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BASES FUNDAMENTAIS PARA O EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM II MÓDULO 2 ENFERMAGEM FICHA TÉCNICA Preparação de Conteúdo: Liliane Teodósio, Bruno Costa e Gessildo Barbosa Formatação e Normalização (ABNT): Ediane Souza Revisão Gramatical, Semântica e Estilística: Ediane Souza Capas: Aporte Comunicação Editoração e Revisão Técnica/Final: Ediane Souza Diagramação: Ediane Souza Impressão: Provisual Gráfica e Editora Avenida Conde da Boa Vista, 1209 Soledade – Recife/PE – Brasil CEP: 50.060-000 Telefone: (81) 4062-9222 www.grautecnico.com.br Este material é exclusivo para uso do aluno Grau Técnico. Para dúvidas ou sugestões, envie-nos um e-mail: contato@grautecnico.com.br http://www.grautecnico.com.br/ mailto:contato@grautecnico.com.br ENFERMAGEM MÓDULO 2 5 REGULAMENTO INTERNO – VERSÃO 2020.11 Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a)! Para que possamos desenvolver as atividades de formação técnica, com profissionalismo e excelência, se faz necessário o cumprimento de algumas normas, as quais estão descritas a seguir. 1 MATRÍCULA 1.1 O(a) aluno(a) deverá, no ato da matrícula, fazer a leitura do regulamento interno e do contrato de prestação de serviços com bastante atenção, para que possa conhecer seus direitos e deveres no decorrer do curso. 2 DIAS/HORÁRIOS 2.1 Turmas de segundas, quartas e sextas-feiras, nos turnos da manhã, tarde e noite. 2.2 Turmas de terças e quintas-feiras, nos turnos da manhã, tarde e noite, e aos sábados, pela manhã e tarde. 2.3 A pontualidade e a assiduidade, bem como a postura pessoal serão pontuadas como indicadores do processo de avaliação. Atenção: observe em seu contrato os dias e horários das aulas. 3 ATIVIDADES COMPLEMENTARES 3.1 As atividades extraclasse (palestras, seminários, Visitas Pedagógicas Orientadas (VPOs) serão obrigatórias para o complemento da carga horária, sendo realizadas nos mesmos horários das aulas, em dias alternados ou de acordo com a disponibilidade da escola ou da empresa (no caso das VPOs). 3.2 As visitas pedagógicas orientadas acontecerão de acordo com a disponibilidade da escola e das empresas parceiras. Cabe ao aluno interessado realizar o pagamento da taxa de transporte na secretaria, se houver. 3.3 O uso do fardamento é obrigatório para todas as visitas e aulas práticas (dentro e fora da instituição). 4 CERTIFICAÇÃO 4.1 A frequência nas aulas deve ser igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) em cada disciplina. 4.2 A média em cada disciplina deve ser igual ou superior a 7,0 (sete). 4.3 O(a) aluno(a) que for reprovado(a) em alguma das disciplinas deverá pagar o valor de uma parcela para cursar novamente a disciplina, a fim de obter frequência e nota necessárias para a aprovação e para o recebimento do certificado. 4.4 Estar com todas as parcelas pagas. 4.5 Estar com toda documentação exigida pela Secretaria Estadual de Educação, conforme orientado no ato da matrícula. 4.6 Solicitar, por escrito, a emissão do diploma. O prazo de entrega, após solicitação, será de até 60 (sessenta) dias. 1 O regimento em vigor será sempre a última versão, informada no título deste documento. MÓDULO 2 ENFERMAGEM 6 4.7 Os cursos que possuem estágio obrigatório terão os seus diplomas entregues após o cumprimento da carga horária total, incluindo estágio. 5 REPOSIÇÃO DE AULA 5.1 Em caso de falta justificada, o(a) aluno(a) terá o direito de realizar a aula ou atividade perdida em outra turma, de acordo com a disponibilidade da escola, sem custo adicional. 5.2 A falta só poderá ser justificada perante atestado médico ou documento comprovando o motivo da ausência. 5.3 Em caso de falta sem justificativa, o(a) aluno(a) poderá requerer na secretaria a reposição da aula ou atividade, efetuando o pagamento referente à taxa do serviço. 5.4 Observa-se que a justificativa não anula a falta, apenas faz valer o direito de reposição da aula ou atividade. 6 CONSERVAÇÃO 6.1 No caso de danos ao espaço da escola ou a equipamentos pertencentes à mesma, o(a) aluno(a) ou seu representante legal será responsabilizado pelos gastos com o reparo, bem como, se necessário, submetido(a) às medidas disciplinares, quando for cabível. 6.2 Ao término de cada aula, teórica ou prática, a sala ou laboratório utilizado deverá ser deixado organizado para a próxima turma. 7 SAÚDE E BEM-ESTAR GERAL 7.1 Não será permitida a utilização de aparelhos celulares ou fones de ouvido em salas de aula. 7.2 Não será permitida a permanência de pessoas em salas de aula e dependências internas da escola, a não ser alunos, instrutores ou funcionários em seus respectivos horários. 7.3 Não será permitida a entrada de alimentos ou bebidas nas salas de aula, laboratórios ou biblioteca. 7.4 Deve-se manter a limpeza, organização e conservação da escola como um todo. Devem- se utilizar os cestos de lixo disponibilizados em cada ambiente. 7.5 A escola não se responsabilizará por perdas ou danos de pertences dos alunos. 7.6 É obrigatório tratar os demais alunos, docentes e funcionários com respeito e civilidade, sob pena de aplicação de medida disciplinar de advertência, suspensão ou expulsão, a depender da gravidade da infração. 7.7 Temos câmeras sendo utilizadas em toda a escola, a fim de proporcionar maior segurança aos nossos alunos. 8 BIBLIOTECA/ACESSO À INTERNET 8.1 A utilização da biblioteca será mediante agendamento com a coordenação pedagógica, fora do horário normal, com apresentação de documento para uso de livros. 8.2 O uso desta sala é exclusivo para estudo e pesquisa, portanto, deverão ser mantidos o silêncio e a disciplina, para não interferir na concentração dos demais alunos. 8.3 O uso dos computadores para pesquisa tem o tempo máximo de 30 minutos. 8.4 Não é permitida a retirada de livros para empréstimo. 9 AVALIAÇÃO 9.1 As provas serão realizadas durante o turno em que o aluno estuda e sempre na última aula da disciplina, tendo a duração média de 01h30. ENFERMAGEM MÓDULO 2 7 9.2 O(a) aluno(a) que faltar à prova deverá comparecer à coordenação pedagógica da escola para requerer a avaliação em segunda chamada, agendar uma data para a realização desta, bem como efetuar o pagamento da taxa na secretaria. 9.3 As provas de recuperação ou segunda chamada acontecem na última semana de cada mês, conforme informado pela coordenação, no site e nos quadros de avisos. 10 CANCELAMENTO DO CONTRATO 10.1 O cancelamento do contrato poderá ocorrer a qualquer momento, sob autorização da diretoria da escola, em caso de indisciplina por parte do(a) aluno(a). Quanto a sua defesa, caberá aos dispositivos legais vigentes. 10.2 O cancelamento por parte do(a) aluno(a) deverá ser feito na coordenação da escola, mediante requerimento e pagamento da multa de cancelamento, conforme contrato de prestação de serviços. 10.3 O(a) aluno(a) que cancelar e desejar retornar ao curso poderá reverter sua multa em pagamentos de parcelas, sendo o valor descontado das últimas parcelas restantes. 10.4 Para o(a) aluno(a) retornar, deverá ser efetuado o pagamento do valor de uma parcela. 10.5 O aluno que for cancelado por motivo de indisciplina não poderá voltar a estudar no Grau Técnico. 11 PORTAL ACADÊMICO 11.1 Todos os informativos, notas, oportunidades e materiais extras serão disponibilizados Portal Acadêmico, no Website do Grau Técnico. 11.2 O acesso ao portal acadêmico é por meio do endereço eletrônico: www.grautecnico.com.br, no qual o(a) aluno(a) colocará o seu número de matrícula no campo ‘usuário’ e no campo referente à ‘senha’ colocará o número do CPF (11 dígitos, apenas números); 11.3 Para a solicitação de declarações, deve-se respeitar o prazo de até 05 dias. 12 TRANSFERÊNCIA DE TURMA/SALA/INSTRUTOR/UNIDADES 12.1 A transferência de turma estará sujeita à disponibilidadede vagas nas turmas em andamento. 12.2 A transferência de Unidade terá o valor de uma parcela com desconto. Para tanto, o(a) aluno(a) tem que estar com as parcelas em dia, bem como a transferência deverá estar condicionada à confirmação da unidade destino, conforme disposição nas turmas. 12.3 O aluno (a) que requerer transferência de unidade sem nunca ter cursado na unidade de origem e desejar outro curso, ficará isento de multa na unidade de origem e adiantará uma parcela com desconto na unidade de destino, se adequando ao plano de pagamento deste. 12.4 Para a otimização do espaço e aproveitamento das turmas, o Grau Técnico poderá mudar de sala durante o decorrer do curso, bem como unir duas ou mais turmas. 12.5 Durante o decorrer do curso, pode haver mudança de instrutor. Tendo em vista que os nossos cursos seguem um plano de aula, os alunos não terão nenhum prejuízo em relação ao aprendizado. 13 DIAS E HORÁRIOS DE RECEBIMENTO DA ESCOLA 13.1 As parcelas do curso terão descontos de pontualidade, para os pagamentos efetuados até a data de vencimento. Para pagamentos após o vencimento, será cobrado o valor integral, mais multa acrescida de juros. MÓDULO 2 ENFERMAGEM 8 13.2 O desconto de pontualidade só será válido para pagamentos em espécie. Para todo o tipo de cartão, a parcela será cobrada em valor integral. 13.3 A solicitação de declarações, diploma e histórico escolar é gratuita para a primeira via. As emissões extras destes documentos devem ser feitas mediante o pagamento de taxa de serviços, cujo valor será informado na secretaria da escola. 