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Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
 
 
SEMINÁRIO V - SEGURANÇA JURÍDICA E PROCESSO: COISA JULGADA 
AÇÃO RESCISÓRIA E PRECEDENTES EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA 
 
Aluna: Thaís Cristine de Sousa 
Questões 
1. Tomando o conceito fixado por Paulo de Barros Carvalho1 acerca do princípio 
da segurança jurídica: 
“dirigido à implantação de um valor específico, qual seja o de coordenar o fluxo das 
interações inter-humanas, no sentido de propagar no seio da comunidade social o 
sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação da conduta.” 
Pergunta-se: 
a) Que é segurança jurídica? Qual sua relevância? 
 
Para Paulo de Barros Carvalho, segurança juridica é quando um lado “requer previsi-
bilidade do conteúdo da coatividade normativa. Ambos apon-tam para a certeza da 
mensagem jurídica, permitindo a com-preensão do conteúdo, nos planos concretos e 
abstratos.”2 
 
O princípio da segurança jurídica é relevante para garantir o correto desempenho da 
atividade jurídico-tributária pelo Estado-administração3 e a previsibilidade dos seus atos 
pelos administrados (contribuintes), de modo a orientar açõs futuras e garantia dos atos 
passados, como por exemplo, no caso de trânsito em julgado. 
 
 
 b) Analisando o ordenamento jurídico como um todo, isto é, as normas de 
direito material (constitucional e tributário) e processual civil, texto 
constitucional e infralegal, indique limites objetivos cuja função no sistema é 
dar efetividade à segurança jurídica, justificando sua resposta com motivos e 
indicação do dispositivo normativo. 
 Para auxiliá-lo(a), segue um exemplo: formação da coisa julgada num processo, 
mecanismo processual que impede a rediscussão da mesma questão em outro 
processo – art. 5º, XXXVI da Constituição Federal/1988, art. 502 do CPC/2015. 
 
Os limites objetivos cuja função no sistema é dar efetividade ao princípio da segurança 
jurídica são: 
 
 
1. In Curso de direito tributário. 15ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 149. 
 
2 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses, 
2018, p. 272. 
3 Idem. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
(i) a irretroatividade, previsto pelo art. 5, XXXVI, da CRFB/884, vez que, a 
irretroatividade, garante a proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e 
a coisa julgada, ou seja, determina que as normas jurídicas incidem para frente, 
não podendo retroagir; 
(ii) a garantia de tratamento igual, pelos entes federados, de todos os contribuintes 
que estão na mesma situação, previsto pelo art. 5º, caput5 c/c o art. 150, inciso I, 
ambos da CRFB/886, garantindo “as pessoas, físicas ou jurídicas, encontrando-se 
em situações econômicas idênticas, ficarão submetidas ao mesmo regime 
jurídico, com as particularidades que lhe forem próprias”7; 
(iii) art. 5º, incisos XIII, XVII, XVIII e XXI da CRFB/888, que estabelecem que “leis sobre 
tributo não podem tolher o livre exercício do trabalho e da livre associação, a que 
tem direito o cidadão brasileiro”9; 
(iv) o limite objetivo com vistas a garantir liberdade de expressão religiosa, política, 
sindicar, da educação e da imprensa, pela garantia da imunidade tributária, 
prevista pelo art. 150, inciso VI, da CRFB/8810; 
(v) princípio da anterioridade, previsto pelo art. 150, inciso III, da CRFB/8811, que 
 
4 Art. 5. [...] XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada; 
5 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
6 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
7 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses, 
2018, p. 277. 
8 Art. 5º [...] XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
[...] XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
[...] XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
9 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses, 
2018, p. 282. 
10 Art. 150 [...] VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
b) templos de qualquer culto; 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades 
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins 
lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou 
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros 
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de 
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 
11 Art. 150 [...] III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver 
instituído ou aumentado; 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
limita a incidência temporal do tributo; 
(vi) Devido processo legal, conforme previsto pelo art. 5º, inciso LIV, da CRFB/8812. 
 
