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AULA 2 GESTÃO ESTRATÉGICA DA INOVAÇÃO Prof. Afonso Ricardo Paloma Vicente 2 TEMA 1 – A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INOVAÇÃO E ÁREAS ORGANIZACIONAIS: INOVAÇÃO E RECURSOS HUMANOS Como vimos na aula anterior, inovação é o resultado de uma ideia inicial, que partiu da criatividade e experiência das pessoas inseridas no processo. Dessa forma, o setor de recursos humanos das organizações pode e deve contribuir para uma cultura de aprendizagem e conhecimento dentro da empresa. Compreendemos como recursos humanos os colaboradores de uma empresa, sendo este o capital vivo fundamental para o desenvolvimento da organização. No entanto, é mais comum o uso da expressão recursos humanos para fazer referência ao departamento responsável pela identificação, seleção, contratação, integração, avaliação e demissão de funcionários, bem como pelo treinamento, recrutamento e aperfeiçoamento desses profissionais. As organizações, nos últimos anos, se deram conta da importância das pessoas nas empresas e a maneira como são gerenciadas. No passado, o foco estava na tecnologia do produto ou processo, nos mercados protegidos ou regulamentados, no acesso a recursos financeiros e economias de escala. Uma das finalidades do departamento de recursos humanos de uma empresa é alinhar a gestão de pessoas às estratégias da organização, uma vez que seus profissionais são os responsáveis por sua implementação. Isso significa que, se a organização adotar uma política de favorecimento às inovações em seu planejamento estratégico, por meio da criatividade, gestão do conhecimento e sustentabilidade, o seu departamento de recursos humanos deverá estar alinhado a tais finalidades. Dessa forma, o departamento de recursos humanos desempenha o papel de “selecionar, formar, integrar e aperfeiçoar um grupo de pessoas para trabalhar numa empresa como uma verdadeira equipe, com objetivos definidos, fazendo com que cada membro conheça seu papel, coopere com os demais e vista a camisa para produzir resultados” (Pessole, 2014, p. 36). Para implementar as estratégias da organização, é essencial que a gestão de recursos humanos trabalhe com base em conceitos como comunicação organizacional, liderança, trabalho em equipe, negociação e cultura organizacional. Desse modo, o trabalho de organização em equipes, assim como a escolha, o apoio e a orientação dos gerentes de departamento são algumas das atribuições da gestão de recursos humanos. 3 Além da avaliação, a capacitação dos trabalhadores e o estímulo à geração de ideias devem ser planejados em conjunto com as áreas de negócios da organização, visando desenvolver as competências necessárias. A seguir, conforme descrito por Braga (2016), são apresentados alguns exemplos efetivos de como inovar nos recursos humanos. • Utilizar redes sociais: alguns gestores têm usado as redes sociais para a seleção de candidatos a uma vaga na empresa. Segundo a revista Você RH, 60% da geração “milênio” – jovens de até 30 anos – usam as redes sociais para conseguir um emprego. • Implantar tecnologias: conforme divulgado na revista Exame, o grupo Votorantim, por meio da tecnologia, tem conseguido mapear comunidades online que possuem os valores exigidos pela empresa, e afirmou ainda que esse método é muito mais eficiente que outras formas de seleção. Outra inovação fantástica são as plataformas de recrutamento e seleção que, entre outras funcionalidades, ajudam o gestor de RH a encontrar um profissional ideal para o cargo desejado, além de monitorar o desempenho dos colaboradores para futuras promoções. • Conceder vantagens aos colaboradores: algumas empresas inovam na forma como se relacionam com seus colaboradores, concedendo benefícios como: horário de trabalho flexível, dia de folga para os colaboradores mais produtivos e até sala de entretenimento para a descontração. Outras instituições preferem premiar os colaboradores visando promover um ambiente interno feliz. • Cuidar dos profissionais: os recursos humanos podem inovar na maneira em que cuidam dos trabalhadores. A revista Exame entrevistou a consultora britânica Carolyn Taylor, que citou a empresa Natura como referência em zelar pelo bem-estar de seus colaboradores. A Natura consegue ter colaboradores mais engajados com a cultura organizacional e, como resultado, eles são mais felizes e produtivos. E como é muito bem conhecido, o “bom exemplo vem de cima”. Cabe aos líderes da organização e à área de RH estimular essa cultura e