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TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO

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TÓPICOS EM 
EDUCAÇÃO I
DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
A segunda etapa abre os estudos em Tópicos em Educação 1, trazendo para 
o âmbito das discussões e estudos as seguintes temáticas: Didática; Evolução do 
Pensamento Pedagógico; Teorias da Aprendizagem; As Tendências Pedagógicas 
na prática escolar brasileira e a Avaliação da Aprendizagem Escolar.
Iniciamos pela Didática, compreendendo-a como parte da Pedagogia que 
se ocupa dos métodos e técnicas de ensino. Em seguida, faremos uma incursão 
pela evolução do pensamento pedagógico, iniciando com os filósofos gregos 
e encerrando com o pensamento sobre a Educação na contemporaneidade. 
No tópico 3 refletiremos acerca das Teorias de Aprendizagem, passando em 
seguida para as Tendências Pedagógicas que nortearam a educação brasileira nos 
diferentes momentos da história da Educação no país. Fecharemos a segunda 
etapa com os estudos acerca da Avaliação Escolar, em que abordaremos a 
concepção de avaliação e os instrumentos que configuram esta ação pedagógica.
Para obter este aprendizado, você terá à sua disposição uma apostila 
em formato PDF, um objeto de aprendizagem como interação do conteúdo 
e questões objetivas para testar seu aprendizado durante a etapa. 
Caso tenha alguma dúvida, entre em contato com a Tutoria, através do 
link TIRE SUAS DÚVIDAS, que se encontra no próprio ambiente do curso. 
Vamos começar?
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
Organização
Tania Cordova 
Equipe Tutoria Interna 
de Pedagogia
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
DA DIDÁTICA À 
AVALIAÇÃO
.02
1 DIDÁTICA
Caro leitor! Estamos prestes a iniciar os estudos sobre a Didática e os 
elementos da ação didática. Você já se perguntou qual a origem do termo 
didática?
No Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2008), a palavra Didática significa: A 
técnica de dirigir e orientar a aprendizagem. No século XVII, o termo foi 
apresentado por Jan Amos Komensky (Comenius), em sua obra Didática 
Magna, escrita em 1657. Com significação muito semelhante à atual, a Didática 
de Comenius instituía a nova disciplina como a “arte de ensinar tudo a todos”. 
Este pensador se opunha à não existência de procedimentos adequados ao 
ensino ou a técnicas impróprias para ensinar. Pensando em solucionar esta 
questão e por fim ao modo de pensar sem critérios previamente definidos 
e sem qualidade, Comenius fundamentou a primeira proposta de organizar 
uma sistematização no “como” ensinar (técnicas e métodos).
Assim, a didática surgiu para orientar os educadores a trilhar um caminho 
adequado para o processo de ensino e aprendizagem. Os vários manuais de 
didática traziam detalhes sobre como os professores deveriam se portar em 
sala de aula. Tradicionalmente, os elementos da ação didática são: professor, 
aluno, conteúdo, contexto e estratégias metodológicas.
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 1 – ELEMENTOS DA AÇÃO DIDÁTICA.
FONTE: Disponível em: <http://www.crianca.pb.gov.br/
site/?attachment_id=2436>. Acesso em: 17 abr. 2011.
Com o estudo cada vez maior dos paradigmas educacionais nos cursos 
de formação de professores, em específico no curso de Pedagogia, ampliou-
se o conhecimento relacionado à didática. Com as tendências pedagógicas 
surgidas ao longo da História da Educação, a visão de homem e de mundo e 
a finalidade da educação modificaram-se, alterando-se o papel do professor, 
do aluno, da abordagem, da metodologia, dos instrumentos avaliativos, enfim, 
mudou-se a forma de ensinar.
Com essas mudanças, a Didática configurou-se em uma das matérias 
fundamentais da formação dos professores nos cursos de Licenciatura. É 
uma disciplina pedagógica, um ramo da Pedagogia, um instrumento de 
trabalho docente que se ocupa em investigar as relações entre o ensino e a 
aprendizagem. Segundo Libâneo (1990a, p. 26), cabe à Didática:
Converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, 
selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os 
vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das 
capacidades mentais dos alunos [...] trata da teoria geral do ensino.
De acordo com o mesmo autor, a Didática, enquanto disciplina dos 
cursos de formação docente, tem como objetivo desenvolver a capacidade 
crítica do professor, para que ele possa analisar de forma clara a realidade 
do ensino, bem como proporcionar elementos para que o professor possa 
articular os conhecimentos adquiridos sobre o “como” ensinar e refletir sobre 
“para quem” ensinar, “o que” ensinar e o “por que” ensinar. 
A Didática é uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo 
de ensino através de seus componentes – os conteúdos escolares, o 
ensino e aprendizagem – para que, embasado em uma teoria da educação, 
possa formular diretrizes orientadoras a partir da atividade profissional dos 
professores (LIBÂNEO, 1990a). 
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
Nessa perspectiva, a didática deve investigar “as condições e formas que 
vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os fatores reais (sociais, políticos, 
culturais, psicossociais) condicionantes das relações entre docência e 
aprendizagem” (LIBÂNEO, 1990a).
As instituições de ensino, tanto públicas como privadas, utilizam-se da 
didática para proporcionar a aquisição de conhecimentos dos alunos e, assim, 
conseguir um melhor aproveitamento do aprendizado. Sem uma didática 
adequada, é inviável conseguir traçar e atingir o objetivo proposto entre 
docente e discente. Mas é preciso lembrar que a didática, fundamentada na 
dialética, é um campo em constante construção/reconstrução, de uma práxis 
que não tem como objetivo ficar pronta e acabada. 
Muito bem! Agora que já conhecemos um pouco da função da Didática, 
vamos retomar os estudos acerca da evolução do pensamento pedagógico, ou 
seja, buscaremos, prezado(a) acadêmico(a), no próximo tópico, compreender 
como o pensamento acerca da finalidade da educação nas sociedades 
humanas foi se modificando ao longo dos anos. Vamos iniciar a trajetória 
com os filósofos gregos como Sócrates, por exemplo, e encerrá-la com os 
idealizadores da educação contemporânea, como Jacques Delors e Edgar 
Morin.
2 PENSADORES DA EDUCAÇÃO: A EVOLUÇÃO DO 
PENSAMENTO PEDAGÓGICO
 
As questões acerca da educação vêm sendo debatidas desde os tempos 
antigos até a contemporaneidade, por filósofos e educadores, que partem do 
ponto de que ela é responsável pelo processo de formação das faculdades 
intelectuais, morais e físicas do ser humano. Assim, o objetivo deste tópico 
é possibilitar a incursão pela evolução das ideias pedagógicas ao longo 
da História. Iniciamos com os gregos, em seguida vamos compreender o 
pensamento sobre a educação no período denominado de Idade Média, 
passando logo após para o século XVIII, conhecido como o século das luzes. 
Veremos alguns idealizadores da educação inseridos nos séculos XIX e XX 
e concluiremos nossa trajetória com as reflexões acerca do pensamento da 
Educação no século XXI. Vamos iniciar nossa jornada?
2.1 A EDUCAÇÃO NA GRÉCIA A PARTIR DA PERSPECTIVA DA 
FILOSOFIA
A educação sistematizada tem origem na Grécia Antiga. Nesse contexto, 
destaca-se o filósofo grego Sócrates como o primeiro educador da história. 
Para este pensador, o conhecimento estava dentro de cada ser humano, só 
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necessitava ser despertado. Como estratégia, utilizava o método dialogado. 
Ele proporcionava diálogos críticos com seus interlocutores, fazendo com 
que, a partir das interrogações feitas por ele, pudessem dar vazão a suas 
próprias ideias.
FIGURA 2 – SÓCRATES
Sócrates afirmava que o educador não deve 
dar as respostas ao educando, mas, estimulá-lo para 
que procure dentro de si as respostas. O ser humano 
deve reconhecer a própria ignorância e buscar 
constantementepelo verdadeiro conhecimento, que 
se dá para além das aparências das coisas materiais, 
no mundo das ideias, imutável e perfeito.
Sócrates (469-399 a.C.)
FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_IDSPYjr7mJs/ShsmAFEcc4I/
AAAAAAAAACE/6hWDeJ7k4dA/S220/socrates+philosopher.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
Ainda na antiguidade grega, outro filósofo deve ser destacado. Trata-se de 
Platão, discípulo de Sócrates. O pensador pode ser considerado o fundador da 
teoria da educação. Propôs um método fundamentado na dialética. Este era um 
meio de refutar as afirmações propostas pelas pessoas. Para ele, o verdadeiro 
conhecimento se encontra no mundo das ideias, que só é atingido quando 
deixamos para trás o mundo sensível. Platão afirmava haver dois mundos 
diferentes e separados: 1) o mundo sensível, dos fenômenos e acessível aos 
sentidos; e 2) o mundo das ideias gerais (inteligível), das essências imutáveis, 
que o homem atinge pela contemplação e pela depuração dos enganos dos 
sentidos (ARANHA, MARTINS, 1997).
