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Urgencia e emergencia pediatrica CORPO ESTRANHO EPIDEMIOLOGIA • American association of poison control centers (2000) mostrou que 75% das > 116.000 ingestões de corpo estranho ocorreram em crianças até 5 anos • Maioria acidental → porque as crianças tem fascínio em por objetos na boca • Pré endoscopia: 80% dos casos com boa evolução • Remoção endoscópica em 10-20% dos casos. • Mortalidade muito baixa 1:2206 → geralmente o atendimento é prestado de uma maneira, rápida, segura e eficaz. Na prática clínica, na grande maioria das vezes não há serviço de endoscopia pediátrica. Com isso, em situações de emergência muitas vezes precisamos encaminhar para um serviço que tenha endoscopia (adamantina encaminha para Marília) SINTOMAS NA INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO • Maioria é assintomático → por isso tem que prestar atenção na história, que vai nos guiar • Sintomas são mais comuns quando CE no 1/3 superior do esôfago • CE NO ESÔFAGO (AGUDO): dor retroesternal, cianose, dispneia, disfagia, salivação/ sialorreia, estridor, sibilância, engasgo, vômito, diminuição de aceitação e soluços. • CE NO ESÔFAGO (CRÔNICO): perda de peso, pneumonias, síndrome aspirativa (mais raro) • ESTÔMAGO E INTESTINO: dor abdominal e/ou sangue nas fezes Temos constricções importantes na anatomia pediátrica, que favorecem a impactação do corpo estranho. Sinais clássicos: crianças que chegam com as mãos na região cervical anterior (provável corpo estranho no esôfago) CONSIDERAÇÕES • Achados clínicos variáveis • Atenção com idade e região anatômica envolvida • Objetos que ultrapassam esôfago proximal geralmente não causam sintomas. • Objetos pontiagudos ou com mais de 2,5 cm impactam com mais facilidade. • MUITA ATENÇÃO: BATERIAS E IMÃS são frequentes e podem gerar graves complicações → Tem-se 2 estreitamentos importantes, onde a localização dos corpos estranhos são mais frequentes: que é a constrição laríngea e o 1/3 médio do esôfago. BATERIAS • Geração de radicais hidróxido com rápida elevação de pH (pode chegar até 13 em 30 minutos) – lesão cáustica Rx de tórax confirmando presença de corpo estranho na região mediastinal – provavelmente no esôfago Imãs e elementos pontiagudos tem muito mais facilidade de causar lesões Caso interessante: mostrou a ingestão de imãs que se atraíram e causaram perfuração intestinal. Lógico que isso é raro (tanto que foi publicado) → hoje tem de vários tamanhos e várias formas. O primeiro aspecto para fechar o diagnóstico é radiografar CONSIDERAÇÕES • Localização do CE no diagnóstico: 60% estômago • 20% esôfago • CE progride com mais facilidade em crianças mais velhas e meninos • Locais de impacto ► Área cricofaríngea ► /3 médio do esôfago ► Esfíncter esofágico inferior ► Piloro ► Válvula íleo-cecal • Em pacientes com malformações congênitas ou cirurgias prévias, o risco de impacto é maior! PROTOCOLO INICIAL DA INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO EM CRIANÇAS: • Tempo médio de trânsito de corpo estranho = 3 dias. • Tempo médio ingestão X perfuração = 10 dias • Não progressão de corpo estranho pontiagudo em intestino por mais de 3 dias indica a possibilidade de cirurgia para remoção • Tempo para endoscopia: ► Emergência: até 2 horas ► Urgência: até 24 horas ► Eletiva: acima de 24 horas COMPLICAÇÕES POSSÍVEIS: • Aspiração e obstrução de via aérea • Formação de fístula ou estenose • Obstrução, perfuração ou sangramento de trato gastrointestinal • Erosão no esôfago, aorta ou outras estruturas • Morte INDICAÇÃO DE IMAGEM • Todos os pacientes com suspeita de ingestão de corpo estranho devem ser radiografados. • Rx cervical, tórax e abdome em 2 incidências (frente e perfil) ou (em pé e deitado) → para abdome • Opacos: vidros, maioria dos metais (exceto alumínio), ossos de animais (aparecem na imagem radiológica) • Lucentes: espinha de peixe, madeira, plástico e alumínio (é mais difícil de ver) • Considerar ressonância