transmitir os valores para que todos os gestores repliquem em suas áreas. • Melhore a comunicação interna: todo profissional de recursos humanos sabe da importância da comunicação interna para a saúde da empresa. Por isso, algumas organizações decidiram implantar um portal corporativo para 4 aproximar o relacionamento entre seus colaboradores. Por meio desse portal, a equipe pode dar sugestões acerca dos processos da empresa. Além disso, todos os envolvidos em um projeto ficam a par do andamento das tarefas e dialogam sobre os meios para atingir as metas estabelecidas. Apesar de serem muito úteis para a comunicação interna, as ferramentas virtuais não devem extinguir a comunicação pessoal entre os colaboradores, uma vez que a interação face a face é elemento fundamental para a integração da equipe interna. Sendo assim, é sábio equilibrar o contato físico com o virtual. TEMA 2 – A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INOVAÇÃO E ÁREAS ORGANIZACIONAIS: INOVAÇÃO E MARKETING Marketing pode ser descrito como a disciplina que estuda o comportamento dos mercados e consumidores e analisa a gestão comercial das organizações a fim de reter e fidelizar clientes por meio da satisfação de suas necessidades. Assim, o conceito de marketing descreve uma filosofia de gestão que está orientada no sentido de identificar e satisfazer necessidades e desejos dos clientes, caracterizando uma forma de se obter benefícios a longo prazo. Nesse sentido, as ações de marketing tem como objetivo alcançar um nível de faturamento satisfatório, e, para isso, devem contemplar a identificação, seleção e avaliação das mais diversas oportunidades de negócio, bem como o delineamento das estratégias para alcançar os resultados. Estudiosos de marketing defendem que podem haver diferentes orientações: • Produto: quando a empresa monopoliza a atenção do mercado e é limitada a melhorar o processo de produção; • Vendas: quando há um esforço para se aumentar a participação da empresa no mercado; • Mercado: refere-se a situações em que o produto precisa ser adaptado ao gosto do consumidor. As rápidas mudanças no ambiente e os hábitos e exigências dos consumidores em relação aos produtos mudaram as características do marketing, haja vista o mercado estar atualmente voltado para a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos e serviços, ou seja, para a inovação. 5 Nos últimos anos, algumas tendências de inovação no marketing estão tomando conta das organizações. Podemos citar, como exemplo, as descritas por Digital Marketing (2017): • Gerações X, Y, W, Z e alpha: a geração X são os filhos dos baby- boomers, fruto da explosão populacional com a volta dos soldados da Segunda Guerra Mundial. Essas crianças, nascidas entre 1945 e meados dos anos 1960, eram mais conservadoras e objetivas, e menos consumistas. Geração X: nascidos entre 1960 e 1980, se “rebelaram” contra os pais “certinhos” e buscavam liberdade e direitos civis. Geração Y: nascidos entre 1980 e 2000, também chamados millennials, estão constantemente conectados, têm pressa em realizar o que querem, sendo muito competitivos. Mas, por outro lado, consideram que devemos trabalhar para viver e não viver para trabalhar. Geração W: uma variante dos Y, nascidos no mesmo período, são pessoas mais emotivase menos competitivas, igualmente conectadas, mas sabendo transitar por todos os círculos de conhecimento, evitando se isolar no mundo virtual, sem deixar de admirá-lo. Geração Z: a geração de 1990 a 2010, que já encontrou o mundo virtual pronto para ser curtido em sua totalidade! Por isso, o encaram com muito mais naturalidade e muitos os consideram os verdadeiros “nativos digitais”, isto é, pessoas que não precisaram se adaptar a um mundo conectado 24 horas por dia. Geração alpha: nascidos depois de 2010 e totalmente imersos no ambiente digital, sem preconceitos ou receios ainda enfrentados por algumas das gerações anteriores. Acredita-se que vão se desenvolver muito mais independentes. Têm a característica de serem muito mais observadores e estão expostos a mais estímulos positivos e educativos que anteriormente. Baseando-se nesses perfis, é possível pensar em inovações de marketing. Que produto ou serviço você poderia desenvolver para as pessoas da geração Z, por exemplo? Uma empresa na Índia resolveu transformá-las em gênios e criou um serviço que promete “promover o desenvolvimento super sensorial nas crianças”. • Produtos premium: inovação de marketing que consiste em oferecer produtos ou serviços de alta