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GINECOLOGIA Alterações funcionais do ciclo menstrual . DISMENORRÉIA . ● Menstruação dolorosa: presença de cólica menstrual. ● Começa com o fluxo menstrual, podendo estender-se por todo o período menstrual. ● 50 a 70% das mulheres apresentam cólicas menstruais. ● 10% sofrem limitações em suas atividades de rotina. ● A etiologia da dismenorréia primária foi assunto intrigante por vários séculos. ● Ela gera, por antecipação, uma ansiedade relacionada ao período menstrual e por isso frequentemente é abordada junto com a síndrome da tensão pré-menstrual (TPM). CLASSIFICAÇÃO: ● PRIMÁRIA: dores menstruais não causadas por doenças. ● SECUNDÁRIA: dores menstruais que são consequentes de enfermidades do trato genital. . DISMENORRÉIA PRIMÁRIA . ● Também chamada de funcional, por não ter causa orgânica aparente. ● É mais comum na adolescência. ● Tem início cerca de 1 a 3 anos após a menarca. ● Geralmente associada a ciclos ovulatórios. QUADRO CLÍNICO: ● Dor leve a intensa suprapúbica, de caráter espasmódico. ● Início entre 1 a 4 horas após o fluxo menstrual e dura cerca de 24 a 48 horas. ● Irradiação para a região lombo-sacral (costas ou coxas). ● Possíveis sintomas gastrointestinais associados: náuseas, vômitos e diarréia. ● Possíveis sintomas vasculares associados: cefaléia, fadiga, irritabilidade e lipotimia (pré-síncope). FISIOPATOLOGIA: ● Mulheres com dismenorreia apresentam níveis elevados de PGF2alfa (prostaglandina F2-alfa) no fluído menstrual ⇒ grande quantidade de prostaglandinas nas primeiras 48h do fluxo menstrual. ● Admite-se que a dor resulte de isquemia e contrações uterinas prolongadas, provavelmente mediadas por essas prostaglandinas, que são potentes estimulantes e vasoconstritores do miométrio. ● A dismenorreia primária tem uma boa resposta com o uso de AINEs. ● Tem-se, basicamente, a partir da desestabilização das células endometriais, a ativação da fosfolipase A2 e a ativação da cascata do ácido araquidônico, que originará tromboxanos, prostaciclinas e leucotrienos. ● Em relação a dismenorréia primária, a presença intensa de prostaglandinas E2 e F2-alfa é o principal causador de: ○ Contração miometrial ○ Vasoconstrição ○ Ativação do sistema de coagulação ○ Contração de musculatura lisa do estômago, do miométrio e dos vasos. . DISMENORRÉIA SECUNDÁRIA . ● Quase qualquer anormalidade ou processo que pode afetar as vísceras pélvicas pode causar dismenorreia. ● É decorrente de enfermidades orgânicas, como leiomiomas, pólipos, endometriose, DIP, aderências, distopias uterinas e malformações. ● É mais comum no menacme e não está tão associada a mulheres muito jovens que estão nos primeiros anos após a menarca. ● Miomas, sobretudo os submucosos, são frequentes causas de dismenorréia secundária. ● Adenomioses e endometriose também estão entre as causas mais frequentes desse quadro. ● Dispositivos intrauterinos (DIUs) também podem ser causadores de cólicas intensas. ● DIUs liberadores de levonorgestrel causam menos cólicas do que DIUs liberadores de cobre. . CONDUTA . ● Caracterizar o tipo de dismenorréia: primária ou secundária. ● Estabelecer parâmetros para a avaliação da dor: ○ Leve: sem necessidade de medicação; ○ Moderada: necessita medicação mas não afasta das atividades; ○ Acentuada: afasta das atividades mesmo com medicação. TRATAMENTO: DISMENORRÉIA PRIMÁRIA: ● 1° ESCOLHA: anti-inflamatórios não esteroidais (AINES). ● Naproxeno, Ibuprofeno, Ácido mefenâmico, Piroxican e Inibidores da Cox2 (mais caro). ● Se a resposta apresentar-se insuficiente ⇒ ajustar a dose ou trocar de anti-inflamatório. ● Os AINES são capazes de limitar a cascata do ácido araquidônico e a formação das prostaglandinas ⇒ reduz os efeitos de contração da musculatura lisa e de vasos. ● 2° ESCOLHA: contraceptivos hormonais orais (CHO) cíclicos. ● Se não houver resultado, pode associar ao uso de AINES quando necessário. ● 3° ESCOLHA: contraceptivos hormonais orais de uso contínuo. ● Fazendo o uso contínuo e estabelecendo um