de diminuição de pena 
Art. 7º da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal. Impossível, 
portanto, pronunciar o acusado pelo homicídio privilegiado. 
 Agravantes 
 Atenuantes 
 A tese quanto à eventual concurso de crimes 
ADVERTÊNCIA: Essa matéria será objeto da futura sentença condenatória no 
momento da dosimetria da pena. 
A inclusão de circunstâncias agravantes é ônus do MP quando dos debates orais em 
plenário. 
 
V. Fundamentação da pronúncia e postura do juiz. 
 
A decisão de pronúncia deve estar adequadamente motivada diante do lastro 
probatório existente, conectado ao conteúdo positivo que ele deve valorar. Art. 93, IX 
CF. Entretanto, não pode o juiz antecipar juízo de culpa ou afastar 
peremptoriamente as testes de defesa, pois estará influenciando a cognição dos 
jurados, que receberão uma cópia da
pronúncia (art. 472, parágrafo único). 
 
Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com 
ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: (Redação dada pela 
Lei nº 11.689, de 2008) 
 Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a 
proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça. 
 Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão: 
 Assim o prometo. 
 Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se 
for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do 
relatório do processo.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Se o juiz transbordar os seus limites, este fenômeno é conhecido como 
ELOQUÊNCIA ACUSATÓRIA (caiu na Magistratura Federal) e as consequências 
dependerão da posição adotada: 
 STJ – minoritária – a eloquência acusatória não gera nulidade processual, 
bastando o desentranhamento da pronúncia, para que os jurados não sejam 
contaminados. Resp. 982.033 
 STF – MAJORITÁRIA – leva à nulidade da decisão de pronúncia e o 
processo deve ser baixado para que o juiz profira uma nova decisão com a 
reconstrução do feito a partir do vício. HC 103.037 
 
PRONÚNCIA E EXCESSO DE LINGUAGEM 
 
- O juiz não deve tecer valorações subjetivas em prol ou contra uma ou outra 
parte. 
-finalidade? Não influenciar o julgamento dos jurados. Os jurados recebem 
cópia da pronúncia. 
-e as teses defensivas? Juiz deve ser expresso para afastar as teses 
defensivas. Caso contrário ocorreria violação ao princípio da motivação. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A sentença de pronúncia deve ser 
fundamentada. No entanto, é necessário que o juiz utilize as palavras com 
moderação, ou seja, valendo-se de termos sóbrios e comedidos, a fim de se evitar 
que fique demonstrado na decisão que ele acredita firmemente que o réu é culpado 
pelo crime. Se o magistrado exagera nas palavras utilizadas na sentença de 
pronúncia, dizemos que houve um “excesso de linguagem”, também chamado de 
“eloquência acusatória”. O excesso de linguagem é proibido porque o CPP afirma 
que os jurados irão receber uma cópia da sentença de pronúncia e das decisões 
posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo (art. 472, 
parágrafo único). Assim, se o juiz se excede nos argumentos empregados na 
sentença de pronúncia, o jurado irá ler essa decisão e certamente será influenciado 
pela opinião do magistrado. Havendo excesso de linguagem, o que o Tribunal 
deve fazer? Deverá ANULAR a sentença de pronúncia e os consecutivos atos 
processuais, determinando-se que outra seja prolatada. Em vez de anular, o 
Tribunal pode apenas determinar que a sentença seja desentranhada (retirada do 
processo) ou seja envelopada (isolada)? Isso já não seria suficiente, com base no 
princípio da economia processual? NÃO. Não basta o desentranhamento e 
envelopamento. É necessário anular a sentença e determinar que outra seja 
prolatada. Isso porque, como já dito acima, a lei determina que a sentença de 
pronúncia seja distribuída aos jurados. Logo, não há como desentranhar a decisão, 
já que uma cópia dela deverá ser entregue aos jurados. Se essa cópia não for 
entregue, estará sendo descumprido o art. 472, parágrafo único, do CPP. STJ. 6ª 
Turma. AgRg no REsp 1.442.002-AL, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
28/4/2015 (Info 561). 
 
