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Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 1 UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE QUÍMICA ORGÂNICA I MANUAL DE APOIO Prof. Dr. François Munyemana e dr. Óscar Nhabanga 23-01-2012 Química Orgânica é a Química dos compostos de Carbono Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 2 Tema 1: Introdução: conceitos teóricos da Química Orgânica Conceito de Química Orgânica. Origem da expressão ‘’ Química Orgânica ‘’. Datas históricas de Química orgânica. Elementos químicos organógenos, características gerais dos compostos orgânicos. Fontes de obtenção dos compostos orgânicos. Importância da Química orgânica. Objectivos da disciplina. O que é a Química Orgânica e porque você deve estudá-la? As respostas destas perguntas estão em toda parte, a sua volta. Todo organismo vivo é composto de substâncias da Química Orgânica: as proteínas que constituem os nossos cabelos, pele e músculos, o DNA que controla a nossa herança genética, os alimentos que consumimos, as roupas que vestimos e os medicamentos que tomamos, são todos, substancias orgânicas. Quem tiver curiosidade a respeito de vida e dos seres vivos precisa de ter noções básicas da Química. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA QUÍMICA ORGÂNICA O conhecimento dos compostos orgânicos da de há muito tempo em virtude do seu emprego na vida prática: Ø Os povos da antiguidade: • Sabiam fermentar o suco de uva e produzir o vinho • Produziam vinagre por fermentação do vinho • Extraíam a gordura e o azeite dos animais e vegetais • Utilizavam corantes extraídos de vegetais • Os antigos egípcios usavam compostos orgânicos (anil e alizarina) para tingir tecidos • A famosa ‘ púrpura real ‘ dos fenícios era também uma substancia orgânica obtida de molúsculos. Mas como Ciência, a Química Orgânica tem menos de 200 anos Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 3 de idade. A maioria dos historiadores da Ciência localiza a sua origem no início do século XIX. No século XVIII, Carl Wilhelm Scheele conseguiu isolar ácido tartárico (C4H6O6) da uva, ácido cítrico (C6H8O7) do limão, acido láctico (C3H6O2) do leite, glicerina (C3H8O3) da gordura, ureia (CH4N2O) da urina, etc. Ø Em 1777, Bergman classificou a Química em: a) Química Orgânica: estudava compostos orgânicos (obtidos dos seres vivos, animais e plantas) b) Química Inorgânica (ou mineral): estudava compostos inorgânicos (obtidos no reino mineral, solos, subsolo, atmosfera), que provinham de fontes inanimadas. Ø Nessa mesma época, Antoine Laurent Lavoisier conseguiu analisar vários compostos orgânicos e constatou que todos continham o elemento químico carbono. Ø Juntamente com esta distinção orgânica - inorganica desenvolve-se a concepção de ‘ vitalismo’. Foi o grande químico sueco Jons Jakob Berzelius que formulou a ‘’ teoria de força vital’’. Teoria segundo a qual os seres vivos possuíam uma desconhecida força que era indispensável na síntese de compostos orgânicos. Esta ideia prevaleceu até ao início do século XIX, época em que se realizaram as primeiras sínteses de compostos conhecidos até então exclusivamente como compostos naturais. Ø Em 1816, Michel Chevreul descobriu que o sabão preparado através da reacção alcalina com a gordura animal poderia ser decomposto em diversos compostos orgânicos puros, que ele denominou ‘ ácidos gordos ‘. Assim, pela primeira vez, uma substancia orgânica (a gordura) havia sido convertida em outra (ácidos gordos e glicerina) sem a intervenção de uma força externa: gordura animal NaOH H2O sabao + glicerina sabao H3O acidos gordos Ø Em 1828: Friedrich Wohler efectuou a síntese da ureia a partir dum composto inorgânico NH4 NCO calor C O NH2H2N (ureia) Ø Em 1845: Kolbe realizou a síntese do ácido acético (a partir dos seus elementos) 2 C + 2 H2 + O2 CH3COOH Começou assim a queda da teoria da força vital e rápidos progressos em síntese orgânica seguiram. Abandonou-se definitivamente a ideia de que os compostos orgânicos deveriam sempre se originar do reino vegetal ou do reino animal. Em consequência, Friedrich August Kekulé propôs em 1858, o conceito que hoje usamos, pelo qual a Química Orgânica é a Química dos compostos de carbono. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 4 Muito embora o carbono seja o principal elemento dos compostos orgânicos, a maioria deles contém também Hidrogénio, e muitos contém nitrogénio, oxigénio, fósforo, enxofre, cloro e outros elementos. O carbono distingue-se dos demais elementos da tabela periódica pela sua capacidade de ligar-se a si próprio de modo quase infinito para formar cadeias extremamente variadas, e bastam alguns elementos (com maior frequência: H, O e N apenas) para formar com ele centenas de milhares de moléculas. Certos compostos como: HCN, CO2, H2CO3, etc. não são enquadrados classicamente entre os compostos orgânicos: bloco intermediário entre a Química Orgânica e Inorgânica. Nem todos os compostos de carbono são originários de organismos vivos. Um grande número de compostos orgânicos foi produzido a partir de fontes não vivas. As sínteses orgânicas aumentaram vertiginosamente na 2a metade do século XIX: • Em 1856, o químico inglês William Perkin preparou o primeiro corante sintético: a mauveína; com corantes e perfumes, Perkin serviu como exemplo no desenvolvimento da indústria química da Inglaterra. • August Wilhelm Hofmann descobriu vários corantes: v A magenta (1858); a alizarina (1869) e o índigo (1880). Esses corantes serviram para a indústria têxtil e para o desenvolvimento da Biologia (com a coloração e estudo dos microrganismos ao microscópio) e para o desenvolvimento da indústria química alemã no final do século XIX. • Primeira metade do século XIX: grande desenvolvimento da indústria química orgânica nos estados unidos com a descoberta por exemplo de inúmeros plásticos, como o raion, o naílon, o teflon, o poliéster, etc. • O século XX marcou a substituição do carvão pelo petróleo como matéria- prima para a indústria Química Orgânica. • Hoje em dia, ainda há certas sínteses difíceis, por exemplo, a clorofila (C55H72MgN4O5) existente nos vegetais, foi preparada artificialmente só em 1960 por R. B. Woodward (prémio Nobel em 1965) • Actualmente, a humanidade dispõe de: v Compostos orgânicos naturais: cujas fontes principais são o petróleo, o carvão mineral, o gás natural, produtos agrícolas, etc. v Compostos orgânicos sintéticos: produzidos artificialmente pelas indústrias químicas que fabricam desde plásticos e fibras têxteis até medicamentos, corantes, insecticidas, etc. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 5 • Desde o fim do século passado até hoje, a Química Orgânica teve uma evolução muito grande: por exemplo, o número de compostos orgânicos conhecidos (quer extraídos da natureza, quer sintetizados pelo homem) eram em 1880, cerca de 12 000 compostos e actualmente são cerca de 8 000 000 compostos. • Com o seu desenvolvimento, a Química Orgânica acabou se subdividindo e dando origem a mais ramo da ciência: a Bioquímica (que estuda as substancias mais intimamente ligadas à vida dos vegetais e animais, como por exemplo, os alimentos, as vitaminas, as hormonas, os ácidos nucleícos, etc) E da Bioquímica surgiram outros ramos da ciência e tecnologia: A Biologia Molecular e Biotecnologia. Importância dos compostos Orgânicos As aplicações práticas da Química Orgânica são inumeráveis; a indústria correspondente que se estende da produção das grandes matérias-primasa Química fina dos medicamentos ou dos perfumes, ocupa um considerável espaço económico. Torna-se desnecessário insistir na importância que no mundo moderno tem: Ø Os combustíveis, fontes de energia calorífica e de energia mecânica Ø Os medicamentos de síntese (antibióticos, estimulantes ou tranquilizantes, contraceptivos, etc.) Ø As “ matérias plásticas “ e os elastómeros (borrachas sintécticas), as tintas, vernizes, colas e adesivos Ø Os têxteis sintéticos Ø Os corantes Ø Os sabões e detergentes Ø Os insecticidas e pesticidas Ø Os explosivos Ø Os cosméticos, os perfumes, … Assim, além de regular todo o funcionamento celular dos organismos vivos (actividade muscular e nervosa, digestão, respiração, reprodução, visão, olfacto, etc., …) e de permitir intervir artificialmente neste funcionamento (quimioterapia, controlo da natalidade), a química Orgânica encontra-se presente em toda a nossa vida quotidiana. