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1 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 O raciocínio neurológico envolve o diagnóstico sindrômico, que é topográfico e depois etiológico. As principais síndromes motoras que devem ser aprendidas são as síndromes do neurônio motor superior e do neurônio motor inferior, que compreendem a síndrome de fraqueza muscular. Com raras exceções, como as miopatias e as doenças de junção, o diagnóstico sindrômico vai ser esse. Introdução A complexidade do sistema motor influencia nas síndromes motoras, não necessariamente fraqueza muscular! • Efetores; • Ordenadores; • Controladores; • Receptores; • Planejadores. Área pré motora e motora suplementar (planejadores) interagem com os núcleos da base (ordenadores) e com o cerebelo (coordenador antes do plano motor ser estabelecido). Assim, a gente compreende porque as ataxias e doenças cerebelares interferem no movimento, assim como as doenças nos núcleos da base (coreia, atetose, Parkinson), apesar destas não gerarem fraqueza muscular. Por isso que na Síndrome motora a queixa do paciente será uma dificuldade de movimento, sendo, na maioria das vezes, uma fraqueza muscular. Daí vamos cair no típico neurônio motor superior ou inferior. As ataxias, os distúrbios do movimento (hipercinéticos e hipocinéticos) também são entendidos assim. Quando o comprometimento é do trato cortico- espinhal ou do neurônio motor da medula anterior tem verdadeiramente a fraqueza muscular, e então, localiza-se o neurônio motor acometido (neurônio motor superior ou neurônio motor inferior). Por isso que outras queixas de comprometimento da mobilização não têm necessariamente a ver com fraqueza muscular, mas também comprometem o movimento pela conceituação mais ampla do sistema motor. Junção mioneural O neurônio motor anterior localizado na medula anterior se conecta com a fibra motora e a contração dela faz o movimento. Lembrando que existem fibras intrafusais e fibras extrafusais: • Intrafusais: Gestam o tônus muscular; contraem o fuso neuromuscular e não participam da contração muscular efetiva. Dentro da fibra muscular existem fusos neuromusculares que não participam da contração e do movimento. As fibras que saem do neurônio motor (fibras gama) que contraem o fuso neuromuscular são chamadas de intrafusais. Já as fibras alfas que participam efetivamente da contração muscular são responsáveis pela gestação da propriocepção consciente. Tanto as fibras gama quanto as fibras alfa são mielinizadas. As fibras musculares, mesmo em repouso, estão em um estado de semi-contração, que não gera movimento, mas a partir da contração da fibra muscular intrafusal gera a propriedade de localização dessa fibra no espaço – propriocepção consciente (eu sei onde é que tá o meu dedo mindinho). Existe uma fibra intrafusal que sai da minha medula lombar, chega até o dedo mínimo e contrai o fuso muscular. Os órgãos tendinosos de Golgi (fibras sensitivas), percebem essa semi- contração dadas pelas fibras gama (fibras motoras) e conseguem fazer com que o córtex cerebral perceba a localização de uma determinada parte do corpo dentro do contexto do homúnculo motor. Síndromes motoras 2 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 Na medula existem duas fibras (alfa e gama); a alfa contrai o músculo (tira seu pé do lugar) e a gama contrai o fuso neuromuscular, mas não tira o seu pé do lugar. Essa contração serve para que você perceba o seu pé no espaço, porque não existe saber da localização de algo do ponto de vista neurológico sem gastar energia. O sistema nervoso é um grande transdutor de energia (solar, mecânica, térmica, luminosa)! A evolução denominada propriocepção consciente é relacionada com o fato de colocar um fuso neuromuscular que não movimenta o membro, mas é contraído, o que faz com que o membro seja percebido. Então, o órgão tendinoso de golgi (receptor sensitivo) capta a informação e gera essa capacidade de propriocepção