13.4 No ato da matrícula, será impresso o primeiro boleto relativo à mensalidade do curso. Os demais deverão ser impressos a partir do portal acadêmico, no site www.grautecnico.com.br, acessando-o com o login e senha do aluno, no item financeiro, no link ‘Impressão de Boletos’, ou solicitando a sua impressão na secretaria da escola. O pagamento do boleto poderá ser realizado em qualquer banco, por meio do internet banking ou caixa de pagamentos diversos. 14 AGÊNCIA DE ENCAMINHAMENTO GRAU TÉCNICO 14.1 Os alunos do Grau Técnico dispõem de uma Agência de Encaminhamento Profissional, que tem como objetivo realizar parceria com empresas para disponibilizar vagas de estágio e/ou emprego. Para participar, basta estar dentro do seguinte regulamento: apresentar nota igual ou superior a 7,0 (sete), ter frequência nas aulas igual ou superior a 75%, ter idade superior a 16 anos, ter concluído o primeiro módulo, estar em dia com as parcelas e participar de, no mínimo, 50% do ciclo de palestras disponibilizadas pela agência de encaminhamento. 14.2 O compromisso de encaminhamento profissional não é garantia de emprego ou de estágio, visto que a decisão da contratação é da empresa contratante e não do Grau Técnico. 14.3 Para os cursos de estágio não obrigatório, os alunos terão acesso às vagas disponíveis por meio da coordenação e por agências de integração entre empresa e escola. O estágio deverá ser feito fora do horário no qual o aluno esteja estudando. 14.4 Para os cursos de estágio obrigatório, os alunos deverão seguir o planejamento, conforme orientado pela coordenação pedagógica. 15 ENFERMAGEM/RADIOLOGIA/ANÁLISES CLÍNICAS 15.1 O estágio é obrigatório para os cursos de Enfermagem e Radiologia, podendo ser realizado no decorrer ou ao final do curso, em qualquer turno (manhã, tarde e noite), ocorrendo de acordo com a disponibilidade das unidades de saúde, em dias e horários diferentes (hospitais, postos de saúde, clínicas, UPAs, etc.), ficando o aluno ciente que não há garantia quanto ao turno e local onde serão ministrado os estágios, podendo ocorrer, inclusive, dentro da região metropolitana ou em municípios circunvizinhos, haja vista que as vagas disponíveis dependem de terceiros (hospitais, clínicas, UPAs, etc.). 15.2 Caso o aluno não conclua a disciplina do estágio, deverá realizar o pagamento de uma taxa referente a uma parcela, para poder refazer a disciplina. 15.3 É vedado ao aluno exigir que sejam ministrados nos estágios conteúdo pedagógico diverso daquele que foi ofertado pela instituição responsável. 15.4 O estágio para Análises Clínicas atenderá à regulamentação local vigente. 15.5 Materiais imprescindíveis para as aulas práticas (laboratório) – sob total responsabilidade do aluno: ▪ No caso de Enfermagem: jaleco, luvas de procedimento, luvas estéreis, seringas, agulhas, gazes, esparadrapo, máscaras, toucas, gorros, jelco calibre 22, scalp calibre 21 (verde), estetoscópio, tensiômetro, garrote, termômetro (digital). ENFERMAGEM MÓDULO 2 9 ▪ No caso de Análises Clínicas: jaleco, luvas de procedimento, luvas estéreis, seringas, agulhas, gazes, esparadrapo, máscaras, toucas, gorros, jelco calibre 22, scalp calibre 21 (verde), garrote. 15.6 Materiais Necessários para os estágios curriculares: ▪ No caso de Enfermagem: todo e qualquer material necessário às atividades práticas serão de responsabilidade do aluno e deverão ser entregues antecipadamente para garantia dos campos, tais como: jaleco, luvas de procedimento, máscaras, propés, toucas, gorros, capote descartável, toalhas de papel, sabão ou sabonete líquido, ou quaisquer outros materiais solicitados pela instituição de saúde. ▪ No caso de Radiologia: o uso do jaleco pelo aluno é obrigatório (responsabilidade do aluno), bem como, estar munido do dosímetro (este dosímetro é disponibilizado pela escola, mas, em caso de perda, será de responsabilidade do aluno). 16 ELETROTÉCNICA/ELETRÔNICA/INFORMÁTICA/MANUTENÇÃO E SUPORTE DE INFORMÁTICA/REDE DE COMPUTADORES 16.1. Materiais imprescindíveis para as aulas práticas (laboratório) – sob total responsabilidade do aluno: ▪ No caso de Eletrotécnica: chave de fenda (8x200mm), chave Philips (8x200mm), alicate de corte; alicate de bico; alicate universal; alicate desencador, chave teste e 1 rolo de fita isolante. ▪ No caso de Eletrônica: protoboard 1x, resistores 5 de cada(100R,220R, 330R, 1k, 2k, 100k de 1/4W), capacitores 2 de cada(470uF, 10uF, 1uF, 1nF de 50V), jumpers 20 macho- macho, Leds 3x (alta potência: verde, amarelo, vermelho e baixa potência: verde, amarelo, vermelho), Botão 3 pushbutton, diodo silício 5x 1N14007, multímetro 1x e potenciômetro 2 de cada (10k, 100k). ▪ No caso de Informática, Manutenção e Suporte de Informática e Rede de Computadores: 1 chave Phillips nº2, 1 alicate de crimpagem, 20 conectores RJ-45, 1 multímetro digital, 10 DVDs virgens e 1 pen drive. Ciente e de acordo. _____________________________________________ Aluno(a)/Responsável Para sugestões e informações, enviar e-mail para: contato@grautecnico.com.br SEJA BEM-VINDO(A)! Atenciosamente, A Direção. mailto:contato@grautecnico.com.br MÓDULO 2 ENFERMAGEM 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11 2 OBJETIVO DO CURSO................................................................................................. 11 3 TÉCNICO EM ENFERMAGEM - MÓDULO 2 ................................................................ 13 4 POLÍTICAS DE SAÚDE ................................................................................................. 17 5 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL.................................................................................... 53 6 SAÚDE DO TRABALHADOR ....................................................................................... 79 7 INFORMÁTICA BÁSICA ............................................................................................ 117 8 FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM ........................................................................ 221 ENFERMAGEM MÓDULO 2 11 1 INTRODUÇÃO O avanço tecnológico é inevitável. No mundo todo, ele vemquebrando fronteiras econômicas, sociais e culturais, trazendo consigo toda uma facilidade no acesso à informação, à liberdade de expressão e à inclusão social. Ao mesmo tempo, também se lida com certa desintegração dos valores humanos, com o consumo desenfreado, a marginalização social e a agressão ao meio ambiente. É necessário despertar o ser humano para a importância do conhecimento técnico e suas consequências. Também é preciso conscientizá-lo para a solidariedade, o respeito a si mesmo e ao outro e o trabalho em equipe. A atuação do Grau Técnico, portanto, é abrir caminho para oportunidades que beneficiem tanto o indivíduo, quanto o coletivo. É orientar para a realização profissional e inserção social, por meio de uma educação estimuladora e operadora de inovações na sociedade. 2 OBJETIVO DO CURSO Este curso tem como objetivo formar profissionais técnicos em Enfermagem, capazes de desenvolver assistência integral, pautados pelos princípios da ética, da qualidade, humanização, desenvolvendo assistência em enfermagem, baseada em competências e habilidades, atendendo ao contexto das ações de saúde e necessidades da clientela num mundo em mudanças. 2.1 Objetivos Específicos a) Estimular o desenvolvimento de competências e habilidade dos alunos nos processos de assistência de enfermagem nos vários níveis de atenção à saúde; b) Destacar a qualidade e a humanização da assistência como foco prioritário das ações do cuidar; c) Enfatizar que o processo educacional converge para um modelo de vida sustentável, marcado pela qualidade e bem-estar dos clientes em todos os níveis da MÓDULO 2 ENFERMAGEM 12 assistência; d) Atender ao cliente de forma holística, ética, inovando a prática educativa, com enfoque na liderança, trabalho em equipe, comunicação responsabilidade técnico- científica; e) Estimular a consciência crítica, reflexiva, criativa para a solução de situações de conflito nas diversas atividades da vida pessoal e profissional; f) Enfatizar a responsabilidade profissional da educação continuada para atuação responsável da assistência. APROVEITE BEM O CURSO E TRANSFORME O CONHECIMENTO ADQUIRIDO NAS AULAS EM OPORTUNIDADES DE TRABALHO! Atenciosamente, Ruy Maurício Loureiro Porto Carreiro Filho Diretor Geral ENFERMAGEM MÓDULO 2 13 3 TÉCNICO EM ENFERMAGEM - MÓDULO 2 Este segundo módulo do curso diz respeito às bases fundamentais para o exercício da Enfermagem. Nele serão desenvolvidas as Habilidades e Competências descritas a seguir. 