qualidade gratuitamente por curto período de tempo ou conseguir dar acesso a eles para pessoas que normalmente não teriam. Um exemplo é usar o serviço premium do LinkedIn por um mês e depois, se gostar, assinar o serviço. O Skype é outro que usa uma tática parecida: para usar Skype como telefone, ligando para outros números, é preciso pagar. Mesmo representando apenas 12% de seus usuários, estes valores são suficientes para que os outros usem o Skype de graça para conversar com outros computadores, sem usar números de telefone. • Coolpon: este trocadilho unifica o velho conceito do cupom de descontos com uma ação legal, divertida, bacana (cool em inglês). Um exemplo dessa inovação de marketing foi uma ação da Ford chamada “Orgulho Ford”, em que os proprietários desse veículo poderiam trocar gratuitamente o logo da marca, o emblema metálico que fica fixado no carro, por um novo, em melhor estado, se quisesse. Empresas que notificam ofertas em tempo real para seu celular quando você passa perto do ponto de venda com preço especial também são um exemplo da tendência coolpon. • Varejo virtual reativando o ponto de venda real: esta inovação de marketing mostra que o varejo real, com lojas físicas, não vai morrer, mas será potencializado pelo varejo virtual. Algumas lojas já usam dispositivos que dão alertas aos clientes, dentro das lojas, sobre os produtos que eles pesquisaram recentemente na internet. Fazem isso ao verificar seus dados no celular e, em alguns casos, mostram até vídeos e vitrines virtuais indicando a oferta antes mesmo que você peça a um atendente. Um dos dispositivos eletrônicos que permite isso são os chamados ESC – Eletronic Shelf Labels (mais simples) e os NFC – Near Field Communication. 6 Como podemos ver, esses são alguns exemplos de uma infinidade de inovações que o mercado cria a cada dia para conseguir entreter seus consumidores, diante das inúmeras inovações tecnológicas que surgem num curto período de tempo. TEMA 3 – A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INOVAÇÃO E ÁREAS ORGANIZACIONAIS: INOVAÇÃO E GESTÃO DA QUALIDADE Dentro do campo da administração, qualidade é um termo em evolução e com múltiplas definições. Na década de 1950, qualidade dizia respeito ao padrão de produção em massa. Nos anos 1960, tal conceito passou a ser relacionado às possibilidades de adequação ao uso levando-se em consideração a necessidade do consumidor. Diante da crise do petróleo na década de 1970, a qualidade passou a estar relacionada à adequação aos custos. Já a partir dos anos 1980, ela volta a se adequar à necessidade latente do mercado. A partir do final da década de 1990, a qualidade se relaciona com a adequação à cultura organizacional e ao ambiente global e social. Nesse sentido, de acordo com Toledo (1994, p.107), existem sete dimensões que servem como parâmetro de qualidade, são eles: • Qualidade de características funcionais intrínsecas ao produto: tem como parâmetro o desempenho do produto e a facilidade de uso. • Qualidade de características funcionais temporais: engloba parâmetros relacionados a tempo, por exemplo, durabilidade, disponibilidade, confiabilidade. • Qualidade de conformação: o parâmetro é a conformidade do produto. • Qualidade dos serviços associados ao produto: tem como parâmetros a facilidade de instalação e as relativas orientações, assim como a efetividade da assistência técnica. • Qualidade de interface do produto com o meio: a interface com o consumidor/usuário e o impacto ambiental são os parâmetros. • Qualidade de características subjetivas associadas ao produto: os parâmetros são a aparência estética, o reconhecimento da marca e a qualidade percebida relacionada. 7 • Qualidade referente ao custo do ciclo de vida do produto para o usuário: nesse caso, o parâmetro é o resultado da soma dos custos de aquisição, de operação, de remuneração e de descarte do produto. Essas sete dimensões compõem um todo sistêmico que se pode denominar qualidade total do produto, que representa a qualidade experimentada e avaliada pelo usuário, objetiva e subjetivamente, na etapa de utilização do produto e em todas as suas dimensões, sejam intrínsecas ou associadas a ele. Os diferenciais nos produtos por meio das inovações integradas podem ocorrer em qualquer uma dessas dimensões, diante das exigências e necessidades dos ambientes internos e externos. Os fatores externos seriam as concorrências, inovações tecnológicas, leis e o próprio mercado como um todo. Já os fatores internos dizem respeito às estratégias