VI. Crimes conexos 
 
Se, eventualmente, o crime doloso contra a vida é conexo a um crime comum, 
segundo NUCCI (MAJORITÁRIA), a pronúncia de um importa por arrastamento na 
pronúncia dos conexos, independente da análise do lastro probatório, em fenômeno 
jurídico conhecido como Eficácia Objetiva da Pronúncia. Nestor discorda. O juiz se 
limitará a os declarar levados ao júri, desde que vislumbre suporte material mínimo. 
 
VII. Descoberta eventual de novos infratores 
Deve o juiz, após pronunciar ou impronunciar o réu, abrir vistas ao MP para 
que adote as providências que entender adequadas (art. 417 CPP). Nesse caso, o 
promotor poderá aditar a denúncia ou deflagrar um novo processo, se o processo 
original já estiver em estágio avançado, o que poderia ocasionar tumulto 
procedimental. 
ADVERTÊNCIAS: melhor seria que essa abertura de vistas ocorresse antes 
da decisão para que o processo seja sincronizado, se o promotor optar por aditar a 
denúncia. 
Tem que ser antes. Não poderia haver aditamento após a preclusão da 
pronúncia. 
Há possibilidade de correção da pronúncia. Trata-se de nova decisão de 
pronúncia. Exarada em razão de circunstância ulterior que altere a classificação 
do crime. Ex: denúncia por tentativa de homicídio cuja vítima vem a óbito após 
a decisão de pronúncia. O juiz ordenará a REMESSA AO MP para ADITAMENTO 
e depois para a defesa. Em seguida, é proferida nova pronúncia. Ver artigo 421, 
§1º, do CPP. – MUTATIO. Nova instrução tb. 
Se a morte ocorrer no dia do júri – dissolve conselho e volta para a pronúncia. 
Se a morte for depois do trânsito em julgado da sentença do júri – já era. 
 
Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de participação de outras pessoas não 
incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará 
o retorno dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que 
couber, o art. 80 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da 
acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. (Redação dada pela 
Lei nº 11.689, de 2008) 
VIII. Sistema recursal 
Decisão interlocutória mista não terminativa – RESE. 
-RESE permite a retratação (efeito iterativo). 
-confirmação da pronúncia: interrompe prescrição novamente (art. 117, 
III, CP) 
Art. 581, IV. 
 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
 I - que não receber a denúncia ou a queixa; 
 II - que concluir pela incompetência do juízo; 
 III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
 IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
No momento da intimação pessoal do acusado acerca de sentença condenatória ou 
de pronúncia, a não apresentação do termo de recurso ou de renúncia não gera 
nulidade do ato. Essa exigência não está prescrita em lei, de modo que a sua 
ausência não pode ser invocada como hábil a anular o ato de intimação. Dessa 
forma, a ausência desse documento não é causa de nulidade, especialmente 
quando há advogado constituído que, embora regularmente cientificado, não 
interpôs o recurso voluntário. STJ. 5ª Turma. RHC 61.365-SP, Rel. Min. Felix 
Fischer, julgado em 3/3/2016 (Info 579). 
 
 
IX. Situação prisional 
 
Até 2008, na pronúncia o juiz deveria analisar se o réu era reincidente ou 
tinha maus antecedentes. Se ele fosse, haveria a determinação de prisão decorrente 
da pronúncia. Maus antecedentes e reincidência não são fundamentos 
constitucionais para o cárcere, sendo, por isso, objeto de reforma. 
 
Atualmente, reincidência e maus antecedentes não mais justificam o cárcere 
no momento da pronúncia, de forma que está sepultada a prisão decorrente de 
pronúncia. E agora como fica? 
 Se a pessoa está solta, no momento da pronúncia, só será presa se 
presentes os requisitos da prisão preventiva. 
 Se o réu está preso, no momento da pronúncia, o juiz deve fundamentar o 
porquê da manutenção da prisãoEpor que não cabe liberdade provisória. É 
uma prestação de contas por parte do juiz. 
 