FIGURA 3 – PLATÃO
Em resumo, Platão afirmava que, o que se sabe 
foi contemplado pela alma no mundo das ideias. Nesse 
contexto, a educação proposta por Platão visava à 
formação moral do homem diante do Estado.
Platão (427-347 a.C.)
FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-vy47r88Z1cE/TVhhQfhejFI/
AAAAAAAAAO8/mIgHI5WEa3c/s1600/platao.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
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Contrapondo-se ao pensamento socrático e platônico, o fi lósofo 
Aristóteles desenvolveu uma teoria voltada para o real. Assim, enquanto Platão 
e Sócrates são considerados pensadores de uma vertente idealista, Aristóteles 
é considerado um pensador realista.
FIGURA 4 – ARISTÓTELES
Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, na 
Macedônia. Escreveu sobre os mais variados temas 
(anatomia, biologia, lógica, política, moral, ética, entre 
outros). Foi discípulo de Platão em Atenas. 
Após a morte de Platão, Aristóteles fundou sua 
própria escola, chamada de Liceu. 
Segundo o filósofo, a finalidade da educação 
no ser humano é a sua busca pela felicidade ou pelo 
bem, que está no mais alto grau do funcionamento da 
natureza humana.
Aristóteles (384-322) a.C
FONTE: Disponível em: <http://www.mundodosfilosofos.
com.br/aristoteles.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
Para compreendermos o pensamento de Aristóteles acerca da Educação, 
vamos acompanhar o texto a seguir:
A educação aristotélica mostrava-se, portanto, profundamente interessada 
em investigar os fenômenos da natureza. Possuía um currículo bastante amplo, 
que incluía matérias de biologia, a física, a astronomia. Aristóteles estudou 
estas matérias com grande dedicação, sendo considerado, por isso, o pai das 
ciências modernas.
Segundo Aristóteles, existem três ideias absolutamente essenciais para 
o desenvolvimento de uma boa educação:
1º) A primeira destas ideias é aquela que se refere à natureza do educando. 
Pois bem, esta natureza, que por razões biológicas irá condicionar em 
muitos aspectos o comportamento do aluno, deve ser compreendida e 
respeitada pelo educador. O programa de ensino precisa ser elaborado a 
partir da aceitação desta natureza, isto é, do conhecimento de suas virtudes 
e deficiências. Somente assim o professor poderá enfrentar com realismo as 
suas possibilidades de mudanças e de progresso, embora esteja consciente 
de suas limitações quando forem superáveis.
2º) A segunda destas ideias está relacionada à formação de bons hábitos. 
Aristóteles afirmava que muitos dos nossos desejos instintivos são contrários 
ao sadio desenvolvimento de nossa personalidade. Então, torna-se necessário 
controlarmos estes desejos através de hábitos produtivos que nos induzam 
a assumir, automaticamente, um comportamento construtivo.
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Vamos exemplificar este pensamento: se condicionada pela inércia, 
determinada pessoa sente o desejo de permanecer na cama, dormindo, 
depois de um certo horário, mesmo sabendo que este horário já não é mais o 
ideal, seria infantil supormos que do dia para a noite poderíamos conter este 
desejo. Mas podemos controlá-lo se desenvolvermos nesta pessoa o hábito 
de acordar cedo. O hábito, entretanto, não se desenvolve de uma hora para 
outra, como num passe de mágica. O seu desenvolvimento depende de um 
trabalho gradativo, que se realiza através da contínua e persistente repetição 
da ação pretendida. De posse do hábito, ele nos servirá como eficiente arma 
de combate de nossos desejos instintivos e irracionais, que cederão lugar a 
um comportamento automático e construtivo.
3º) A terceira e última ideia básica, para a qual o processo educacional 
sempre deve estar voltado, é o desenvolvimento da inteligência e da razão. 
Para Aristóteles, são estas as nossas faculdades mais importantes e, por isso, 
devem merecer uma atenção toda especial. A educação precisa se dedicar ao 
aprimoramento destas faculdades, através de um adequado programa de ensino 
que proporcione o treinamento e a disciplina mental. Aristóteles depositava 
enorme confiança nos poderes da razão, apontando-a como caminho mais 
seguro para a solução dos problemas que nos envolvem. Estimular o aluno a 
dar passos por este caminho era, para ele, a função primordial da educação.
Com Aristóteles, a filosofia grega atingiu o seu clímax. É difícil julgar 
o exato valor deste filósofo. [...] De qualquer forma, a influência intelectual 
que Aristóteles exerce, até hoje, sobre a humanidade, dá-nos uma ideia da 
grandeza de sua genialidade.
FONTE: Cotrim; Parisi (1988)
2.2 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA 
A partir do século III, o cristianismo ganhou proporções significativas no 
contexto europeu. A Igreja Católica apropriou-se da cultura clássica greco-
romana para adaptá-la às necessidades do discurso cristão. Para combater 
o paganismo, termo utilizado para designar aquele que não era convertido 
ao cristianismo, os padres da Igreja Católica buscaram fundamentos na 
filosofia grega. Neste aspecto, as ideias difundidas pelos filósofos gregos 
foram reorganizadas a serviço do discurso da Igreja Cristã com o objetivo de 
firmar a conversão ao cristianismo como opção compatível com as maneiras 
de viver e pensar a que estavam acostumados os homens naquele período.
O pensamento platônico, por exemplo, influenciou a primeira filosofia 
cristã do período medieval. Para compreendermos a influência das ideias de 
Platão neste contexto, vamos ler as considerações feitas no texto a seguir:
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
Por influência platônica, Agostinho distingue dois tipos de conhecimento: 
o que advém dos sentidos é imperfeito, mutável; e o outro, que é perfeito, 
conhecimento das essências imutáveis, de onde provém? Sabemos que Platão 
começa explicando o conhecimento pela alegoria da caverna e, em seguida, 
propõe a teoria da reminiscência, segundo a qual a alma teria contemplado as 
essências no mundo das ideias antes da vida presente, enquanto os sentidos 
seriam apenas ocasião das lembranças e não a fonte própria do conhecimento.
O cristão Agostinho adaptou essa explicação à teoria da iluminação. O ser 
humano receberia de Deus o conhecimento das verdades eternas, o que não 
significa desprezar o próprio intelecto, pois, como o Sol, Deus ilumina a razão 
e torna possível o pensar correto. O saber, portanto, não é transmitido pelo 
mestre ao aluno, já que a posse da verdade é uma experiência que não vem 
do exterior, mas de dentro de cada um. Isso é possível porque “Cristo habita 
no homem interior”. Toda a educação é, dessa forma, uma autoeducação, 
possibilitada pela iluminação divina.
FONTE: Aranha (2006)
FIGURA 5 – SANTO AGOSTINHO
A primeira filosofia cristã, denominada de Patrística, 
teve como representante Santo Agostinho. Para ele, 
o homem só tinha acesso ao conhecimento quando 
iluminado por Deus. Nesta filosofia, educação e catequese 
eram equivalentes, o conhecimento confundia-se coma fé. 
Assim, a educação estimulava, sobretudo, a obediência aos 
mestres, a resignação e a humildade diante daquilo que não 
era conhecido. O objetivo era treinar o controle das paixões 
para merecer a salvação numa suposta vida após a morte 
(FERRARI, 2011a). O pensamento agostiniano marcou quase 
oito séculos do contexto cristão europeu durante a Idade 
Média.
Santo Agostinho (354-430)
FONTE: Disponível em: <http://www.ahistoria.com.br/wp-content/uploads/
santo-agostinho-de-hipona.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
No século XII, a sociedade europeia passou por transformações de âmbito 
social, econômico, cultural e religioso. Viveu-se o período final da Idade 
Média e a transição de uma sociedade agrária para um modo de produção 
mais orientado para as cidades e a atividade comercial (idem). Neste cenário, 
destaca-se São Tomás de Aquino, importante nome da filosofia escolástica, 
cujo pensamento evidenciava a atividade, a razão e a vontade humana. O 
sistema filosófico organizado por este pensador conciliava a fé cristã com o 
pensamento realista do filósofo grego Aristóteles.
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FIGURA 6 – SÃO TOMÁS DE AQUINO
O pensamento tomista, como também é denominada 
a filosofia difundida por São Tomás de Aquino, faz uma revisão 
da teologia cristã sob a ótica do princípio aristotélico no qual 
cabe à razão ordenar e classificar o mundo para entendê-lo.
A relação fé e razão está no centro desta filosofia. São 
Tomás de Aquino defendia que, embora subordinada à fé, a 
razão funcionava por si só e segundo as suas próprias leis. 
Nessa perspectiva, o conhecimento não depende da fé nem 
da presença de uma verdade divina no interior do indivíduo, 
mas é um instrumento para se aproximar de Deus (FERRARI, 
2011a).
