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Microbiologia Introdução Conceitos Ciência que estuda a vida dos seres microscópicos, seres que não podem ser visualizados a olho nu. Até a invenção dos microscópios esses microrganismos eram desconhecidos dos cientistas, ocorreram milhares de mortes em epidemias em que a causa era desconhecida, e, consequentemente, não existiam vacinas, nem antibióticos; Seres classificados em germes e micróbios – não pertencem ao reino animal, nem vegetal, nem mineral, são classificados a parte; Microrganismos Bactérias Vírus (acelulares) Protozoários Algas microscópicas Fungos Microrganismos estão relacionados tanto a doenças, como a degradação de alimentos, contaminação de águas e também ao bem estar; Microrganismos relacionados ao bem estar, como bactérias que produzem fermentados e hormônios (como a insulina) e a levedura que também produz fermentados como a cerveja – contribuem para: - O equilíbrio entre os organismos vivos e os compostos químicos ambientais; - Constituem a base da cadeia alimentar dos oceanos, lagos e rios (fitoplâncton e zooplâncton); - Auxiliam na reciclagem, ou seja, degradação de detritos e incorporação do nitrogênio da atmosfera em compostos orgânicos; - Alguns são capazes de realizar fotossíntese; - Contribuem no intestino, para a digestão e síntese de vitaminas do complexo B, K, entre outras (microbiota intestinal); - Possuem importância comercial para síntese de produtos químicos, como acetona, ácidos orgânicos, enzimas, álcoois e drogas; - Participam da produção de alimentos, como o vinagre, repolho azedo, bebidas alcoólicas, queijos, entre outras; - Podem produzir substâncias terapêuticas a partir de modificações genéticas de bactérias, como a produção de insulina; É fundamental um profissional da saúde ter ciência dessa área, pois um microrganismo inofensivo para pessoas normais pode ser letal para pessoas debilitadas/enfermos – ocasionando infecções hospitalares. Classificação dos seres vivos +/- em 1730 – surgiu a primeira classificação conhecida, a Classificação dos Reinos de Linnaeus – botânico sueco; - Divisão dos dois reinos: animal e vegetal; 1866 – Os três Reinos de Haeckel – zoólogo alemão; - Divisão dos três reinos: animal, vegetal e protista; 1978 – Carl Woese desenvolveu um sistema mais complexo de classificação, levando em consideração a organização celular dos organismos; - Composto por 3 domínios; - Bactérias (seres vivos que continham parede celular composta por peptidoglicano); - Archea (se houvessem paredes celulares, elas não seriam de peptidoglicano); - Eucarya (inclui todos os organismos que possuem núcleo), ou seja: Protista (fungos gelatinosos, protozoários e algumas algas); Fungi (leveduras unicelulares, bolores multicelulares e cogumelos); Plantae (musgos, samambaias, coníferas e plantas superiores); Animalia (engloba organismos multicelulares, eucariontes e heterotróficos, como os seres humanos). Nomenclatura O sistema utilizado atualmente foi estabelecido em 1735 por Linnaeus; Para determinar uma espécie é estabelecido dois nomes, sendo o primeiro o gênero e o segundo o epiteto especifico – ambos devem ser escritos em itálico (caso digitado) ou sublinhado (caso manuscrito); Gênero: primeiro nome, sempre iniciado com letra maiúscula; Epiteto especifico: segundo nome, sempre iniciado com letra minúscula; Abreviações: inicial do gênero maiúscula seguida pelo epiteto específico; Os nomes científicos podem homenagear ou descrever um pesquisador/identificar o habitat de uma espécie. Bactérias São unicelulares e procariontes; Material genético não é envolvido por carioteca (membrana nuclear) – por isso, são chamados de procariotos (compreende as bactérias e aquibactérias); Podem ter várias formas – bacilos, cocos, espirilos, estrela, quadradas; São capazes de fazer agrupamentos, diplococos (duas bactérias unidas), estreptococos (fileira), estafilococos (cacho de uva), tétrade (quatro) e sarcinas (oito, formando um cubo); Envolvidas por parede celular, formada por peptidoglicano – menos nas arquibacterias, sua