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Maria Paula M. Mattei | AA UC 15 – aula 1 1 HIV e AIDS História: Epidemia de pneumonia por Pneumocistys carinii (jirovecii) e de sarcoma de Kaposi em homens jovens (HSH, usuários de drogras injetáveis e hemofílicos) Veio do vírus SIV (AIDS em macacos), que foi consumido pela carne dos macacos e sofreu uma mutação no corpo humano. Provavelmente essa mutação e surgimento do HIV foi na África (Congo) e foi para o Haiti, que nos anos 60 era um país de férias dos EUA, e a partir daí se disseminou pelo mundo. O HIV é mais prevalente na África porque além da pobreza, foi o primeiro continente afetado pela doença. Epidemiologia no BR: O diagnóstico das gestantes (verde) significa que o pré-natal está sendo eficiente e pegando casos de bebês que poderiam se tornar HIV+, mas com o tratamento precoce, não desenvolvem a doença. AIDS (vermelho – CD4 < 350 ou doença oportunista relacionada ao HIC) Linha são os casos de HIV diagnosticados antes da AIDS e o aumento é de certa forma bom porque faz-se o tratamento antes do agravamento do sist. imune *O HIV é mais prevalente no RS e SC no BR, mas o PR também tem um índice alto Jovens estão se infectando mais, mas os adultos, menos. Uma das teorias que explica o aumento da incidência de HIV na população jovem é a teoria de gerações, que explica que os adultos passaram pela época que HIV matava A relação heterossexual é a maior transmissora de HIV no PR Estima-se que existem 14 mil pessoas vivendo com HIV, dessas, 97% sabem que têm HIV (estão diagnosticados), desses ainda 78% estão vinculados ao serviço de saúde para tratamento. Desses 78%, 70% vão ao médico frequentemente e dos retidos, apenas 62% usam retroviral e dos que usam retroviral 58% estão com carga viral negativa (suprimidos). No BR, os homens ainda são os mais contaminados Pessoas jovens estão se infectando mais, junto com os idosos Transmissão vertical no BR está controlada (Curitiba é o modelo no controle da transmissão vertical) No BR, as pessoas não usam muito heroína, mas usam cocaína cheirada (que ainda oferece riscos de transmissão) que faz com que as pessoas tenham comportamento de risco Prevenção: Camisinha Mandala da prevenção combinada: Maria Paula M. Mattei | AA UC 15 – aula 1 2 - Prevenir transmissão vertical - Tratar/vacinar outras ISTs - Orientar o uso seguro de drogas e desmotivar os comportamentos de risco - Usar preservativo feminino ou masculino - Usar gel lubrificante para reduzir as lesões de mucosa - Tratar as pessoas com HIV para reduzir a carga viral - Testagem regular de HIV - Profilaxia pré e pós-exposição Tratamento do paciente com HIV é a melhor forma de prevenção de contaminação: Pessoas que fazem uso de antirretroviral e têm carga viral indetectável há + de 6 meses não transmitem mais o vírus com ou sem o uso de preservativo. Profilaxia Pós Exposição (PEP) Quando alguém se expôs ao HIV Precisa saber o tipo de material biológico (se o material tem risco ou não para HIV) Qual foi o tipo de exposição O tempo entre a exposição e o atendimento deve ser menor de 72h Pessoa exposta NÃO pode ter HIV no momento do atendimento para PEP Quando a secreção teve contato por perfuração de pele, quando cai nas mucosas, quando cai na pele não íntegra ou mordedura que sangrou Medicamentos da PEP: antirretroviral durante 28 dias (tenofovir {TDF} + lamivudina {3TC} + dolutegravir = 2 compridos ao dia) Profilaxia Pré-Exposição (PREP) Pessoa sabe que ela tem maior risco de contrair HIV e quer se proteger antes (mesma ideia do anticoncepcional) Diferente da PEP, esse é só 2 medicamentos ao dia que