nuclear magnética, tomografia computadorizada, ultrassonografia ou exame contrastado para objetos não opacos. Realidade do pronto socorro: criança sintomática + história clínica altamente sugestiva de corpo estranho? RX de tórax e abdome. Tem possibilidade de impactação? RX de coluna cervical também! INDICAÇÕES DE ENDOSCOPIA EMERGÊNCIA → ATÉ 2 HORAS • Ingestão de bateria que se encontra no esôfago; • Ingestão de ímã com outro ímã com peça metálica que se encontra no trato digestivo superior; • Impactação esofágica; • Risco de aspiração; • Objetos perfurantes ou cortantes URGÊNCIA → ATÉ 24 HORAS • Objetos no estômago maiores que 2,5 cm de diâmetro (2 cm em crianças de até 1 ano) ou longos – maior ou igual a 6 cm; • Persistência de qualquer corpo estranho em estômago por mais de 24 hrs da ingestão; • Persistência de sintomas esofágicos mesmo sem evidência de corpo estranho na radiografia SEGUIMENTO NA ALTA ORIENTAR SINTOMAS/SINAIS DE ALERTA: • Sialorréia • Dor abdominal • Sangramento • Náuseas e vômitos persistentes • Febre ➔ Rx seriado ajuda somente para objetos radiopacos ➔ Seguimento com Rx não deve ser feito em objetos radiopacos de baixo risco; ➔ Bateria: Rx simples a cada 3 a 5 dias ➔ Objetos com risco de impactar (>2,5 cm de diâmetro ou >6 cm de comprimento) → Rx diário. Considerar impactação se ausência de movimentação por 3 dias. Resumindo: chegou assintomática com história clínica de corpo estranho? Confirma a presença de CE com RX de tórax, abdome e coluna cervical. É um CE de baixo risco? Temos até 24 horas para retirar. É um corpo estranho de alto risco (como bateriais)? Temos que retirar em 2 horas. Se for um corpo estranho pontiagdo podemos realizar cirurgias. Em adamantina encaminhamos para a FAMEMA, que faz a retirada endoscópica. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES Nessa época de outono- inverno é a época mais comum de encontrar os problemas respiratórios, que em quase sua totalidade são crianças que vão procurar o atendimento médico na madrugada (2-3 da manhã). A criança normalmente foi dormir bem e acordou nesse horário com insuficiência respiratória. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO • CALIBRE DAS VIAS AÉREAS ► Dimensões diminuídas em relação aos adultos; ► Estreitamento anatômico • SUSTENTAÇÃO DAS VIAS AÉREAS DINÂMICA DO FLUXO DE AR ► Resistência ao fluxo de ar → acarretando em um barulho que é o estridor ou mais comumente chamado de tosse de cachorro; ► Fluxo de ar laminar x turbulento No adulto: cartilagem tireoide e cricóide muito mais rígidas, com laringe muito mais uniformizada (linear) ao fluxo do que em comparação com a da criança. Na criança, por ser mais cônica, o fluxo exerce muito mais pressão. Quando tenho um processo inflamatório, observe como na criança o fluxo de ar fica muito mais obstruído, necessitando de maior pressão para vencer a resistência. Laringoscopia evidenciando: epiglote superiormente, cartilagens pares e vias áreas superiores íntegras. Conseguimos ver toda a estrutura da laringe em sua integralidade sem processos inflamatórios ESTRIDOR NA INFÂNCIA DEFINIÇÃO Ruído causado pela passagem de ar por uma via área de grosso calibre obstruída. A queixa sempre é: Dr., ele estava dormindo e acordou com uma falta de ar tremenda. Na ausculta você identifica estridor apenas, não consegue ouvir sibilos e nem roncos. Não é um quadro de insuficiência respiratória baixa, é um quadro ALTO. CORRELAÇÕES ANATÔMICAS DO RUÍDO • Via aérea supraglótica → inspiratória e expiratória • Via aérea glótica e subglótica → inspiratória e expiratória • Via aérea intratorácica → expiratória CAUSAS AGUDAS 95% ou mais será causado por CRUPE → de predominante no outono-inverno O QUE É CRUPE? • Diagnóstico sindrômicosendo um diagnóstico diferencial de asma brônquica → eu diferencio atraves da ausculta na expiração e inspiração → não tendo sibilância é crupe. • Sintomas: ► Rouquidão, ► Tosse ladrante ► Estridor e graus variados de insuficiência