tempo controlado de amenorréia: em alguns casos estabelece-se 2, 4 menstruações por ano. ● É comum que após alguns meses de uso contínuo, a paciente ainda assim venha a sangrar ⇒ observar esse tempo e determinar um período adequado de amenorréia. DISMENORREIA SECUNDÁRIA: ● No caso de falha desses tratamentos, é importante investigar causas secundárias para buscar motivos orgânicos e tratá-los. ● Trata-se especificamente a causa que está sendo associada a dismenorréia secundária. . SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL . ● TPM (TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL): 80% das mulheres em idade reprodutiva apresentam algum sintoma pré-menstrual, que não interfere no seu cotidiano. ● Os sintomas podem ser diferentes a cada mês e muitas vezes nem são percebidos. ● SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL: 25 a 45% apresentam interferência moderada nas suas atividades cotidianas devido a sintomas pré-menstruais. ● Os sintomas são percebidos, muitas vezes pode ser mais de um sintoma. ● Mudança de humor não é pré-requisito. ● SÍNDROME DISFÓRICA PRÉ-MENSTRUAL: 3 a 8% das mulheres têm grande interferência no seu cotidiano como consequência dos sintomas pré-menstruais intensos. ● Necessário a presença de no mínimo 5 sintomas e 1 deles obrigatoriamente comportamental (depressão, ansiedade, irritabilidade, agressividades, etc). ● Importante afastar condições psicológicas pré-existentes. SINTOMAS: ● Mais de 150 sintomas pré-menstruais são descritos atualmente. ○ Mastalgia: dor nas mamas ○ Distensão abdominal ○ Cefaléia: dor de cabeça ○ Alterações gastrintestinais: diarréias ou constipação. ○ Fogachos: ondas de calor ○ Palpitações ○ Vertigens ○ Preferência por doces: chocolates ○ Irritabilidade e agressividade ○ Depressão ○ Fadiga ○ Humor instável ○ Dificuldade de concentração ○ Distúrbios do sono DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ● Hipotireoidismo ● Sintomas do climatério ● Pacientes em uso de hormônios: contraceptivos hormonais orais e terapias de reposição hormonal. ● Abuso de substâncias (estimulantes e depressores do SNC. ● Desordens psiquiátricas existentes HIPÓTESES SOBRE A ETIOLOGIA: ● Alterações na relação estrogênio/progesterona; ● Aumento dos níveis de prolactina; ● Aumento da atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona; ● Aumento da atividade adrenal ● Diminuição dos níveis de endorfinas endógenas; ● Hipoglicemia subclínica; ● Deficiências vitamínicas; ● Impactos dos hormônios ovarianos sobre os neurotransmissores do SNC: alteração na sensibilidade dos neurotransmissores aos esteróides sexuais circulantes. ○ Essa teoria surgiu porque diante das diversas tentativas de tratamento, alguns agentes com ação nas serotoninas alteraram a síntese de neuroesteróides centrais e apresentaram resultados positivos na terapêutica direcionada à Síndrome Disfórica Pré- menstrual (SDPM). . CONDUTA . ● Avaliar a frequência e a intensidade dos sintomas para caracterizar a síndrome pré–menstrual ou síndrome disfórica. ● Afastar doenças que simulem ou piorem os sintomas pré menstruais. ● Fazer o diagnóstico diferencial entre Distúrbio disfórico (presença obrigatória de sintomas afetivos + 4 sintomas gerais) da Tensão pré menstrual (sintomas variáveis). ● Orientações gerais: Incentivar a prática de exercícios e psicoterapia de apoio, orientar para reduzir o consumo de sal, café e outros alimentos estimulantes durante o período pré-menstrual. TERAPIA FARMACOLÓGICA: Alívio dos sintomas físicos: ● Contraceptivos hormonais orais (CHO) ⇒ controlam e modificam os ciclos ● Diuréticos: eliminar a retenção de líquidos ⇒ inchaço abdominal ● Anti-inflamatórios⇒ dor de cabeça Sintomas comportamentais: ● Uso de agentes psicoterápicos (BZD) e inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS): ○ Ansiolíticos benzodiazepínicos ○ Ansiolíticos não benzodiazepínicos ○ ISRS contínua ou somente na fase lútea: citalopram, fluoxetina, sertralina, paroxetina.
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