parede pode ser composta uma variedade de componentes, menos peptideoglicanos; Em geral, se reproduzem por divisão binaria (a mesma célula se divide para formar duas) – células filhas são idênticas as mães; Podem possuir nutrição heterotróficas (alimentação do meio) ou autotrófica (alimentação através de fotossíntese ou quimiossíntese); Sua locomoção é feita a partir de apêndices moveis (flagelos e cílios) – mas, nem todas as bactérias se locomovem. Fungos São eucariotos, ou seja, possuem núcleo definido. Sendo eles os cogumelos, bolores e leveduras; Podem ser: - Unicelulares: compõe as leveduras, são ovais e maiores que as bactérias; ou, - Pluricelulares: compõe os bolores, os quais apresentam varias hifas (seu conjunto forma o micélio); Podem possuir ou não parede celular; Os chamados fungos verdadeiros possuem parede celular de quitina, estes são multicelulares; Podem se reproduzir de maneira sexuada ou assexuada – ciclo de vida complexo; *Vindos de um ancestral comum Se alimentam de maneira heterotrófica (do meio); Produzem esporângios (são estruturas reprodutivas dos fungos, onde são produzidos os esporos) em alguma fase do seu ciclo da vida. Protozoários São unicelulares e eucarióticos; Se locomovem por pseudópodes* (falsos pés), flagelos e cílios – assim podem ser classificados como de vida livre, flagelados ou ciliados; *as expansões citoplasmáticas podem ser utilizadas para obter nutrição ou se locomover; Obtêm seu alimento pela absorção ou ingestão através de estruturas especializadas.; Podem ser de vida livre ou parasitas, gerando doenças no hospedeiro; Se reproduzem de maneira sexuada e assexuada – varia de acordo com a espécie. Algas unicelulares São eucarióticas fotossintéticas; Possuem várias formas; Reprodução sexuada ou assexuada; Parede celular composta por celulose; Produzem oxigênio e carboidratos, que são utilizados por outros organismos; Exemplo: Spirulina platensis, uma alga muito usada como fonte alimentar hoje em dia, pois possui uma boa quantidade de proteínas e minerais. Vírus São acelulares; Apenas se reproduz quando infecta uma célula do hospedeiro – o vírus possui uma estrutura nucleóide formada por um tipo de ácido nucleico (DNA ou RNA) envolto por um material proteico que só conseguirá se replicar ao infectar um hospedeiro, pois necessita das suas enzimas – inativo fora da célula; Alguns vírus possuem o envelope viral, um material lipídico que reveste o envoltório (sua estrutura básica) – vírus envelopados; Exemplos: - Adenovírus: vírus de DNA, causa pneumonias; - Retrovírus: vírus de RNA, causa AIDS; - Ortomixovírus: vírus de RNA, causa influenza. História da microbiologia 1665 – Robert Hooke (inglês), após observar uma fina fatia de cortiça de um microscópio rudimentar, declarou que as menores unidades estruturais da vida eram “pequenas caixas” ou “células”. Após utilizar seu microscópio aprimorado, observou as células de maneira individual, o que marcou o início da teoria celular. Embora seu microscópio fosse capaz de mostrar células grandes, não tinha resolução suficiente para que visse claramente os micróbios; Teoria celular: teoria que diz que todas as coisas vivas são compostas por células; 1673/1723 – O comerciante holandês e cientista amador Anton van Leeuwenhoek foi o primeiro a observar microrganismos vivos através das lentes de aumento dos mais de 400 microscópios que ele construiu. Entre esse espaço de tempo, escreveu sobre os “animáculos” que visualizou através de seus microscópios simples de lente única. Realizou ilustrações detalhadas dos organismos que encontrou na água da chuva, nas fezes e em material raspado de dentes. Esses desenhos foram identificados como representações de bactérias e protozoários;Até a segunda metade do século XIX, muitos cientistas e filósofos acreditavam que algumas formas de vida poderiam surgir espontaneamente da matéria morta – geração espontânea – ou seja, as pessoas acreditavam que sapos, cobras e ratos poderiam se originar do solo úmido; que as moscas poderiam surgir a partir de estrume; e que as larvas (que hoje sabemos que