consciente. • Extrafusais: são as fibras alfa (α), que participam efetivamente da contração muscular. A fibra alfa sofre influência do sistema piramidal. A fibra gama sofre influência do sistema extrapiramidal e de outros sistemas. As fibras α e γ fazem parte do neurônio motor inferior (NMI)! Por isso, em lesões do NMI há: • Hipotonia ou atonia: pois perde-se a capacidade desse estado de semi-contração que é gestado pela fibra γ! • Atrofia: neurônio é trófico para o músculo. • Fraqueza muscular. Nível medular Lesão de NMS O nível do SNC, que começa no nível medular, descem múltiplos tratos e fascículos supra-medulares que fazem o processamento (manipulação e metabolização) da informação motora vinda do córtex. O trato corticoespinhal não vai direto para uma determinada área, conecta com o sistema nervoso periférico, com NMI da medula e a movimenta (contração muscular) ... há também os tratos: reticulo-espinhal, rubro-espinhal, vestíbulo- espinhal... todos eles têm uma influência no movimento. Então são múltiplos processadores, que acabam por atrasar o processamento da informação motora (quanto mais processadores de uma informação, mais lento fica o sistema). Logo, se houver lesão do neurônio motor superior (NMS), há uma aceleração do processamento da informação motora. É como se o NMS estivesse sendo amarrado por múltiplas vias e em vias lesionadas ele fica liberado, sem tantos níveis de processamento quanto da fisiologia normal, daí ele fica com hiperreflexia e hipertonia. O contrário é verdadeiro, a hiporreflexia acontece quando quem é lesionado é o inferior. O trato corticoespinhal é o principal processador, entretanto, existem outros processadores! Tratos e fascículos supra-medulares → processadores → atrasam a condução. A medula é dissociada da coluna vertebral por conta de crescimento diferente sem importância clínica fundamental para o sistema motor, mas é de fundamental importância para o sistema sensorial, em termos de dermátomos! No estágio inicial da lesão do NMS, a resposta inicial não é a hiperreflexia. Por quê? Leva-se pelo menos 4 semanas para todo esse processamento se reorganizar (apenas uma hipótese). EX: quando o sistema elétrico de uma casa pega fogo, a primeira resposta é o apagão, depois, os sistemas vão percebendo que apenas um pegou fogo e os funcionais voltam a funcionar e isolam aquele que pegou fogo. Então, nas primeiras 4 semanas, dá um boot ou reset em tudo, e aí a consequência é atrasar ainda mais a informação motora, tendo como consequência a 3 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 hiporreflexia e hipotonia. E depois das 4 semanas, os sistemas funcionais retomam e isolam o lesado, e há uma hiperreflexia e uma hipertonia, marcas definitivas da lesão do NMS. Se for uma lesão do trato corticoespinhal, trata-se de uma espasticidade (hipertonia). Nível piramidal O sistema motor é homuncular! Tem representação específica de cada parte do corpo no córtex cerebral (homúnculo - dedo, mão, pé, língua, boca... cada área tem a sua representação) assim como o sistema sensitivo. O movimento voluntário de tal área ele é dado inicialmente pelo planejamento, em relação com os ordenadores e coordenadores e com o plano motor estabelecido, linka-se com o trato corticoespinhal e aí vai executar o movimento. Inicialmente, um primeiro neurônio leva essa informação cruzada (cruzamento de fibras na pirâmide bulbar até o lado contralateral) até um 2º neurônio que vai executar o movimento voluntário daquela área. Uma síndrome motora é dada por sua topografia, por sua área e pelo seu padrão de apresentação, para fazer os devidos diagnósticos. Então, a primeira queixa é uma fraqueza muscular, que pode conter alguma síndrome de acordo com sua representação clínica. A partir disso, posso topografara lesão. É raciocínio e trabalho! • Neurônio inferior → hipotonia, hipo/arreflexia, fraqueza muscular. • Neurônio motor superior → hipertonia, hiperreflexia... A partir desse padrão