totalizam 1 comprimido ao dia: TDF + emtricitabina Eficácia de 95%, mas a adesão ao tratamento interfere na eficácia Precisam de acompanhamento ambulatorial e fazer teste para HIV e outras ISTs em 3/3 meses Não dispensa camisinha Indicação de PREP: - Gays e outros HSH - Pessoas trans - Profissionais do sexo - Parceria sorodiscordante para o HIV Virologia Vírus de RNA que tem transcriptase reversa (RNA – DNA) HIV 1 – global HIV 2 – oeste da África, não é tão transmissível e não conseguiu se disseminar em escala global É um cavalo de Tróia → homem ejacula na vagina, células apresentadoras de antígeno apresentam o vírus para os linfócitos T CD4 (objetivo do HIV é entrar na T CD4). O T CD4 vai para o linfonodo e apresenta o HIV para todos os outros T CD4 e se espalha pela corrente sanguínea e infectar outros tecidos e secreções Dentro das células, o RNA viral vai ser transformado em DNA dupla fita pela transcriptase reversa e a integrase integra essa dupla fita de DNA ao DNA humano. Quando a célula sofrer mitose, vão produzir outros vírus que serão separados do DNA humano pela protease para ficarem livres. Receptores do HIV que se ligam no linfócito T CD4: Glicoproteína (Gp) 41 e gp 120 O receptor CCR5 ou CXCR são receptores das células humanas que são importantes para internalização do HIV Células com CCR5 ou CXCR 4: Linfócitos T CD 4 Macrófagos (do sist. nervoso também) Células dendríticas Células da micróglia Funcionamento dos medicamentos: *Inibidores de fusão → não permitem o contato dos receptores virais com os receptores das células Maria Paula M. Mattei | AA UC 15 – aula 1 3 * Inibidores da transcriptase reversa → inibem produção de DNA viral dupla fita * Inibidores da integrase → impedem que o DNA viral seja integrado no humano * Inibidores da protease → impede que as proteínas virais sejam clivadas do DNA humano História Natural História natural em média é de 10 anos (varia entre pessoas) - No começo, a CV sobe e mata CD4, mas chega uma hora que o sist. imune consegue criar formas de proteção contra o HIV - Mas essa imunidade não é neutralizante de HIV, permanecendo latente por alguns anos Clínica 1 - Síndrome Retroviral Aguda: Acabou de se infectar Febre, mialgia, cefaleia, exantema, linfonodomegalia, faringite Diarreia, vômitos. úlceras orais Sd. De Guillain-Barré, meningite asséptica TR e sorologia vêm negativos → janela imunológica (dura 15-30 dias) DIAGNÓSTICO POR CARGA VIRAL 2 – Latência Clínica: Dura 5 – 15 anos Assintomático com linfadenopatia persistente, plaquetopenia, anemia ou leucopenia Infecções bacterianas recorrentes (aumenta risco de TB) Nefropatia, cardiomiopatia e alterações neurológicas relacionadas ao HIV 3 – AIDS: Iniciam-se as doenças oportunistas TB Candidíase oroesofágica Pneumocistose Meningite criptocócica Neurotoxoplasmose Micobacteriose atípica Citomegalovirose Cânceres oportunistas → sarcoma de Kapose, linfoma e CA de colo de útero Diagnóstico Suspeitar se houver: Qualquer doença oportunista Neoplasias associadas TB IST qualquer Imunossupressão Herpes zoster Diarreia crônica Perda ponderal População – drogas e HSH mesmo assintomáticos ---- Lembrar que crianças e idosos podem ter HIV ---- Qualquer ocasião sem diagnóstico definido, casos estranhos → pedir exame de HIV porque ou você faz diagnóstico ou exclui Exames: Hoje usa-se os exames de 4ª geração → detectam além de anticorpos, também detectam o antígeno P24 do HIV Carga viral detecta RNA viral → exame de maior sensibilidade nos casos de síndrome retroviral agua - Teste rápido → dosam anticorpo e antígeno pelo sangue do dedo - Teste de fluído oral → autoteste (pessoa