empresariais, tecnologias adotadas, ao mercado e também ao produto. Esse processo de alteração de produtos tem como meta garantir a qualidade, a qual é interligada a quatro etapas (Toledo, 1994, p. 107): • Identificação da necessidade ou oportunidade da mudança; • Concepção da mudança a ser desenvolvida; • Desenvolvimento da mudança; • Implantação da mudança. Um exemplo de inovação e gestão na qualidade empresarial são as normatizações, nos anos 1990, por meio das ISSO 9000. Essas normas tinham como função cooperar com as organizações na gestão da qualidade e competitividade. Ao utilizar esse sistema, as empresas facilitam o processo de entrada e saída de produtos inovadores, e oportunizam uma série de outras inovações relacionadas aos oito princípios da qualidade (Clube Sebrae, 2017): • Foco no cliente; • Liderança; • Abordagem de processo; • Abordagem sistêmica de gestão; • Envolvimento de pessoas; • Melhoria contínua; • Abordagem factual para tomada de decisões; • Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores. 8 Assim, inovação vai muito além de adquirir novas tecnologias. A inovação organizacional deve incluir estratégias inovadoras que permeiam toda a organização e auxiliam nos objetivos e metas traçados pela gestão. Neste contexto, alguns enfoques evidenciam o contexto inovador nas organizações (Clube Sebrae, 2017): • Comunicação eficaz em toda a organização; • Conhecimento do contexto (mercado, concorrência, organização); • Envolvimento da alta diretoria; • Orientação a riscos; • Valorização e desenvolvimento do capital intelectual; • Envolvimento e desenvolvimento de parcerias com clientes e fornecedores; • Valorização e desenvolvimento do capital intelectual; • Existência de estruturas, procedimentos e métodos sistemáticos conducentes para criação contínua de conhecimento; • Gestão e liderança eficaz dos recursos humanos. TEMA 4 – A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INOVAÇÃO E ÁREAS ORGANIZACIONAIS: INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE Se inovar tornou-se algo imprescindível para as organizações, fazê-lo com responsabilidade socioambiental é umanecessidade global. Num contexto em que produtos e serviços são oferecidos mundialmente e tecnologias estão sendo aperfeiçoadas rapidamente, surge a preocupação com as consequências sociais e ambientais da chamada sociedade de consumo. O termo sustentabilidade ambiental diz respeito aos meios organizados de gestão a partir das ações humanas, em diferentes escalas, que devem compreender a harmonia entre os diversos ambientes e ecossistemas. A resiliência de um ecossistema consiste em sua capacidade de tolerar uma atividade que o perturba sem perder irreversivelmente seu equilíbrio. Já capital natural define os recursos não renováveis, que, conjuntamente com a capacidade sistêmica do ambiente de reproduzir recursos renováveis, devem ser levados em conta como um todo. Já sustentabilidade social diz respeito às condições sistêmicas por meio das quais, em nível mundial ou regional, as ações da sociedade não contrariam 9 os valores da justiça e da responsabilidade pelo futuro, tendo como base a distribuição atual e a disponibilidade futura do espaço ambiental. Transformar uma organização inovadora em sustentável ou vice-versa pode ser um grande desafio, posto que inovação e sustentabilidade nem sempre andam juntas. Nesse sentido, de acordo com Barboza (2015), “uma organização inovadora sustentável não é que introduz novidades de qualquer tipo, mas novidades que atendam as múltiplas dimensões da sustentabilidade em bases sistemáticas e colham resultados positivos para ela, para a sociedade e o meio ambiente.” Nesse sentido, a organização é inovadora e sustentável quando se preocupa com as seguintes dimensões da sustentabilidade: • Social: impactos sociais (desemprego, pobreza, exclusão etc.); • Ambiental: impactos ambientais (emissão de poluentes, uso indiscriminado de recursos naturais etc.); • Econômica: obtenção de lucro e vantagens competitivas. Assim, percebe-se diversas formas de inovar de forma sustentável nas organizações. Empresas que optam por essa filosofia de inovação conseguem alcançar resultados e consumidores diferenciados, elevando o nível de competitividade e criando barreiras, muitas vezes, difíceis de serem imitadas. Para facilitar o processo de desenvolvimento sustentável voltado para a inovação, é possível seguir algumas tendências, por exemplo: reutilização de materiais; cooperação com comunidades carentes e que possam ser integradas