são larvas de moscas) poderiam se originar de cadáveres em decomposição; 1668 – O médico Francesco Redi iniciou os trabalhos para provar que as larvas não eram geradas espontaneamente. Encheu duas jarras com carne em decomposição, a primeira foi deixada aberta, permitindo que as moscas colocassem ovos na carne, que, posteriormente, se desenvolveriam em larvas; a segunda jarra foi selada, consequentemente, não seria possível que as moscas conseguissem atingir o interior do frasco, logo, nenhuma larva apareceu. Mesmo assim, não foi suficiente para convencer a população e a comunidade científica, a qual argumentava que o ar fresco era necessário para ocorrer a geração espontânea. Então, Redi realizou um segundo experimento, no qual uma jarra foi coberta com uma fina rede, em vez de ser lacrada. Nenhuma larva apareceu na jarra coberta com a rede, embora o ar estivesse presente. Mesmo assim, não foi suficiente para desmistificar a teoria; 1745 – Houve um reforço a geração espontânea, quando John Needham descobriu que mesmo após ter aquecido o caldo de galinha e o caldo de milho antes de armazená- los em frascos cobertos, as soluções resfriadas em pouco tempo ficaram repletas de microrganismos. Assim, considerou que os micróbios se desenvolviam espontaneamente a partir de caldo - mais ou menos 20 anos depois, Lazzaro Spallanzani sugeriu que os microrganismos do ar provavelmente entraram nas soluções de Needham após estas serem fervidas. Spallanzani demonstrou que os caldos nutritivos aquecidos após serem lacrados em um frasco não apresentavam desenvolvimento microbiano. Needham respondeu alegando que a “força vital” necessária para a geração espontânea tinha sido destruída pelo calor e foi mantida fora dos frascos pelos lacres. Então, as observações de Spallanzani foram criticadas com o argumento de que não existia oxigênio suficiente nos frascos lacrados para o desenvolvimento da vida microbiana; 1858 – Rudolf Virchow criou o conceito de biogênese, desafiando a geração espontânea. Sua hipótese era que células vivas surgiam apenas de células vivas preexistentes. Como ele não podia oferecer nenhuma prova científica, os argumentos sobre a geração espontânea continuaram até 1861, quando o cientista francês Louis Pasteur deu um fim a esse caso; 1861 – Pasteur demonstrou que os microrganismos estão presentes no ar e podem contaminar soluções estéreis, porém o ar, por si próprio, não origina micróbios. Ele encheu vários frascos, que tinham a abertura em forma de pescoço curto, com caldo de carne e, então, ferveu o conteúdo. Alguns deles ele deixou que esfriassem abertos. Em poucos dias, esses frascos estavam contaminados com micróbios. Os outros frascos, lacrados após a fervura, estavam livres de microrganismos. A partir desses resultados, Pasteur fundamentou que os micróbios do ar eram os agentes responsáveis pela contaminação da matéria não viva. Além disso, ele demonstrou que a vida microbiana pode ser destruída pelo calor e que métodos podem ser realizados com o objetivo de bloquear o acesso dos microrganismos do ar aos nutrientes. Essas descobertas formam a base das técnicas de assepsia, as quais previnem a contaminação por microrganismos indesejáveis e que agora são práticas rotineiras para muitos procedimentos médicos, laboratoriais e em cozinhas industriais; 1857/1914 – Foi tido como Idade de Ouro da Microbiologia. Nela ocorreram avanços rápidos, proporcionados principalmente por Pasteur e Robert Koch, os quais levaram ao estabelecimento da microbiologia. As descobertas incluíram tanto os agentes causadores de muitas doenças, quanto o papel da imunidade na prevenção e na cura das enfermidades; - Fermentação (Pasteur): nessa época já eram produzidos vinhos e transportados para várias partes do mundo. Nessas viagens, alguns vinhos azedavam, porém ninguém sabia o motivo. O vinho é produzido pela fermentação de açúcares a partir de leveduras, formando álcoois, mas, se o frasco não for esterilizado de maneira correta, as bactérias irão fermentar os açúcares e produzir vinagre (Ác. Acético), o que justifica o azedo - descobriu que as leveduras fermentam açúcares a etanol e que as bactérias podem oxidar o álcool a ácido acético; - Pasteurização: aquecimento do vinho em uma temperatura alta por pouco tempo e depois há resfriação brusca – esse processo aquece a bebida até a morte das bactérias; - Teoria do Germe da Doença: bactérias poderiam causar doenças também nos seres humanos; 1796 – Edward Jenner (inglês), encontrou um meio de proteger as pessoas contra a varíola. Observou que os jovens que entravam em contato com as pessoas que tinham varíola não contraiam a doença pois já haviam contraído vacínia (forma mais branda de varíola). Assim, coletou amostras das férias de pessoas que estavam com vacínia, colocou em voluntários saudáveis, e observou que os voluntários adoeceram, porém se recuperaram rapidamente e nunca mais contraíram nem vacínia nem varíola – esse processo foi chamado de vacinação (do latim, vacca, gado). Em 1880, Pasteur descobriu como funcionava a vacinação e padronizou esse processo; 1860 – Joseph Lister (inglês), fez a primeira cirurgia asséptica, utilizando fenol nas mãos para reduzir a morte por infeções em cirurgias. Percebia que as pessoas se recuperavam mais rápido. Criou o primeiro antisséptico – listerine é em homenagem a ele; 1876 – Robert Koch (alemão), obteve a primeira prova de que as bactérias causavam doenças. Descobriu que o Bacillus anthracis (antraz) causava carbúnculo em rebanhos. Com essa descoberta, foi capaz de cultivar a bactéria em meio nutriente e depois injetou as amostras em animais sadios, assim, observou que os animais ficavam doentes e morriam. E isolou as bactérias do sangue desses animais mortos comparando com as bactérias isoladas anteriormente. Originou os Postulados de Koch (usados até hoje em laboratórios); Nascimento da quimioterapia (administração de substâncias químicas para curar pessoas); - Drogas sintéticas: preparadas a partir de produtos químicos (tóxicos, relacionadas a muitos efeitos colaterais); - Antibióticos: produzidos naturalmente por bactérias ou fungos (menos efeitos colaterais); 1910 – Paul Ehrlich, possibilitou que fosse usado o primeiro quimioterápico para o tratamento de doenças bacterianas, o salvarsan (derivado do arsênico, muito tóxico, debilitava muito os pacientes) para tratar a sífilis; 1928 – Alexander Fleming (médico escocês) descobriu acidentalmente a penicilina a partir do fungo Ponicillium notatum – um dos experimentos mais importantes na história da medicina. - Quando Fleming voltou da guerra, em 1928, iniciou seus estudos a respeito da bactéria Staphylococcus aureus, responsável por provocar infecções em feridas de soldados; - Um dia, ele resolveu sair de férias e deixou as culturas das bactérias em seu laboratório, no Hospital St. Mary, em Londres, sem o acondicionamento correto e sem nenhuma supervisão. As placas permaneceram ali até o retorno de Fleming e foram contaminadas; - Ao retornar algumas semanas depois, o médico percebeu que a cultura estava repleta de bolor e que o ideal era jogá-la fora. No entanto, antes de descartar o material, percebeu que, ao redor dos locais onde havia o bolor, não era detectada a presença de Staphylococcus aureus, (área esbranquiçada, denominada de halo de inibição. Quando presente, quer dizer que o fungo/organismo está produzindo alguma substância que mata as bactérias) o que sugeria que o fungo havia interrompido a atividade da bactéria.; - Percebeuque um pesquisador junto a ele cultivava esse fungo e fez um experimento controlado. As análises demonstraram que a substância secretada pelo fungo era capaz de matar bactérias (substância denominada de penicilina). Nesse momento surgiu a penicilina, considerada como o primeiro antibiótico efetivo para a humanidade (não possuíam muita toxicidade); - Expectativa de vida da população antes da penicilina era de 48 anos de idade, após ela cresceu para 65; - Os pesquisadores envolvidos ganharam o Prêmio Nobel de medicina; 1930 – Uso de derivados das sulfonamidas para tratar de doenças bacterianas;
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