São Tomás de Aquino
(1224-1274)
FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-Pl3TnDouvB4/ThBd5Vcw6bI/
AAAAAAAAA7k/-1AF8BI7z3A/s1600/STaquinas.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
Estes dois representantes da filosofia cristã consideraram o ensino como 
um instrumento divino, onde Deus era o verdadeiro mestre que ensina dentro 
da alma, porém Aquino defende a necessidade da ajuda exterior.
Ainda no contexto do final da Idade Média, destacamos a contribuição 
de Comênio. Este pensador deu importância às formas de ensinar (didática), 
dimensão que até então a educação não levava em consideração.
FIGURA 7 – COMÊNIO
Este pensador tcheco é considerado o primeiro grande 
nome da moderna história da educação. Sua obra mais 
significativa, Didática Magna, marca o início da sistematização 
da pedagogia. Para Comênio, a prática deveria imitar os 
processos da natureza. O interesse da criança passa a ser 
também considerado, valorizado. O professor passaria a ser 
visto como um profissional, não um missionário, e seria bem 
remunerado por isso. E a organização do tempo e do currículo 
levaria em conta os limites do corpo e a necessidade, tanto 
dos alunos quanto dos professores, de ter outras atividades 
(FERRARI, 2011a).
Jan Amos Komensky 
(Comênio) (1592-1670)
FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_OssMahKY36g/SobWh71071I/
AAAAAAAAACk/PJ-wKvvOE30/s400/022-comenio%5B1%5D.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
2.3 A EDUCAÇÃO E O ILUMINISMO 
No século XVIII, um movimento denominado Iluminismo procurava levar 
as “luzes” da razão por todos os lugares, não se prendendo ao dogmatismo e 
sim, à racionalidade. A educação iluminista, assim como a sua cientificidade, 
era livre de influências religiosas, permitindo a liberdade de pensamento. Um 
dos expoentes do pensamento iluminista foi Jean-Jacques Rousseau. Sua obra 
Emílio, ou da Educação dá origem a um novo conceito de infância. 
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 8 – ROUSSEAU
FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b7/Jean-
Jacques_Rousseau_(painted_portrait).jpg/200px-Jean-Jacques_Rousseau_(painted_portrait).jpg>. 
Acesso em: 28 jul. 2011.
 A pedagogia proposta por este pensador representa a primeira 
tentativa radical e apaixonada de oposição à pedagogia da essência e 
de criação de perspectivas para uma pedagogia da existência. A obra 
Emílio tornou-se o manifesto de um novo pensamento pedagógico e 
assim permanece até os dias de hoje. Nela o autor pretendeu provar 
que o homem nasce bom, mas que o contexto social o corrompe, 
tornando-o mau. Rousseau preconizava que seria conveniente dar à 
criança a possibilidade de um desenvolvimento livre e espontâneo. 
Segundo Rousseau, uma das falhas da civilização em atingir o bem 
comum é a desigualdade, que se manifesta em duas formas: a que 
se deve às características individuais de cada ser humano, sendo esta 
natural, e aquela causada por circunstâncias sociais, e que deve ser 
combatida.
Jean-Jacques Rousseau 
(1712-1778)
Nos anos finais do século XVIII, as práticas das ideias de Rousseau foram 
empreendidas pelo pensador suíço Johann Heinrich Pestalozzi, que em seus 
escritos e atuação apresenta dimensões à problemática educacional. Para 
este pensador, a criança era um ser puro, bom na sua essência e possuidor 
de uma natureza divina que deveria ser cultivada e descoberta para atingir 
a plenitude.
FIGURA 9 – PESTALOZZI
FONTE: Disponível em: <http://www.nacional.edu.br/imagens/pestalozzi_clip_
image002.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
Este pensador comparava o trabalho 
do professor ao do jardineiro, que deveria 
providenciar as melhores condições 
externas para que a planta seguisse seu 
desenvolvimento natural. Para Pestalozzi, o 
aprendizado era, em grande parte, conduzido 
pela própria criança. O método de ensino 
deveria partir do conhecido para o novo e 
do concreto para o abstrato, com ênfase 
na ação e na percepção dos objetos, mais 
do que nas palavras. O que importava era 
o desenvolvimento das habilidades e dos 
valores.
Johann Heinrich Pestalozzi 
(1746-1827)
Contemporâneo a Pestalozzi, o filósofo Johann Friedrich Herbart foi 
o precursor de uma psicologia experimental aplicada à Pedagogia. Foi o 
primeiro a elaborar uma pedagogia que pretendia ser uma ciência. Para este 
pensador, a mente funcionaria com base nas representações de: imagens, 
ideias ou qualquer outro tipo de manifestação psíquica isolada. Para ele, as 
faculdades inatas eram inexistentes. Os processos mentais se dariam a partir 
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
das relações entre as representações, que nem sempre são conscientes. 
Essas representações se combinariam e produziriam resultados manifestos 
ou entrariam em conflitos entre si, permanecendo, sob forma não manifesta, 
numa espécie de domínio do inconsciente.
FIGURA 10 – HERBART
FONTE: Disponível em: <http://perlbal.hi-pi.com/blog-images/752628/
gd/130473198017/Grandes-pensadores-Herbart-o-organizador-da-pedagogia-como-
ciencia.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
Herbart criou um sistema de ensino 
denominado instrução educativa, que a 
partir de situações sucessivas, bem reguladas 
pelo professor, possibilitaria o fortalecimento 
da inteligência, onde o seu cultivo forma 
a vontade e o caráter. Sugeriu que cada 
conteúdo trabalhado obedecesse a fases 
estabelecidas ou passos formais. Seriam eles: 
o de clareza da apresentação dos elementos 
sensíveis de cada assunto, o de associação, o 
de sistematização, e, por fim, o de aplicação.Johann Friedrich Herbart
(1776-1841)
Na Alemanha, do final do século XVIII e início do XIX, o professor 
Friedrich Froebel compartilhava com outros pensadores do seu tempo, como 
Pestalozzi e Herbart, das ideias de que a criança é como uma planta em sua 
fase de formação, exigindo cuidados periódicos para que cresça de maneira 
saudável. A essência da criança é boa e divina e precisava ser afastada das 
ações sociais que poderiam corrompê-la. 
Froebel fundou os jardins de infância, instituições destinadas aos menores 
de 8 anos. O objetivo das atividades nestes espaços era possibilitar brincadeiras 
criativas, sendo estas o primeiro recurso no caminho daaprendizagem. Nesse 
contexto, as brincadeiras não eram apenas diversão, mas uma forma de criar 
representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo. As 
atividades e o material escolar eram determinados previamente, para oferecer 
o máximo de oportunidades para tirar proveito educativo da atividade lúdica. 
(FERRARI, 2011a).
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 11 – FRIEDRICH FROEBEL
FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/
thumb/8/82/Frederick-Froebel-Bardeen.jpeg/220px-Frederick-Froebel-Bardeen.jpeg>. 
Acesso em: 28 jul. 2011.
Froebel fo i um dos pr imeiros 
educadores a considerar o início da infância 
como fase importante na formação das 
pessoas. As técnicas propostas por este 
educador estão presentes até hoje nas 
instituições de Educação Infantil.
Friedrich Froebel (1782-
1852)
2.4 A EDUCAÇÃO NO FINAL DO SÉCULO XIX
Caro(a) acadêmico(a)! Além de levantar discussão sobre a educação 
escolar, o final do século XIX foi também profícuo em pensamentos sobre 
a relação sociedade e educação. Nesse contexto, destacam-se o pensador 
alemão Karl Marx, o filósofo italiano Antonio Gramsci e o sociólogo francês 
Émile Durkheim. Vamos conhecer as propostas de cada um deles.
FIGURA 12 – KARL MARX
FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/82/
Frederick-Froebel-Bardeen.jpeg/220px-Frederick-Froebel-Bardeen.jpeg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
O pensamento de Karl Marx influenciou profundamente 
as ciências sociais contemporâneas. No que diz respeito 
à educação, a contribuição das ideias marxistas precisa 
ser considerada em dois níveis: o do esclarecimento e da 
compreensão de que a educação precisava ser transformada. 
Todavia, para que essa mudança ocorresse seria necessário 
mudar as condições sociais. Para Marx, a transformação 
educativa deveria ocorrer concomitantemente à revolução 
social. Para o desenvolvimento total do homem e a mudança 
das relações sociais, a educação deveria acompanhar e acelerar 
esse movimento, mas não encarregar-se exclusivamente de 
desencadeá-la, nem de fazê-la triunfar.
Karl Marx (1818-1883)
Na mesma perspectiva que Marx, o pensador italiano Antonio Gramsci 
compreende que o ser humano só constrói sua personalidade digna pela 
capacidade de produzir a própria existência por meio do trabalho. Gramsci 
considerava o trabalho como um princípio antropológico e educativo básico 
da formação humana. 