é possível topografar. Então, tudo parte da avaliação clínica adequada com o exame físico bem feito para então se chegar às várias síndromes, topografias e diagnósticos etiológicos necessários. Lesão em qualquer nível acima do 2º neurônio motor, vai gerar uma aceleração no processamento da informação, então esse neurônio vai ficar liberado, chamado também de liberação piramidal. Isso porque é como se o 2º neurônio motor estivesse amarrado, travado, o tempo todo controlado por múltiplas vias (1º neurônios). Quando há lesão dessas vias acontece sua liberação excessiva. Por isso a consequência da lesão do 1º neurônio é uma hiperreflexia e hipertonia, tudo para mais. No caso de uma lesão inicial, nessas 4 semanas, é possível diferenciar se é lesão inferior ou superior, porque mesmo que os dois tenham hiporreflexia, existem outros comemorativos clínicos que vão ajudar a fazer o diagnóstico, por exemplo Babinsk (cutâneo plantar). Nível extrapiramidal Tudo que não é piramidal, ou seja, tudo que não tem a ver com a saída do neurônio do córtex para medula e a movimentação de uma área voluntariamente se chama de extrapiraminal, classicamente. Existem áreas muito específicas, porém se chama de extrapiramidal tudo que não tem a ver com fraqueza muscular diretamente. Então, se não tem fraqueza muscular, é extrapiramidal. 4 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 Componentes do sistema extrapiramidal • Cerebelo: que vai gerar as ataxias, que participa da coordenação do movimento. • Núcleos da base: vão determinar a quantidade de movimento (para mais ou para menos). Sua lesão pode gerar síndromes de movimento hipercinéticos ou hipocinéticos. Ex.: Hipercinética - coreia, atetose, mioclonia, balismo, tique, tremores. Esse é um distúrbio do movimento, é síndrome motora, mas não é fraqueza muscular. O ébrio/bêbado, que tem lesão de cerebelo, também tem um distúrbio do movimento, mas não é fraqueza, é uma ataxia. Então, tudo que é distúrbio do movimento e que não é fraqueza muscular, é chamada de síndrome extrapiramidal. Além disso, tem a possibilidade de lesão das áreas pré-motora e motora suplementar que vão gerar uma síndrome cognitiva, a apraxia. A apraxia é a incapacidade de realizar movimentos sob sequência, p. ex. “pegue esse papel, dobre e entregue a seu acompanhante”, a pessoa não consegue realizar essa sequência de movimentos porque ela não consegue planejar adequadamente esse movimento, é um déficit cognitivo, apesar de gerar um distúrbio do movimento. Por isso que hoje se diz “síndrome motora” e não só “síndrome do neurônio motor superior ou inferior”, tudo que compromete o movimento é uma síndrome motora. Importante: Diagnosticar e avaliar a dor, compreender a queixa, estabelecer a síndrome, partir para topografia, diagnóstico etiológico e tratamento/cura quando possível. Exame da função motora • Inspeção; • Pesquisa do tônus; • Teste de força muscular; • Equilíbrio; • Reflexos superficiais e tendinosos; • Exame da marcha. Tônus muscular • Observação; • Semi contração; • Pode estar aumentado ou diminuído; • Relação com sistema extrapiramidal; Tônus tem a ver com a contração da fibra intrafusal em um estado de semi contração da musculatura em repouso, então não há movimento perceptível, mas o grupamento muscular tem que estar semi contraído para ser percebido pelo órgão tendinoso de Golgi e gestar a capacidade de percepção consciente daquela área. Pode estar patologicamente aumentado ou diminuído de acordo com a lesão do sistema motor. A avaliação do tônus tem a ver com: • Inspeção da musculatura; • Observação de movimentos anormais (mais raro); • Palpação da musculatura: é basicamente a palpação e percepção do estado de semi contração. • Movimentação passiva: qualquer tônus muscular normal gera uma leve dificuldade para a movimentação passiva do membro, porque está semi contraído. Quando ele está patologicamente facilitando o movimento, existe uma hipotonia, quando está patologicamente dificultando o movimento, hipertonia. Ex.: Stephen Hawking, que tinha claramente um tônus muscular aumentado, que gera até deformidades na musculatura em repouso, gera postura viciosa, como a postura espástica do AVC devido ao aumento do tônus muscular e a sua relação com a gestação da postura. Questionamento: Como se conseguia diagnosticar ELA nos anos 70 sem os exames complementares e ter a certeza de que o paciente tinha ELA? • Exclusivo do NMS → hiperreflexia; • Exclusivo do NMI → fasciculação. • Lesão NMS e I → hiperreflexia e fasciculação. 