às atividades empresariais; troca entre países e empresas parceiras com objetivo em comum; alterações nas abordagem e metodologias de produção, optando por métodos econômicos e com uso de materiais que geram baixa impacto ambiental. De acordo com Somers e Szekely (2017): A inovação para a sustentabilidade é mais dinâmica do que a inovação em si, pois exige bastante flexibilidade das pessoas para dar conta dos inúmeros fatores chave em jogo. Por exemplo, precisam pensar em longo prazo: basta lembrar a história dos CFCs – considerados uma solução tecnológica altamente inovadora quando introduzida na década de 1920, cientistas descobriram, décadas depois, que prejudicam a camada de ozônio. O problema foi resolvido ao substituí-los por HFCs – que, agora sabemos, são gases de efeito estufa que também têm efeito poderoso sobre o clima terrestre. A empresa do amanhã terá de pensar muito à frente quando tratar de assuntos no curto prazo, e, cada vez mais, soluções futuras terão de sustentar os três pilares do desenvolvimento sustentável: ambiental, social e econômico. 10 A abordagem que envolve inovação e sustentabilidade tem sofrido modificações nos últimos anos, sendo considerada um conceito popular, e não mais uma forma de fazer negócio. . As empresas que já estão implementando a inovação estratégica para a sustentabilidade relatam que há uma série de elementos que podem ajudar a melhorar esta área (Somers; Szekely, 2017): • Valorizar o papel da liderança, junto com prioridades claras e uma estratégia corporativa alinhada; • Certificar-se que o caso de negócio para a inovação é apoiado por uma análise detalhada e planejamento de possíveis cenários; • Focar nas necessidades do cliente, aproveitar a tecnologia aplicada e compartilhar conhecimento por meio de uma abordagem transparente para pesquisa e desenvolvimento dentro da empresa; • Certificar-se que a estratégia e o desempenho da sustentabilidade estejam incorporados nos principais processos da empresa, em que possam impulsionar a mudança, e não ser apenas algo aglomerado; • Engajar os funcionários por meio de uma estratégia clara, treinamento em toda a empresa e comunicação eficaz das melhores práticas; • Apoiar o desenvolvimento e a implementação da estratégia ao incentivar uma cultura empresarial inovadora e interativa. TEMA 5 – IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL Compreendendo a ideia inicial de que as inovações são responsáveis para o desenvolvimento das organizações, bem como dos países, é interessante que essas instituições façam isso de forma sustentável, agregando valor aos seus produtos e serviços, o que a tornará diferenciada no ambiente mercadológico. Diante desse contexto, o Instituto Inovação (2017) aponta que: inovar é ainda mais importante em mercados comoditizados, ou seja, com alto nível de competição e cujos produtos são praticamente equivalente entre os ofertantes. Assim, organizações inovadoras obtêm uma colocação vantajosa sobre as demais, independentemente do tipo de inovação praticada (incremental ou radical, de produto, processo ou modelo de negócio). Dessa forma, entende-se que inovar gera conhecimento para as organizações, de maneira que este conhecimento fica disponível aos atores internos e externos às empresas. Além disso, esse conhecimento difundido fora 11 da organização acaba por gerar um desenvolvimento das comunidades e nações como um todo. Para auxiliar os processos de inovação nas organizações, uma forma vem ganhando força no ambiente organizacional, o open innovation, no qual as empresas buscam fora da organização conceitos e novas maneira de desenvolver a inovação. Esse método de inovação é normalmente representado pelo momento onde a organização percebe que não é eficiente nem eficaz utilizar apenas em seus próprios conhecimentos, fontes e recursos internos (como sua própria equipe de P&D, por exemplo) para inovar no mercado, seja nos produtos, serviços, modelos de negócios, processos internos, logística, vendas, dentre outros. (Silva, 2018) Grandes empresas, mesmo que tenham espaços mais estruturados para o desenvolvimento de inovações, também buscam por fontes externas, com o objetivo de impulsionar aquilo que vem sendo desenvolvido. Dessa forma, a inovação aberta pode ser classificada em dois grupos principais: inovação aberta de entrada e inovação aberta de saída. Inovação de entrada diz respeito às fontes de conhecimento necessárias para o desenvolvimento de um produto, processo ou serviço inovador. Essas informações são