c) As prescrições do CPC/15 voltadas à estabilização da jurisprudência vêm 
ao encontro da realização da segurança jurídica (vide arts. 9 º ,10 , 926, 535, 
 §§5 º ,6 º ,7 º e 8º 927 ambos do CPC/15) em hipóteses como a de mudança 
de orientação de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como, por 
exemplo, ocorreu no caso do direito à manutenção do crédito de ICMS na 
hipótese de saída de mercadorias com redução de base de cálculo (sobre 
essa questão ver RE 161.031/MG e 174.478/SP – Anexos I e II)? 
 
As prescrições do CPC/15 voltadas à estabilização da jurisprudência vêm ao encontro 
da realização da segurança jurídica, vez que pretendem a uniformização dos 
entendimentos, de modo a preservar a segurança jurídica, através da uniformização da 
jurisprudência, o que confere aos jurisdicionados maior previsibilidade. 
 
2. Jurisprudência, precedente e julgamento de caso repetitivo são utilizados como 
termos sinônimos CPC/15? Exponha o alcance e o conteúdo de cada um desses 
três termos. Considerando sua resposta a essa primeira parte da pergunta, 
responda: 
 
Jurisprudência, precedente e julgamento de caso repetitivo não são utilizados como termos 
sinônimos CPC/15, entretanto, há ausência de definição do conceito de precedentes pelo 
CPC/15. 
 
Precedente, para o Ministro Edson Fachin, no voto proferido no julgamento do RE 593.849, 
é, antes de tudo, um exercício de coerência. 
 
Segundo Bianor Arruda Bezerra Neto, no artigo “O que é um precedente”, precedente não 
é um tipo de decisão judicial, mas sim uma “qualidade do julgado, que é construído pelo 
julgador de forma a possibilitar o conhecimento acerca dos aspectos hermenêuticos e 
argumentativos determinantes para a conclusão a que nela se chegou”, a decisão judicial 
considerada como precedente, serve como guia obrigatório em decisões proferidas em 
casos similares. 
 
A jurisprudência seria a consolidação de decisões judiciais, no entanto, sem observância 
obrigatória, servindo como baliza para outros julgamentos de casos similares julgados por 
juiz ou tribunal de mesma hierarquia, mesmo que não seja obrigatório. 
 
O julgamento de caso repetitivo possuiobservância obrigatória, devendo ser aplicada em 
 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; 
12 art. 5º [...] LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal; 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
casos similares, tanto em tramitação no Superior Tribunal de Justiça, quanto nas instâncias 
inferirores. 
 
a) Jurisprudência, precedente e julgamento de caso repetitivo são normas 
jurídicas? Se sim, de que tipo? 
 
Com a vigência do CPC/15, os precedentes vinculandes e os julgamentos de casos 
repetitivos são normas jurídicas, com status de norma geral e abstrata, diante do caráter 
vinculante, com observância obrigatória. 
 
A norma será geral, por não terem sujeitos determinados, e abstrata, vez que terá em seu 
antecedente, um enunciado hipotético descritivo de um fato que ainda ocorrerá, servindo 
como baliza para casos similares e futuros. 
 
b) A obrigação veiculada no art. 927 do CPC/15 vincula os julgadores à 
jurisprudência, (e/ou) ao precedente (e/ou) ao julgamento de caso repetitivo? 
Essa art. 927 do CPC/15 é instrumento hábil para garantia da segurança 
jurídicata? (Vide arts. 926, 927, 988, IV do CPC/15). 
 
A obrigação veiculada no art. 927 do CPC/15 vincula os julgadores ao precedente 
compatível (e/ou) ao julgamento de caso repetitivo compatível, diante da observação 
obrigatória das referidas decisões. 
 