3.1 Competências e Habilidades a) Conhecer a evolução histórica da saúde pública no Brasil. b) Diferenciar os modelos de atenção à saúde que já vigoraram no Brasil e o modelo atual. c) Conhecer a origem do Sistema Único de Saúde e sua relação com a Constituição Federal. d) Conhecer a legislação que determina os princípios e diretrizes do SUS e o seu funcionamento. e) Reconhecer a organização do SUS em seus níveis de complexidade e competências das esferas governamentais. f) Identificar os organismos de gestão para a implementação da prática assistencial na perspectiva da coletividade. g) Compreender a relação homem, saúde, trabalho e meio ambiente; h) Conhecer as causas de morbidades mais prevalentes na área da saúde e a legislação em saúde do trabalhador; i) Conhecer as relações técnicas, econômicas, culturais e biopsicossociais que influenciam o mundo do trabalho e o meio ambiente; j) Compreender a forma de organização do processo de trabalho e a influência desta sobre o sofrimento, o adoecimento e a morte dos trabalhadores; k) Compreender as bases epidemiológicas da relação saúde, trabalho e meio ambiente; l) Identificar as situações de risco e agravos relacionadas ao trabalho; m) Identificar os fatores que influenciam a ergonomia. n) Valorizar o uso dos EPI’S como instrumentos de segurança e de proteção tanto individual como coletiva; o) Orientar a organização e implantação do Programa de Controle da Infecção Hospitalar. p) Conhecer as finalidades, estrutura e funcionamento da comissão de controle de infecção hospitalar. q) Identificar fontes de infecção hospitalar relacionadas a artigos, meio ambiente, paciente e equipe de saúde. r) Realizar atividades de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais e equipamentos. s) Desenvolver eficazmente a técnica de lavagem das mãos. t) Realizar procedimentos de admissão do paciente, encaminhamento de exames e adoção de medidas para o tratamento. u) Executar assistência de enfermagem relacionado à higiene corporal, movimentação, sono e repouso, alimentação, hidratação, e eliminações renal e intestinal. v) Aferir sinais vitais, registrar e efetuar balanço hídrico com segurança. w) Executar banho no leito, colocar oxigênio, realizar nebulização, colocar sonda vesical, coletar material para exames. x) Executar crioterapia e termoterapia. y) Preparar e administrar medicamentos em várias vias de administração. z) Conhecer as partes de um prontuário e reconhecer do ponto de vista ético, administrativo e legal, a importância de realizar os registros das atividades corretamente. MÓDULO 2 ENFERMAGEM 14 aa) Identificar os sistemas de informação utilizados na assistência de enfermagem. bb) Conhecer e desenvolver habilidades em relação aos fundamentos básicos da sistematização da assistência de enfermagem. cc) Efetuar o preparo do corpo após a morte com os princípios da ética da ciência. Bom estudo! POLÍTICAS DE SAÚDE ENFERMAGEM MÓDULO 2 17 4 POLÍTICAS DE SAÚDE Esta disciplina tem por objetivo oferecer elementos que facilitem a análise de políticas de formação para o trabalho em saúde a partir de uma perspectiva histórica e crítica do Sistema Único de Saúde e seus modos de formulação e dedução de políticas de saúde no Brasil. 4.1 História das Políticas de Saúde no Brasil Conforme Polignano (2005) a crise do sistema de saúde no Brasil se evidencia em fatos amplamente conhecidos e divulgados pela mídia, como: ▪ Filas frequentes de pacientes nos postos de saúde; ▪ Falta de leitos hospitalares para atender a demanda da população; ▪ Escassez de recursos financeiros, materiais e humanos para manter os serviços de saúde operando com eficácia e eficiência; ▪ Atraso no repasse dos pagamentos do Ministério da Saúde para os serviços conveniados; ▪ Baixos valores pagos pelo SUS aos diversos procedimentos médico-hospitalares; ▪ Aumento de incidência e o ressurgimento de diversas doenças transmissíveis; ▪ Denúncias de abusos cometidos pelos planos privados e pelos seguros de saúde. Para que possamos analisar o contexto atual é necessário conhecer os determinantes históricos envolvidos neste processo. Assim como somos frutos do nosso passado e da nossa história, o setor da saúde também sofreu as influências de todo o contexto político-social pelo qual o Brasil passou ao longo do tempo (POLIGNANO, 2005). ▪ Evolução Histórica: 1500 até Primeiro Reinado: A vinda da família real ao Brasil criou a necessidade da construção de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte ao poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro. Até 1850 as atividades de saúde pública estavam limitadas ao seguinte contexto: ▪ Delegação das atribuições sanitárias as juntas municipais; ▪ Controle de navios e saúde dos portos. O interesse primordial estava restrito ao estabelecimento de um controle sanitário mínimo da capital do império, tendência que se alongou por quase um século. O fato de não existir uma assistência médica estruturada fez com que proliferassem pelo país os Boticários (farmacêuticos). Aos boticários seriam atribuídas as manipulações das fórmulas prescritas pelos médicos, mas a verdade é que eles próprios tomavam a iniciativa de indicá-los, fato comum até os dias de hoje (POLIGNANO, 2005). Em 1808,Dom João VI fundou na Bahia o Colégio Médico - Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador. No mês de novembro do mesmo ano foi criada a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao real Hospital Militar. MÓDULO 2 ENFERMAGEM 18 ▪ Início da República 1889 até 1930: De acordo com o autor supracitado, com a Proclamação da República, foi estabelecida uma forma de organização Jurídico-Política típica do estado capitalista. No entanto, essa nova forma de organização do aparelho estatal assegurou apenas as condições formais da representação burguesa clássica, especialmente a adoção do voto direto pelo sufrágio universal. Os programas partidários nunca chegaram a se configurar numa perspectiva de âmbito nacional, das dezenove organizações políticas que atuaram até o movimento de 1930, nenhuma excedeu a disciplina imposta pela defesa de interesses regionais, embora pudessem compor, eventualmente, alianças que dominaram as práticas políticas até aquela data. No início desse século, a cidade do Rio de Janeiro apresentava um quadro sanitário caótico, caracterizado pela presença de diversas doenças graves que acometiam à população, como a varíola, a malária, a febre amarela, e posteriormente a peste (POLIGNANO, 2005). Rodrigues Alves, presidente do Brasil neste período, nomeou Oswaldo Cruz, como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, que se propôs a erradicar a epidemia de febre amarela na cidade do Rio de Janeiro. Foi criado então um verdadeiro exército de 1.500 pessoas que passaram a exercer atividades de desinfecção no combate ao mosquito, vetor da febre-amarela. A falta de esclarecimentos e as arbitrariedades cometidas pelos “guarda - sanitários” causaram revolta na população. Este modelo de intervenção ficou conhecido como campanhista, e foi concebido dentro de uma visão militar em que os fins justificam os meios, e no qual o uso da força e da autoridade eram considerados os instrumentos preferenciais de ação (POLIGNANO, 2005). A população, com receio das medidas de desinfecção, trabalho realizado pelo serviço sanitário municipal, revoltou-se tanto que, certa vez, o próprio presidente Rodrigues Alves chamou Oswaldo Cruz ao Palácio do Catete, pedindo-lhe para, apesar de acreditar no acerto da estratégia do sanitarista, não continuar queimando os colchões e as roupas dos doentes (CAMAROTTO, 2014). A onda de insatisfação se agravou com outra medida de Oswaldo Cruz, a Lei Federal nº 1261, de 31 de outubro de 1904, que instituiu a vacinação contra a varíola obrigatória em todo o território nacional. Surgiu, então, um grande movimento popular de revolta que ficou conhecido na história como a Revolta da Vacina. Neste período Oswaldo Cruz procurou organizar a diretoria geral de saúde pública, criando uma seção demográfica, um laboratório bacteriológico, um serviço de engenharia sanitária e de profilaxia da febre amarela, a inspetoria de isolamento e desinfecção, e o instituto soroterápico federal, posteriormente transformado no Instituto Oswaldo Cruz. Na reforma promovida por Oswaldo Cruz foram incorporados como elementos das ações de saúde: ▪ O registro demográfico, possibilitando conhecer a composição e os fatos vitais de importância da população; ENFERMAGEM MÓDULO 2 19 ▪ A introdução do laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico; ▪ A fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em massa. Em 1920, Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz, reestruturou o Departamento Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça e introduziu a propaganda e a educação sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o modelo campanhista de Oswaldo Cruz que era puramente fiscal e policial. Criaram-se órgãos especializados na luta contra a tuberculose, a lepra e as doenças venéreas. A assistência hospitalar, infantil e a higiene industrial se destacaram como problemas individualizados. Expandiram-se as atividades de saneamento para outros estados, além do Rio de Janeiro e criou-se a Escola de Enfermagem Anna Nery (POLIGNANO, 2005). Desde o final do século XIX até o início dos anos 60, predominou o modelo do sanitarismo campanhista (MENDES, 1992 apud POLIGNANO, p.6, 2005). Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes cidades brasileiras o modelo campanhista deslocou a sua ação para o campo e para o combate das denominadas endemias rurais, considerando que a agricultura era a atividade predominante na época. Este modelo de atuação foi amplamente utilizado pela Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) no combate a diversas endemias (Chagas, Esquistossomose e outras), sendo esta posteriormente incorporada à Fundação Nacional de Saúde. ▪ O Nascimento da Previdência Social no Brasil: No início do século XX a economia brasileira era basicamente agroexportadora, assentada na monocultura do café. Os imigrantes, especialmente os italianos traziam consigo a história do movimento operário na Europa e dos direitos trabalhistas que já tinham sido conquistados pelos trabalhadores europeus, e desta forma procurou mobilizar e organizar a classe operária no Brasil na luta pela conquista dos seus direitos (POSSAS, 1981). Em função das péssimas condições de trabalho existentes e da falta de garantias de direitos trabalhistas, o movimento operário organizou e realizou duas greves gerais no país, uma em 1917 e outra em 1919. Em 24 de janeiro de 1923, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei Eloi Chaves, marco inicial da previdência social no Brasil. Através desta lei foram instituídas as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP). Em relação a esta lei, devem ser feitas as seguintes considerações: ▪ A lei deveria ser aplicada somente ao operariado urbano. Para que fosse aprovado no Congresso Nacional, dominado na sua maioria pela oligarquia rural, foi imposta a condição de que este benefício não seria estendido aos trabalhadores rurais. Fato que na história da previdência social do Brasil perdurou até a década de 60, quando foi criado o Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural (Funrural). ▪ As caixas deveriam ser organizadas por empresas e não por categorias profissionais. MÓDULO 2 ENFERMAGEM 20 ▪ A criação de uma CAP também não era automática, dependia do poder de mobilização e organização dos trabalhadores de determinada empresa para reivindicar a sua criação. A primeira CAP criada foi a dos ferroviários, o que pode ser explicado pela importância que este setor desempenhava na economia do país naquela época e pela capacidade de mobilização que a categoria dos ferroviários possuía. A comissão que administrava a CAP era composta por três representantes da empresa, um dos quais assumindo a presidência da comissão, e de dois representantes dos empregados, eleitos diretamente a cada três anos. O regime de representação direta das partes interessadas, com a participação de representantes de empregados e empregadores, permaneceu até a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) (1967), quando foram afastados do processo administrativo (POSSAS, 1981). O Estado não participava propriamente do custeio das Caixas, que de acordo com o determinado pelo artigo 3º da lei Eloy Chaves, eram mantidas por: empregados das empresas (3% dos respectivos vencimentos); empresas (1% da renda bruta); e consumidores dos serviços das mesmas (OLIVEIRA & TEIXEIRA, 1989). No sistema das Caixas estabelecido pela lei Eloy Chaves, as próprias empresas deveriam recolher mensalmente o conjunto das contribuições das três fontes de receita, e depositar diretamente na conta bancária da sua CAP (OLIVEIRA & TEIXEIRA, 1989). Além das aposentadorias e pensões, os fundos proviam os serviços funerários, médicos, conforme explicitado no artigo 9º da Lei Eloy Chaves: ▪ Socorro médico em caso de doençaem sua pessoa ou pessoa de sua família, que morassem sob o mesmo teto e sob a mesma economia; ▪ Medicamentos obtidos por preço especial determinado pelo Conselho de Administração; ▪ Pagamentos das aposentadorias; ▪ Pensão para os herdeiros em caso de morte. Entre 1922 a 1930, sucederam-se crises econômicas e políticas em que se conjugaram fatores de ordem interna e externa, e que tiveram como efeito a diminuição do poder das oligarquias agrárias. Em particular, atuaram no Brasil as crises internacionais de 1922 a 1929, tornando mais agudas as contradições e instalações contra a política dos governadores (STIVAL; STIVAL, 2017). Em 1939 regulamentou-se a justiça do trabalho e em 1943 foi homologada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Foram promulgadas as leis trabalhistas, que procuraram estabelecer um contrato capital- trabalho, garantindo direitos sociais ao trabalhador, ao mesmo tempo, surgiu a estrutura sindical do estado. Estas ações transpareceram como dádivas do governo e do estado, e não como conquista dos trabalhadores. O fundamento dessas ações era manter o movimento trabalhista contido dentro ENFERMAGEM MÓDULO 2 21 das forças do estado. ▪ A Previdência Social no Estado Novo: As antigas CAPs são substituídas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP), nestes institutos os trabalhadores eram organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários, bancários) e não por empresa (BRASIL, 1933). Em 1933, foi criado o primeiro Instituto de Aposentadoria e Pensões: o dos Marítimos (IAPM). Seu decreto de constituição definia, no artigo 46, os benefícios assegurados aos associados: ▪ Pagamentos das aposentadorias; ▪ Pensão em caso de morte. Para os membros de suas famílias ou para os beneficiários, na forma presente no artigo 55; ▪ Assistência médica e hospitalar, com internação até trinta dias; ▪ Socorros farmacêuticos, mediante indenização pelo preço do custo acrescido das despesas de administração. §2° - O custeio dos socorros mencionados na alínea c não deverá exceder à importância correspondente ao total de 8%, da receita anual do Instituto, apurada no exercício anterior, sujeita a respectiva verba à aprovação do Conselho Nacional do Trabalho (BRASIL, 1933). Os IAPs foram criados de acordo com a capacidade de organização, mobilização e importância da categoria profissional em questão. Em 1933 foi criado o primeiro instituto, o de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), em 1934 o dos Comerciários (IAPC) e dos Bancários (IAPB), em 1936 o dos Industriários (IAPI), e em 1938 o dos Estivadores e Transportadores de Cargas (Iapetel). Em 1949 foi criado o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (Samdu) mantido por todos os institutos e as caixas ainda remanescentes. ▪ A Lei Orgânica da Previdência Social e o Processo de Unificação dos IAPS: O processo de unificação dos IAPs já vinha sendo programado desde 1941 e sofreu em todo este período grandes resistências, pelas radicais transformações que implicava. Após longa tramitação, a Lei Orgânica de Previdência Social só foi finalmente sancionada em 1960, acompanhada de intenso debate político a nível legislativo em que os representantes das classes trabalhadoras se recusavam à unificação, uma vez que isto representava o abandono de muitos direitos conquistados, além de se constituírem os IAPs naquela época em importantes feudos políticos e eleitorais (VOLTOLINI, 2004). Finalmente em 1960 foi promulgada a lei 3.807, nomeada Lei Orgânica da Previdência Social, que veio estabelecer a unificação do regime geral da previdência social, destinado a abranger todos os trabalhadores sujeitos ao regime da CLT, excluídos os trabalhadores rurais, os empregados domésticos e naturalmente os servidores públicos e de autarquias e que tivessem regimes próprios de previdência (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989). MÓDULO 2 ENFERMAGEM 22 Os trabalhadores rurais só viriam a ser incorporados ao sistema três anos mais tarde, quando foi promulgada a lei 4.214 de 2/3/63 que instituiu o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). A lei previa uma contribuição tríplice com a participação do empregado, empregador e a União. O governo federal nunca cumpriu a sua parte, o que evidentemente comprometeu seriamente a estabilidade do sistema (POSSAS 1981). ▪ O Movimento de 1964 e suas consequências: O movimento de 64 contava com suportes políticos extremamente fortes, a maioria dos burgueses defendia a internacionalização da economia e das finanças brasileiras, ampliando o processo que era ainda complicado, segundo os capitalistas, pela proposta populista de fortalecimento das empresas estatais e de economia mista do governo João Goulart. Criaram-se atos institucionais, principalmente o de AI5 de 1968, que limitavam as liberdades individuais e constitucionais. O regime militar que se instalou a partir de 1964, de caráter ditatorial e repressivo, procurou utilizar-se das forças policiais e do exército e dos atos de exceção para impor ordem (POLIGNANO, 2005). ▪ Ações do Regime Militar na Previdência Social: A repressão militar seria incapaz de justificar por um longo tempo um governo ditatorial. O processo de unificação previsto em 1960, se efetivou em 2 de janeiro de 1967, com a implantação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), reunindo os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões, o Serviço de Assistência Médica e Domiciliar de Urgência (Samdu) e a Superintendência dos Serviços de Reabilitação da Previdência Social. O INPS, produto da fusão dos IAPs, sofre a forte influência dos técnicos oriundos do maior deles, o IAPI. Estes técnicos, que passam a história conhecidos como “os cardeais do IAPI”, de tendências absolutamente privatizantes criam as condições institucionais necessárias ao desenvolvimento do “complexo médico-industrial”, característica marcante deste período (NICZ, 1982). Ao unificar o sistema previdenciário, o governo militar se viu na obrigação de incorporar os benefícios já instituídos fora das aposentadorias e pensões, um destes era a de assistência médica, que já era oferecido pelos vários IAPs, sendo que alguns destes já possuíam serviços e hospitais próprios (VOLTOLINI, 2004). Conforme a autora supracitada, foram estabelecidos convênios e contratos com a maioria dos médicos e hospitais existentes no país, pagando-se pelos serviços produzidos (pró-labore), o que propiciou a estes grupos se capitalizar, provocando um efeito cascata com o aumento no consumo de medicamentos e de equipamentos médico-hospitalares, formando um complexo sistema médico-industrial. Este sistema foi se tornando cada vez mais complexo tanto do ponto de vista administrativo quanto financeiro dentro da estrutura do INPS, que acabou levando a criação de uma estrutura ENFERMAGEM MÓDULO 2 23 própria administrativa, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) em 1978. Em 1974 o sistema previdenciário saiu da área do Ministério do Trabalho, para se consolidar como um ministério próprio, o Ministério da Previdência e Assistência Social. Juntamente com este Ministério foi criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), a criação deste fundo proporcionou a remodelação e ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos com juros subsidiados. A existência de recursos para investimento e a criação de um mercado cativo de atenção médica para os prestadores privados levou a um crescimento próximo de 500% no número de leitos hospitalares privados no período 69/84, de tal forma que subiram de 74.543 em 1969 para 348.255 em 1984 (CUNHA; CUNHA, 2018). ▪ Ações de Saúde Pública no Regime Militar: O Decreto Lei 200 (1967), estabeleceu as competências do Ministério da Saúde: ▪ Formulação e coordenação da política nacional de saúde;▪ Responsabilidade pelas atividades médicas ambulatoriais e ações preventivas em geral; ▪ Controle de drogas e medicamentos e alimentos; pesquisa médico-sanitário. Em 1970 criou-se a Superintendência de Campanhas da Saúde Pública (Sucam) com a atribuição de executar as atividades de erradicação e controle de endemias, sucedendo o Departamento Nacional de Endemias Rurais (Deneru) e a campanha de erradicação da malária. Em 1975 foi instituído no papel o Sistema Nacional de Saúde, que estabelecia de forma sistemática o campo de ação na área de saúde, dos setores públicos e privados, para o desenvolvimento das atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. O documento reconhece e oficializa a dicotomia da questão da saúde, afirmando que a medicina curativa seria de competência do Ministério da Previdência, e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministério da Saúde (POLIGNANO, 2005). Tendo como referência as recomendações internacionais e a necessidade de expandir cobertura, em 1976 inicia-se o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (Piass). Concebido na secretaria de planejamento da presidência da república, o Piass se configura como o primeiro programa de medicina simplificada do nível Federal e vai permitir a entrada de técnicos provenientes do movimento sanitário no interior do aparelho de estado. O programa é estendido a todo o território nacional, o que resultou numa grande expansão da rede ambulatorial pública. ▪ A Crise econômica e social de 1975: A população com baixos salários, contidos pela política econômica e pela repressão, passou a conviver com o desemprego e as suas graves consequências sociais, como aumento da marginalidade, das favelas, da mortalidade infantil. O modelo de saúde previdenciário começa a mostrar as suas mazelas: MÓDULO 2 ENFERMAGEM 24 ▪ Por ter priorizado a medicina curativa, o modelo proposto foi incapaz de solucionar os principais problemas de saúde coletiva, como as endemias, as epidemias, e os indicadores de saúde (mortalidade infantil, por exemplo); ▪ Aumentos constantes dos custos da medicina curativa, centrada na atenção médico- hospitalar de complexidade crescente; ▪ Diminuição do crescimento econômico com a respectiva repercussão na arrecadação do sistema previdenciário reduzindo as suas receitas; ▪ Incapacidade do sistema em atender a uma população cada vez maior de marginalizados, que sem carteira assinada e contribuição previdenciária, se viam excluídos do sistema; ▪ Desvios das verbas do sistema previdenciário para cobrir despesas de outros setores e para realização de obras por parte do governo federal; ▪ O repasse de recursos do tesouro nacional para o sistema previdenciário pela união, não vinha acontecendo, visto ser este tripartite (empregador, empregado e união). Devido à escassez de recursos para a sua manutenção, ao aumento dos custos operacionais, e ao descrédito social em resolver a agenda da saúde nacional, o modelo proposto entrou em crise. Na tentativa de conter custos e combater fraudes, o governo criou em 1981 o Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (Conasp), ligado ao INAMPS. O Conasp passa a absorver, em postos de importância, alguns técnicos ligados ao movimento sanitário, o que dá início a ruptura, por dentro, da dominância dos anéis burocráticos previdenciários, e encontrou oposição da Federação Brasileira de Hospitais e de medicina de grupo, que viam nesta tentativa a perda da sua hegemonia dentro do sistema e a perda do seu status (LEITE, 1981). Em 1983 foi criado a AIS (Ações Integradas de Saúde), um projeto interministerial (Previdência-Saúde-Educação), visando um novo modelo assistencial que incorporava o setor público, procurando integrar ações curativo-preventivas e educativas ao mesmo tempo. Assim, a Previdência passa a comprar e pagar serviços prestados por estados, municípios, hospitais filantrópicos, públicos e universitários. Conforme Leite (1981) este período coincidiu com o movimento de transição democrática, com eleição direta para governadores e vitória esmagadora de oposição em quase todos os estados nas primeiras eleições democráticas deste período (1982). 4.2 Reforma Sanitária Brasileira O movimento das DIRETAS JÁ (1985) e a eleição de Tancredo Neves, marcaram o fim do regime militar, gerando diversos movimentos sociais inclusive na área de saúde, que culminaram com a criação das associações dos secretários de saúde estaduais (Conass) ou municipais (Conasems), e com a grande mobilização nacional por ocasião da realização da VIII Conferência Nacional de Saúde (CONGRESSO NACIONAL, 1986), a qual lançou as bases da reforma sanitária e do Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS), ou seja, a base de criação do Sistema Único de Saúde (SUS) que foi instituído pela Constituição Federal de 1988 (PAIVA; TEIXEIRA, 2014). ENFERMAGEM MÓDULO 2 25 ▪ VIII Conferência Nacional de Saúde: O Relatório da VIII Conferência Nacional de Saúde já trouxe em seu texto a saúde como um direito de todo cidadão a ser garantido pelo Estado, esses fatos ocorreram concomitantemente com a eleição da Assembleia Nacional Constituinte em 1986 e a promulgação da nova Constituição em 1988. ▪ Artigos 196 a 198 da Constituição em 1988: A constituinte de 1988, no capítulo VIII da Ordem Social e na secção II referente à Saúde define no artigo 196 que: A saúde é direito de todos e dever do estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 2016, p.118). ▪ O SUS é definido pelo artigo 198, a saber: As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; Participação da comunidade. Parágrafo único - O sistema único de saúde será financiado, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes (BRASIL, 2016, p.119). O texto constitucional deixa claro que a concepção do SUS estava baseada na formulação de um modelo de saúde voltado para as necessidades da população, procurando resgatar o compromisso do estado para com o bem-estar social, especialmente no que refere à saúde coletiva, consolidando-o como um dos direitos da cidadania. Esta visão refletia o momento político porque passava a sociedade brasileira, recém-saída de uma ditadura militar onde a cidadania nunca foi um princípio de governo. Embalada pelo movimento das diretas já, a sociedade procurava garantir na nova constituição os direitos e os valores da democracia e da cidadania (CAMARGO, 2016). Apesar de o SUS ter sido definido pela Constituição de 1988, ele somente foi regulamentado em 19 de setembro de 1990 através da Lei 8.080. 4.3 Leis Orgânicas da Saúde: 8.080/90 e 8.142/90 Em 1990 o Governo edita as Leis 8.080 e 8.142, conhecidas como Leis Orgânicas da Saúde. Destas, a primeira lei, define o modelo operacional do SUS, propondo a sua forma de organização MÓDULO 2 ENFERMAGEM 26 e de funcionamento (CAMPOS; OLIVEIRA E TONON, 1998). A saúde passa a ser definida de forma mais abrangente, presente no artigo 3° como se observa a seguir: A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais: os níveis de saúde da população expressam a organizaçãosocial e econômica do país (BRASIL, 1990). O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público; podendo a iniciativa privada participar do SUS em caráter complementar. ▪ Princípios doutrinários do SUS: ▪ Universalidade - o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais; ▪ Equidade - é um princípio de justiça social que garante a igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. A rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais da população a ser atendida; ▪ Integralidade - significa considerar a pessoa como um todo, devendo as ações de saúde procurar atender à todas as suas necessidades (BRASIL, 2000). ▪ Destes derivaram alguns princípios organizativos: ▪ Hierarquização - Entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso, em todos os níveis de complexidade do sistema; referência e contra referência; ▪ Participação Popular - a democratização dos processos