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 6 O seu estudo pode ser uma tarefa fascinante. A distinção “ inorgânico - orgânico” pode pois parecer puramente formal, e é o em parte; podem, porém, surgir justificação para a sua manutenção, se se compararem os caracteres destes dois grupos de compostos. Compostos Inorgânicos Compostos Orgânicos Muitas vezes formados por ligações iónicas (ou pelo menos com acentuado carácter iónico) Muitas vezes electrólitos (ácidos, bases, sais em solução); soluções em água e insolúveis em solventes orgânicos. Pontos de fusão e de ebulição elevados, muitos são sólidos cristalizados (é um carácter da ligação iónica) Densidades variáveis; e por vezes grandes (metais) Geralmente grande estabilidade térmica (materiais refractários) Raramente são combustíveis As reacções inorgânicas são por vezes rápidas porque são reacções iónicas (neutralizações, precipitações), e totais Tem por vezes acentuados efeitos térmicos (endo ou exotérmicos). Formados por ligações covalentes (ou pelo menos, com carácter covalente dominante); o carbono está no centro da classificação periódica dos elementos e da escala das electronegatividades. Solúveis em solventes orgânicos, raramente solúveis em água, e raramente ainda são electrólitos. Tem por vezes pontos de fusão e de ebulição relativamente baixos ( < 4000C); muitos são líquidos a temperatura ordinária (e um carácter de ligação covalente) Maior parte das vezes, uma densidade próxima a unidade. Facilmente decompostos pelo calor (cozedura dos alimentos) resistem pouco a uma temperatura superior a 5000C. São quase todos combustíveis As reacções orgânicas são por vezes lentas e reversíveis, e portanto incompletas (esterificação) Tem a maior parte das vezes efeitos térmicos fracos. a diferença de energia entre o estado inicial e o estado final é pequena e as reacções raramente são unívocas. O peso molecular dos compostos orgânicos pode ser muito elevado: > 1000 Muitos compostos com a mesma fórmula: isomerismo. Fonte de alimento para as bactérias. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 7 ESTRUTURA DAS MOLÉCULAS ORGÂNICAS Ordem de frequência decrescente: 4 elementos: C, H, O, N Não metais: Cl, Br, I, S, P, As, … Metais: Na, Li, Mg, Zn, Cd, Pb, Sn, … • Fórmula molecular • Fórmulas desenvolvidas (formulas estruturais) Regra para construir fórmulas correctas: respeitar a valência de cada elemento. C normalmente tetravalente C H monovalente H O bivalente O N trivalente N As ligações covalentes representam-se convencionalmente por um traço que representa par de electrões ou dubletos compartilhados. :C: : : H H H O:H CH H H O H CADEIAS CARBÓNICAS: Classificação: Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 8 CADEIAS ABERTAS, ALIFÁCTICAS OU ALICÍCLICAS quanto a natureza homogenea heterogenea C C C C C C C C C C C O C C C 1) 2) C N C C 1) 2) I. quanto a distribuicao dos carbonos Normal (continua) Ramificada C C C C C C C II. quanto ao tipo de ligacao entre os carbonos Saturada Insaturada 1) C C C 2) C C C C O 1) C C C 2) C C C III. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 9 Representação das fórmulas estruturais: 1) H:C:O:C:H: : : :H H H H C O H H H C H H H CH3OCH3 C2H6O Estrutura de pontos Fórmula estrutural Fórmula estrutural F. Molecular Fórmula de Lewis de traços condensada de éter metílico 2) C CH H H C H H H O H H CH3CH2CH2OH F. estrutural de traços F. estrutural condensada De álcool propílico 3) CH H H C Cl H C C H H H H H CH3CHCH2CH3 Cl ou CH3CHClCH2CH3 Fórmula de traços F. condensadas de 2-clorobutano Representação muito simplificada das fórmulas Habitualmente, não se representam os carbonos constitutivos das cadeias cíclicas, nem os hidrogénios que transportam. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 10 Ex.: C C C H H HH H H = CH2 H2C CH2 representa-se por Ciclopropano C C C C H H H HH H H H = H2C H2C CH2 CH2 representa-se por ciclobutano Vai se por vezes mais longe na simplificação, aplicando esta forma de proceder a todos os carbonos, quer se encontram numa cadeia cíclica, quer numa cadeia alifáctica. CH3CHClCH2CH3 = CH H3C CH2 Cl CH3 = Cl F. de linha de ligação H2C C CH CH3 =CH2 Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 11 (CH3)2NCH2CH3 = N CH3 H3C CH2CH3 = N Fórmulas tridimensionais: Visam a dar ideia sobre a disposição espacial dos átomos da molécula. Ex. Bromometano CH3Br C H Br H H C H H Br H C Br H H Hou ou etc. Nesta representação, as ligações que se projectam para cima da face da folha de papel são indicadas por uma cunha ( ), as que estão atrás do plano do papel são indicadas por uma cunha tracejada ( ) E as que estão no plano da folha são indicadas por um traço ( ). 4- Cadeias carbónicas Os átomos de carbono ligam-se entre si, formando cadeias como no exemplo abaixo: C C C C (C tem 4 valencias) Classificação das cadeias carbónicas: As cadeias carbónicas classificam-se em : Cadeias fechadas ou cíclicas I. Alicíclicas ou não aromáticas Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 12 natureza Homogenea (Homociclica) Heterogena (Heterociclica) O I.a. saturacao Saturada Insaturada I.b. II. Aromáticas MononuclearesII.a. Polinucleares Condensados Isolados II.b. II.b.1. II.b.2. N H ex. de composto heterociclico insaturado C C N C C C H H H H HH H H H H H Composto Heterociclico saturado Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 13 Tipos de Carbono numa cadeia: C CH H H C C C C H H C H H C C H H HH H HH H H H HH H Primario Secundario TerciarioQuaternario Funções orgânicas. Classificação e Nomenclatura dos compostos orgânicos Def: Função orgânica é um conjunto de substâncias com propriedades químicas semelhantes (denominadas, então, propriedades funcionais). As características estruturais que possibilitam a classificação dos compostos com base em sua reactividade são chamadas de grupos funcionais. Um grupo funcional é a parte da molécula onde ocorre a maioria das reacções químicas. É a parte que determina, efectivamente as propriedades químicas do composto ( e também muito propriedades físicas). Por exemplo, o grupo funcional de um alceno é a dupla ligação carbono- carbono: as reacções químicas dos alcenos são principalmente as reacções químicas da dupla ligação carbono-carbono. RESUMO DAS PRINCIPAIS FUNÇÕES ORGÂNICA função Grupo funcional Exemplo simples Fórmula geral Hidrocarboneto Contem apenas C e H R-H alcano CH3 CH3 etano alceno C C H2C CH2 eteno alcino C C C C HH (etino) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 14 Areno (Hidrocarboneto Aromático) (benzeno) Haleto (Halo- geneto) C X X: F, Cl, Br, I CH3CH2Cl (cloroetano) R X álcool C O H CH3OH (metanol) R OH Fenol OH-ligado ao anel aromático OH (fenol) Ar OH Éter C O C CH3OCH3 Éter dimetílico R O R' Aldeído C C O H H3C C O H(etanal) R C O H Cetona C C O C H3C C O CH3 (propanona) R C R' O Ácido carboxílico C O O H H3C C O OH Ácido etanoico R C O OH Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 15 Éster C C O O C CH3 C O OCH3 Etanoato de metilo R C O OR' Anidrido do ácido carboxílico C O O C O CH3C O O CH3C O Anidrido acético CR O O CR' O Cloreto de ácido carboxílico C O Cl C O Cl H3C Cloreto de etanoílo C O Cl R Amina NH2 Primária NH (Secundária) N terciária CH3NH2 (metilamina) H3C NH CH3 (dimetilamina) H3C N CH3 H3C (trimetilamina) R NH2 amida C O NH2 C O N H C O N H3C C O NH2 Etanamida C R O NH2 C R O N H R' C R O N R' R'' Nitrilo ou Cianeto C N H3C C N Etanonitrilo ou acetonitrilo R C N Isonitrilo ou isocianeto N C H3C N C R N C Nitrocomposto C N O O N O O H3C Nitrometano N O O R Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 16 Tiol SH CH3SH Metanotiol R SH Tioéter ou Sulfeto C S C H3C S CH3 Dimetil sulfeto R S R' Sulfóxido C S C O : : : : S O S O : : : : CH3H3C Dimetilsulfóxido S O : : : : R'R Sulfonas Ácido Sulfónico C S C O: O: : : : : 2 S OH O O S CH3H3C O O 2 Dimetilsulfona CH3CH2SO3H Ácido etanosulfónico S RR O O R SO3H Compostos com funções múltiplas Apresentam duas ou mais vezes a mesma função (duas ou mais vezes o grupo funcional). Ex. H2C CH CH CH2 dienos(alcadienos) 1,3-butadieno Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 17 C O HO C O OH diacidos H2C CH OH OH CH2 OH triois ou trialcoois 1,2,3-propanotriol Compostos com funções mistas: apresentam duas ou mais funções diferentes. Ex. H3C C O CH2 CH2 OH cetoalcool 4-Hidroxi-2-butanona H3C CH2 CH NH2 COOH amino-acido acido 2-amino-butanoico Ou acido α-amino-butanóico Outros grupos de compostos