coletadas e refinadas para serem utilizadas em seus processos. Já a inovação de saída é o processo inverso, no qual a captura ocorre no ambiente organizacional, por meio das atividades já realizadas e a experiência adquirida. Agora que abordamos o conceito de inovação aberta e suas duas principais categorizações, cinco exemplos, citados pela DisruptBox (2018), apontam como isso ocorre na prática. • Liga ventures: aceleradora de startups brasileira totalmente dedicada a conectar startups e grandes empresas, utilizando práticas de inovação aberta e corporate ventures. O método é basicamente composto em identificar as melhores startups, aproximá-las de corporações consolidadas e alavancá-las com um programa de aceleração personalizado para solucionar os desafios das grandes empresas. Todos ganham nesse processo: as startups conseguem maior alcance no mercado, mais recursos, aumentam sua redede contatos e dão um passo importante em ganho de escala. As grandes corporações conseguem inovar mais rápido, 12 gerar novas oportunidades de negócio e aprender com a cultura empreendedora da startup. • Cubo: é um dos mais relevantes centros de empreendedorismo tecnológico de toda a América Latina. Essa iniciativa foi fundada pelo famoso Itaú Unibanco, em parceria com a Redpoint Eventures. O objetivo com essa iniciativa é conectar em um espaço unificado agentes do ecossistema de inovação como: empreendedores, grandes empresas, investidores, universidades, incubadoras e aceleradoras. • Oxigênio aceleradora: A Oxigênio é uma aceleradora de startups voltada a identificar startups com soluções inovadoras e que tenham sinergia com a Porto Seguro e seus setores de atuação. As startups, por sua vez, recebem investimento direto de pelo menos US$ 50.000,00 e ainda são aceleradas por três meses no Centro de Inovação da Oxigênio, que fica em São Paulo, e mais três meses na sede da Plug and Play, no Vale do Silício. • Fast Dating: é um método simples e eficiente para que a Tecnisa possa conhecer ótimas startups no mercado e descobrir grandes oportunidades no setor. São rápidos encontros periódicos entre startups e tomadores de decisão internos. Ao todo, são disponibilizados 10 minutos de apresentação para cada startup, incluindo um tempo para tirar dúvidas. • Wayra: aceleradora de startup corporativa de iniciativa do Telefónica Open Future, programa de inovação aberta e apoio ao empreendedorismo do Grupo Telefónica (no Brasil representado pela Vivo). A aceleradora investe em startups que atuam nos segmentos: internet das coisas; soluções digitais em telecomunicações; Fintech; Agtech; SaaS (Software as a Service); Big Data; machine learning; inteligência artificial; E2E (end to end); Edutech; segurança; mídia; comunicação; games. Nesse sentido, inovar dentro das organizações é fundamental para que a proposta de valor aos clientes se mantenha válida e ativa independentemente das mudanças que ocorrem no mercado. Mas a forma e a estratégia podem ser decisivas para o sucesso ou fracasso dos projetos. 13 REFERÊNCIAS ANDREASSI, T. Gestão da inovação tecnológica. São Paulo: Thomson Learning, 2007. CANONGIA, C. et al. Foresight, inteligência competitiva e gestão do conhecimento: instrumentos para a gestão da inovação. Gestão & Produção, v. 11, n. 2, 2004. CARVALHO, H. G. de; REIS, D. R. dos; CAVALCANTE, M. B. Gestão da inovação. Curitiba: Aymará, 2011. DIGITAL MARKETING. Inovação de marketing: 4 tendências que você precisa conhecer. 2017. Disponível em: <http://www.cldigital.com.br/blog/inovacao-de- marketing-4-tendencias-que-voce-precisa-conhecer-2/>. Acesso em: 23 out. 2018. REIAS, D. R. dos. Gestão da inovação tecnológica. Barueri, SP: Manole, 2008. FIGUEIREDO, P., N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no Brasil. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2009. POSSOLI, G. E. Gestão da inovação e do conhecimento. Curitiba: InterSaberes, 2012. SCHERER, F. O.; CARLOMAGNO, M. S. Gestão da inovação na prática: como aplicar conceitos e ferramentas para alavancar a inovação. São Paulo: Atlas, 2000. SCHMITT, V. G. H.; MORETTO NETO, L. Gestão da inovação. Florianópolis, 2008. TAKAHASHI, S.; TAKAHASHI, V. P. Gestão de inovação de produtos: estratégia, processo, organização e conhecimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação. São Paulo: Bookman, 2015. TIGRE, P. B. Gestão da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 2006. _____. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
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