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
Este pensador criticava a escola tradicional na qual o ensino estava 
dividido entre o clássico e o profissional. O ensino clássico era destinado 
à formação da classe dominante e aos intelectuais, e o profissional estava 
destinado às classes instrumentais (classe popular). A proposta de Gramsci 
para a superação desta divisão defendia uma escola crítica, onde o ensino 
deveria ser ao mesmo tempo: clássico, intelectual e profissional.
FIGURA 13 – GRAMSCI
FONTE: Disponível em: <http://api.ning.com/files/WXOzLb79GUGC7WTcv4wxPwwzDLj8
7ArLLhIzJHERmzo12jA*vjzgR*GAzQooQVHAtAi0sqk2ELoM8mO0qr3-L8uWqsLMBo5B/gramsci.
bmp?crop=1%3A1&width=171>. Acesso em: 28 jul. 2011.
O pensamento gramsciniano difundia que os agentes 
da transformação social seriam os intelectuais, e a escola seria 
um dos instrumentos mais importantes desta transformação, 
pois seria campo de atuação destes intelectuais. 
Para Gramsci, a função do intelectual (e da escola) 
é mediar a tomada de consciência do aluno, que passa 
pelo autoconhecimento individual e implica reconhecer o 
contexto em que está inserido.
Antonio Gramsci 
(1891-1937)
De acordo com Ferrari (2011a), uma das contribuições de Gramsci para a 
contemporaneidade é conceito de cidadania. Foi ele quem trouxe à discussão 
pedagógica a conquista da cidadania como um objetivo da escola. A cidadania 
deveria ser orientada para o que o pensador chamou de elevação cultural 
das massas, ou seja, livrá-las de uma visão de mundo que, por se assentar 
em preconceitos e tabus, predispõe à interiorização acrítica da ideologia das 
classes dominantes.
O século XIX é ainda marcado pelo nascimento das ciências humanas, 
como antropologia, sociologia, psicanálise e linguística. No contexto da 
sociologia, destacamos o francês Émile Durkheim. Para este pensador, a 
educação atuava como agente de mudanças sociais e culturais na sociedade 
envolvente. Durkheim (apud FERRARI, 2011b) afirmava que:
A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação 
pelo indivíduo de uma série de normas e princípios – sejam morais, religiosos, 
éticos ou de comportamento – que baliza a conduta do indivíduo num grupo. 
O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela.
Assim, o educador poderia promover modificações no comportamento 
individual do educando e, por meio deles, na sociedade, já que uma de suas 
funções era a de formar cidadãos para contribuir na harmonia social. Este 
pensador defendia uma educação pública, monopolizada pelo Estado e laica, 
liberada do controle e influência da Igreja Católica.
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 14 – DURKHEIM
FONTE: Disponível em: <http://www.larousse.fr/encyclopedie/data/
images/1310778.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
Durkheim acreditava que a sociedade 
seria beneficiada pelo processo educativo. 
Para ele, “a educação é uma socialização da 
jovem geração pela geração adulta”. E quanto 
mais eficiente for o processo, melhor será o 
desenvolvimento da comunidade em que a 
escola esteja inserida. (FERRARI, 2011b).
Émile Durkheim 
(1858-1917)
2.5 O PENSAMENTO SOBRE A EDUCAÇÃO NOS SÉCULOS XX E 
XXI: NOVOS OLHARES
A democracia e a liberdade de pensamento, como instrumentos para a 
maturação emocional e intelectual das crianças, foram uma das preocupações 
que perpassou o pensamento educacional nas primeiras décadas do século 
XX. Entre os pensadores que se debruçaram sobre essa orientação está 
o norte-americano John Dewey, que exerceu grande influência sobre a 
pedagogia contemporânea. Dewey defendeu a Escola Ativa, que propunha a 
aprendizagem através da atividade pessoal do aluno, onde a experiência era 
o principal fator de interesse em aprender.
FIGURA 15 – JOHN DEWEY
FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-0AYxhJNYj5M/TfQEQgxbC7I/
AAAAAAAAAaY/68CB0qdIUhI/s400/john+Dewey.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
As ideias disseminadas por este 
pensador influenciaram educadores de 
várias partes do mundo. No Brasil inspirou 
o movimento da Escola Nova, liderado por 
Anísio Teixeira. 
A corrente filosófica de Dewey 
também é denominada de pragmatismo ou 
instrumentalismo. No campo da Educação, 
a teoria se inscreve na chamada educação 
progressiva, tendência esta que veremos 
mais adiante.
John Dewey (1859-
1952)
A ideia de educação como uma conquista da criança fundamenta o 
pensamento da médica italiana Maria Montessori, que defendia que a criança 
nasce com a capacidade de ensinar a ela mesma, desde que sejam dadas as 
condições necessárias. A proposta consiste em despertar a atividade infantil 
através do estímulo e promover a autoeducação da criança a partir dos meios 
(materiais e espaço físico) adequados à sua necessidade.
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 16 – MARIA MONTESSORI
FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_HaK30w4NDRQ/TJl_rgLr54I/
AAAAAAAAB2Q/tOH6XKek5pI/s1600/maria+montessori+05.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
Desta forma, o educador não atuaria 
diretamente sobre a criança, mas ofereceria 
meios para sua autoformação. Individualidade, 
atividade e liberdade do aluno são as bases 
da teoria, com ênfase para o conceito de 
indivíduo como sujeito e objeto do ensino. 
Seu método empregava uma diversidade de 
materiais didáticos (cubos, prismas, sólidos, 
bastidores para enlaçar caixas, cartões, etc.), 
destinado a desenvolver a atividade dos 
sentidos.
Maria Montessori 
(1870-1952)
Entre outros, os pensadoresda educação que difundiram o uso dos 
métodos ativos aonde o aluno conduz o próprio aprendizado está Ovide 
Decroly. Este método consiste na tarefa do professor em preparar a criança 
para viver em sociedade.
FIGURA 17 – OVIDE DECROLY
FONTE: Disponível em: <http://www.holisticeducator.com/PhotoOvide.jpg>. Acesso 
em: 28 jul. 2011.
Sua obra educacional destaca-se pelo valor que 
colocou nas condições do desenvolvimento infantil; 
enfatiza o caráter global da atividade da criança e a 
função de globalização do ensino. Esta última se baseia 
na ideia de que as crianças apreendem o mundo com 
base em uma visão do todo, que, posteriormente pode 
se organizar em partes, ou seja, que vai do caos à ordem. 
O modo mais adequado de aprender a ler, portanto, teria 
seu início nas atividades de associação de significados, 
de discursos completos, e não do conhecimento isolado 
de sílabas e letras (FERRARI, 2011a).
Ovide Decroly
(1871-1932)
No cenário do movimento renovador da escola contemporânea, 
destaca-se o pedagogo e psicólogo suíço Édouard Claparède. Este pensador 
defendia a necessidade de estudar o funcionamento da mente infantil e de 
estimular na criança um interesse ativo pelo conhecimento. Claparède criou 
um método, denominado educação funcional, que procurava desenvolver 
as aptidões individuais e encaminhá-las para o interesse comum, dentro de 
um conceito democrático de vida social. Conforme o pensador, nenhuma 
sociedade progride devido à redução das pessoas a um tipo único, mas sim 
devido à diferenciação. (FERRARI, 2011a).
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 18 – ÉDOUARD CLAPARÈDE
FONTE: Disponível em: <http://www.baillement.com/image-ter/claparede.gif>. Acesso 
em: 28 jul. 2011.
As ideias de Claparède favoreceram o 
desenvolvimento de duas das mais importantes 
linhas educacionais do século XX, a Escola Nova, cuja 
representante mais conhecida foi Maria Montessori, e o 
cognitivismo de Jean Piaget. Caro(a) acadêmico(a), as 
teorias de aprendizagem idealizadas por Jean Piaget 
e por Lev Vygotsky serão abordadas no tópico 3 deste 
caderno.Édouard Claparède 
(1873-1940)
As crises sociais e a instabilidade política vivenciadas pelas sociedades 
mundiais na primeira metade do século XX, ocasionadas pelas Primeira 
e Segunda Guerras Mundiais, entre outros fatores, serviram de campo de 
estudo para o médico e psicólogo francês Henri Wallon desenvolver suas 
considerações acerca da finalidade da educação.
 As ideias de Wallon estão fundamentadas em quatro elementos básicos 
que devem comunicar-se o tempo todo: a afetividade, o movimento, a 
inteligência e a formação do eu como pessoa.
FIGURA 19 – HENRI WALLON
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/img/historia/henri-wallon.jpg>. 
Acesso em: 28 jul. 2011.
A teor ia wa l lon iana cons idera que o 
desenvolvimento intelectual envolve mais do que um 
simples cérebro. Envolve fatores internos (de ordem 
fisiológica, neurológica e psicomotora), bem como 
fatores de ordem externas como a organização dos 
espaços físicos, por exemplo. Os estudos de Wallon 
mostram que o desenvolvimento da aprendizagem 
depende de como cada um faz as diferenciações com 
a realidade que o cerca.Henri Wallon (1879-
1962).