X. Efeitos da pronúncia 
 
AFASTA ALEGAÇÃO DE EXCESSO PRAZO (STJ, 21) Súmula 21 STJ: 
Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por 
excesso de prazo na instrução. 
 
a) Submissão do
réu ao plenário do Júri 
b) Imprime os limites da acusação em plenário 
O Júri é uma caixinha de surpresas? Em partes. A pronúncia limita o teor 
acusatório, mas nunca as teses da defesa. 
 
Obs. para a doutrina, a imposição de limites caracteriza o princípio da 
correlação entre a pronúncia e os quesitos que serão formulados aos jurados. 
 
Obs2. A pronúncia não limita eventuais teses de defesa. 
As agravantes podem ser levadas a Plenário mesmo que não estejam na 
pronúncia. Elas não influenciam nos limites mínimos e máximos abstratos da pena. 
c) Preclusão das nulidades relativas ocorridas na primeira fase do Júri 
As partes poderão suscitar as nulidades relativas ocorridas na primeira fase 
até antes da preclusão da decisão de pronúncia, ou seja, o último momento é no 
recurso cabível contra ela (RESE). 
 
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, 
considerar-se-ão sanadas: 
 I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no 
artigo anterior; 
 II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim; 
 III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. 
d) Interrupção da prescrição 
Mesmo que depois o crime seja desclassificado em plenário – STJ. 
STJ Súmula 191 – a pronúncia é causa interruptivaainda que o Tribunal do 
Júri venha desclassificar o crime. 
e) Princípio da correlação 
E.1. Conceito: por ele reconhecemos que os limites da pronúncia são 
estabelecidos na inicial acusatória, já que o juiz não poderá julgar extra, ultra ou citra 
petita. Denúncia está correlata à pronúncia, que vincula os argumentos da acusação 
em Plenário. 
E.2. Institutos correlatos 
- Emendatio libelli (VAI CAIR!) 
Por esse instituto, o juiz na pronúncia, sem nenhuma formalidade prévia (ouvir 
promotor ou defesa), promoverá, na pronúncia, o enquadramento nos artigos de lei 
adequados, em razão de eventuais equívocos existentes na inicial acusatória. Art. 
383 CPP 
 
 Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, 
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de 
aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade 
de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com 
o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão 
encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
Ex. Na denúncia o promotor narra o infanticídio e enquadra como homicídio 
qualificado. 
O juiz pode promover a correção no momento que recebe a denúncia? NÃO! 
Quem tem poder para enquadrar no artigo de lei correto no momento da deflagração 
da denúncia é o promotor (sistema acusatório). A capitulação errada não torna a 
denúncia inepta. Nesse momento a capitulação não é importante. 
O juiz pode promover a correção na pronúncia, ficando comprovado que o 
caso é de infanticídio? SIM! O juiz vai pronunciar a ré pelo fato e não pela 
capitulação. Para isso o juiz não precisa ouvir nem acusação nem a defesa. 
EMENDATIO LIBELLI. 
 
- Mutatio Libelli 
É o instituto que permite uma readequação da imputação quando a instrução 
revela que osfatos realmente ocorridos são distintos dos narrados na inicial, sendo 
que as partes irão se manifestar para que só então o juiz possa pronunciar o réu. 
 
CONCLUSÃO: Percebe-se que o juiz não poderá reconhecer qualificadoras 
ou causas de aumento, que não tenham sido narradas (os fato, pois pode dar 
capitulação diversa) na denúncia, sem antes aplicar o art. 384. 
 
OBS. E se o Promotor narrou uma qualificadora que não ficou demonstrada 
na primeira fase do procedimento do Júri? Não havendo lastro probatório dando 
sustentabilidade à qualificadora, o juiz vai desqualificar(juízo de certeza de que não 
há a qualificadora) o crime, pronunciando o réu pelo tipo penal simples. Havendo 
manifesta improcedência da qualificadora ou da causa de aumento narradas na 
denúncia, por absoluta inexistência de lastro probatório, resta ao juiz afastá-las no 
momento da pronúncia. 
O afastamento de qualificadora caracteriza o que conhecemos por 
desqualificação! 
 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição 
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou 
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público 
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude 
desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a 
termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
 § 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o 
art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o 
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora 
para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo 
interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela 
Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste 
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) 
testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos 
termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 
Já se os fatos narrados forem distintos dos apurados na instrução, deve o juiz valer-
se da mutatio libelli, abrindo vista ao MP para emendar e a defesa se defender (3 
testemunhas pra cada). 
 