compra na farmácia) que procura anticorpo e antígeno - Imunoensaio 4ª geração → testes tradicionais com sangue venoso (ELISA, eletroquimioluminescência) - Teste sorológico complementar (western-blot – não usa mais tanto) Detecta anticorpos contra proteínas específicas do HIV (gp 120/41) ou seja, é mais específico, mas é mais tardio - Teste molecular (PCR ou carga viral) Fluxo de Diagnóstico: Maria Paula M. Mattei | AA UC 15 – aula 1 4 1º = sorologia comum Se +: WB ou imuno-bot Se +: pessoa HIV + *Fluxo demorado e caro, então não é mais usado Fluxo atual: - Resultado ocorre na UBS já, sem precisar de laboratório TR negativo = excluir que a pessoa esteja em janela imunológica (se tiver, repetir 30 dias após) TR + = fazer outro TR de outra marca Se o 2º TR + = fazer no mesmo dia carga viral e dosagem de CD4 OU TFO (teste de fluido oral) + = vai para UBS e segue fluxo anterior Se CV > 5000 cópias = realmente confirmado Se CV < 5000 cópias = WB Seguimento das pessoas com HIV Trata na UBS com médico de família desde que: CD4 > 350, cv < 100.000 cópias e sem comorbidades Rede especializada para casos mais graves Começa TARV (tratamento antirretroviral) para todos assim que confirmado HIV com carga viral Retarda evolução da AIDS e diminui o risco cardiovascular, além de ter um benefício coletivo Prioridades para TARV: - Pessoas com HIV sintomático - CD < 350 - Gestante para evitar transmissão vertical - TB (tratar primeiro a TB e depois de 15 dias iniciar TARV) - Coinfecção com hepatite - Alto risco cardiovascular *Levar em conta o desejo do paciente (pacientes com CD4 alto e assintomáticos podem não tomar o medicamento) Exames Pré-tratamento: CV e CD4 Genotipagem pré-tratamento em gestantes, crianças, TB e parceiro em uso de TARV HMG, bioquímica geral (creatinina e ureia...) Sorologias HBV, HCV, HAV e sífilis PPD e Rx de tórax – diagnóstico de TB Tratamento TDF = tenofovir 3TC = lamivudina EFV = efavirenz DTG = dolutegravir ATV/r = atanavir/ritonavir (booster) DRV/r = daronavir Existem pessoas usando mais que 3 antirretrovirais por resistência ITNR = inibidores de transcriptase reversa nucleosídeos II = inibidor de integrasse Maria Paula M. Mattei | AA UC 15 – aula 1 5 RAL em gestantes porque DTG pode ser teratogênico Por causa dos eventos adversos, em toda consulta o paciente tem que voltar com creatinina e parcial de urina e a longo prazo cuidar com osteoporose (densitometria óssea) DTG tem uma alta barreira genética (poucas chances de mutação e, consequentemente, resistência), MAS as mulheres em uso devem ter um método anticoncepcional mais eficaz (DIU, laqueadura, anticoncepcional impantado) O esquema com EFV tinha apenas 1 comprimido, mas por causa dos efeitos adversos e por ter baixa barreira genética, o EFV foi trocado por DTG *SEMPRE investigar TB *Investigar contactantes (sexuais e filhos) *Vacinar contra HBV, HPV, HAV, pneumo23, meningo C, influenza, dT - tétano) *Profilaxia com bactrim em pacientes com AIDS CD4 < 200 e nos CD4 <50 usar zitro → assim que CD4 estável alto e assintomático, deixar de fazer profilaxia Objetivo do Tratamento Queda de > 2log na V em 3 meses CV indetectável em 6 meses Se não indetectar em 6 meses → checar adesão Se boa adesão, colher genotipagem Houve troca de metionina por valina que faz o vírus ser resistente à lamivudina (3TC) 2 Casos de Cura no Mundo: Timothy Brown – o paciente de Berlim: Teve leucemia e ao fazer transnplante de medula, pegaram um doador com mutação no receptor CCR5. Antes do transplante, fizeram quimioterapia que exclui todas as células TCD4 dele.
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