Ainda no contexto de reação contra o ensino tradicionalista, centrado 
no professor e na cultura enciclopédica, destaca-se o pedagogo francês 
Célestin Freinet. Este pensador somou ao ideário dos escolanovistas uma 
visão marxista e popular tanto da organização da rede de ensino como do 
aprendizado em si. Freinet propunha uma pedagogia do trabalho, em que a 
atividade é o que orienta a prática escolar, e o objetivo final da educação é a 
formação de cidadãos para o trabalho livre e criativo, capaz de se apropriar 
e transformar o meio. A função do professor, nesse contexto, é a de criar e 
organizar uma atmosfera laboriosa nos espaços escolares.
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
Em relação ao papel do professor, Freinet ainda orientava que este 
deveria colaborar para a superação do erro, pois o errar poderia desestimular 
o aluno a aprender.
FIGURA 20 – CÉLESTIN FREINET
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/img/historia/022-freinet-01.
jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
Os pontos de destaque da metodologia de 
Freinet são: 
• A pedagogia do trabalho
• A pedagogia do êxito
• A pedagogia do bom senso.
Célestin Freinet 
(1896-1966)
As ideias do norte-americano Carl Rogers para a educação são uma extensão 
da teoria que desenvolveu como psicólogo. Nos dois campos, as suas ideias 
opunham-se às concepções e práticas dominantes. O aspecto antiautoritário 
e anticonvencional de seu pensamento o tornou conhecido e referenciado 
nos anos 1960, durante o auge da contracultura, representada em parte pelo 
movimento hippie. No Brasil, a influência de Rogers também se deu por essa 
época, em particular na formação de orientadores educacionais (FERRARI, 2011a).
FIGURA 21 – CARL ROGERS
FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_QAlVLaUzyak/TSc8IiHyLUI/
AAAAAAAAAEQ/jmEHvtTLhRg/s1600/CARL%2BROGERS.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
 A teoria não diretiva, criada por Rogers, é centrada 
no sujeito, porque a ele cabe a responsabilidade pela 
condução e pelo sucesso do processo de aprendizagem. 
O papel do professor é o de facilitar o aprendizado, que 
o aluno conduz a seu modo. A tendência não diretiva é 
denominada, também, de humanista, porque parte de 
uma visão otimista do homem.
Carl Rogers (1902-
1987)
O escocês Alexander Sutherland Neill propôs uma escola em que a 
autoridade é substituída pela responsabilidade e a disciplina pela liberdade. 
Este pensador afirma que só num ambiente não repressivo a criança manifesta 
sua criatividade. Este educador fundou a Summerhill School, na Inglaterra. 
Esta escola se tornou referência das pedagogias alternativas ao concretizar um 
sistema educativo em que o importante é a criança ter liberdade para escolher 
e decidir o que aprender e, com base nisso, desenvolver-se no próprio ritmo.
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FIGURA 22 – PIERRE BOURDIEU
FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_ZWdGBM7qvgs/TOfORgHMRRI/
AAAAAAAABJM/FlLR9ZpMyOE/s320/bourdieu.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
 Já para o sociólogo francês Pierre Bourdieu, 
toda ação pedagógica é objetivamente uma violência 
simbólica enquanto imposição por um poder arbitrário. 
A ação pedagógica tende à reprodução cultural e social 
simultaneamente. De acordo com Bourdieu, quando a 
criança começa sua aprendizagem formal é recebida 
num ambiente marcado pelo caráter de classe social, 
desde a organização pedagógica até o modo como 
prepara o futuro dos alunos.Pierre Bourdieu 
(1930-2002)
Na década de 80 do século XX, as ideias de Howard Gardner causaram 
impactos na área educacional com a teoria das inteligências múltiplas. Seus 
estudos sinalizavam que a inteligência humana é complexa demais para 
que os testes escolares comuns fossem capazes de medi-la. A teoria das 
múltiplas inteligências diz respeito à existência de habilidades diferenciadas 
para atividades específicas. Cada indivíduo nasce com um vasto potencial 
de talentos ainda não expostos pela cultura. A educação teria a função de 
oportunizar o desenvolvimento das capacidades inatas, estimulando todas 
as habilidades potenciais dos alunos quando se está ensinando um mesmo 
conteúdo. Nesse contexto, as estratégias educacionais devem partir da 
resolução de problemas.
 
Resumidamente, seguem as oito inteligências propostas por Gardner:
Lógico-matemática: capacidade de raciocínio 
lógico e compreensão de modelos matemáticos, 
científicos. Habilidade de compreender novos 
conceitos e enfrentar novas situações.
Verbal-linguística: Capacidade de se expressar de 
forma escrita e oral. Habilidade de compreender 
textos, falar em público.
Espacial: Sentido de movimento, localização e 
direção. Habilidade de formar imagens mentais.
 CURSOLIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
Corporal cinestésica: Domínio dos movimentos 
do corpo para expressar-se no esporte, na dança, 
nas obras teatrais ou para expressar sentimentos.
Intrapessoal: Capacidade de compreender os 
próprios sentimentos e emoções e administrá-
los. Conhecimentos das próprias fraquezas e 
potencialidades. Habilidade de automotivar-se.
Interpessoal: Capacidade de relacionar-se e criar 
empatia. Habilidade de trabalho em equipe e 
de administrar conflitos. Liga a compreensão 
do que é a sociedade e de que todos somos 
seres sociais.
Naturalista: Capacidade de compreender 
os processos da natureza e respeitá-los. 
Preocupação com o meio ambiente.
Musical: Capacidade de dominar os sons, 
perceber ritmos, criar através da música.
O sociólogo francês Edgar Morin, nas últimas décadas do século 20, 
apresenta ao campo educacional a teoria da complexidade. As ideias propostas 
por esta teoria buscam compreender a concepção de conhecimento, 
afastando-as da especialização, da simplificação e da fragmentação dos 
saberes. Para o pensador, os saberes tradicionais foram submetidos a um 
processo reducionista que acarretou a perda das noções de multiplicidade e 
diversidade. A simplificação, de acordo com Morin, está a serviço de uma falsa 
racionalidade, que passa por cima da desordem e das contradições existentes 
em todos os fenômenos e nas relações entre eles.
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 23 – EDGAR MORIN
FONTE: Disponível em: <http://img.allvoices.com/thumbs/image/77/77/44848018-
edgar-morin.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
 O fundamento da teoria proposta por Edgar 
Morin pauta-se nas formulações surgidas com o 
campo das ciências exatas e naturais, como as teorias 
da informação, dos sistemas e da cibernética, que 
demonstravam a importância de superar as fronteiras 
entre estes conhecimentos.
Pierre Bourdieu 
(1930-2002)
No texto Os Sete Saberes Necessár ios à Educação do Futuro , 
encomendado pela Organização das Nações Unidas, Morin (2001) apresenta 
uma relação de temas que não podem faltar na formação do cidadão do 
século XXI. Os temas são iniciados pelo estudo do próprio conhecimento. O 
segundo ponto apresentado é a pertinência dos conteúdos, que devem levar 
ao aprendizado dos problemas globais e fundamentais. Na sequência vem o 
estudo da condição humana, entendida como unidade complexa da natureza 
dos seres humanos. O quarto ponto destaca o ensinar a identidade terrena 
que aborda as relações humanas do ponto de vista global. O próximo tema 
trata do enfrentamento das incertezas com base nos aportes recentes da 
ciência. O sexto item diz respeito ao aprendizado da compreensão, onde Morin 
aponta a necessidade de uma reforma de mentalidades para superar males 
como o preconceito, por exemplo. O último ponto apresentado refere-se à 
ética global, baseada na consciência do ser humano como indivíduo e parte 
da sociedade e da espécie. Os Sete Saberes são diretrizes para a elaboração 
e ação de propostas de intervenções educacionais.
A grande meta da educação, na perspectiva de Edgar Morin, deve ser o 
desenvolvimento da compreensão e da condição humana. 
Outro texto de referência é o produzido para a UNESCO pela Comissão 
Internacional sobre Educação para o Século XXI, produzido em 1999 e 
publicado sob a forma do livro: “Educação: Um Tesouro a Descobrir”, onde 
estão sinalizados os caminhos percorridos para a aprendizagem. A discussão 
dos quatro pilares para a educação, escrito pelo francês Jacques Delors, aponta 
como principal consequência da sociedade do conhecimento a necessidade 
de uma aprendizagem ao longo da vida, fundada em quatro pilares, que são, 
ao mesmo tempo, baseados no conhecimento e na formação continuada.