O art. 927 do CPC/15 é instrumento hábil para garantia da segurança jurídica, diante do 
objetivo de uniformizar a jurisprudência e estabelecer a coerência e estabilidade das 
decisões judiciais. 
 
3. Uma lei tributária municipal é considerada inconstitucional por uma associação 
que possui representação em âmbito estadual. Quais seriam os caminhos para 
a discussão da questão com efeitos erga omnes sem que seja necessária a 
discussão individual por cada contribuinte? Analise as opções seguintes 
motivando as razões do cabimento ou não e, no último caso, o foro de 
ajuizamento: 
 
a) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI: no caso, não é cabível a ADI, 
pois o artigo 125, § 2°, da CRFB/88, prescreve que “Cabe aos Estados a 
instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos 
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição 
da legitimação para agir a um único órgão.”, diante da previsão da Constituição 
Federal, conclui-se que não há controle concentrado, por meio de ADI, que 
analise a constitucionalidade de lei municipal em confronto com a Constituição 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
Federal13, sendo que o controle de constitucionalidade de lei municipal em face 
da Constituição Federal é controle difuso. 
 
b) Mandado de Segurança Coletivo: a impetração de Mandado de Segurança 
Coletivo não é um dos caminhos, muito embora a coisa julgada no Mandado de 
Segurança Coletivo produz efeitos erga omnes, produzindo efeitos em relação a 
todos os membros do grupo formado pelos titulares do direito objeto da lide (art. 
22, da Lei nº 12.016/09) e a associação possua legitimidade ativa, desde que seja 
constituída há, pelo menos 01 ano14, não é cabível mandado de segurança com 
pedido autônomo de declaração de inconstitucionalidade de norma, por se 
caracterizar mandado de segurança contra lei em tese, conforme se extrai do que 
restou decidido no Tema 430, do STJ e pela Súmula 266, do STF. 
 
c) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental: muito embora, é 
cabível a ADPF para questionar a constitucionalidade de legislação municipal, a 
qual possui efeitos erga omnes, nos termos do Art. 1º, parágrafo único, inciso I, 
da Lei nº 9882/9915, com ajuizamento perante o STF. No presente caso não é 
possível lançar mão desta hipótese, pois associação não possui legitimidade 
para propor ADPF16. 
 
d) Ação popular: não é um caminho no caso presente, pois a associação não 
possui legitimidade ativa para a sua propositura, nos termos da Lei nº 4741/65, 
somente os cidadãos têm legitimidade para propor ação popular17. 
 
 
13 “É pacífica a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, antes e depois de 1988, no sentido 
de que não cabe a Tribunais de Justiça estaduais exercer o controle de constitucionalidade de 
leis e atos normativos municipais em face da Constituição Federal.” ADIN 347-0 
14 Lei nº 12016/09 Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido 
político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos 
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de 
classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, 
em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou 
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, 
dispensada, para tanto, autorização especial. 
15“Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: I – quando for 
relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, 
estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.”, 
16 Art. 2o Podem propor argüição de descumprimento de preceito fundamental: 
I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade; 
17 Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de 
nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos 
Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, 
§ 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, 
de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja 
criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por 
cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do 
Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades 
subvencionadas pelos cofres públicos. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
e) Ação Civil Pública: a ação civil pública não é um caminho possível para obter 
a declaração de inconstitucionalidade com efeitos erga omnes18: 
 
“O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que se pode 
pleitear a inconstitucionalidade de determinado ato normativo na ação civil 
pública, desde que incidenter tantum. Veda-se, no entanto, o uso da ação civil 
pública para alcançar a declaração de inconstitucionalidade com efeitos erga 
omnes. Traduzindo-se em pedido principal da demanda, não se pode falar, 
portanto, que se cuida de mero efeito incidental do que restou então 
postulado. (RCL 1503, Redator para o acórdão Min. Dias Toffoli, Plenário, 
DJe de 10/02/2012). 
 