5 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 Fasciculação é a contração vermiforme da fibra muscular em resposta a ausência de nutrição trófica de neurônio. É semelhante, mas não igual, a contração que se tem quando está cansado em que o olho dá umas batidinhas da pálpebra devido a contração do orbicular do olho. Então a fasciculação é a contração de uma miofibrila frente a ausência de função trófica do neurônio sobre o músculo. • Certeza: Fasciculação → comprometimento de neurônio motor inferior; Hiperreflexia → comprometimento de neurônio motor superior. Na década de 70, era possível dizer que o paciente tinha ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) porque o quadro clínico vinha com fasciculação (principalmente na língua) e hiperreflexia. • Mioclonias: são movimentos anormais, em forma de choque, e que tem a ver particularmente com lesões medulares. • Na fasciculação não movimenta o membro (não há amplitude no movimento), mas há uma contração da miofibrila muscular. Quando tem movimento de membro, não é fasciculação, mas é um movimento involuntário patológico, provavelmente uma mioclonia. Exemplo de mioclonia fisiológica: soluço. OBS: Quando lesiona a medula, é neurônio motor superior!! A fasciculação não tem movimento perceptível, mas tem a percepção de movimento da miofibrila (chamado de movimento vermicular). Ex: tremida da pálpebra em momentos de estresse. Hiporreflexia e hipotonia é variável; pode ser dar, dependendo do contexto, em um ou outro. Teste de força muscular TENTATIVA DE GRADUAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR. • GRAU 0: ausência de contração muscular (plégio); • GRAU I: não desloca o membro, apenas apresenta movimentos vestigiais, contração muscular; Movimentação da fibra, sem movimento perceptível do membro. • GRAU II: não vence a gravidade, apenas desloca o membro na horizontal; • GRAU III: vence a gravidade, ou seja, consegue fazer movimentos na vertical, mas não vence a resistência. • GRAU IV: vence a gravidade, mas vence com dificuldade a resistência, ou seja, vence a resistência leve e não vence a maior. • GRAU V: forca muscular normal, vence a gravidade e a resistência do examinador. A grande dificuldade dessa graduação é entender o nível IV. Porque vencer uma resistência leve e não vencer uma resistência moderada, a depender da idade do paciente (jovem de 20 anos e idoso de 90, por exemplo), é diferente. Devido a isso, foram criados testes para avaliar a fraqueza muscular discreta, que são os testes de Mingazzini e Barré. A prova dos braços estendidos é um exemplo para observar a fraqueza muscular discreta. Colocando os braços na postura ereta, em supinação haverá a pronação, antes da queda, do lado mais fraco. Quando acontece isso, é uma força de grau IV. Esses testes são úteis porque compara o paciente com o próprio paciente. Prova dos membros inferiores: Deixa os membros inferiores elevados com flexão da coxa sobre a bacia e da perna sobre a coxa em ângulo > 90º por 5 segundos semsuporte. (Manobra de Mingazzini). Se após esse tempo de 5 segundos, algum membro cair, é uma prova de força muscular comprometida de grau discreto em graduação IV. 6 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 Membros superiores Na avaliação dos membros superiores e dos membros inferiores tem que ter muita atenção em relação ao plexo braquial e lombossacral que são especializações que