 
2ª DECISÃO: IMPRONÚNCIA 
 
Juízo negativo de admissibilidade da acusação. 
 
I. Conceito 
É a decisão que encerra a primeira fase de júri SEM JULGAMENTO DE 
MÉRITO, por ausência de lastro probatório que viabilize a remessa do réu aos 
jurados. 
Pressupostos: não se convencer da materialidade ou de indícios 
suficientes de autoria (antes falava-se em existência do crime) 
 
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios 
suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará 
o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser 
formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. (Incluído pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
 
II. Natureza jurídica 
Com o advento da Lei 11.689/08, a impronúncia ganhou o status de sentença, 
tendo aptidão estrita à coisa julgada formal. 
 
III. Definitividade 
A impronúncia não é apta à imutabilidade pela coisa julgada material, tanto 
que se surgirem novas provas (requisito objetivo), enquanto o crime não estiver 
prescrito, o MP terá aptidão para oferecer uma nova denúncia. 
Coisa julgada secundum eventuslittis. 
Paulo Rangel diz que a impronúncia é inconstitucional. 
CONCLUSÕES: 
- Nada impede que a nova denúncia se faça acompanhar pelos autos do 
processo anterior que tinha sido extinto. 
- Percebe-se que a impronúncia segue a cláusula rebus sic stantibus 
- Classificação da prova nova: 
 Prova substancialmente nova: é a prova inédita, até então 
desconhecida. Pode ser uma prova que surgiu há muito tempo, 
mas que só foi conhecida agora. O momento de ciência é o que 
importa. 
 Prova formalmente nova: é aquela que já existia nos autos, mas 
ganhou uma nova versão. Ex. testemunha que muda o 
depoimento.
IV. Sistema recursal 
Antes de 2008 era RESE. Agora é apelação, que está desprovida de efeito 
suspensivo, o que significa dizer que se o réu estava preso, ele será imediatamente 
libertado. 
Não há recurso de ofício. 
Quando impronuncia o réu já expede alvará de soltura, que não será 
suspenso pelo recurso do MP. 
 
OBS. legitimidade para apelar. 
 MP 
 Querelante 
 Assistente de acusação – legitimidade subsidiária (se MP não 
recorrer). 
 Defesa – pleiteando absolvição sumária 
 
*Durante os debates no Plenário do Tribunal do Júri, o Promotor de Justiça pediu a 
absolvição do réu, tendo ele sido absolvido pelos jurados. O assistente de acusação, 
que intervinha no processo, tem legitimidade para recorrer contra essa decisão? 
SIM. O assistente de acusação possui legitimidade para interpor recurso de 
apelação, em caráter supletivo, nos termos do art. 598 do CPP, ainda que o 
Ministério Público tenha requerido a absolvição do réu. STJ. 6ª Turma. REsp 
1.451.720-SP, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Nefi 
Cordeiro, julgado em 28/4/2015 (Info 564). 
 
DIREITO INTERTEMPORAL E RECURSO CABÍVEL OBS: A lei que se aplica ao 
recurso é a lei em vigor quando surge o direito de recorrer. 
-depende da data em que foi prolatada a decisão: 
– RSE. 
– APELAÇÃO. 
 
V. Institutos jurídicos essenciais. 
 
a) Despronúncia 
É a obtenção da impronúncia, por meio da reversão da decisão de pronúncia, 
em virtude do recurso em sentido estrito apresentado. Ex.: retratação do juiz; 
provimento do RESE interposto contra a pronúncia. 
 
b) Absolvição de instância 
É um efeito da impronúncia. Significa que a decisão livra o agente daquele 
processo, mas não impede um novo processo se surgirem novas provas. 
Obs. crimes conexos –juízo competente. 
 
 
3ª DECISÃO: ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA 
 
Certeza da inocência do agente. Permite que o magistrado antecipe o mérito. 
 