orgânicos: a. Compostos organometálicos: quando apresentam um ou mais átomos de metais em suas (moléculas, ligadas directamente a átomos de carbono). Ex. H3C CH2 MgBr composto de Grignard (f.Geral: R-MgX) Pb CH2CH3H3CH2C H3CH2C CH2CH3 tetraetilchumbo (usado como aditivo na gasolina) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 18 b. Compostos heterocíclicos: quando apresentam ciclos ou anéis contendo átomos diferentes do carbono (heteroátomo). Ex. O S N: Nomenclatura dos Compostos Orgânicos Antigamente, quando poucos compostos orgânicos puros eram conhecidos, cada composto novo recebia um nome escolhido pelo seu descobridor. Assim, a ureia (CH4N2O) é uma substância cristalina isolada a partir da urina; a morfina (C17H19NO3) é um analgésico cujo nome se relaciona a Morfeu, o deus grego do sonho, e o nome ácido barbitúrico é um agente tranquilizante cujo nome é uma homenagem de seu descobridor a uma amiga chamada Bárbara. Com o crescimento da química orgânica no século XIX, aumentou progressivamente o número dos compostos conhecidos e passou a ser necessário um método sistemático para nomeá-los. O sistema de nomenclatura usado é o que foi desenvovido pela União Internacional de Química Pura e Aplicada, IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry). No sistema IUPAC, o nome de um composto químico é constituído de três (3) partes: Prefixo, um composto principal e um sufixo. O composto principal relaciona-se à parte da molécula identificada com a cadeia principal e informa o número e arranjo dos átomos de carbono que compõem, o sufixo identifica a função química a que a molécula pertence, e o prefixo fornece a localização dos grupos funcionais e de outros substituintes na cadeia principal. prefixo radical sufixo onde estao os substituintes? quantos atomos? que funcao quimica Nomenclatura dos alcanos: Serve de base a todas as funções da série alifáctica. Nomenclatura dos compostos químicos foi regulamentada pela IUPAC. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 19 alcanos normais (lineares): Prefixo + Ano indica o numero de C da cadeia No de C Prefixo nome de Composto 1 Met Metano 2 Et Etano 3 Prop Propano 4 But Butano 5 Pent Pentano 6 Hex Hexano 7 Hept Heptano 8 Oct Octano 9 Non Nonano 10 Dec Decano 20 Icos Icosano 30 Triacont Triacontano Radicais derivados dos alcanos: prefixo + il(o ou a) CH3 metil ou metila(o) CH3CH2 etila CH3CH2CH2 propil (n-propila) CH3CH2CH2CH2 n-butil CH3CH2CHCH3 sec-butil (S-butil) A partir de C3 existe mais de 1 grupo derivado. CH3CH2CH3 CH3CH2CH2 CH3CHCH3 n-propil isopropil (i-pr) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 20 CH3CH2CH2CH3 CH3CH2CH2CH2 CH3CH2CHCH3 CH3CHCH2 CH3 H3C C H3C CH3 n-butil sec-butil (sec-Bu) isobutil terc-butil (t-butil) Nomenclatura dos alcanos ramificados: 1. Determina-se a cadeia principal que é a mais longa existente no composto,se existirem várias possibilidades, escolha a mais ramificada. Esta cadeia determina o nome básico do alcano. 2. Enumere os carbonos da cadeia principal, de tal modo que as ramificações fiquem em carbonos com os menores números possíveis. 3. Os nomes dos radicais (ramificações) devem ser colocados obedecendo-se à ordem alfabética (não se leva em conta os prefixos numéricos “ di ” ou “ tri “) ou de complexidade crescente. Por exemplo: metil antes de etil. 4. Cada radical (ramificação) terá um número que indica a sua posição na cadeia principal. 5. No caso de haver dois, três, quatro, etc. radicais iguais ligados à cadeia principal, usam-se os prefixos di, tri, tetra,… diante dos nomes dos respectivos radicais. ex. CH3CH2CH2CH2CHCH3 CH3 2-metil-hexano 6 5 4 3 2 1 CH3CHCH3 CH3 1 2 3 metil-propano (isobutano) C CH3H3C CH3 H3C1 2 3 2,2-dimetil-propano (neopentano) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 21 CH3CCH2CH2CHCH2CH3 CH2CH3CH3 CH3 1 2 3 4 5 6 7 5-etil-2,2-dimetil-heptano (nao 2,2-dimetil-5-etilheptano) ordem alfabetica sem levar em conta os prefixos numericos CH3 CH2 CH CH3 CH CH CH2CH2CH3 CH3 CH CH3 CH3 7 6 5 4 3 2 1 2,3,5trimetil-4-propil heptano (4 substituintes) e nao 4-sec-butil-2,3-dimetilheptano (3 substituintes) CH3 CH2 CH2 CH CH CH H3C CH3 CH3 C CH2CH3 CH2CH3 CH2CH3 8 7 6 5 4 3 2 1 3,3-dietil-5-isopropil-4-metil octano 6. Em alguns casos particularmente complexos, um outro passo se faz necessário. Por vezes, ocorre que um substituinte da cadeia principal apresenta sub-ramificações: Ex. CH3 CH CH3 CH CH3 CH2 CH2 CH CH2 CH2 CH2 CH2 CH3 CH CH3 CH3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 nomeado como um decano 2,3,6-trissubstituido Neste caso, o substituinte C6 é uma unidade com 4 átomos de carbono com uma sub- ramificação. Para dar o nome do composto como um todo, é preciso primeiro dar um nome para o substituinte sub-ramificado. Nomeia-se um substituinte complexo aplicando-se os primeiros passos que descrevemos, como se o substituinte fosse por si só um composto. No exemplo, o substituinte complexo é um grupo propilo substituído: Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 22 molecula CH2CHCH3 CH3 1 2 3 A numeração do substituinte complexo começa no ponto de ligação com a cadeia principal: assim, o substituinte complexo é um grupo 2-metil-propilo. Para evitar a confusão, o nome deste substituinte é destacado entre parênteses no nome completo da molécula. Exemplos: CH3 CH CH3 CH CH3 CH2 CH2 CH CH2 CH2 CH2 CH2 CH3 CH CH3 CH3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2,3dimetil-6-(-2-metil-propil) decano CH3 CH2 CH2 CH2 CH CH CH2 CH CH3 CH3 CH3 CH2 CH CH3 CH3 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2-metil-5-(1,2dimetil-propil)-nonano CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH3 CH2 HC CH3H3C CH CH3H3CH2C 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 8-(1-metilpropil)-6-(2-metilpropil)-tetradecano e nao 6-(2-metilpropil)-8-(1-metilpropil)-tetradecano Se duas cadeias laterais diferentes tiverem nomes formados com as mesmas letras, terá prioridade o que apresentar o primeiro índice diferente mais baixo. A presença de vários grupos ramificados idênticos indica-se por meio de um prefixo multiplicativo: bis, tris, tetraquis, pentaquis, etc. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 23 CH3CH2CH2CH2CH2CH2CHCHCHCH2CH2CH3 CH2CH3 CH CH2CH3H3C CH CH3H3CH2C 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 4-etil-5,6-bis(1-metilpropil) dodecano NOMENCLATURA DOS CICLOALCANOS Os nomes dos cicloalcanos substituídos seguem regras semelhantes às dos alcanos de cadeia aberta. Normalmente, bastam apenas duas regras: 1. Verifique o número de átomos de carbono do anel e do maior substituinte. Se o número de átomos de carbono do anel for igual ou superior ao do maior substituinte, o composto é nomeado como um cicloalcano substituído com um grupo alquila. Se ocorrer o inverso, o composto é nomeado como um alcano substituído com um grupo cicloalquila. CH2CH2CH2CH3 3 C 4 C CH3 metil-ciclopentano1-ciclopropil-butano 2. Por cicloalcanos substituídos com grupos alquil, numere os substituintes do anel nos pontos de substituição, de forma a obter a menor soma de números: Ex. CH3 CH3 CH3 CH3 1 2 3 4 5 6 e nao 1 2 3 4 5 6 (soma = 1+3 ) 1,3-dimetil ciclohexano (soma = 1+5) 1,5-dimetil ciclohexano Quando dois ou mais grupos alquila diferentes estão presentes em posições equivalentes, numere-os levando em conta a ordem alfabética: Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 24 CH3 CH2CH3 CH3 CH2CH3 1 2 3 4 5 1 2 34 5 e nao 1-etil-2-metil ciclopentano 2-etil-1-metil ciclopentano CH3 CH2CH3 CH3 CH2CH3 1 2 3 4 5 1 2 34 5 e nao 1-etil-2-metil ciclopentano 2-etil-1-metil ciclopentano Os halogénios são tratados exactamente como grupos alquila: CH3 Br CH3 Br e nao 2 1 2 1 1-bromo-2-metil ciclobutano 2-bromo-1-metil ciclobutano NOMENCLATURA DOS ALCENOS Nomeados segundo regras semelhantes às dos alcanos, usando-se o sufixo –eno no lugar de -ano. 1) Determinar o nome básico seleccionando a cadeia mais longa que contém a dupla ligação e mudando o final do nome do alcano, de idêntico tamanho para eno. 2) Numerar a cadeia de modo a incluir ambos os carbonos da dupla ligação; e começar a numeração a partir da extremidade da cadeia mais próxima da dupla ligação. Indicar a localização da dupla ligação usando-se o número do primeiro átomo da dupla ligação como prefixo. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 25 3) Indicar a localização dos grupos substituintes pelos números dos átomos de carbono aos quais estão ligados. CH2 CH CH2 CH3 1 2 3 4 CH3 C CH3 CH CH2 CH CH3 CH3 but-1-eno 2,5-dimetil hex-2-eno (nao 2,5-dimetil hex-4-eno) 1 2 3 4 5 6 Se houver mais de uma ligação dupla, indique a posição de cada uma e use um dos sufixos –dieno, trieno etc. CH2 C H3C CH CH2 1 2 3 4 ex. 2-metil buta-1,3-dieno No caso dos cicloalcenos, a numeração é feita de tal modo que a ligação dupla receba os números mais baixos possíveis. Não é necessário incluir no nome a posição da ligação dupla porque ela estará sempre entre C1 e C2. CH31 2 3 4 5 6 1-metil-ciclohexeno 1 2 3 4 5 6 1,4-ciclohexadieno H3C CH3 1 2 3 4 5 1,5-dimetilciclopenteno CH3 H3C 1 2 3 4 5 6 3,5-dimetilciclohexeno No caso dos compostos com uma dupla ligação e um grupo álcool, o carbono ligado ao grupo álcool recebe o número mais baixo. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 26 CH3 C CH CH3 CH CH3 OH 5 4 3 2 1 CH3 OH 1 2 3 4-metil-3-penteno-2-ol CH2 CH 2-metil-2-ciclohexeno-1-ol grupo vinila CH2 CH CH2: : grupo alila Reacções Orgânicas Intermediários reactivos em Química Orgânica Muitas reacções orgânicasse passam com a formação dum intermediário altamente, que resulta da hidrólise ou da heterólise duma ligação ao carbono. C:Z Homolise C . + Z. radical livre ou radical A:B A. + B. (um e- para cada fragmento) A:B A + :B (ambos os es - para um dos fragmentos) C:Z heterolise C + :Z C: + Z carbanioes carbocatioes (ou ioes de carbonio) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 27 • Os radicais livres e os carbocatiões são espécies deficientes em electrões (um radical livre tem 7e- no seu nível de valência, um carbocatião tem apenas 6e-). Como consequência, ambas as espécies são electrófilos: em suas reacções buscam o electrão, o que lhes permitirá completar o octecto. • Os carbaniões são em geral bases fortes e nucleófilos fortes, eles procuram um protão ou um centro de carga positiva para neutralizar a sua carga negativa. • Carbenos: são compostos neutros de carbono divalente com somente seis electrões na camada de valência. Devido a isto, ele é muito reactivo e só pode ser gerado como intermediário de reacção, não podendo ser isolado. O carbeno mais simples é o composto denominado metileno (CH2). O metileno pode ser preparado pela decomposição quer do diazometano quer do ceteno: :CH2 N N: CH2 N N:: CH2 N N:: : hibrido de ressonancia de diazometano com as 3 estruturas I, II e III I II III CH2 C O ceteno CH2 N N:: calor ou luz UV CH2 + N2 metileno :CH2 N N: CH2 + N N:: calor ou luz CH2 C O ceteno luz UV CH2 + CO Repare-se no facto de os dois compostos de partida e os dois outros resultantes alem do CH2, nitrogénio e monóxido de carbono serem pares de moléculas isoelectrónicas , isto é, moléculas que contém o mesmo número de electrões de valência). Os estudos espectroscópicos revelam que o metileno se podia encontrar em duas formas diferentes (diferentes estados de spine), conhecidos geralmente pelas suas designações espectroscópicas: singleto, metileno em que os electrões não compartilhados estão emparelhados: Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 28 CH2. . H:C:H . . Os electrões não compartilhados estão desirmanados: um biradical. Como consequência da diferença de configuração electrónica, as duas moléculas diferem na forma e nas propriedades químicas. O metileno em singleto é a forma menos estável, sendo frequentemente a que é primeiro gerada no início da fotólise. As propriedades químicas que realmente se observam dependem da forma do metileno que participa na reacção, e esta por sua vez, depende das condições experimentais. Na fase líquida, o metileno-singleto, formando-se primeiramente, reage de imediato com moléculas de solvente, muito abundantes, antes de perder energia. Em fase gasosa, especialmente em presença de um gás inertecomo o nitrogénio ou o árgon, o metileno singleto perde energia através de colisões e transforma-se num metileno-tripleto, é este que então reage. Um exemplo de reacção importante do metileno e de outros carbenos: adição à ligação dupla carbono-carbono (este caso particular de adição, em que se forma um anel, chama-se cicloadição). Por exemplo: CH3 CH CH CH3 + CH2N2 CH3 CH CH CH3 H2 C + N2 1,2-dimetil ciclopropano luz :CH2 + C C C C C H2 C H2C C (metileno-singleto: adicao electro- filica estereoselectiva) CH2. . + C C C C CH2 . . C H2C C (metileno-tripleto: adicao radicalar nao estereoespecifica) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 29 Radicalar-catião: Quando um electrão de alta energia atinge uma molécula orgânica, ele arranca um electrão de valência da molécula, produzindo um catião-radical porque a molécula perde um electrão e adquire carga positiva; radical porque a molécula agora tem um número ímpar de electrões. RH e- RH + e - catiao-radicalmolecula organica CH4 e- H:C:H :H H . m/z=16 CH3 + H m/z=15 CH2 + 2 H (iao molecular,M ) m/z= 14 O bombardeio de electrões transfere uma quantidade tão grande de energia às moléculas que a maioria de catiões-radicais se fragmenta após a sua formação. (aplicação: espectrometria de massa) Efeitos electrónicos nas moléculas Orgânicas 1. Efeito Indutivo Numa molécula existem grupos que podem atrair electrões, criando com isto, pólos: polarização. Este efeito é chamado efeito Indutivo negativo (-I) ou efeito indutivo atractivo. ex. H3C Cl s-s+ Entretanto. Existem também grupos que empurram electrões e com isto, a polarização é contrária à do caso anterior. A este efeito chamamos efeito Indutivo positivo (+I) ou efeito Indutivo repulsivo (doador de electrões). Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 30 ex. CH H Cl C O H o Cl atrai os electroes efeito indutivo -I CH3 C O H CH3 empurra electroes efeito indutivo +I Radicais que apresentam -I: X= F, Cl, Br, I; -NO2; -SO3H; -C6H5; -OH; H2C=CH-; etc. Ordem decrescente: F>Cl>Br>I> -OR> -NH2 Radicais que apresentam +I -CH3; -C2H5; -C3H7; etc. Ordem decrescente: --NR>-O- > -CR3> -CHR2 > -CH2R > -CH3 Quanto maior o número de C no radical, maior o efeito +I. O efeito +I aumenta -CH3< -CH2CH3 < -CH2CH2CH3 Aplicações: Estabilidade de intermediários de reacções: estabilidade de carbocatiões. CR R'' R' CR H R' C H H R terciario secundario primario Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 31 Acidez: ex 1. CH H H C O OH CH H Cl C O OH CH H Cl C O O acido acetico ac. cloroacetico (acido mais forte) (-I) H o H fica solto O cloro induz uma modificação na hidroxila, puxando o par electrónico, o que torna mais fácil a saída de H. ex. 2. CH3CH2 C O OH comparacao de acidez CH3 C O OH C O OH H Quanto maior o efeito +I, menor a acidez. O efeito +I tende a diminuir a acidez, visto que o Hidrogénio ácido fica preso. CH3 CH2 C O O H este H fica mais '' preso ''(+I) Resumo: R C O OH : a - R exerce -I, acidez aumenta b - R exerce +I, acidez diminui Efeito mesómero ou mesomérico (efeito M) Antes de explicar o efeito mesómero é necessário explicar um outro fenómeno importantíssimo denominado: Ressonância. Ressonância é a movimentação do par electrónico π de uma ligação dupla ou tripla. Ex. Ressonância no anel benzénico: Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 32 Para passar duma estrutura a outra, há apenas deslocamentos das duplas ligações, ou melhor, das ligações π formadoras das duplas ligações, uma vez que as ligações σ ficaram firmemente presas entre os átomos do carbono. NOTA: Não confundir uma flecha dupla: que indica o fenómeno de ressonância; e as duas flechas : que indicam uma reacção reversível. Cada uma das estruturas anteriores é denominada forma canónica de ressonância. A molécula de benzeno não é representada correctamente por nenhuma das duas formas canónicas descritas acima; na verdade, a molécula fica num estado intermediário entre as duas formas canónicas, e esse é denominado híbrido de ressonância: nesta representação, as duplas ligações deslocalizadas, isto é, estão distribuídas por todo anel. Às vezes, a ressonância envolve a participação de pares electrónicos livres, como existem, por exemplo, no oxigénio, no nitrogénio. CH2 CH NH2 : H2C CH NH2 : Efeito mesómero (efeito M) é a atracção ou repulsão dos electrões π das ligações duplas ou triplas. Este efeito é uma simples consequência do fenómeno de ressonância. Ele divide-se em:Efeito mesómero Negativo (-M): Quando o radical puxa o par electrónico da cadeia carbónica para si. ex. CH2 CH C O H H2C CH C O H : Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 33 C O H o grupo tem um efeito -M, pois esta retirando electroes ou diminuindo a densidade electronica do grupo. CH2 CH Grupos com efeito –M: C O , C O OH , C O OR , R C O , C N , NO2 carbonila carboxila ester acila ciano nitro Efeito mesómero positivo (+ M): Quando o radical empurra o par electrónico para a cadeia carbónica. CH2 CH NH2 H2C CH NH2 (A) (B) : : ex. -NH2 tem efeito +M, pois está fornecendo electrões ou aumentando a densidade electrónica do: CH2 CH Amino: NH2 ou NHR ou NR2 hidroxi: OH alcoxi: OR halogenios: F, Cl, Br, I ex. Efeitos estéricos (1): ou impedimento espacial Certos radicais orgânicos não reagem (ou então reagem muito lentamente) em condições nas quais deveriam reagir simplesmente por estarem bloqueados por radicais volumosos em sua vizinhança. Por exemplo, na vizinhança quando os radicais R1 e R2 são muito grandes, eles impedem ou dificultam as reacções do grupo carboxilo. ( COOH .) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 34 R1 COOH R2 Quando a aproximação dos reagentes é dificultada pela presença de substituintes volumosos, é necessária uma energia de activacao mais elevada para vencer esta influencia. Além disso, a entropia de activação ΔS# torna-se mais negativa quando há impedimento estereoquímico. Classificação das reaccoes Orgânicas. Podem classificar-se segundo diversos critérios: a) Classificação muito geral baseado-se no facto de haver nas reacções químicas um reagrupamento de electrões. Conforme o tipo de reagrupamento, distingue-se as reaccoes: - Cedência de electrões: ex. R3N: + M 3+ R3N. + M 2+ Neste grupo estão incluídas as reaccoes de oxidacao e de reducao para além das reaccoes com a cedência de um electrão e também possível a cedência de 2 electrões. Reagrupamento de ligações: • Reacções homolíticas (radicalares) Nestes casos as ligações ou são cindidas “ simetricamente ” e formam radicais ou são formadas a partir de radicais: v Cisão homolitica de moléculas ou combinacao de radicais para a formacao de uma ligacao. P.ex.: Cl Cl Cl . Cl.+ v Permuta homolítica (radicalar). P.ex.: Cl. + H R H Cl + R . Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 35 • Reacções heteroliticas (polares, ionicas) Neste caso, as ligacoes são cindidas ou formadas assimetricamente mantendo-se o par de electroes da ligacao: v Cisão heterolítica de moléculas ou combinação de reagentes electrófilos com reagentes nucleófilos: R Cl R + Cl v Permuta heterolítica (iónica) R Cl R + Cl+I I BI + H A B H + IA (BI = base) na formação heterolítica de uma ligação, um dos reagentes funciona como dador de par de electrões (base de Lewis, nucleófilo) e o outro como aceitador de electrões (ácido de Lewis, electrófilo). Na cisão heterolítica de ligacoes , o grupo rejeitado que leva consigo o par de electrões, é designado nucleófugo e o outro é designado por electrófugo. • reações concertadas com vários centros Neste caso formam-se e quebram-se simultaneamente (de forma concerrtada, síncrona) várias ligações atrav’es de um estado de transição cíclico, em que não se formam iões nem radicais. A este tipo de reaccoes pertencem as reaccoes de DIELS-ALDER e a transposição de COPE. + ...... . .. .. . . ... . . . b) uma outra classificacao para uma reaccao baseia-se nas modificacoes estruturais que ocorrem no substrato: Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 36 - Reacções de substituição, por exemplo: Ar H + HNO 3 Ar NO2 + H2O -Reacções de adição, p.ex: H2C CH2 + Br2 H2CBr CH2Br -Reacções de eliminacao, p.ex. CH3CH2OH H2C CH2 + H2O -Reacções de transposição e isomerização, p. ex. N OH N H O Estas noções podem reunir-se às da classificação apresentada em a), indicando se: se trata de uma adição homolítica, heterolitica ou de uma adicao englobando vários centros. c) Numa classificação sob ponto de vista da cinética molecular são indicadas quantas moléculas que modificam as suas ligacoes no passo determinante da velocidade da reaccao (molecularidade de uma reaccao). Assim se distinguem: -reaccoes monomoleculares -reaccoes bimoleculares -reaccoes trimoleculares Mecanismos das reacções orgânicas: Chama-se mecanismo da reaccao a descricao completa de como uma reaccao ocorre: a explicacao das várias etapas que ocorrem do início até o final da reacção. Ex. CH2 CH2 + HBr CH3 CH2Br Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 37 Na verdade, ocorre em três etapas: (1) HBr H + Br (2) H CH2 CH2+ CH3 CH2 (3) CH3 CH2 Br+ CH3 CH2Br CH2 CH2 + HBr CH3 CH2BrSoma: Ex.2. CH3C CH3 CH3 OH + O HH H : + Cl H2O CH3C CH3 CH3 Cl + 2 H2O (Dissolução do álcool tert-butílico numa solução aquosa concentrada de ácido clorídrico levando à formação do cloreto de tert-butilo: reacção de substituição). Mecanismo: CH3C CH3 CH3 OH + O HH H :: : CH3C CH3 CH3 O: H H + H2O(1) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 38 (2) CH3C CH3 CH3 O: H H CH3C CH3 CH3 + H2O (2) CH3C CH3 CH3 O: H H CH3C CH3 CH3 + H2O CH3C CH3 CH3 (3) + Cl CH3C CH3 CH3 Cl cloreto de ter-butilo O estudo do mecanismo, ou seja, do andamento da reacção é muito importante, visto que permite entender melhor a reação global, visualizando suas etapas mais fáceis e mais difíceis. Pelo mecanismo, entendemos por exemplo, porque certas reaccoes orgânicas desviam-se do seu curso, dando subprodutos. O estudo dos mecanismos da reacção, leva-se muito em conta a cinética e os valores termoquímicos de cada etapa; leva-se também em conta a variação energética do andamento de cada etapa da reacção. NÚMERO DE OXIDAÇÃO DO CARBONO NOS COMPOSTOS ORGÂNICOS (NOX) Lembremos que: a) Os números de oxidação (valências) usuais dos elementos químicos que aparecem com mais frequência nos compostos orgânicos são: H : +1; halogénios (F, Cl, Br, I): -1; O: -2 e S: -2; N e P: -3 b) A soma dos números de oxidação de todos os átomos num composto, é igual a zero. Ex. de cálculos onde X representa o NOX de Carbono. No CH4 : X + 4(+1) = 0, x= -4 Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 39 C2H6: 2X+6(+1)= 0, X=-3 C2H2: 2X + 2(+1)=0, X=-1 CH2Cl2: X+2(+1) +2(-1)=0, X=0 CHCl3: X+ (+1) +3(-1)=0, X=+2 CCl4: X+ 4(-1)=0, X=+4 X varia de -4 a +4: mostrando que o carbono comporta-se como elemento electronegativo e como elemento electropositivo. Este tipo de cálculo permite determinar o NOX global do carbono no composto; para conhecer o NOX de um determinado átomo de carbono, isoladamente dentro de uma cadeia carbónica, atribui-se os seguintes valores a cada uma das quatro ligações que partem do átomo do carbono considerado. 0: às ligações com outros átomos de carbono (pois na valência C-C, o par electrónico é repartido por igual) -1: às ligações com o H (pois o NOX de H =+1) +1: a cada ligação com elementos eletronegativos (halogénios; oxigénio, enxofre, nitrogénio, fósforo, etc), pois são elementos mais eletronegativos que o carbono. CH H H C C H H H H H -3-2 -3 C C H H H OH H H -3 -1 C C H H H Cl H H -3 -1 CH H H C O H +1 -3 CH3 C CH3 O +2 CH3 C O OH +3 Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 40 CH3 C CH3 OH H0 CO2 +4 Carga Formal: CH H H N O O: : :: : carga formal positiva carga formal negativa Nitrometano Para expressar os cálculos de uma maneira geral, podemos dizer que a carga formal de um átomo é igual ao número de electrões de valência em um átomo neutro e isolado, menos o número de electrões do átomo na molécula considerada: Carga formal= n0 de electrões de valência do átomo livre – n0 de electrões de valência do átomo na ligação. = n0 de electrões de valência – metade dos electrões de ligação – n0 electrões não envolvidos em ligação. CH3NO2 = C: : : : N :: : H H H O O: : :: : Para o Nitrogénio: Electrões de valência do nitrogénio= 5, electrões de ligação do nitrogénio = 8, electrões do nitrogénio não envolvidos em ligação = 0 Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 41 CARGA FORMAL= 5 -8/2 – 0 = +1 Para o oxigénio em ligação simples do nitro-metano: Electrões de valência do oxigénio = 6 Electrões de ligação do oxigénio = 2 Electrões do oxigénio não envolvidos em ligação = 6 Carga formal = 6-2/2 – 6 = -1 Resumo das cargas formais de átomos atomo estrutura Nr. de ligacoes pares isolados Carga formal C CC C : 3 4 3 0 0 1 +1 0 -1 N N N N :: : : O O O : : O: : : 4 3 2 3 2 1 0 +1 1 0 2 -1 1 +1 2 0 3 -1 Ácidos e Bases: Def.de Bronsted-Lowry: ácido é toda a substância que cede protões. Base é toda a substância que recebe protões. H2SO4 + H2O H3O + HSO4 ac. mais forte base mais forte ac. mais fraco base mais