geraram nervos específicos que executam funções também especificas em relação a movimentação desses membros. • Bíceps: flexão do antebraço (C5-C6) → nervo musculocutâneo. Quando apenas a flexão estiver comprometida e os outros movimentos estiverem íntegros, é possível imaginar o acometimento do nervo musculocutâneo. • Tríceps: extensão do antebraço (C6-C7-C8) → Nervos mediano e ulnar (principal). • Extensores do punho e dedos: flexão do antebraço (C6-C7-C8) → nervo radial. Por isso, a síndrome de mão caída quando dá incapacidade de flexão do antebraço que pode nos representar a lesão do nervo radial. • Adução e abdução dos dedos: adução e abdução dos dedos (C8-T1) → nervos interósseos. Então, quando formos observar os membros especificamente, é importante realizar a pesquisa, seja do ponto de vista passivo ou ativo, principalmente quando a queixa for discreta, desses movimentos, para observar se o comprometimento não é obviamente periférico de algum desses nervos. Alguém que tem apenas a mão caída, dificilmente não terá um comprometimento exclusivo do nervo radial, particularmente com história de algum trauma, por exemplo, síndrome do sábado à noite, enfim, uma série de síndromes relacionadas com o comprometimento do nervo radial que são históricas. Então, esse entendimento também facilita o diagnóstico da síndrome do neurônio motor superior e inferior. Por isso, é importante fazer todos os testes tanto nos membros superiores quanto nos membros inferiores do plexo lombossacro para poder entender e decompor os movimentos. Membros inferiores • Quadríceps: extensão da perna (L2-L3-L4) → nervo femoral; • Flexão Dorsal do pé: tibial anterior (L5) → nervo fibular; • Flexão plantar do pé: músculos da panturrilha (S1) → nervo tibial; • Glúteo máximo: extensão dorsal do MI (L4-L5- S1) → nervo ciático. Cada um desses nervos executa uma função e se você testa especificamente cada movimento em cada membro, você vai poder observar claramente se há, por exemplo, uma neuropatia, uma co- neuropatia de múltiplos nervos e outros estando saudáveis vão poder decompor o movimento. Já que numa síndrome de neurônio motor superior há um comprometimento global do membro quando dá lesão do homúnculo motor daquela região. Exemplos: um AVC na perna vai gerar incapacidade de mover a perna por completo, não vai gerar uma incapacidade de fazer a flexão plantar do pé (função do tibial). Quando há apenas a incapacidade de realizar a flexão plantar do pé, você vai pensar numa lesão do tibial e não num AVC na região da perna. Isso tudo facilita os diagnósticos. Esses testes são ativos, passivos e contra resistência bilateralmente de cada um desses grupamentos de movimentação. Equilíbrio estático • Teste de Romberg: proprioceptivo; vestibular. Mostrado na figura; testa a sensibilidade. O comprometimento proprioceptivo ou vestibular do paciente. Quando ele cai sempre pro lado → comprometimento vestibular; quando ele não tem lado preferencial de queda → provavelmente comprometimento da propriocepção. 7 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 • Romberg tandem; • Teste de Fukuda. Equilíbrio dinâmico • Prova do Índex-Nariz; • Prova da Eudiadodococinesia: relacionada com os movimentos rápidos e alternados. • Calcanhar joelho: tentativa de reproduzir o teste índex-nariz dos membros inferiores. Paciente com calcanhar no joelho e descer até o hálux daquele lado e observar se há algum grau de dismetria naquele movimento. Não havendo, o paciente está com a função métrica dos membros inferiores provavelmente normal. Reflexos superficiais e tendinosos • Arco reflexo: é o que a distensão de uma fibra muscular provoca em resposta de contração daquela fibra vista como uma unidade em termos de estimulação sensorial e resposta motora. Isso aqui obviamente na prática não acontece. No ser humano, particularmente, não existe apenas um segmento estimulado. Múltiplos segmentos são estimulados quando há gestação de um reflexo que pode estar