In casu, verifica-se que a causa de pedir da ação civil pública é a própria 
declaração de inconstitucionalidade das leis municipais, no entanto, ainda 
que inviável a sua propositura, não há que se falar em usurpação da 
competência do Supremo Tribunal Federal, pois, nos termos do artigo 102, I, 
“a”, da Constituição Federal, somente os atos normativos federais e estaduais 
contestados em face da Constituição Federal sujeitam-se ao controle 
concentrado de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.”19 
 
 f) Ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária: a decisão 
proferida em ação declaratória produzirá efeitos para os associados, mas a 
declaração de inconstitucionalidade só poderá ser obtida de forma incidental. Logo 
não é um caminho possível. 
 
4. Pode o Supremo Tribunal Federal, ao julgar Recurso Extraordinário que trate de 
matéria tributária modular os efeitos de decisão proferida em controle difuso de 
constitucionalidade de forma a lhe dar efeitos ex nunc, proibindo com efeitos erga 
omnes a repetição do indébito tributário dos valores recolhidos até a datado 
julgamento? Há norma que preveja a modulação de efeitos em controle de 
constitucionalidade em matéria tributária em hipótese como a apresentada nesta 
pergunta? Pode haver modulação de efeitos por meio da edição de Súmula 
Vinculante? (Vide o RE 556.664-1, na parte afeta à modulação de efeitos – ementa e 
parte final da discussão em Plenário – e a Súmula Vinculante n. 8) 
 
Cumpre reproduzir as palavras do Professor Paulo de Barros Carvalho: 
 
“A verdade é que não há disciplina expressa sobre a vedação do uso 
retroativo da jurisprudência, no que concerne ao controle difuso de 
constitucionalidade. 
 
18Precedente: Rcl 1503, Redator para o acórdão Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, DJe de 
10/02/2012. 
19 RECLAMAÇÃO 9.973 MINAS GERAIS, RELATOR :MIN. LUIZ FUX, Brasília, 4 de março de 
2013. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
(...) 
De fato, a modulação dos efeitos em benefício da segurança jurídica já era tema 
conhecido da Suprema Corte que, apreciando matéria referente à fidelidade 
partidária, manifestou-se de forma peremptória pela possibilidade de concessão 
de efeitos ex nunc diante de hipótese de mudança substancial da jurisprudência 
assentada sobre o assunto. Eis um fragmento da decisão: 
Diante da mudança substancial da jurisprudência da Corte acerca do tema, que 
vinha sendo no sentido da inaplicabilidade do princípio da fidelidade partidária 
aos parlamentares empossados, e atento ao princípio da segurança jurídica, 
reputou-se necessário estabelecer um marco temporal a delimitar o início da 
eficácia do pronunciamento da matéria em exame. 
(...)E, tendo o direito posto como ideal maior a segurança jurídica, 
sobrevalor que se torna concreto mediante a realização de outros valores, 
dentre eles o da irretroatividade das leis, com ele não se concilia o 
enunciado prescritivo que, além de determinar ao Judiciário que altere 
orientação pacificada, pretende ser aplicado retroativamente. Qualquer 
violação a essas diretrizes supremas compromete, irremediavelmente, a 
realização do princípio implícito da certeza, como previsibilidade, e, ainda, 
o grande postulado da segurança jurídica.”20 
 
Deste modo, pode o Supremo Tribunal Federal, ao julgar Recurso Extraordinário que trate 
de matéria tributária modular os efeitos de decisão proferida em controle difuso de 
constitucionalidade de forma a lhe dar efeitos ex nunc, proibindo com efeitos erga omnes a 
repetição do indébito tributário dos valores recolhidos até a data do julgamento. Entretanto, 
não há norma que vede o uso retroativo da jurisprudência, no que concerne ao controle 
difuso de constitucionalidade. 
 