fraca Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 42 HCl + NH3 NH4 + Cl ac. mais forte base mais forte ac. mais fraco base mais fraca A molécula ou ião que se forma quando um ácido perde o seu protão é a base conjugada do ácido: Cl- é base conjugada de HCl. A molécula ou ião que se forma quando uma base recebe um protão, é o ácido conjugado da base: H3O+ é o acido conjugado da água. + OH H2O + ac. mais forte base mais forte ac. mais fraco base mais fraca H3O H2O NH4 ++ OH H2O + base mais forte ac. mais fraco base mais fraca NH3 ac. mais forte Forcas do acido: H2SO4 HCl H3O NH4 H2O Forca da base: HSO4 Cl H2O NH3 OH ordem oposta Os ácidos diferem entre si quanto à doação de protões. Ácidos mais fortes como HCl reagem quase que completamente com a água, ao passo que ácidos mais fracos, como o ácido acético (CH3COOH) reagem apenas parcialmente. A força de um dado ácido em solução aquosa é definida pela expressão padronizada para a constante de equilíbrio, Keq: HA + H2O A + H3O Keq= H3O A H2O HA Ka = Keq H2O H3O A HA = Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 43 Ka – constante de acidez, pKa = - logKa Forças relativas de alguns ácidos comuns e suas bases conjugadas acido mais fraco CH3CH2OH H2O HCN CH3COOH HF HNO3 HCl acido mais forte Acido pka 16 15.74 9.31 4.76 3.45 -1.3 -7.0 CH3CH2O OH CN CH3COO F Cl NO3 base conjugada base mais forte base mais fraca Def. de Lewis: ácido é todo o aceitador de um par de electrões e base é todo o doador de um par de electrões. Cl H ss + O H H : : O HH H : + Cl ac. de Lewis base de Lewis B FF F + O CH3 CH3 : : B OF F F CH3 CH3 : ac. de Lewis Base de Lewis Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 44 Al Cl ClCl + N CH3 CH3 CH3 : Al N Cl Cl Cl CH3 CH3 CH3 EXEMPLO DE ÁCIDOS DE LEWIS H2O HCl HBr H2SO4 C O OH H3C OH CH3CH2OH alguns catioes: Li , Mg2+, Br + alguns compostos metalicos: AlCl3 , BF3 , TiCl4 , FeCl3 , ZnCl2 HNO3 Alguns doadores neutros de protoes: BASES DE LEWIS Algumas bases de Lewis: Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 45 CH3CH2OH : : alcool CH3OCH3 : : eter CH3C O H CH3 C CH3 O aldeido cetona : : : : CH3 C O Cl cloreto de acido CH3 C O OH : : : : : : ac. carboxilico CH3C O OCH3 : : : : ester CH3CNH2 O amida : : : N CH3H3C H3C : amina CH3SCH3 : : sulfeto Relação estrutura e acidez: a capacidade do átomo para reter o par de electrões parece depender de diversos factores, entre quais se incluem: a) Electronegatividade b) O tamanho Assim em determinada fila do quadro periódico, a acidez aumenta à medida que cresce a electronegatividade: check it Acidez: H CH3 H H NH2 H OH HF H SH HCl basicidade : CH3 NH2 OH F SH Cl Numa determinada coluna, a acidez aumenta com o tamanho: check it HF HCl HBr HI HOH H SH H SeH Ac: basicidade: F BrCl I OH SH SeH Efeito de hibridação: Acidez relativa dos hidrocarbonetos: HC CH H2C CH2 CH3 CH3> > Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 46 Basicidade relativa dos cacrbaniões: HC C CH2 CH CH3 CH2: : : Efeitos indutivos (efeitos electrónicos) ESTADO DE TRANSIÇÃO O estado de transição é a estrutura intermediária cujo teor energético corresponde ao cume da montanha nos diagramas de energia. Assim como ΔH é a diferença de teor energético (entalpia) entre reagentes e produtos, assim, Eact (energia de activação) é a diferença de teor energético entre os reagentes e o estado de transição. Variações de energia potencial na passagem das moléculas dos reagentes às dos produtos: estado de transição no topo da bossa de energia. C HH H H + X . CH H H H X estado de transicao CH H H . + HX produtos Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 47 C H + X . C H X C . + H X reagente tetraedrico estado de transicao em via de ser trigonal produto(resultante) trigonal 7. Ligações Químicas Ligação iónica (ou electrovalente): formada pela transferência de um ou mais electrões de um átomo para outro, a fim de criarem-se iões. Uma fonte destes iões é uma reacção entre átomos de electronegatividade muito diferente. A electronegatividade mede a capacidade de um átomo atrair electrões. Na classificação periódica, a electronegatividade cresce quando se avança numa fila da esquerda para a direita: Li Be B C N O F e diminui quando se desce por uma coluna vertical. F Cl Br I electronegatividade desce Exemplo de formação de uma ligação iónica é a reacção entre átomos de lítio e os de flúor: Li +. F. F:Li + - + Li : metal típico: tem electronegatividade muito baixa F: não metal e é o mais electronegativo entre todos os elementos . LiF cristalino. As substancias iónicas, em virtude das forças electrostáticas internas muito fortes, são em geral, sólidos com ponto de fusão elevado, muitas vezes acima de 10000C. nos solventes polares, como a água, os iões são solvatados e as soluções resultantes são em geral, condutoras de corrente eléctrica. Ligações covalentes: se formam quando os átomos compartilham electrões. Quando dois ou mais átomos que tenham electronegatividades iguais, ou semelhantes, reagem, não ocorre transferência completa de elctroes, mas os átomos atingem a configuracao de gás nobre (cfr. Regrado octeto) pelo compartilhamento de electrões. Formam-se ligações covalentes entre os átomos e o produto é uma molécula. Ex. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 48 H2 H . + H. H:H ou H H Cl2 Cl: : : :. Cl: : : .+ Cl: : : Cl: : : ou Cl Cl CH4 C + 4 H . :C:: : HH H H ou C HH H H São estruturas de Lewis aquela que mostram somente os electrões de camada de valência. Em certos casos, formam-se ligações covalentes múltiplas: Ex. :N::N: : ou N N:: Até iões podem ter ligações covalentes. NH4 :N:: : H H H H ou N H H H H Ligações covalentes polares: Quando dois átomos de electronegatividades diferentes formam uma ligação covalente, os electrões não são igualmente partilhados entre eles. O átomo que tiver maior electronegatividade atrai o par de elctroes e se forma uma ligacao covalente polar. Ex. HCl O átomo de Cl com a sua maior electronegatividade atrai para perto de si os electrões ligantes: o átomo de H então fica um tanto deficiente de elctroes e adquire uma carga + parcial δ+. O átomo de Cl fica com um excesso de electrões e adquire uma carga negativa parcial δ-. H δ+Cl δ-. Assim, a molécula de HCl tem uma extremidade parcialmente positiva e uma extremidade parcialmente negativa e é por isso, um dípolo e tem um momento de dípolo: μ + _ dipolo electrico : μ= e*d Onde: μ momento de dípolo e- carga (uec: unidades electrostáticas) d- distância em cm. A unidade mais utilizada é o debye: D D=3.33*10-30Cm (coulomb-metro) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 49 O dípolo representa-se pelo símbolo: , com a seta dirigida da carga positiva para a negativa. H Cl Moléculas polares e apolares: uma molécula será polar se o centro de carga negativa não coincidir com o centro de carga positiva. CH3Cl C H H H Cl:: : μ=1.87D C Cl:: : Cl:: : C Cl Cl Cl Cl:: : centro de cargas positivas : : : : : : : : : CCl4 μ=0 CCl4 tem ligações polares mas não tem momento de dipolo. O H H s s s H H : : momento dipolar resultante μ=185D Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 50 N H HH s- s+ s+ s+ N H H H : momento de dipolo resultante μ=1.47D Polaridade dos grupos comuns em Química Orgânica Muito polar Polar Pouco Polar Não polar COO O H C Cl CH3 O COOH C Br CH2CH3 NH3 NH2 C H C O Momentos Dipolares de algumas ligações Químicas Ligação Momento dipolar (Debye, D) Descrição da ligação H F 1.91 Muito polar H Cl 1.08 Polar H Br 0.08 Polar H O 1.5 Polar H N 1.3 Polar C Cl 0.5 Pouco Polar C Br 0.4 Pouco Polar C O 0.7 Pouco Polar C N 0.2 Não polar Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 51 Electronegatividade de alguns elementos Elemento electronegatividade Elemento electronegatividade Li 1.0 C 2.5 Na 0.9 Pb 1.9 K 0.8 N 3.0 Cr 1.6 P 2.1 Fe 1.8 O 3.5 Cu 1.9 S 2.5 Ag 1.9 F 4.0 Au 2.4 Cl 3.0 Zn 1.6 Br 2.8 Cd 1.7 I 2.5 H 2.1 C HH H H C HH Cl H Não polar Pouco polar C H H H H DDT C H C ClCl Cl Cl Cl s s s ss Não polar Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 52 Ácido -2,4- diclorofenilacético Cl Cl CH2 C O O H s s s s s s Polar s H3C Cl s + Na + OH ? s CH3 da primeira molécula deverá reagir com o ião negativo OH da segunda substância: CH3Cl + NaOH CH3OH + NaCl Pode também se prever que a reacção entre duas substâncias apolares será difícil e lenta: CH4 + Cl2 CH3Cl + HCl Exige temperaturas elevadas (5000C) ou o auxílio de luz ultra violeta. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 53 FORÇAS INTERMOLECULARES Em consequência da maior ou menor polaridade das moléculas, surgem as chamadas forças intermoleculares, que são forças de atracção entre as moléculas. São fracas entre moléculas apolares e fortes entre moléculas polares. As principais forças intermoleculares são: Ø Interações dipolo-dipolo Ø Forças de Van der Waals Ø Ligações de Hidrogénio Forças dípolo-dípolo: quando uma substancia é polar, suas moléculas se comportam como dípolos eléctricos. Há então atracção mútua entre a extremidade positiva de uma molécula e a extremidade negativa de outra molécula. Por ex, no HCl, o Hidrogénio relativamente positivo, de uma molécula é atraído pelo cloro, relativamente negativo de outra molécula. Forças de Van der Waals: são forças fracas que atraem entre si as moléculas apolares. Elas são, em geral, dez vezes mais fracas que as forças dipolo-dipolo e resultam da indução eléctrica que as electrosferas dos átomos de uma molécula exercem sobre as outras moléculas. Pontes de Hidrogénio: são atracções fortes aparecem entre o átomo de Hidrogénio e átomos fortemente electronegativos, especialmente F, O e N. H F H F OH H H O H Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 54 N H H H H N H H N H H H H O H CH3CH2OH CH2CH3O H Natureza física da ligação covalente Órbitais atómicas: chama-se orbital, a região do espaço onde com maior probabilidade, se pode encontrar o electrão. Existem diferentes tipos de orbitais, com diferentes tamanhos e formas, dispostas à volta do núcleo de modo bem determinado. O tipo de orbital ocupada por determinado electrão depende da energia desse electrão. As formas das orbitais e a sua posição relativa são factores responsáveis pelo arranjo espacial dos átomos na molécula e em parte pelo comportamento químico que ela apresenta. Algumas formas de orbitais atómicas: A orbital correspondente ao nível de energia mais baixo denomina-se orbital 1S: é uma esfera com o centro no núcleo do átomo. S 1S 2S No nível de energia imediatamente superior, temos a orbital 2s. É também uma esfera centrada no núcleo atómico, naturalmente é maior que a orbital 1s, tem maior energia (menor estabilidade). Seguidamente, existem três orbitais de igual energia denominadas orbitais 2p. cada uma tem a forma de um haltere com os lobos a igual distância do núcleo do átomo. Os eixos destas 3 orbitais (eixos dos halteres) são perpendiculares entre si e cruzam-se sobre o núcleo: 2px , 2py , 2pz . Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 55 Z Y X pz Z Y X px py Y Z X Configuração electrónica: o modo como os electrões se distribuem no átomo ou seja a configuração electrónica do átomo, obedece, a um certo número de “regras”. 1) O princípio da construção: as orbitais são ocupadas de modo que as de energia mais baixa sejam preenchidas em primeiro lugar. 2) O princípio de exclusão de Pauli: em cada orbital pode ser colocado o máximo de dois electrões, e mesmo quando haver dois, eles devem ter spins opostos ( ): electrões emparelhados. 3) Regra de Hund: quando se tem orbitais de mesma energia (orbitaisdegeneradas) como as orbitais p, coloca-se um electrão em cada uma delas, com os respectivos spins não emparelhados, até que cada orbital degenerada tenha um electrão , depois começa-se a juntar um electrão a cada orbital degenerada, porém com os spins emparelhados. C 12 6 1s 2s 2p F 19 9 1s 2s 2p O168 1s 2s 2p Orbitais moleculares Quando as orbitais atómicas se sobrepõem, combinam-se para formar orbitais moleculares (OM). As orbitais moleculares correspondem a regiões do espaço que envolve dois ou mais núcleos e onde se podem encontrar electrões. Como as orbitais atómicas, as orbitais moleculares podem conter até dois electrões, se os spins estiverem emparelhados. Quando orbitais atómicas de mesmos sinais de fase interagem, combinam-se para formar uma orbital molecular ligante. () () orbital molecular liganteY1s Y1s Ymolec. ligante YA YB = Y Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 56 A densidade de probabilidade electrónica de uma orbital molecular ligante é grande na região do espaço entre os dois núcleos, onde os electrões negativos mantêm reunidos os núcleos positivos. Forma-se uma orbital molecular antiligante quando há sobreposição de orbitais atómicas com os sinais de fase opostos: () Y1s Y1s Ymolec. antiigante(-) Y = YA - YB Uma orbital antiligante tem energia mais elevada que a de uma orbital ligante. A densidade de probabilidade electrónica na região entre os núcleos é pequena e nesta região há um nodo (-) região onde Y=0. Assim, os electrões numa orbital antiligante não ajudam a manter os núcleos reunidos. As repulsões internucleares tendem a fazer um afastar-se do outro. • A energia dos electrões numa orbitalmolecular ligante é menor que a energia dos electrões nas respectivas orbitais atómicas separadas. A energia dos electrões nas respectivas orbitais atómicas separadas. • O número de orbitais moleculares é sempre igual ao número de orbitais atómicas de onde provêm. A combinação de duas orbitais moleculares- uma ligante, a outra antiligante. Teoria da ligação de valência e teoria das orbitais Moleculares Como se formam as ligações covalentes? Dois modelos foram desenvolvidos para descrever a formação de ligações covalentes: a teoria da ligação de valência e a teoria das orbitais moleculares. Cada um tem os seus pontos fortes e fracos, os químicos utilizam um ou o outro, dependendo das circunstâncias. Teoria de ligação de valência: Segundo a teoria da ligação de valência, uma ligação covalente ocorre quando dois átomos se aproximam um do outro de modo que uma orbital de um dos átomos, ocupada por um único electrão, se sobrepõe a uma orbital do outro átomo, também ocupada por um único electrão. Os electrões, agora emparelhados nas orbitais sobrepostas, são atraídos pelos núcleos dos dois átomos e, deste modo, ligam os átomos um ao outro. Ex. na molécula de H2 ,a ligação H-H, resulta da sobreposição de orbitais 1s do hidrogénio ocupadas, cada uma, por apenas um electrão. H H H H 1s 1s molecula de H2 + Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 57 A força de uma ligação covalente depende do grau de sobreposição das orbitais. Quanto maior for a sobreposição, mais forte será a ligação, Isso significa que ligações formadas pela sobreposição de outras orbitais, que não as orbitais S, tem direccionalidade. No HF por exemplo, a ligação covalente envolve a sobreposição de uma orbital 1s do hidrogénio (não direccional) com uma orbital 2p do flúor (direccional) e se forma ao longo do eixo da orbital p. H 1s + F 2p H F HF As ideias fundamentais da teoria de ligação de valência podem ser resumidas da seguinte maneira: 1. As ligações covalentes são formadas através da sobreposição de orbitais atómicas, cada uma com um electrão de spin oposto ao do outro. 2. Cada um dos átomos ligados conserva as suas próprias orbitais atómicas, mas o par de electrões das orbitais sobrepostas é compartilhado por ambos os átomos. 3. Quanto maior for o grau de sobreposição das orbitais, mais forte é a ligação. A ligação H-H tem simetria cilíndrica. H H. . Ligações deste tipo, que são formadas pela sobreposição frontal de duas orbitais atómicas ao longo de uma linha que une os núcleos, são denominadas: ligações sigma (σ). Teoria de orbital molecular A teoria das orbitais moleculares (OM) descreve a formação da ligação covalente como a uma combinação matemática de orbitais atómicas (funções de onda) para formar orbitais moleculares, assim chamadas porque pertencem à molécula inteira, e não a um átomo individual. H H H H H H H 1s de H Energia mais baixa H 1s de H Energia mais alta H H OM ligante (preenchido) OM antiligante (nao preenchido) Orbitais Moleculares de H2 As ideais centrais da teoria das orbitais moleculares podem ser resumidas do seguinte modo: Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 58 1. As orbitais moleculares representam para as moléculas, o mesmo que as orbitais atómicas representam para os átomos. As orbitais moleculares descrevem regiões do espaço da molécula com maior probabilidade de conter os electrões, e possuem tamanho, forma e nível de energia bem definidos. 