diminuído ou aumentado. • Osteotendíneos; • Superficiais. Reflexos osteotendíneos Os osteotendíneos conhecidos são: 1) patelar (teoricamente vão de L2 até L4, mas é muito mais, pois múltiplos segmentos são estimulados, e não apenas L2 e L4; 2) Aquileano ou aquileu; 3) tricipital; 4) bicipital. Com a pesquisa desses reflexos osteotendíneos, pode achar hiperreflexia, que é quando o indivíduo tem não apenas o maior arco de movimento realizado em relação ao outro membro ou quando há aumento de área reflexógena, ou seja, por exemplo, quando, ao percutir o quadríceps, tem resposta de extensão da perna. Outra forma de perceber a hiperreflexia é fazer movimentos cada vez menos intensos e observar o mesmo grau de resposta intensa no paciente. São estigmas de hiperreflexia que particularmente são eficazes de serem observados quando comparados um lado com relação ao outro. Não é preciso saber qual o nível medular de cada reflexo/movimento. Reflexos superficiais Reflexos superficiais (curiosos do ponto de vista da biologia evolutiva). O famoso babinski, que na verdade é o reflexo cutâneo- plantar, é dado quando há estímulo na região plantar do pé e a resposta normal é uma flexão. Quando alterado ele é indiferente ou extensão do pé. É curioso porque é um reflexo habitualmente extensor até os 6 meses de idade, e então se torna flexor. Supõe-se que é a necessidade de uma postura bípede que o faz se tornar flexor, senão não conseguiria ficar de pé, pois quando o bebê estivesse aprendendo a andar (10-12 meses), quando tocasse uma pedra, estimularia o reflexo extensor e ele cairia. Então a supressão desse reflexo é necessária para que o indivíduo se mantenha na postura bípede e 8 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 consiga caminhar. Isso tem diretamente a ver com a evolução e com a maturação do sistema nervoso. Portanto, a volta desse reflexo subentende que há uma lesão de desmaturação do sistema nervoso, ou seja, lesão de origem motor superior. Exemplo: João teve um acidente e chegou sem movimentar as pernas. João está tendo uma síndrome medular ou um trauma do nervo periférica? Então você analisa que está hiporreflexo nesse membro e faz o periplantar (Se tiver extensor → superior). Vamos pesquisar, deixa ele internado. Reflexo cutâneo abdominal Reflexo superficial para avaliar lesões de origem no neurônio motor superior; tem a ver com postura bípede do ser humano, que é o único animal que tem reto abdominal presente em sua configuração física. Esse reto abdominal vai aprendendo a contrair em resposta ao estímulo (principalmente das vísceras), no interior dele, para colocar as vísceras no lugar. Eu só consigo fica de pé se as vísceras (estômago, intestino) estiverem no lugar e isso se deve ao reto abdominal. São reflexos exclusivos dos seres humanos que denotam a maturação do SN. Quanto eles estão presentes patologicamente, percebe se que há uma lesão no neurônio motor superior. São estratégias que a gente pode caucar na clínica para se ter a certeza que o indivíduo tem uma lesão de origem motor superior ou, alternativamente, do neurônio motor inferior. Exame da marcha • Síntese; • Sensibilização da marcha. Há uns padrões bem específicos. • Marcha do ébrio: Lesão cerebelar. • Marcha equina: quando tem uma lesão no nervo fibular, emque o paciente toca primeiro a ponta do pé em relação ao calcanhar. • Marcha sensitiva: Quando há problema na propriocepção e o paciente tenta sentir pelo tato a posição do pé em relação ao solo, e então bate o pé mais forte. Era comum essa marcha na época da sífilis, situação conhecida como Tabes dorsalis. Síndromes motoras • Síndrome do Neurônio Motor Superior; • Síndrome do Neurônio Motor Inferior; • Doenças de junção; • Miopatias; • Síndrome do Movimento Hipercinético; • Síndrome do Movimento Hipocinético; • Ataxias. Fraqueza • Diferencial; • Paresia X plegia; • Mono X Para (¨para¨ é ao lado – usado geralmente para MMII, mas pode caracterizar MMSS) X Tetra X