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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE ALUNA: LARISSA FERNANDA V COUTINHO DIREITO TESTAMENTÁRIO FICHAMENTO 3 - TEXTO: “DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS” - ZENO VELOSO As disposições acerca do testamento iniciam-se no Código Civil de 2002 a partir do art. 1897, tendo o testamento como um negócio jurídico de fundo típico e que deve, necessariamente, conter os desejos de última vontade do testador. Há, então, diversas formas de testamento disciplinadas na legislação e que devem respeitar uma série de requisitos e formalidades. Importante destacar que o testamento, enquanto negócio jurídico, pode ser submetido a condições ou a motivos certos, contudo, não se pode vinculá-lo a condições ou motivos de testar, e caso surjam, não poderão produzir efeitos jurídicos. Dessa forma, as disposições testamentárias são passíveis de condições, causas e modos, mas o que leva o testador a fazê-lo não. É possível que o testador deixe para seus herdeiros ou legatários a universalidade da herança ou a quota-parte respectiva, ou ainda, estabelecer individualmente o que cada um deles receberá do acervo. A maioria das disposições que acontecem no testamento são de cunho patrimonial. A qualidade de herdeiro pode ser conferida ao indivíduo através da lei ou do testamento, contudo, caso seja através do testamento a sua condição será a de legatário, tendo em vista que o legado é exclusividade dos testamentos e se distingue da herança, tendo em vista o objeto da vocação sucessória. Nesse sentido, para que o legatário venha a assumir tal qualificação deverá antes aceitar ao respectivo legado, independente do valor deixado. Destaque-se que é possível que o legatário receba uma quantia maior que o herdeiro. A aceitação do legado deve ser total. Na hipótese do herdeiro ser também legatário, é possível que ele aceite ambos, ou aceite um e renuncie o outro sem qualquer ônus. É imprescindível ressaltar, também, que aquele que vai interpretar o testamento deve estar sempre atento ao lugar e tempo em que aquele testamento foi outorgado, bem como o estado em que o testador se encontrava, seu nível cultural, todos esses aspectos são relevantes para compreender e interpretar o ato inter vivos. O testamento deve ser sempre interpretador mesmo que isso represente uma atividade subjetiva, tendo em vista que busca reproduzir a vontade real e final do testador. De acordo com Zeno, o art. 1899, CC aponta que a interpretação é cabível apenas em caso de dúvidas, quando as manifestações não forem claras, contudo, o autor discorda desse entendimento e sugere uma leitura menos literal do referido artigo, tendo em vista que ele defende que a interpretação dos testamentos deve ocorrer sempre. A interpretação do testamento busca chegar na vontade real do testador e no verdadeiro querer do de cujus, por essa razão, o intérprete deve levar em conta uma série de questões pertinentes ao testador, como idade, caráter, saúde mental, nível cultural e uma série de outras subjetividades. Destaque-se que a regra geral é de que o intérprete não pode recorrer a elemento extratestamentários, contudo, é importante que se compreenda que a vontade que se busca apurar e aplicar deve ser analisada de forma subjetiva a levar em conta o próprio testador e suas nuances. A codificação civil sobre a matéria trouxe apenas um artigo disciplinando a interpretação testamentária, que o já mencionado art. 1899, tratando-se de uma regra geral nesse sentido. Zeno elogia esse posicionamento do legislador, tendo em vista que sustenta que a legislação pátria não é lugar para discussão e apontamento de questões hermenêuticas. Quanto às nulidades dos testamentos, o art. 1900, CC elenca uma série de disposições que gerarão a nulidade do testamento, podendo ser anulado do o testamento ou apenas parte dele, a depender do vício. A primeira delas versa sobre a condição captatória, que é quando A testa em favor de B sob a condição que B outorgue testamento em benefício de terceiro. É possível que se anule o testamento também em razão de se referir a pessoa incerta, cuja identidade não possa ser encontrada ou averiguada. Nesse caso, a nulidade é absoluta, invalidando toda a disposição testamentária lá contida. A terceira hipótese mencionada no artigo supra diz respeito ao caso de se favorecer pessoa incerta, cometendo a sua determinação e identidade a terceiro, como se estivesse delegando a alguém o ato de testar, o que não pode ocorrer, haja vista o testamento ter caráter personalíssimo. A quarta hipótese de nulidade é parecida com a anterior, tendo em vista que diz que herdeiro ou legatário não poderão fixar o valor do legado, posto que cabe exclusivamente ao testador dispor sobre valores, quantidades e destinações dadas aos seus bens no ato de última vontade contido no testamento. A última hipótese é óbvia e redundante gerando a crítica de que nem deveria estar ali, pois consiste na impossibilidade de pessoas não legitimadas serem elencadas como legatárias. O testador poderá nomear dois ou mais herdeiros sem que disponha acerca da parte exata de cada um deles ou mencione o valor correspondente ao legado de cada um, de forma que a parte disponível será dividida igualmente entre os legatários. No caso do testador não ter herdeiros necessários e nomear herdeiros para toda herança a solução será a mesma, a divisão igualitária entre eles. O testamento deverá obedecer todas as formalidades e solenidades dispostas em lei para que alcance a validade, sendo importante destacar que se uma parte do testamento não respeitar essa questão ela não invalida, necessariamente, todo o testamento, tendo em vista que as partes da disposição testamentária são interdependentes. É importante destacar, ainda, que a cláusula de inalienabilidade que suportam os bens da legítima está disposta no art. 1848 e ressalta que o testador não pode estabelecer cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade ou incomunicabilidade entre os bens da legítima.
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