decisórios consolidada na participação dos usuários dos serviços de saúde nos chamados Conselhos Municipais de Saúde; ▪ Descentralização Política Administrativa - consolidada com a municipalização das ações de saúde, tornando o município gestor administrativo e financeiro do SUS. ▪ Os objetivos e as atribuições do SUS foram assim definidos (Art.5): ▪ Identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; ▪ Formular as políticas de saúde; ▪ Fornecer assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas; ENFERMAGEM MÓDULO 2 27 ▪ Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica; ▪ Executar ações visando a saúde do trabalhador; ▪ Participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; ▪ Participar da formulação da política de recursos humanos para a saúde; ▪ Realizar atividades de vigilância nutricional e de orientação alimentar; ▪ Participar das ações direcionadas ao meio ambiente; ▪ Formular políticas referentes a medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; ▪ Controle e fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; ▪ Fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; ▪ Participação no controle e fiscalização de produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; ▪ Incremento do desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde; ▪ Formulação e execução da política de sangue e de seus derivados. Pela abrangência dos objetivos propostos e pela existência de desequilíbrios socioeconômicos regionais, a implantação do SUS não tem sido uniforme em todos os estados e municípios brasileiros, pois para que isto ocorra é necessário uma grande disponibilidade de recursos financeiros, de pessoal qualificado e de um efetiva política federal, estadual e municipal para viabilizar o sistema. A Lei 8.080 estabeleceu que os recursos destinados ao SUS fossem provenientes do Orçamento da Seguridade Social (POLIGNANO, 2005). ▪ Complementaridade do Setor Privado; A Constituição definiu que quando, por insuficiência do setor público, for necessária a contratação de serviços privados, isto deve observar sob três condições (BRASIL, 2000): ▪ A Celebração do contrato conforme as normas de direito Público; ▪ A Instituição Privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS; ▪ A Integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica do SUS em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dentro dos serviços privados, devem ter preferência os serviços não lucrativos (Hospitais Filantrópicos e Santas Casas), conforme determina a constituição, assim cada gestor deverá planejar primeiro o setor público e na sequência complementar a rede assistencial com o setor privado não lucrativo, com os mesmos conceitos de regionalização, hierarquização e universalização. ▪ Lei 8.142/90: Controle Social A LEI 8.142/1990 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Definição: o SUS contará, em cada esfera do governo, sem prejuízo ao poder legislativo, com duas instâncias colegiadas – Conferências de Saúde e Conselhos de Saúde. ▪ Conferências Nacional, Estadual e Municipal de Saúde - Reúnem-se a cada quatro anos, MÓDULO 2 ENFERMAGEM 28 com representação de vários segmentos sociais, para avaliação da a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação das políticas de saúde nos níveis correspondentes, convocado pelo poder executivo ou pelo conselho de saúde. ▪ Conselhos de Saúde - De caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representante do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atuando na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instancia correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, tendo as decisões homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. Tanto o Conass quanto o Conasems possuem representação no CNS (BRASIL, 1990). A representação dos usuários nos Conselhos e Conferências de Saúde é paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos, que têm sua organização e normas de funcionamento definidas em regime próprio, aprovada pelo respectivo conselho. 4.4 Normas Operacionais Básicas Conforme Gentian (2008) a Norma Operacional Básica (NOB) trata da edição de normas operacionais para o funcionamento e operacionalização do SUS de competência do Ministério da Saúde, tendo sido editadas até hoje: a NOB-SUS 01/91, NOB-SUS 01/93, NOB- SUS 01/96. Apesar das dificuldades enfrentadas pode-se dizer que a atenção primária o SUS apresentou progressos significativos no setor público, mas enfrenta problemas graves com o setor privado, que detém a maioria dos serviços de complexidade e referência a nível secundário e terciário. Estes setores não se interessam em integrar o modelo atualmente vigente em virtude da baixa remuneração paga pelos procedimentos médicos executados, o que vem inviabilizando a proposta de hierarquização dos serviços. A NOB 01/91 sob o argumento da inviabilidade conjuntural de regulamentar o artigo 35 da Lei 8.080 que definia o repasse direto e automático de recursos do fundo nacional aos fundos estaduais e municipais de saúde, sendo 50% por critérios populacionais e os outros 50% segundo o perfil epidemiológico e demográfico, a capacidade instalada e a complexidade da rede de serviços de saúde, a contrapartida financeira, etc. redefiniu toda a lógica de financiamento e, consequentemente, de organização do SUS, instituindo um sistema de pagamento por produção de serviços que permanece, em grande parte, vigorando até hoje (BRASIL, 2003). Estados e municípios passaram a receber por produção de serviços de saúde, nas mesmas tabelas nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados, impondo um modelo de atenção à saúde voltado para a produção de serviços, e avaliado pela quantidade de procedimentos executados, independentemente da qualidade e dos resultados alcançados. Em 1993, outra NOB buscava um caminho de transição entre o anacrônico sistema implantado pela NOB 01/91 e o que era preconizado na Constituição Federal e nas leis que ENFERMAGEM MÓDULO 2 29 regulamentaramo SUS. A NOB 01/93 criou critérios e categorias diferenciadas de gestão para a habilitação dos municípios, e segundo o tipo de gestão implantado (incipiente, parcial, semiplena), haveria critérios também diferenciados de formas de repasse dos recursos financeiros. Em função da criação do SUS e do comando centralizado do sistema pertencer ao Ministério da Saúde, o INAMPS torna-se obsoleto e é extinto em 1993. Na busca de uma alternativa econômica como fonte de recurso exclusiva para financiar a saúde, o então Ministro da Saúde, Adib Jatene, propôs a criação da CPMF (contribuição provisória sobre movimentação financeira). O ministro realizou um intenso lobby junto aos congressistas para a sua aprovação pelo congresso nacional, o que aconteceu em 1996, passando a vigorar a partir de 1997. Vale salientar que o imposto teria uma duração definida de vigência, que seria por um período de um ano, e que os recursos arrecadados somente poderiam ser aplicados na área de saúde (BRASIL, 2003). O governo edita a NOB-SUS 01/96, o que representa um avanço importante no modelo de gestão do SUS, principalmente no que se refere à consolidação da Municipalização. Esta NOB revoga os modelos anteriores de gestão propostos nas NOB anteriores (gestão incipiente, parcial e semiplena), e propõe aos municípios se enquadrarem em dois novos modelos: Gestão Plena de Atenção Básica e Gestão Plena do Sistema Municipal. Estes modelos propõem a transferência para os municípios de determinadas responsabilidades de gestão, conforme pode ser visto abaixo. A NOB/ 96 reformular e aperfeiçoar a gestão do SUS, na medida em que redefine: ▪ Os papéis de cada esfera de governo e, em especial, no tocante à direção única; ▪ Os instrumentos gerenciais para que municípios e estados superem o papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam seus respectivos papéis de gestores do SUS; ▪ Os mecanismos e fluxos de financiamento, reduzindo progressiva e continuamente a remuneração por produção de serviços e ampliando as transferências de caráter global, fundo a fundo, com base em programações ascendentes, pactuadas e integradas; ▪ A prática do acompanhamento, controle e avaliação no SUS, superando os mecanismos tradicionais, centrados no faturamento de serviços produzidos, e valorizando os resultados advindos de programações com critérios epidemiológicos e desempenho com qualidade. ▪ Os vínculos dos serviços com os seus usuários, privilegiando os núcleos familiares e comunitários, criando, assim, condições para uma efetiva participação e controle social. É fundamental destacar que uma das alterações mais importante introduzidas pela NOB 96 refere-se à forma de repasse dos recursos financeiros do governo federal para os municípios, que passa a ser feito com base num valor fixo per capita e não mais vinculado a produção de serviços, o que possibilita aos municípios desenvolverem novos modelos de atenção à saúde da população (GENTIAN, 2008). Gentian (2008) no trás que o Piso Assistencial Básico (PAB) consiste em um montante de recursos financeiros destinado ao custeio de procedimentos e ações de assistência básica, de MÓDULO 2 ENFERMAGEM 30 responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela multiplicação de um valor per capita nacional (atual) pela população de cada município (fornecida pelo IBGE) e