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 24 – JACQUES DELORS
FONTE: Disponível em: <http://www.londonspeakerbureau.co.uk/managed/images/
speakers/252--JacquesDelors.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
 De acordo com Delors, a prática pedagógica deve 
ocupar-se em desenvolver o: aprender a conhecer, que indica o 
interesse e a abertura para o conhecimento que verdadeiramente 
liberta da ignorância; aprender a fazer, que mostra a coragem de 
executar, de correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar; 
aprender a conviver, que traz o desafio da convivência que 
apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade como 
caminho do entendimento; e, finalmente, aprender a ser, que, 
talvez, seja o mais importante, por explicitar o papel do cidadão 
e o objetivo de viver.Jacques Delors 
1925
Já em relação aos temas discutidos por Philippe Perrenoud no âmbito 
da educação estão: formação docente, avaliação e o desenvolvimento das 
competências. A competência refere-se à faculdade de mobilizar um conjunto 
de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, entre outros) para 
solucionar uma série de situações. 
No livro 10 Novas Competências para Ensinar, Perrenoud estabelece 
objetivos na formação profissional do docente. Para ele, o que é imprescindível 
saber para ensinar numa sociedade em que o conhecimento está cada vez 
mais acessível seria: organizar e dirigir situações de aprendizagem; administrar 
a progressão das aprendizagens; conceber e fazer evoluir os dispositivos de 
diferenciação; envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; 
trabalhar em equipe; participar da administração escolar; informar e envolver 
os pais; utilizar novas tecnologias; enfrentar os deveres e dilemas éticos da 
profissão e, por último, administrar a própria formação.
Para o pensador espanhol César Coll, a preparação de um currículo 
precisa satisfazer todos os níveis da escola. O que importa é o que o aluno 
efetivamente aprende, não o conteúdo transmitido pelo professor. Entretanto, 
alerta para o fato de que o bom funcionamento de um currículo depende não 
só do professor, mas também dos alunos, pais, funcionários, coordenadores 
e diretores. Isto é, a escola precisa ser entendida como um espaço de 
corresponsabilidade entre estes sujeitos.
César Coll foi um dos responsáveis pela Reforma educacional na 
Espanha. No Brasil, foi consultor do Ministério da Educação e esteve à frente 
do projeto de reforma curricular que resultou na elaboração dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCN). Documento que deve servir como referência 
e como elemento de reflexão para os educadores modificarem sua prática, e 
não como currículo obrigatório.
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
Para ele, a qualidade de um sistema educacional depende, além do PCN, 
do currículo e também de avaliações que levam em conta a origem social, 
econômica e cultural do estudante. Nesse aspecto, o currículo precisa ser 
contextualizado, ou seja, os conteúdos precisam ser aproximados da vivência 
do aluno.
Na vertente das teorias contemporâneas sobre o pensar a Educação, 
destacamos e encerramos a incursão pelo cenário mundial apresentando o 
psicólogo da educação estadunidense David Ausubel, cujas idealizações vão 
causar, no campo da educação, em específico a aprendizagem, novos olhares.
FIGURA 25 – DAVID AUSUBEL
FONTE: Disponível em: <http://www.londonspeakerbureau.co.uk/managed/images/speakers/252--
JacquesDelors.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2011.
 A teoria proposta por Ausubel é denominada de Teoria da 
Aprendizagem Significativa. Nesta teoria, os conhecimentos que o 
indivíduo já possui na sua estrutura cognitiva são fundamentais para que 
a aprendizagem ocorra. Esse conhecimento prévio deve receber novos 
conteúdos para poder ser modificado e os alunos apreenderem outros 
significados àqueles preexistentes. Desta forma, a teoria de Ausubel 
remete a um processo pelo qual uma nova informação é acoplada a uma 
estrutura cognitiva particular e específica, prévia, a qual denominou de 
subsunçor.
 Para este psicólogo, a aprendizagem significativa é elemento 
essencial ao processo de aquisição do conhecimento do aluno, 
fundamental parao papel do professor e a função social da escola.David Ausubel
(1928 - 2008)
As diferentes formas de pensar a educação no mundo circulam no 
Brasil, estabelecendo métodos, teorias, perspectivas educacionais, e foram 
ressignificadas por pensadores da Educação no país. Assim, o próximo item 
apresenta alguns nomes da educação brasileira no contexto do século XX. 
Vamos estudá-los?
2.6 PENSADORES DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
No cenário da Educação Brasileira destacaram-se os seguintes pensadores: 
• Anísio Teixeira – idealizador das mudanças no contexto educacional 
brasileiro no século XX. Pioneiro na implantação da escola pública e gratuita 
para todos os níveis da escolarização. Defendia a experiência do aluno como 
base da aprendizagem. O pensamento de Anísio Teixeira aproxima-se do 
pensamento pragmático de John Dewey, onde os elementos centrais eram o 
ensino ativo, o uso da psicologia na educação e a renovação metodológica. 
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
Defendeu a escola única, aberta a todos, sem qualquer espécie de distinção. 
Na concepção de Teixeira, a escola deveria servir como instrumento para 
a reconstrução social. 
• Lourenço Filho – conhecido por sua ativa participação no movimento 
dos pioneiros da Educação Nova na década de 30 do século XX. Para ele, 
o papel da escola era o de adaptar os futuros cidadãos às necessidades da 
sociedade. A educação deveria integrar e preparar a criança para a vida real.
• Fernando de Azevedo – Na década de 30 do século XX, este educador ficou 
conhecido como um dos defensores da Escola Nova. Sua proposta estava 
fundamentada na questão de que o indivíduo deveria se adaptar ao grupo 
social a que pertence e que caberia ao ensino fornecer a base para tornar 
possível a coesão social.
• Florestan Fernandes – Nos anos 50, este sociólogo discutiu aspectos da 
realidade brasileira que ampliaram as possibilidades de compreensão dos 
impasses da educação pública no Brasil. Acreditava que a educação e a 
ciência tinham, potencialmente, uma grande capacidade transformadora. 
Por isso, deveriam ser instrumentos de elevação cultural e desenvolvimento 
social das camadas mais pobres da população.
• Paulo Freire – Na década de 60 do século XX, este educador ficou conhecido 
pelas propostas de alfabetização de adultos. Para ele, o objetivo da educação 
era o de conscientizar o aluno da sua realidade social, política e cultural. A 
compreensão do contexto vivido levaria o educando a entender sua situação 
de oprimido, auxiliando-o a agir em favor da própria libertação. Sua principal 
crítica à educação refere-se à educação bancária, em que o professor age 
como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo e dócil. 
Para Freire, esse formato de escola acomoda o aluno.
3 TEORIAS DA APRENDIZAGEM
As diferentes compreensões acerca da função da educação, ao longo da 
História, buscaram e buscam respostas a duas questões inerentes ao processo 
da aprendizagem dos seres humanos, são elas: como o ser humano aprende? 
E como criar as melhores condições possíveis para que o aprendizado ocorra 
na escola? (SANTOMAURO, 2011). Para isso vamos percorrer, neste tópico, 
três concepções sobre a aprendizagem: Inatismo, Comportamentalismo e 
Cognitivismo. Vamos iniciar conceituando Teoria de Aprendizagem e em 
seguida abordaremos as concepções citadas. Vamos em frente?
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
FIGURA 26 – COMO A APRENDIZAGEM OCORRE
Denominam-se Teorias da 
Aprendizagem, em Psicologia e em 
Educação, as diferentes concepções 
sobre a aquisição dos conhecimentos, 
isto é, os diversos modelos que visam 
explicar o processo pelo qual os 
indivíduos aprendem.
FONTE: Diponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/gestaoescolar/orientador-
educacional/como-evitar-alunos-rotulados-483497.shtml>Acesso em 21/04/2011.
Vamos estudar as teorias que infuenciaram e influenciam o fazer 
pedagógico em sala de aula? A primeira teoria abordada será o inatismo.
3.1 INATISMO
Desde a Antiguidade identificam-se movimentos e estudos que buscaram 
explicar como o indivíduo aprende. Na Grécia Antiga, os primeiros filósofos 
buscaram formas de entender o mundo baseadas na racionalidade, formas e 
explicações que se distanciassem do mito, da influência das explicações que 
envolviam o sobrenatural. Uma das inquietações desses filósofos consistia 
em saber se as pessoas possuem saberes congênitos ou se é possível ensinar 
algo ou alguma coisa a alguém. Desta forma, caracteriza-se o nascimento 
do pensamento racional e também da concepção inatista da aprendizagem.
Esta concepção sustenta que as pessoas naturalmente carregam certas 
aptidões, habilidades, conhecimentos, conceitos, desenvolvimento de valores, 
modos de compreender a realidade, entre outros aspectos, em sua bagagem 
hereditária (SANTOMAURO, 2011). Ou seja, a perspectiva inatista considera 
que o sujeito nasce com o conhecimento praticamente pronto. E o que não 
está pronto desenvolve-se com o tempo, desabrochando ou amadurecendo, 
como ocorre com as plantas, em cuja semente está a previsão de todas as 
características a serem desenvolvidas posteriormente.