respiratória • Classificação anatômica • Etiologia: vírus x bactérias • Recorrência comum Estridor potencial mente fatal O diagnóstico é fácil de ser feito, pois tem estridor, tem rouquidão e tem tosse ladrante; mas o grande problema é identificar se é viral ou bacteriano. CRUPE VIRAL – CERCA DE 90% DEFINIÇÃO Dr. ele estava só com uma gripe, nariz escorrendo, uma tosse seca, febre de 37,5º, se alimentando e mamando corretamente; e agora acordou desse jeito com tosse rouca, falta de ar e eu trouxe para a avaliação. EPIDEMIOLOGIA • Causa mais comum de estridor na infância: 90% • Representa 1 a 6% das doenças respiratórias • Faixa etária: 1 a 6 anos (18 meses) • Predomínio sexo masculino (2:1) ETIOLOGIA • Influenza • Parainfluenza • VRS • Adenovírus Logo, não necessita de antibióticos! PATOGÊNESE • Efeito citopático viral no epitélio respiratório • Obstrução das vias aéreas QUADRO CLÍNICO • Pródromo: Rinofaringite • Febre • Síndrome do crupe (estridor, tosse ladrante e rouquidão) • Resolução clínica: de 10 até 15 dias com melhora então do estridor e da inflamação Laringoscopia com edema importante de laringe; o fluxo de ar está bem obstruído CRUPE VIRAL: ESCORE DE GRAVIDADE Obs.: Pode complicar o crupe? SIM. Qual a complicação que eu tenho que ficar de cabelo em pé? Obstrução das vias áreas totais necessitando de uma traqueostomia de urgência, se não vai a óbito. DIAGNÓSTICO • Clínico • Radiológico: Rx cervical anterior se tiver dúvidas • Sinais clássicos: ► Ponta de Lápis ► Torre de Igreja ► Ampulheta • Etiológico: Isolamento viral em quase 80% dos casos ► Infecção secundária devido a imunossupressão Rx em ponta de lápis → bem no centro observamos esse sinal. TRATAMENTO • Vias aéreas • Corticosteroides • Epinefrina/ adrenalina • Intubação ➔ 1º → UMIDIFICAÇÃO DE VIAS AÉREAS Na chegada deve-se realizar uma nebulização com oxigênio úmido e monitorar com oxímetro de pulso; - a máscara deve ter fluxo de 10-12L/min Em casos leves faço a nebulização e oriento a mãe a fazer umidificação das vias áreas (liga o chuveiro quente, fecha a porta e deixa respirando nesse bafo); ➔ 2º → CORTICOESTERÓIDES • Dexametasona: 0,15 a 0,6 mg/kg até 10 mg/dose • Via de administração: VO, IM ou EV • Dose única x múltiplas • Prednisona: 1 mg/kg em crupe leve ou moderado • Budesonida - corticoide inalatório: 2 mg/dose, via inalatória → PS não dispõe obs. → se o quadro é com estridor intenso faz-se decadron (dexametasona) IM. Se é um quadro não tão intenso faz-se prednisolona VO ➔ EPINEFRINA INALATÓRIA • L-epinefrina: 0,5 ml/kg até 5 ml dose • IAM e TV → são raros mas já foram relatados sob uso de apinefrina • Quantas vezes? Experiência clínica: ► Back to back ► Periodicidade horária Quando é muito grave e eu tenho um comprometimento da oximetria de pulso já faz a adrenalina. Em alguns casos é preciso fazer a intubação traqueal, tendo que enfatizar que na maioria dos casos tem um estreitamento do tubo importante, por isso utiliza coxins para manter as vias aéreas permeáveis. O prof. falou de traqueostomia, mas é em casos em que eu tenho uma criança já parando e a intubação pode demorar; EDEMA PULMONAR E OVAS • Obstrução parcial traquéia extratorácica • Aumento P negativa intratraqueal • Prejuízo ao fluxo de ar inspiratório • Aumento da pressão pleural negativa na inspiração • Transmissão de P-para o interstício • Diminuição de P ao redor dos vasos • cúmulo de água no interstício • Entrada de água nos alvéolos com desobstrução da via aérea CRUPE VIRAL: INTERNAÇÃO 1. Toxemia 2. Desidratação ou incapacidade de ingestão 3. Estridor em repouso 4. Sinais de insuficiência respiratória 5. Alteração no nível de consciência 6. Ausência de resposta à epinefrina inalatória 7. Deterioração clínica TRAQUEÍTE BACTERIANA DEFINIÇÃO: Comprometimento da traquéia, da laringe de etiologia bacteriana, pode ou não ser precedido de infecção viral. Obs.: é um abcesso bacteriano na traqueia, podendo comprometer a laringe também; é grave - tem dificuldade