transferido regular e automaticamente ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios. Além disto, o município poderá receber incentivos para o desenvolvimento de determinadas ações de saúde agregando valor ao PAB. As ações de saúde que fornecem incentivos são: Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS); Programa de Saúde da Família (PSF); Assistência Farmacêutica básica; Programa de combate as Carências Nutricionais; ações básicas de vigilância sanitária; ações básicas de vigilância epidemiológica e ambiental. A NOB passa a vigorar efetivamente somente a partir de janeiro de 1998, o governo regulamentou a lei 9656/98 sobre os planos e seguros de saúde, que fora aprovada pelo congresso nacional em junho daquele ano. Se por um lado houve uma limitação nos abusos cometidos pelas empresas, por outro a regulamentação oficializa o universalismo excludente, na medida em que cria quatro modelos diferenciados de cobertura de serviços, a saber (GENTIAN, 2008): ▪ Plano ambulatorial - compreende a cobertura de consultas em número ilimitado, exames complementares e outros procedimentos, em nível ambulatorial, incluindo atendimentos e procedimentos caracterizados como urgência e emergência até as primeiras 12 horas; ▪ Plano Hospitalar sem obstetrícia - compreende atendimento em unidade hospitalar com número ilimitado de diárias, inclusive UTI, transfusões, quimioterapia e radioterapia entre outros, necessários durante o período de internação. Inclui também os atendimentos caracterizados como de urgência e emergência que evoluírem para internação ou que sejam necessários à preservação da vida, órgãos ou funções; ▪ Plano Hospitalar com obstetrícia - acresce ao Plano Hospitalar sem obstetrícia, a cobertura de consultas, exames e procedimentos relativos ao pré-natal, à assistência ao parto e ao recém-nascido durante os primeiros 30 dias de vida; ▪ Plano odontológico - cobertura de procedimentos odontológicos realizados em consultórios; ▪ Plano referência - representa a somatória dos quatro tipos de plano anteriores. 4.5 Consolidação do SUS Em 22 de Fevereiro de 2006 o Ministério da Saúde lança a Portaria Nº 399, que divulga os pactos pela saúde, pela vida e de gestão e consolida o SUS. ▪ Pacto pela Saúde: O Pacto pela Saúde é um conjunto de reformas institucionais pactuado entre as três esferas de gestão (União, estados e municípios) do Sistema Único de Saúde, com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão. Sua implementação se dá por meio da adesão de municípios, estados e União ao Termo de Compromisso de Gestão (TCG), que, renovado anualmente, substitui os anteriores processos de habilitação e estabelece metas e compromissos para cada ente da federação (PIOLA, 2017). As transferências dos recursos também foram modificadas, passando a ser divididas em seis grandes blocos de financiamento (Atenção, Básica, Média e Alta Complexidade da Assistência, ENFERMAGEM MÓDULO 2 31 Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica, Gestão do SUS e Investimentos em Saúde). ▪ Pacto pela Vida: O Pacto pela Vida reforça no SUS o movimento da gestão pública por resultados, estabelece um conjunto de compromissos sanitários considerados prioritários, pactuado de forma tripartite, a ser implementado pelos entes federados. Esses compromissos deverão ser efetivados pela rede do SUS, de forma a garantir o alcance das metas pactuadas. Prioridades estaduais, regionais ou municipais podem ser agregadas às prioridades nacionais, a partir de pactuações locais. Os estados e municípios devem pactuar as ações que considerem necessárias ao alcance das metas e objetivos gerais propostos. O Pacto pela Vida contém os seguintes objetivos e metas prioritárias (Portaria GM/MS nº 325, de 21 de fevereiro de 2008): I- Atenção à saúde do idoso; II- Controle do câncer de colo de útero e de mama; III- Redução da mortalidade infantil e materna; III- Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite, AIDS; IV- Promoção da saúde; V- Fortalecimento da atenção básica; VI- Saúde do trabalhador; VII- Saúde mental; VIII- Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas com deficiência; IX- Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência; XI- Saúde do homem. 4.6 Atenção Básica A Portaria Nº 648/GM de 28 de março de 2006 aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão dediretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS): O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, e considerando a necessidade de revisar e adequar as normas nacionais ao atual momento do desenvolvimento da atenção básica no Brasil; Considerando a expansão do Programa Saúde da Família (PSF) que se consolidou como a estratégia prioritária para reorganização da atenção básica no Brasil; Considerando a transformação do PSF em uma estratégia de abrangência nacional que demonstra necessidade de adequação de suas normas, em virtude da experiência acumulada nos diversos estados e municípios brasileiros; Considerando os princípios e as diretrizes propostos nos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, entre as esferas de governo na consolidação do SUS, que inclui a desfragmentação do financiamento da Atenção Básica (BRASIL, 2007). MÓDULO 2 ENFERMAGEM 32 Resolve: Art. 1º Aprovar a Política Nacional de Atenção Básica, com vistas à revisão da regulamentação de implantação e operacionalização vigentes, nos termos constantes do Anexo a esta Portaria. Parágrafo único. A Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde (SAS/MS) publicará manuais e guias com detalhamento operacional e orientações específicas desta Política. Art. 2º Definir que os recursos orçamentários de que trata a presente Portaria corram por conta do orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar os seguintes Programas de Trabalho: I - 10.301.1214.0589 - Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica; II - 10.301.1214.8577- Atendimento Assistencial Básico nos Municípios Brasileiros; III - 10.301.1214.8581 - Estruturação da Rede de Serviços de Atenção Básica de Saúde. Artigo 3º “Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação”. ▪ Responsabilidades das Esferas Gestoras em Atenção Básica Federal: ▪ Elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica; ▪ Cofinanciar o sistema de atenção básica; ▪ Ordenar a formação de recursos humanos; ▪ Propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação da atenção básica; ▪ Manter as bases de dados nacionais. ▪ Responsabilidades da Esfera Gestora em Atenção Básica Estadual: ▪ Acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em seu território; ▪ Regular as relações intermunicipais; ▪ Coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos humanos em seu território; ▪ Cofinanciar as ações de atenção básica; ▪ Auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção básica em seu território. ▪ Responsabilidades da Esfera Gestora em Atenção Básica Municipal: ▪ Definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território; ▪ Contratualizar o trabalho em atenção básica; ▪ Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e gerência); ▪ Cofinanciar as ações de atenção básica; ▪ Alimentar os sistemas de informação; ▪ Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão. ENFERMAGEM MÓDULO 2 33 4.6.1 Estratégia de Saúde da Família A expansão e a qualificação da atenção básica, organizadas pela estratégia Saúde da Família, compõem parte do conjunto de prioridades políticas apresentadas pelo Ministério da Saúde e aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde. Esta concepção supera a antiga proposição de caráter exclusivamente centrado na doença, desenvolvendo-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipes, dirigidas às populações de territórios delimitados, pelos quais assumem responsabilidade. Os princípios fundamentais da atenção básica no Brasil são: integralidade, qualidade, equidade e participação social. Mediante a adstrição de clientela, as equipes Saúde da Família estabelecem vínculo com a população, possibilitando o compromisso e a corresponsabilidade destes profissionais com os usuários e a comunidade. Seu desafio é o de ampliar suas fronteiras de atuação visando uma maior resolubilidade da atenção, onde a Saúde da Família é compreendida como a estratégia principal para mudança deste modelo, que deverá sempre se integrar a todo o contexto de reorganização do sistema de saúde (PSF, 2000). A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade (BRASIL, 1997). A responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS. A estratégia de Saúde da Família é um projeto dinamizador do SUS, condicionada pela evolução histórica e organização do sistema de saúde no Brasil. A velocidade de expansão da Saúde da Família comprova a adesão de gestores estaduais e municipais aos seus princípios. Iniciado em 1994, apresentou um crescimento expressivo nos últimos anos (BRASIL, 1997). A consolidação dessa estratégia precisa, entretanto, ser sustentada por um processo que permita a real substituição da rede básica de serviços tradicionais no âmbito dos municípios e pela capacidade de produção de resultados positivos nos indicadores de saúde e de qualidade de vida da população assistida. O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde. 4.6.2 Composição da Equipe de Saúde da Família As equipes são compostas, no mínimo, por um médico generalista ou especialista em saúde MÓDULO 2 ENFERMAGEM 34 da família, um enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, um auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). O quantitativo de ACS varia de acordo com a necessidade local, tendo em vista que 100% da população cadastrada deve estar coberta, porém obedecendo a regra de no máximo 750 pessoas por agente e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família (PSF, 2000). A cobertura quando ampliada, conta ainda com cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família e auxiliar ou técnico em saúde bucal. Cada equipe de Saúde da Família se responsabilizará pelo acompanhamento de, no máximo, 4 mil habitantes, sendo a média recomendada de 3 mil habitantes de uma determinada área, e estas passam a ter corresponsabilidade no cuidado à saúde. A atuação das equipes ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se como porta aberta de um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde; por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua responsabilidade; por intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta; por prestar assistência integral, permanente e de qualidade; por realizar atividades de educação e promoção da saúde (PSF, 2000). 