O inatismo motivou um tipo de ensino em que o professor deve interferir 
o mínimo possível, apenas trazendo o saber à consciência e organizando-o. 
Sua função centra-se em respeitar as qualidades, interesses ou capacidades 
individuais apresentados pelas crianças espontaneamente. Em linhas gerais, 
o estudante aprende por si mesmo. (SANTOMAURO, 2011).
 CURSO LIVRE - TÓPICOS EM EDUCAÇÃO I - DA DIDÁTICA À AVALIAÇÃO
A aprendizagem, de acordo com esta concepção, decorre da maturação 
e do desenvolvimento das capacidades congênitas do indivíduo, e não da 
intervenção docente no processo de ensino. Essa concepção tem fundamentado 
pedagogias espontaneístas que subestimam a capacidade intelectual do 
indivíduo, na medida em que o sucesso ou o fracasso é atribuído, única e 
exclusivamente, ao aluno. Isto é, a dificuldade de aprender é relacionada à 
imaturidade ou à falta de prontidão para a aprendizagem.
Na perspectiva inatista, o papel das interações sociais no desenvolvimento 
humano, fora e dentro do contexto escolar, é desconsiderado. 
No Brasil, os pressupostos que fundamentam essa concepção se revelam 
nas práticas pedagógicas de influência escolanovista, que circularam no 
contexto educacional a partir dos anos 30, do século XX. Estas práticas tendem 
a subordinar a aprendizagem ao ritmo individual e à maturação da criança. Na 
escola, em função de suas características individuais, as crianças passavam a 
ser enquadradas em classes distintas e a organização do currículo (conteúdos 
a serem ensinados) passou a ser de acordo com essas diferenças, entendidas 
como naturais e imutáveis.
A concepção inatista pode ser observada em ações, hábitos, costumes 
e maneiras de pensar. Destaca-se que o precursor do inatismo foi o filósofo 
grego Platão.
3.2 COMPORTAMENTALISMO: O ESTÍMULO DO MEIO
A concepção comportamentalista fundamenta-se na ideia de que a 
aprendizagem é entendida como um processo pelo qual o comportamento do 
indivíduo é modificado pelos estímulos recebidos do meio em que está inserido 
(ambiente externo). Nesse sentido, ele passa a produzir respostas, ou seja, a se 
comportar, de acordo com os incentivos que recebe, que podem ser planejados 
com o objetivo de reforçar o comportamento adequado para cada situação .
 
Nesta concepção, o que ocorre na mente, durante o processo de 
aprendizagem, não é levado em consideração. A associação é feita diretamente 
entre estímulos e respostas. Nenhuma outra variável é incluída.
FIGURA 27 – APRENDER É UMA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
FONTE: Disponível em: <http://www.uniriotec.br/~pimentel/disciplinas/
ie2/infoeduc/aprcomportamentalismo.html>. Acesso em: 21 abr. 2011.
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A concepção comportamentalista está muito ligada à teoria behaviorista 
(teoria ambientalista), onde a organizaçãodas condições externas determina 
o comportamento dos indivíduos.
Nas práticas pedagógicas comportamentalistas, o destaque é dado ao 
planejamento e à organização das condições oferecidas à aprendizagem. A 
função do professor é organizar a sequência do ensino, programando-o de 
forma a atender aos objetivos que deseja alcançar em termos de respostas 
dos alunos. O objetivo das situações de aprendizagem é fazer com que os 
alunos reproduzam respostas consideradas corretas a partir das questões 
organizadas pelo professor. 
São representantes da concepção comportamentalista: John Broadus 
Watson, Ivan Petrovich Pavlov e Burrhus Frederic Skinner.
3.3 COGNITIVISMO
O termo é originário do latim cognitione, que pode ser traduzido por 
conhecimento.
Os cognitivistas procuram estudar como o indivíduo constrói suas 
estruturas cognitivas para a aquisição do conhecimento e quais os processos 
de pensamento presentes no homem desde sua infância até a idade adulta. 
Na concepção cognitivista, o papel do ensino é ampliar o número de 
conhecimentos do indivíduo. A aprendizagem é vista como um processo ativo 
do aprendiz. O aprendiz é visto como o sujeito que reúne, seleciona, processa 
e armazena a informação por meio de seus próprios processos mentais. 
Ao contrário da concepção comportamentalista, no cognitivismo os 
estímulos não influenciam mecanicamente o indivíduo e sua aprendizagem. 
Ela ocorre pela ação do sujeito sobre o meio, e não pela influência do meio 
sobre o sujeito. A interação do indivíduo é fundamental para o processo de 
cognição.
Assim, aprender é compreender e resulta da capacidade humana de 
adquirir, transformar e avaliar informações. A aprendizagem, nesta concepção, 
é descrita como um processo em que as novas informações são relacionadas 
com as já existentes, causando a sua ressignificação.
 O principal objetivo da escola, nesse contexto, é o desenvolvimento 
intelectual do aluno, proporcionando-lhe conhecimentos significativos e 
relevantes.
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Entre os cognitivistas destacam-se: Jean Piaget e Lev Vygotsky. Vamos 
compreender, prezado(a) acadêmico(a), as propostas destes dois teóricos.
3.3.1 Jean Piaget
O biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), na década de 30 do século 
XX, influenciou significativamente o campo educacional. É considerado o 
precursor da revolução cognitiva contemporânea. Os estudos de Piaget 
preconizavam a especificidade da infância e consideravam a criança um ser 
em desenvolvimento.
 Segundo Ferrari (2011c), das pesquisas acerca das concepções 
infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget 
criou um campo de investigações que chamou de epistemologia genética. 
Este campo de estudo está centrado no desenvolvimento natural da criança, 
que obedece, segundo Piaget, a estágios hierárquicos, que decorrem do 
nascimento até por volta dos 16 anos (faixa etária em que ocorre a consolidação 
dos esquemas de ação). 
Partindo da observação e da análise dos dois primeiros anos de vida da 
criança, Piaget considera que a inteligência se desenvolve desde o nascimento 
– e não com o surgimento da fala, como era comum pensar até o início do 
século 20 (FERRARI, 2011c). No livro A Epistemologia Genética, publicado em 
1970, o pensador divide o processo do desenvolvimento da capacidade de 
conhecer em quatro períodos: 
• Estágio sensório-motor (do nascimento aos 2 anos de idade em média) - 
a criança desenvolve um conjunto de "esquemas de ação" sobre o objeto, 
que lhe permitem construir um conhecimento físico da realidade. Mamar, 
sugar, puxar e prender são esquemas comuns no desenvolvimento da 
inteligência sensório-motora. 
• Estágio pré-operatório (aproximadamente de 3 a 7 anos) - a criança inicia 
a construção da relação de causa e efeito, bem como das simbolizações. 
É a chamada idade dos porquês e do faz-de-conta. Imitar, representar e 
classificar é típico da inteligência pré-operatória (Idem).
• Estágio operatório-concreto (dos 8 a 11 anos) - a criança começa a 
construir conceitos através de estruturas lógicas, consolida a observação de 
quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento, apesar de 
lógico, ainda está centrado nos conceitos do mundo físico, onde abstrações 
lógico-matemáticas são incipientes. As características deste estágio são: 
ordenar, relacionar e abstrair. (FERRARI, 2011c).
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• Estágio operatório-formal (a partir dos 12 anos) – Essa fase marca a entrada 
na idade adulta, em termos cognitivos. O indivíduo passa a ter o domínio do 
pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental. 
Isso implica, entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar 
sobre hipóteses. (FERRARI, 2011c).
Conforme a teoria piagetiana, é com base nesses esquemas que o ser 
humano constrói as estruturas mentais que possibilitam o aprendizado. No 
entanto, destaca-se que a ordem destes estágios é considerada invariável e 
inevitável a todos os indivíduos, embora os intervalos de tempo de cada um 
deles não sejam fixos, podendo variar em função do indivíduo, do ambiente 
e da cultura.
FIGURA 28 – AS PESQUISAS DE PIAGET (NA FOTO EM UMA ESCOLA NOS ANOS 1970) 
DERAM RELEVO À PRIMEIRA INFÂNCIA.
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/
esquemas-acao-piaget-sujeito-epistemico-jean-617999.shtml>. Acesso em: 21 abr. 2011.
Caro(a) acadêmico(a)! Ao ressignificar os 
estágios de desenvolvimento apresentados por Jean 
Piaget, considera-se que, inicialmente, a aprendizagem 
se dá com a experiência empírica, concreta. No 
decorrer do desenvolvimento, a criança caminha em 
direção ao pensamento formal e abstrato, ou seja, à 
medida que o indivíduo cresce, a sua interação com o 
mundo vai se tornando mais complexa.
Na perspectiva piagetiana, o conhecimento é construído através da 
interação do sujeito com seu meio, a partir de estruturas sociais existentes. 