Hemi; • Padrões. A queixa pode ser apenas fraqueza muscular. O detalhe não é saber só se é fraqueza, preciso saber se é paraplegia, monoplegia, paralisia. É importante saber o padrão de apresentação da queixa clínica do indivíduo em consolidação com os achados do exame físico, para entender se é uma síndrome do neurônio motor superior ou inferior. Ex: paciente com paraparesia, uma monoparesia, uma incapacidade de fletir o punho (logo, uma monoparesia de punho), muito provavelmente é lesão de radial. PARA significa ao LADO, necessariamente bilateral. Porque se não bilateral é “bi” e será uma biparesia. Exemplo: lesão da perna esquerda e incapacidade de mexer a perna direita e o braço esquerdo, e como se chama? Uma biparesia, porque não é ao lado. “Para” é sempre bilateral, pois é ao lado. 9 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 Bom, o importante é caracterizar muito bem as coisas, pois sem isso a gente vai se perder fatalmente. O mais importante não é o diagnóstico e sim caracterizar o que ele tem. Exemplo: paciente com paraparesia dos membros inferiores com força muscular grau 3, com hipotonia e hiporreflexia e cutâneo plantar extensor bilateral → provavelmente é uma lesão medular. Quando você caracteriza bem, você vai conseguir necessariamente chegar ao diagnóstico; se você vai chutando, a probabilidade de errar é imensa. Questionar: características. Isso é síndrome de que tipo? Onde está a topografia disso? E o diagnóstico? Foi um trauma, AVC, tumor cerebral... Pode acontecer tetraparesia em lesões encefálicas – Bilateral - lesão de um hemisfério cerebral e de outro hemisfério cerebral, ou então, da medula cervical. O padrão pode ser de qualquer coisa, o detalhe é DESCREVER direito. Síndrome do neurônio motor superior • Redução da ativação; • Distais (axial); • Espasticidade*/Hiperreflexia; • Atenção à fraqueza da face. Síndrome do neurônio motor inferior • Menor recrutamento; • Fasciculação; • Proximal; • Reflexos diminuídos. Hipotonia, hiporeflexia, fasciculação são importantes, pois caracterizam definitivamente a síndrome como neurônio motor inferior. Doenças da junção • Redução da força; • Repetição; • Proximal. Aspecto clássico - Miastenia Gravis, na qual, existe um padrão decremental da força. Assim, o paciente vai diminuindo a força de acordo com a utilização do membro. Pode gerar a fraqueza muscular (raro). Não tem alteração de reflexo. Miopatias • Fibras; • Dor muscular; • Proximal; • Reflexos diminuídos. Pode gerar uma fraqueza muscular, pois terá dor muscular compreendendo a situação da miopatia. Não tem alteração do reflexo. O que diferencia as síndromes dos neurônios motores superiores e inferiores da miopatia e da doença de junção é a alteração de reflexo! Não tem alteração de reflexo, não tem alteração de reflexo superficial nem osteotendíneo, não tem alteração de tônus muscular; tem fraqueza – uma fraqueza que dói e outra onde repito o movimento. Síndrome do movimento hipercinético • Tremor; • Coréia; • Hemibalismo; • Mioclonia. Doenças nos núcleos das bases. Síndrome do movimento hipocinético • Rigidez; • Bradicinesia; • Tremor; • Distúrbio postural. A doença de Parkinson é o aspecto clássico. 10 Síndromes motoras Neurologia – Aula 1 Ataxias • Incoordenação; • Aguda, subaguda e crônica; • Investigação; • Tratamento conforme etiologia. As ataxias são lesões do cerebelo. Síndromes motoras: ataxia, síndrome de movimento hipercinético, síndrome do movimento hipocinético, doença de junção, miopatia, síndrome do neurônio motor inferior ou síndrome do neurônio motor superior. Obviamente, quando tem fraqueza muscular, na maioria das vezes, a sua busca será doença do neurônio motor superior ou inferior. Seu papel é tentar achar o padrão, descrever adequadamente junto com a queixa clínica do paciente e chegar no diagnóstico topográfico-etiológico. Material baseado na aula de Dr. Augusto – Medicina UniFTC – 7º semestre
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