I. Conceito 
É a sentença que põe fim ao processo com julgamento de mérito, em virtude 
de cognição exauriente, certificando a inocência do réu, sem a necessidade de 
submetê-los aos jurados. 
 
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, 
quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
 II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
 III – o fato não constituir infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.689, 
de 2008) ex.: demonstração de que a arma era um instrumento absolutamente 
ineficaz. 
 IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do 
crime. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao 
caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese 
defensiva. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
II. Natureza Jurídica 
Sentença absolutória com aptidão à imutabilidade, pela coisa julgada material. 
 
III. Compatibilidade com a competência constitucional do Júri 
A CF atribui competência ao Júri e a lei ordinária diminui essa competência? 
Segundo NUCCI, o art. 415 CPP é compatível com o art. 5º, XXXVIII da CF/88, que 
assegura a competência do Júri. Afinal só há razão de remessa aos jurados, se 
antes de não detectarmos a evidência da inocência. Há um aspecto hermenêutico 
anterior – evidência de inocência prévia. 
 
IV. Hipóteses 
Antes: somente quando houvesse causa excludente da antijuridicidade ou da 
culpabilidade. 
A lei 11.689/08 elasteceu as hipóteses que justificam a absolvição sumária e 
todas elas estão pautadas em juízo de certeza. Vejamos: 
 Negativa de autoria 
 Inexistência do fato 
 Excludente de tipicidade 
 Excludente de ilicitude 
 Excludente de culpabilidade 
 
Obs.: a inimputabilidade por doença mental só justifica a absolvição sumária 
se for a única tese de defesa – absolvição sumária imprópria. Parágrafo único. Não 
se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade 
prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – 
Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. (Incluído pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
 
ADVERTÊNCIA: Caso contrário, resta ao juiz absolver o réu por um outro 
fundamento apresentado ou pronunciá-lo. 
 
ADVERTÊNCIA: Vale lembrar, que no procedimento comum não existe 
absolvição sumária imprópria, já que o julgamento antecipado do mérito ocorrerá 
antes da instrução. Aqui ocorre após a instrução, havendo possibilidade, desde que 
seja a única tese de defesa, pois perante os jurados é possível que a tese mais 
benéfica prevaleça. 
 
ADVERTÊNCIA: O STJ em recente decisão concluiu que não há obstáculo à 
absolvição sumária imprópria se as demais teses de defesa não possuírem qualquer 
consistência, sendo mero argumento de poder. Informativo 535 STJ. Atente para o 
fato de que o STJ não ignorou a regra do parágrafo único do art. 415 do CPP. O que 
os Ministros concluíram é que, nesse caso concreto, como a argumentação de 
ausência de dolo foi feita de modo genérico, ela nem poderia ser levada em 
consideração. 
 
 
Semi-imputabilidade – pronúncia.Causa de diminuição de pena ou substitui 
pena por medida de segurança. – sistema vicariante. 
 
V. Hermenêutica 
- As hipóteses de extinção da punibilidade contempladas no art. 397 CPP 
como fundamento de absolvição sumária no procedimento comum não foram 
trazidas pelo art. 415 CPP (Júri), já que de acordo com o art. 61 são cognoscíveis a 
qualquer tempo e, tecnicamente, não reconhecem a inocência. O 397 estava errado. 
(Significa que no procedimento do Júri o legislador trabalhou com melhor técnica, 
não elegendo a “extinção da punibilidade” como fundamento da absolvição sumária). 
Até porque a extinção de punibilidade gera sentença declaratória e não absolutória. 
 
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a 
punibilidade, deverá declará-lo de ofício. 
 Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante 
ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o 
julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferindo a 
decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença 
final. 
 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste 
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação 
dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela 
Lei nº 11.719, de 2008). 
 II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, 
salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei 
nº 11.719, de 2008). 
 IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
- As três novas hipóteses de absolvição sumária (inexistência de fato, de 
crime ou ausência de autoria), antes da reforma, justificavam a impronúncia e, 
segundo a doutrina, caracterizavam situação excepcional onde a impronúncia fazia 
coisa julgada material. Atualmente, isso não mais existe 
. 
O QUE FAZER COM O CRIME CONEXO? 
-não se aplica a perpetuatio jurisdicionis. [trata-se de uma exceção] [a 
regra seria aplicar (ex.: crime federal + crime estadual. Se o juiz federal desclassifica 
o crime da sua competência, mesmo assim julga ambos)] 
 -absolveu o crime doloso contra a vida, não julga o crime conexo. [art.
81, parágrafo único, CPP] 
 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que 
no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença 
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua 
competência, continuará competente em relação aos demais processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou 
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou 
absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o 
processo ao juízo competente. 
 