respiratória, a criança fica hipoxemiada, apática então geralmente ocorre durante a evolução e internação hospitalar. Vamos observar traqueíte em crianças geralmente internadas, principalmente em unidade de terapia intensiva, podendo ocorrer pós-crupe ETIOLOGIA • S. aureus, estreptococos • Hib, Moraxella - o mais comum é o S. aureus. INCIDÊNCIA • Pacientes internados, em relação ao crupe viral • Pronto-socorro= 1: 40-50 ; UTI = 1: 8 • UTI (1997 a 2006: 107 pcts): 48% LTB X 46% TB Incidência baixa; sendo mais comum na UTI do que no PS. PATOGÊNESE • Evidência de co-infecção viral e bacteriana • Necrose da parede da traqueia • Exsudação mucopurulenta - geralmente tem uma infecção viral que não evolui bem e se transforma numa infecção bacteriana. QUADRO CLÍNICO • Síndrome do crupe • Toxemia e alterações circulatórias • Ausência de resposta ao tratamento do crupe viral Tem dificuldade respiratória, estridor, tosse ladrante bem como comprometimento do estado geral, pois é bacteriano e não viral como no crupe. DIAGNÓSTICO • Quadro clínico • Visualização direta da traqueia → com secreção mucopurulenta e as vezes necrose • Radiológico dispensável → Esfumaçamento da traquéia • Culturas Traqueia toda edemaciada TRATAMENTO • Estabilização das vias aéreas • Monitoração cardiorrespiratória • Internar em UTI • Intubação traqueal: escolha adequada do material e ambiente controlado: 3 a 7 dias • Antibioticoterapia → porque é um processo bacteriano • Não há indicação de corticosteroides e epinefrina MORTALIDADE: • 18 a 40%, podendo levar a: ► Parada respiratória ► Pneumotórax ► Choque séptico ► Síndrome do choque tóxico ► SDRA ► Disfunção múltipla de órgãos SUPRAGLOTITE DEFINIÇÃO É um crupe que não evoluiu bem, e desenvolveu um processo infeccioso (bacteriano) supraglótico. ETIOLOGIA • H.influenzae tipo B • S.pyogenes, S.aureus, vírus, candida INCIDÊNCIA • Anual: 2/10.000 • Predomínio: sexo masculino • Faixa etária: 2 a 7 anos - raro de acontecer. PATOGÊNESE • Celulite da região supraglótica • Mudança anatômica da epiglote QUADRO CLÍNICO • Obstrução abrupta das vias aéreas superiores • Não caracteriza síndrome do crupe • Doença dos 4 “D”, posição tripóide ➔ Disfagia, dispnéia, disfonia e salivação (drooling) • Doença bacterêmica: alterações circulatórias DIAGNÓSTICO • Quadro clínico • Laringoscopia • Radiologia • Hemocultura → isolamento da bactéria que causou a infecção da glote • Pesquisa de antígenos capsulares Traqueíte bacteriana – laringoscopia Supraglotite – radiografia TRATAMENTO • Estabilização circulatória • Infusão de cristalóides: 20 mL/kg • Considerar drogas vasoativas • Monitoração contínua • Internar em UTI • Antibioticoterapia • Extubação ESTABILIZAÇÃO RESPIRATÓRIA: • Não realizar exames laboratoriais e radiológicos • Manter posição de conforto ventilatório • Oferecer oxigênio de modo não invasivo • Ventilar com BVM se necessário • Intubação traqueal: lâmina curva no laringoscópio, cânula menor que apropriada, ambiente controlado ESTRIDOR: ERROS COMUNS • Não considerar doença grave em lactente com diagnóstico de crupe viral • Não considerar doença grave em criança maior com diagnóstico de faringite • Confiar em Rx para diagnósticode corpo estranho e crupe e supraglotite • Confiar em oximetria para diagnóstico de IRA iminente • Perder tempo com exames laboratoriais na IRA • Selecionar material incorreto • Realização de procedimento por pessoal inexperiente • Sedar paciente em IRA Observações: Tem que saber que a crupe pode evoluir para uma traqueíte ou uma supraglotite que são bacterianas, então eu tenho que tomar cuidado. O ideal é manter as vias aéreas oxigenadas; na oximetria abaixo de 92% em crianças, realizar a oxigenação, seja com máscara ou cateter! Lembrando que quanto menos essa criança ficar agitada e quanto menos ela chorar, menor a piora respiratória. E utilizar a medicação correta sempre, se atentar a isso! Prova: a tríade do crupe viral
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