2. As orbitais moleculares formam-se pela combinação de orbitais atómicas. O número de OM formado é igual ao número de OA. Átomo de Carbono Posição na tabela periódica e consequência Configuração electrónica-hibridação – ligações σ e π. 12 6C : isótopo mais abundante. A=12 e Z=6, 6 protões, 6 neutrões e 6 electrões. Z=6, distribuição electrónica: 1s2 2s2 2p2 4 Electrões na última camada, pode constituir quatro ligações. O carbono é tetravalente. Hibridação no carbono Hibridação é a mistura de orbitais de subníveis diferentes do mesmo nível (nível de valência), resultando as orbitais denominadas orbitais híbridas. 1s2 2s2 2p2 1s 2 2s 2p2 estado fundamental estado excitado (activado) promocao de 1 e- 1 promoção 3 A partir deste estado excitado, é possível explicar as quatro ligações. Existem três tipos de hibridação: sp3, sp2, sp (1) Carbono com quatro ligações simples. Estrutura explicada por uma hibridação sp3. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 59 1s2 2s 2p21 sp3 sp3 sp3 sp3 109o28' • Hibridação sp3 • 4 orbitais Híbridas sp3 • As orbitais sp3 de dirigem para os vértices de um tetraedro. (2) Carbono com uma única ligação dupla Carbono apresenta hibridação sp2 (entre 1 orbital s e dois orbitais p). orbital p pura p p ps 2s1 2p3 1 120o Hibridação sp2 Três orbitais sp2 As orbitais sp2 se dirigem para os vértices de um triângulo equiangular. Orbital p pura fica perpendicular ao plano das orbitais híbridas. (3) Carbono com uma ligação tripla ou duas ligações duplas. Hibridação sp. Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 60 orbitais p pura p p ps 2s1 2p3 2 H C H H Hsp 3 ssigma HC CH sp sp p p Hibridação sp, duas orbitais sp lineares, formando ângulo de 180o. As orbitais p puras situadas em eixos perpendiculares ao eixo das orbitais hridas. Ver exemplos: CH4, etano, eteno e etino. Molécula tetraédrica Quatro ligações σ (s-sp3) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 61 H C H H Hsp 3 ssigma CH3-CH3 Possui seis ligações sigmas (σ) (s-sp3) Uma ligação σ (sp3-sp3) H2C CH2 Uma ligação π: p-p Quatroligações σ: sp2-s Uma ligação σ: sp2-sp2 HC CH Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 62 Duas ligações π Duas ligações σ: (sp-s) Uma ligação σ: sp-sp De duplas ligações acumuladas CH2 C CH2 : propadieno hibridizado sp2 hibridizado sp Duas ligações π, Duas ligações σsp-sp2 Quatro ligações σsp2-s Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 63 C Csigma C C pi sigma C C pi pi sigma Hibridação Ângulo entre híbridos Estrutura geométrica Sp3 109o28’ Tetraédrica Sp2 120o Triangular Sp 180o Linear ALCANOS. SUBSTITUIÇÃO RADICALAR Alcanos são também chamados parafinas ou hidrocarbonetos alifácticos saturados. Apresentam somente ligações simples. F. Geral: CnH2n+2 Onde: n= número de C; 2n+2=n0 de hidrogénios, são por vezes representados pelo símbolo RH (n=1) CH4: metano é o mais simples deles. Pelo aumento de n, obteremos as fórmulas de uma família de compostos: uma série homóloga, cada membro difere do próximo membro de uma unidade constante: o grupo –CH2-. CH4 metano C2H6: CH3 CH3 etano CH3 Propano CH2 CH3 CH3 CH2 CH2 CH3 butano Classificação conforme a cadeia carbónica: 1. Alcanos normais 2. Alcanos ramificados Nomenclatura: (introdução e conceitos) Isomeria: os alcanos apresentam dois tipos de isomeria: a) Isomeria estrutural de cadeia ex. butano e isobutano Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 64 CH3 CH2 CH2 CH3 butano CH3 isobutano CH CH3 CH3 b) Isomeria óptica CH3CH2CH2 C * CH2CH3 CH3 H carbono assimetrio ou quiral 3-metilhexano (d, l, dl). Carbono que possui4 grupos diferentes ligados a ele. Preparação dos Alcanos 1) A partir de Haletos de alquilo a) C X C H Redução dum haleto de alquilo RX (X= Cl, Br, ou I) para alcano pode efectuar-se de vários modos: • Pelo hidrogénio molecular em presença dum catalisador (Pd) RX + H2 Pd RH + HX Ex. CH3Br + H2 Pd CH4 + HBr • Por intermédio dum composto organomagnesiano RMgX (em duas etapas): RX + Mg RMgX Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 65 RMgX + H2O RH + XMgOH A última equação química indica os produtos da hidrólise de reagentes de Grignard. CH3CH2Br Mg CH3CH2MgBr CH3CH2MgBr + H2O CH3CH3 + BrMgOH • Redução por meio de metal e ácido RX + Zn + H RH + Zn + X 2 CH3CH2CHCH3 Br Zn, H CH3CH2CHCH3 H b) RX + Mg RMgX C X C C2 • REACÇÃO DE WURTZ: a partir de duas moléculas de Haletos em presença dum metal Na ou Zn. • RX + R'X + 2 Na R R' + 2 NaX • Igualmente possível alcançar o mesmo resultado por um método organomagnesiano. RX + Mg RMgX RMgX + R'X R R' + MgX2 Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 66 CH3Br Mg CH3MgBr CH3CHBrCH3 CH3CHCH3 CH3 -MgBr2 RX Li RLi CuX R Cu R Li R'X R R' dialquilcuprato(I) de litio Acoplamento de haletos de alquilo com compostos organometálicos. Ex. CH3CH2Cl Li CH3CH2Li CuI CuLiH3CH2C CH2CH3 CuLiH3CH2C CH2CH3 + CH3(CH2)5CH2Br CH3(CH2)5CH2CH2CH3 2) A PARTIR DE HIDROCARBONETOS INSATURADOS C C C C H2/cat.(Ni, Pt, Pd, ...) C C R CH CH R' + H2 R CH2CH2R' Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 67 R C C R' + H2 R CH2CH2R'2 3) A PARTIR DE FUNÇÕES OXIGENADAS a) C COOH C H Aquecimento dum ácido em presença da soda caustica (por fusão), provoca descarboxilação (-CO2) e formação dum alcano que possui ujm carbono menos do que esse ácido. Ex. RCOOH NaOH RCOONa + H2O RCOONa NaOH RH + Na2CO3 CH3COOH NaOH CH3COONa CH3COONa NaOH CH4 + Na2CO3 • DEGRADAÇÃO DE DUMAS R C O O Na + NaOH CaO fusao RH + Na2CO3 (cal sodada = mistura de NaOH + CaO) Ex. H3C C O O Na + NaOH CaO fusao CH4 + Na2CO3 • SÍNTESE DE Kolbe 2 RCOO Na electrolise R-R Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 68 b) C O CH2 A redução total de aldeídos e das cetonas, pode efectuar-se por diversos modos; em especial o agente redutor pode ser um metal, como Zn, em meio ácido: redução de Clemmensen. Obtenção Industrial: O petróleo e o gás natural são as principais fontes dos alcanos. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS ALCANOS As moléculas de alcanos podem ligar-se entre si por forças de Van der Waals. Estas forças tornam-se mais intensas à medida que o tamanho da molécula aumenta. Numa série homóloga, as constantes físicas tais como o ponto de ebulição ou ponto de fusão aumentam regularmente com o aumento do peso molecular. Número de carbonos Estado físico( a 250C) 1 a 4 Gasoso 5 a 17 Líquido 18 em diante Sólido A ramificação da cadeia de alcanos abaixa saensivelmente o ponto de ebulição . Ex. n-pentano: p.eb. = +350C Isopentano: p.eb = +250C Neopentano: p.eb = +90C Solubilidade: de acordo com a regra empírica; polar dissolve polar; apolar dissolve apolar; os alcanos são solúveis em solventes apolares como o benzeno, éter, clorofórmio, etc. e insolúveis em água e outros solventes pronunciadamente polares. Consideremos como solventes, os alcanos líquidos dissolvem compostos de baixa polaridade, mas não os de alta polaridade. Densidade: a densidade dos alcanos aumenta inicialmente com a massa molecular relativa, mas tende depois para um limite (cerca de 0.8). os alcanos líquidos ou sólidos tem uma densidade inferior a 1 (todos são menos densos que a água). ESTRUTURA Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 69 O metano forma-se a partir de um átomo de C em estado de hibridação sp3 e 4 átomos de H. H H H H CH4 a frente do plano no plano atras de plano Todos os ângulos são iguais: 109028’ Um átomo de C. hibridizado sp3, leva a uma estrutura tetraédrica para o metano e também 4 ligações C-H equivalentes. Este modelo com o átomo de C hibridizado sp3 é também satisfatório para os átomos de C. ce outros alcanos. CONFORMAÇÕES Os grupos unidos por ligações simples C-C são capazes de rotação livre à temperaturas próximas ou superiores à temperatura ambiente. Os diferentes arranjos espaciais dos átomos que resultam das rotações de grupos em torno de ligações simples são denominados conformações e a análise (o estudo) das mudanças energéticas que a molécula sofre à medida que os grupos giram em torno de ligações simples é chamada: análise conformacional. Caso da molécula de etano: existem um número infinito de diferentes conformações que resultam de rotações em torno da ligação C-C; mas podemos imaginar dois extremos no arranjo dum grupo metil com respeito ao outro durante a rotação em torno da ligação C-C. Duas disposições extremas: A. CONFORMAÇÃO ALTERNADA (arranjo em oposição: conformação em estrela) Orgânica I UEM FaCiDeQ Página 70 H H H H H H perspectiva C C H H H H H H12 observacao H H H H HH 60o Projeccao de Newman B. CONFORMAÇÃO ECLIPSADA (arranjo em coincidência) H H H perspectiva H H H C C H H H H H H 12 observ acao H H H H HH Projeccao de Newman 0o
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