VI. Sistema recursal 
Impugnável mediante apelação. Este recurso não possui efeito suspensivo, 
de forma que se o réu estava preso, será imediatamente liberado. O recurso 
ministerial não tem o condão de inviabilizar a imediata liberação do réu. 
 
Obs. legitimidade: poderão recorrer o MP, o querelante (subsidiária da 
pública), o assistente de acusação (recurso supletivo – o assistente só pode recorrer 
se o promotor não o fizer), a defesa. CONCLUSÃO: a defesa tem interesse recursal 
quando o juiz absolve sumariamente e aplica medida de segurança, sem amparo 
legal, ou para discutir um fundamento da absolvição, almejando impedir uma 
eventual ação civil ex delicto. Imagine que o juiz absolve sumariamente dizendo que 
o fato não existiu, não seria possível a ação civil ex delicto. Ex. excludente de 
culpabilidade não faz coisa julgada no cível. Excludente de ilicitude faz. 
 
Obs. Recurso ex officio – atualmente para a doutrina majoritária, em razão da 
nova redação do art. 415 CPP, proposta pela lei 11.689/08, não mais existe recurso 
de ofício contra a absolvição sumária, por desejo do legislador. ADVERTÊNCIA – 
para essa corrente o art. 574, II, prevendo recurso de ofício da absolvição sumária 
encontra-se tacitamente revogado, de forma que nas outras hipóteses seria cabível 
o recurso de ofício. CRÍTICA: melhor seria a discussão constitucional do recurso de 
ofício, dentro da violação ao sistema acusatório e da não recepção de todo o artigo 
574 do CPP pela CF. 
 
Dúvidas quanto à necessidade de reexame necessário. A previsão do reexame 
necessário do art. 411 foi revogada, mas permanece a do art. 574, II. 
Majoritariamente, tem-se entendido que não mais existiria tal recurso, por força da 
Lei 11.689/08. 
 
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que 
deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: 
 I - da sentença que conceder habeas corpus; 
 II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de 
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411. 
 
 
4ª DECISÃO – Desclassificação 
 
Princípio da livre dicção do juiz – narra-me o fato e te darei o direito. 
 
I. Conceito 
É a decisão interlocutória mista não terminativa, que encerra a primeira fase 
do júri com a remessa dos auto ao juízo competente aguarda a preclusão (5 dias) e 
remete o processo para o juiz competente, por não se tratar de delito da esfera 
dos jurados. Ausência de dolo de matar. Ele pode ter tido dolo de intimidar, de 
lesionar, de ameaçar. 
-juiz só deve desclassificar se for inequívoca tal situação. Na dúvida quanto à 
classificação do crime, deve pronunciar. 
Caso do índio Pataxó – juíza tinha desclassificado. MP interpôs RSE que foi julgado 
procedente. 
- juiz não deve retificar o tipo, mas apenas dizer que não se trata de crime doloso 
contra a vida. 
Obs. o juiz deve apenas dizer que não é caso de crime doloso contra a vida, 
abstendo-se de capitular o crime corretamente, a fim de não invadir a competência 
do juiz natural da causa, para onde os autos serão remetidos, salvo se essencial 
para a determinação do juízo competente, quando essa capitulação será meramente 
provisória (STF afirma essa não vinculação). 
 
Obs: Quando a desclassificação é feita pelo tribunal do Júri, o juiz presidente julgará 
todos os crimes, aproveitando a instrução. 
Se houver desclassificação imprópria (homicídio – infanticídio) o júri julga todos – 
aqui ele vai pronunciar. 
 