4.6.3 Programa dos Agentes Comunitário de Saúde O Programa de Agentes Comunitários de Saúde é uma importante estratégia do Ministério da Saúde, oficialmente implantado em 1991, que busca promover a reorientação do modelo assistencial no âmbito do município, a quem compete à prestação da atenção básica à saúde. Por isso, tanto a Lei nº 10.507/2002, no seu art. 4º, como a Portaria n°1.886/1997 do Ministro de Estado da Saúde, no subitem 7.6 do seu Anexo I, preveem que o agente comunitário de saúde prestará os seus serviços ao gestor local do SUS (a Secretaria Municipal de Saúde) (BRASIL, 2001). O Programa de Agentes Comunitários de Saúde é hoje considerado parte da Saúde da Família, nos municípios onde há somente o PACS, este pode ser considerado um programa de transição para a Saúde da Família. No PACS, as ações dos agentes comunitários de saúde são acompanhadas e orientadas por um enfermeiro/supervisor lotado em uma unidade básica de saúde. Os agentes comunitários de saúde podem ser encontrados em duas situações distintas em relação à rede do SUS: a) Ligados a uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da Saúde da Família; b) Ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da equipe multiprofissional. Por meio de ações individuais ou coletivas, o agente comunitário de saúde realiza atividade de prevenção de doenças e promoção da saúde sob supervisão do gestor local do SUS, a Secretaria Municipal de Saúde. Quanto às atribuições desse profissional, estão previstas na Política Nacional de Atenção Básica (PSF, 2001). ENFERMAGEM MÓDULO 2 35 4.6.4 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família foram criados em 2008 através da Portaria Nº 154, de 24 de Janeiro pelo Ministério da Saúde, com o objetivo principal de ampliar a inserção e a abrangência das ações da estratégia de Saúde da Família, pelo processo de territorialização e regionalização apresentando assim maior resolubilidade na Atenção Básica. Um dos diferenciais desse serviço está na composição de sua equipe multidisciplinar, que é composta de especialistas de diversas áreas, em um apoio matricial para desenvolver ações básicas em saúde (BRASIL, 2008). Em 28 dezembro de 2012 a Portaria de nº 3.124, atualizou as definições das modalidades 1 e 2, além de criar a modalidade 3, assim permitindo que todos os municípios do país tenham a implantação de equipes NASF. 1- As modalidades de NASF encontram-se assim organizadas: Fonte: Ministério da Saúde (2020) ECR - Equipe Consultório na Rua; ESFR - Equipe Saúde da Família Ribeirinha; ESFF - Equipe Saúde da Família Fluvial. 2- Composição da equipe e jornada de trabalho: A composição da equipe deverá ser definida de acordo com a necessidade de cada local, seguindo a ordem por prioridades a partir dos dados epidemiológicos, cabendo ao gestor essa análise e decisão (BRASIL, 2008). Podem agregar às equipes os seguintes profissionais, médico acupunturista; assistente social; profissional/professor de educação física; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; ginecologista/obstetra; médico homeopata; nutricionista; médico pediatra; psicólogo; psiquiatra; terapeuta ocupacional; geriatra; médico internista (clínica médica), médico do trabalho, médico veterinário, profissional com formação em arte e educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou saúde coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas. Vale ressaltar que a jornada de trabalho de todos os profissionais deverá ter carga horária semanal mínima de 20hrs (BRASIL, 2008). MÓDULO 2 ENFERMAGEM 36 3- Formação dos Núcleos: Os profissionais do NASF devem ser cadastrados em uma única unidade de saúde, localizada preferencialmente dentro do território de atuação das equipes de Saúde da Família às quais está vinculado. As ações de responsabilidade de todos os profissionais que compõem os NASF, a serem desenvolvidas em conjunto com as equipes de SF, estão descritas no Anexo I desta Portaria (BRASIL, 2008). 4- Processo de Implantação dos NASF: Artigo 9: ▪ A implantação dos Nasfs está vinculada à Estratégia Saúde da Família; ▪ Ter aprovação da Comissão Intergestores Bipartite de cada Estado. ▪ Os recursos orçamentários de que trata esta Portaria façam parte da fração variável do Piso de Atenção Básica (PAB variável) e componham o Bloco Financeiro de Atenção Básica. ▪ Incidem nos fluxos e requisitos mínimos para manutenção da transferência e solicitação de crédito retroativo os requisitos definidos pela Portaria nº 648/GM, de 28 de março de 2006. ▪ O Ministério da Saúde suspenderá os repasses, dos incentivos referentes aos NASF aos Municípios e/ou ao Distrito Federal nas mesmas situações previstas para as equipes de Saúde da Família e de Saúde Bucal, conforme o estabelecido na Portaria nº 648/GM, de 28 de março de 2006, Capítulo III, item 5, "da suspensão do repasse de recursos do PAB". 4.6.5 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) Em julho de 2011 o Ministério da Saúde lançou a Portaria Nº 1.654 que instituía o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, com o intuito de incentivar gestores e equipes de saúde a melhorarem a qualidade de seus serviços, através de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação de seus trabalhos. Tendo ainda o impulso pelo repasse de recursos federais para os municípios que apresentassem melhoria no seu padrão de qualidade. Em 02 de Outubro de 2015 a Portaria Nº 1.645 revoga a anterior, modificando a composição do programa (BRASIL, 2015). Em seu artigo 3º essa portaria trata sobre as diretrizes do Programa, sendo elas: ▪ I - definir parâmetro de qualidade, considerando-se as diferentes realidades de saúde, de maneira a promover uma maior resolutividade das equipes de saúde da atenção básica; ▪ II - estimular processo contínuo e progressivo de melhoramento dos padrões e indicadores de acesso e de qualidade que envolva a gestão, o processo de trabalho e os resultados alcançados pelas equipes de saúde da atenção básica; ▪ III - transparência em todas as suas etapas, permitindo-se o contínuo acompanhamento de suas ações e resultados pela sociedade; ▪ IV - envolver e mobilizar os gestores federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais, ENFERMAGEM MÓDULO 2 37 as equipes de saúde de atenção básica e os usuários em um processo de mudança de cultura de gestão e qualificação da atenção básica; ▪ V - desenvolver cultura de planejamento, negociação e contratualização, que implique na gestão dos recursos em função dos compromissos e resultados pactuados e alcançados; ▪ VI - estimular o fortalecimento do modelo de atenção previsto na Política Nacional de Atenção Básica, o desenvolvimento dos trabalhadores e a orientação dos serviços em função das necessidades e da satisfação dos usuários; ▪ VII - caráter voluntário para a adesão tanto pelas equipes de saúde da atenção básica quanto pelos gestores municipais, a partir do pressuposto de que o seu êxito depende da motivação e proatividade dos atores envolvidos. 1- Composição do Programa: O PMAQ-AB acontece em ciclos, tendo cada um deles 24 meses de duração. Um ciclo será composto por três fases (Adesão e contratualização, Certificação e Recontratualização) somado ao Eixo Estratégico Transversal de Desenvolvimento. Fase 1 – Adesão e Contratualização (Artigo 5.): As equipes da Atenção Básica que aderirem ao Programa deverão preencher ao formulário eletrônico indicado pelo Ministério da Saúde. A contratualização da equipe e do gestor do Distrito Federal ou Municipal ocorrerá de acordo com as diretrizes e critérios definidos pelo manual do PMAQ-AB. Ao final dessa primeira fase será informado aos Conselhos Municipal de Saúde e à Comissão Intergestores Regional sobre a adesão do município. Essa fase só será realizada pela equipe que ingressar pela primeira vez em cada ciclo (BRASIL, 2015). Fase 2 – Certificação (Artigo 6.): Instituições de ensino e pesquisa serão responsáveis pela avaliação externa do desempenho das equipes de saúde e da gestão da
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