O art. 27, da Lei nº 9868/99, prevê a modulação de efeitos em controle de constitucionalidade 
em matéria tributária em hipótese como a apresentada nesta pergunta: 
 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em 
vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o 
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, 
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a 
partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
 
Não pode haver modulação de efeitos por meio da edição de Súmula Vinculante, nesse sentido, 
confira-se: 
 
“A súmula vinculante constitui instrumento apto a conferir efeitos vinculantes e 
eficácia erga omnes quando houver pronúncia de constitucionalidade/ 
inconstitucionalidade, como também quando se tratar da interpretação e eficácia de 
normas constitucionais 
(...) 
Entretanto, a edição de norma com eficácia geral – tal como a súmula vinculante 
– significa modificação do direito de modo a permitir a revisão da coisa julgada 
 
20 CARVALHO, Paulo de Barros. Tema XXXIV Segurança Jurídica e Modulação dos Efeitos. p. 
290/291. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
em se tratando de relação jurídica continuativa, sempre com efeitos futuros”21 
 
 
5. A empresa Xpto propôs ação de repetição de indébito tributário em face da União, 
obtendo decisão, transitada em julgado junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª 
Região, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo pago e 
condenando a União na restituição. Iniciada a fase de cumprimento de sentença 
contra a União sobreveio decisão de mérito do STF, em Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (Adin), julgando a mesma lei constitucional (isto significa 
que a referida Adin foi julgada improcedente e que o controle de 
constitucionalidade exercido foi o concentrado). Pergunta-se: 
 
 a) É necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União objetivando a 
desconstituição da coisa julgada para não ter que cumprir a sentença que a 
condenou à restituição do tributo? Se afirmativa sua resposta, indicar o 
fundamento legal contido no CPC/15 que respalde sua conclusão. Se negativa 
sua resposta, justifique-a indicando a solução processual que a União deve 
adotar, bem como o dispositivo do CPC/15 que fundamenta normativamente 
sua conclusão. (vide Anexo III) 
 
Sim, é necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União objetivando a 
desconstituição da coisa julgada para não ter que cumprir a sentença que a condenou 
à restituição do tributo, com base no art. 966, inciso V, do CPC: 
 
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida 
quando: 
(...) 
V - violar manifestamente norma jurídica; 
 
 b) Tendo havido modificação posterior da jurisprudência do STF, em sentido 
oposto ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de 
constitucionalidade, em recurso extraordinário em que houve o 
reconhecimento da repercussão geral da matéria, a conclusão a que você 
chegou na resposta “a” mudaria? Justifique. 
 
Mesmo tendo havido modificação posterior da jurisprudência do STF, em sentido oposto 
ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de constitucionalidade, em recurso 
extraordinário em que houve o reconhecimento da repercussão geral da matéria, 
entendo que não é possível haver a retroatividade, diante do primado da segurança 
jurídica 
 
 
21 DINIZ, Marcelo de Lima Castro. Coisa julgada e mudança da jurisprudência: rescisão, 
inexistência ou permanência. In: VII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET, p. 947 
e 950 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
6. Um contribuinte recolheu determinado tributo a partir de uma base de cálculo 
prevista em lei. A instrução normativa regulamentadora (IN n. 01/02) esclareceu 
que, na base de cálculo, não deveria ser considerado o valor do transporte pago 
a terceiro (frete). Um ano depois, a IN n. 03/03 esclareceu que o frete pago a 
terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão. Nesse contexto, o 
contribuinte consultou você questionando a necessidade de complementação do 
recolhimento durante a vigência da IN n. 01/02. O que você responderia? Analise 
os arts. 100, 103 e 146 do CTN na resposta. 
 
Minha orientação seria no sentido da não necessidade de complementação do 
recolhimento durante a vigência da IN nº 01/02, pois a IN nº 03/03, que realizou a previsão 
de que o frete pago a terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão, não terá 
força retroativa, tendo efeitos a partir de sua publicação (ou outra data posterior que a IN 
eventualmente preveja), sob pena de afronta ao princípio da segurança jurídica.

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