Obs. não confundir com a desqualificação – quando o juiz pronuncia, mas retira uma 
qualificadora. 
 
Obs. STJ – cabe ao Tribunal do Júri, pelo princípio do juiz natural, promover a 
desclassificação de delito de homicídio doloso para o crime de embriaguez ao 
volante (culposo) previsto no art. 302 CTB. 
OBS. promovida a desclassificação, os autos serão remetidos ao juízo 
competente, de acordo com a respectiva lei de organização judiciária e que poderá 
ser até mesmo o órgão que promoveu a desclassificação. Deve ser renovada a 
instrução, oportunizando-se debates orais, para que só então a sentença, em que 
pese a injustificável omissão da lei quanto ao procedimento a ser adotado. Até em 
homenagem à identidade física do juiz. 
 
II. Sistema recursal: RESE. 
 
Acusado também? SIM, desde que demonstre que pretende a pronúncia 
(caso de ser desclassificado para delito mais grave ou mesma prefira ser julgado por 
seus pares) e não a Absolvição sumária. 
 
Assistente de acusação também? Polêmico. 
 Não: não há interesse, pois apenas busca uma sentença condenatória para 
poder executar no cível. 
 Sim: também tem interesse numa condenação justa e proporcional. Pode 
querer que o julgamento seja feito pelo Júri. PREVALECE – NOVA VISÃO DO 
ASSISTENTE. 
 
Obs. ATENÇÃO - Decisão de desclassificação – RESE – retratação do juiz 
(pronuncia o acusado) – RESE por simples petição - Tribunal. 
 
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, 
que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando 
instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários. 
 Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por 
simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo 
mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, 
subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado. 
 
III. Sistema prisional 
Promovida a desclassificação, o réu preso ficará a disposição do juízo 
competente, que DEVERÁ, fundamentadamente, manter a preventiva, relaxar a 
prisão ou conceder liberdade provisória, assim que receber o processo. A 
manutenção do cárcere depende de decisão da autoridade competente – o primeiro 
magistrado não é mais. 
V. Conflito negativo de competência. 
 
Eventualmente, o magistrado que recebe os autos, pode intimamente 
discordar da desclassificação subsistindo as seguintes posições quanto a viabilidade 
ou não de ser invocado conflito negativo de competência: 
 
1. O órgão que recebeu os autos não poderá invocar o conflito negativo, pois 
a matéria já está preclusa. HidejalmaMúccio – minoritária. 
 
2. Se foi apresentado recurso em sentido estrito para impugnar a 
desclassificação, o Tribunal já se manifestou quanto ao órgão competente para 
julgar o processo para admissão do conflito negativo de competência. Se ninguém 
recorreu da decisão desclassificatória nada impede que o conflito seja levantado, já 
que o Tribunal estará apreciando o tema pela primeira vez. Nucci. JÁ CAIU EM 
PROVA. Ela coexiste majoritariamente com a 3ª posição. 
 
3. O conflito poderá ser suscitado sempre, afinal a matéria é de competência 
de natureza absoluta e, além disso, o órgão do Tribunal que julga o RESE da 
desclassificação normalmente é distinto daquele que irá julgar o conflito negativo de 
competência. Ada Pellegrini – MAJORITÁRIA 
Obs. em se tratando de competências absolutas diferentes. Ex. militar x 
comum. O juiz que recebe pode decidir de qualquer maneira. 
 
ADVERTÊNCIA: existência de crimes conexos. 
- Pronúncia: a infração conexa também será remetida ao Júri. 
- Impronúncia:
remete o conexo ao juízo competente. Art. 81, parágrafo único, 
CPP. 
 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que 
no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença 
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua 
competência, continuará competente em relação aos demais processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou 
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o 
acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo 
competente. 
 
- Absolvição sumária: remete o conexo ao juízo competente. 
- Desclassificação: remessa do crime desclassificado e do conexo ao juízo 
competente. 
 
CONCLUSÃO: para o crime conexo, não haverá a perpetuação da jurisdição, 
já que ao invés da imediata cognição, ele será remetido ao órgão competente.

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