Para que ocorra a construção de um novo conhecimento, é necessário que 
se estabeleça um desequilíbrio nas estruturas mentais, isto é, os conceitos 
já assimilados precisam passar por um processo de desorganização para 
que possam, a partir do contato com novos conceitos, se reorganizarem 
novamente, estabelecendo um novo conhecimento. Este processo é 
denominado de equilibração das estruturas mentais, isto é, a transformação 
de um conhecimento prévio em um novo conhecimento.
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3.3.2 Lev Vygotsky
FIGURA 29 – LEV VYGOTSKY
FONTE: Disponível em: <http://turmakpedagogia.blogspot.
com/p/vygotsky.html>. Acesso em: 22 maio 2011.
Contemporâneo a Piaget, o psicólogo bielo-russo Lev 
Semenovich Vygotsky (1896-1934) também foi um estudioso 
do desenvolvimento, nos anos de 1920 e 1930, dedicando-
se ao tema da evolução da capacidade de aquisição do 
conhecimento pelo ser humano. No entanto, diferente de 
Piaget, que atribuía a importância aos processos internos 
do indivíduo, Vygotsky enfatizou preponderantemente 
às relações sociais nesse processo. A teoria pedagógica 
que se originou de seu pensamento é chamada de 
socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.
Para Vygotsky (1999), o aprendizado decorre da compreensão do homem 
como um ser que se constrói no contato com a sociedade, na relação dialética 
entre o sujeito e a sociedade em que está inserido. Nessa dinâmica, o homem 
modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. A aprendizagem 
se dá a partir da interação que cada pessoa estabelece com determinado 
ambiente. Segundo o autor, é impossível estabelecer etapas cognitivas que 
sejam válidas para todas as sociedades. Assim, variando o ambiente social, o 
desenvolvimento da criança também sofrerá variação. 
De acordo com a perspectiva vygotskiana na educação escolar, o 
aprendizado é mediado pelo docente. Isso significa que o primeiro contato 
da criança com novas atividades e informações deve ter a participaçãode 
um adulto. Nesse contexto, o papel do professor é o de observar e investigar 
os conhecimentos que o aluno traz à escola e estruturar uma intervenção 
que reorganize estes conhecimentos, elevando-os a outro estágio cognitivo.
Para compreender essa relação, Vygotsky (1999) apresenta o conceito 
de Zona de Desenvolvimento Proximal , que seria a distância entre o 
desenvolvimento real da criança e o potencial desta em aprender. O potencial 
é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência a partir 
da mediação de um adulto. Em linhas gerais, a zona de desenvolvimento 
proximal é o caminho entre o que a criança já sabe e aquilo que ela tem a 
potencialidade de aprender.
Atenção: A Zona de Desenvolvimento Real compreende as funções 
psíquicas já dominadas pelo sujeito, ou seja, nesta zona estão as 
habilidades já dominadas pelo sujeito. Para os adeptos da teoria pela qual 
o desenvolvimento precede a aprendizagem é na zona de desenvolvimento 
real o lugar onde o professor e o sistema de ensino devem atuar.
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A ênfase da teoria vygotskiana está no aprendizado. Neste aspecto, a 
intervenção docente deve provocar avanços que levem a criança a atingir 
níveis de compreensão e habilidades que ainda não domina completamente. 
As informações devem ampliar as estruturas cognitivas da criança.
4 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR 
BRASILEIRA
Ao longo da história da educação, diferentes tendências pedagógicas 
vêm sendo construídas, considerando o contexto histórico das sociedades que 
as produzem. Estas tendências são permeadas por diferentes concepções de 
homem, mundo e sociedade, e consequentemente, diferentes pressupostos 
sobre o papel da escola e da aprendizagem.
Vamos identificar, caro(a) acadêmico(a), estas tendências no contexto 
da educação escolar:
De acordo com Libâneo (1990a), as tendências pedagógicas organizam-
se em dois grupos: liberais e progressistas . No primeiro, estão incluídas 
as tendências tradicional, renovada progressivista, renovada não diretiva e 
tecnicista. No segundo, encontram-se as tendências libertadora, libertária e 
crítico-social dos conteúdos.
Vamos conhecer as diferentes concepções que perpassam esses períodos 
do pensamento pedagógico brasileiro, refletindo sobre suas características 
mais gerais. Iniciamos com as Tendências Liberais.
4.1TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS 
 Esta tendência teve início no século XIX, sendo influenciada pelo ideário 
de “igualdade, liberdade e fraternidade” difundido pela Revolução Francesa. De 
acordo com Libâneo (1990b), esta tendência sustenta a ideia de que a escola 
tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, 
de acordo com as aptidões individuais. Isso pressupunha que o indivíduo 
precisava adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade de classe, 
através do desenvolvimento da cultura individual. Devido à ênfase no aspecto 
cultural, as diferenças entre as classes sociais não eram consideradas, pois, 
embora a escola passasse a transmitir a ideia de igualdade de oportunidades, 
não levava em conta a desigualdade de condições. 
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Os saberes legitimados (conteúdos de ensino) eram considerados mais 
importantes que a experiência do sujeito e o processo pelo qual ele aprende. 
Nesse aspecto, a educação foi instrumento de poder entre dominador e 
dominado.
4.1.1 Tendência Liberal Tradicional 
Caracterizada pelo ensino humanístico, esta tendência perpassa o 
ensino a partir do final do século XVIII, permanecendo até o final do século 
XIX. De acordo com esta tendência, é tarefa do educador fazer com que 
o educando atinja a realização pessoal através de seu próprio esforço. As 
diferenças de classe social não são consideradas e a prática escolar não tem 
nenhuma associação com a vivência do aluno. A transmissão é feita a partir 
dos conteúdos acumulados historicamente pelo homem, num processo 
cumulativo, sem reconstrução ou questionamento. Seu método enfatiza a 
transmissão de conteúdos e a assimilação passiva sem que seja necessário 
acionar as habilidades mentais do educando além da memorização. Nessa 
tendência, a criança é vista como um adulto em miniatura, mas menos 
desenvolvida. Desse modo, as características próprias de cada idade não são 
levadas em consideração.
4.1.2 Tendência Liberal Renovada Progressivista 
Esta tendência se refere aos processos internos do desenvolvimento do 
indivíduo. O papel da educação é o de atender as diferenças individuais, as 
necessidades e interesses dos sujeitos, enfatizando os processos mentais e 
habilidades cognitivas necessárias à adaptação do homem ao meio social. 
Na escola renovada progressivista defende-se a ideia de “aprender fazendo”, 
valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo 
do meio natural e social. Os interesses do aluno são levados em consideração. 
O educando é, portanto, o centro e sujeito do conhecimento.
As ideias disseminadas por esta tendência circularam no contexto 
educacional brasileiro nos anos 30 do século XX e tem como principal defensor 
o educador Anísio Teixeira.
 
4.1.3 Tendência Liberal Renovada Não Diretiva 
 É contemporânea à Tendência Liberal Renovada Progressivista, esta 
tendência configura-se como o mais forte movimento renovador da 
educação brasileira, que sofreu influências de teóricos como Carl Rogers e 
John Dewey. Esta tendência se volta para os objetivos de desenvolvimento 
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pessoal e relações interpessoais. O método de ensino é ativo e privilegia os 
estudos independentes e os estudos em grupo, selecionando uma situação 
vivida pelo educando que seja desafiante e que careça de uma solução para 
um problema prático. 
O papel da escola acentua-se na formação de atitudes. Os esforços 
devem visar à mudança dentro do indivíduo, e para isso, deve-se estar 
mais preocupado com os aspectos psicológicos do que com os aspectos 
pedagógicos ou sociais.
O aprender é associado ao modificar as percepções do indivíduo. 
Apenas se aprende o que estiver significativamente relacionado com essas 
percepções. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor 
apenas um facilitador. 
4.1.4 Tendência Liberal Tecnicista 
O objetivo principal desta tendência era produzir indivíduos preparados 
para o mercado de trabalho. A Reforma do Ensino (Lei n. 5.692/71) conduzida 
pelo regime militar implantou no país a escola tecnicista. 
Este modelo de escola sofreu influência da teoria behaviorista, corrente 
comportamentalista organizada por Skinner na abordagem sistêmica de 
ensino. O ensino organizou-se a partir das verdades absolutas, produzidas pela 
ciência, pela neutralidade científica e pela transposição dos acontecimentos 
naturais à sociedade. O método de ensino era o da transmissão e recepção de 
informações, em que o educando era submetido a um processo de controle 
do comportamento, a fim de que os objetivos operacionais previamente 
estabelecidos possam ser atingidos. 
 
4.2 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS 
A circulação das ideias difundidas por estas tendências está associada à 
análise crítica das realidades sociais, sustentando, implicitamente, as finalidades 
sociais e políticas da educação. Libâneo (1990b) designa três tendências à 
Pedagogia Progressista:
4.2.1 Tendência Progressista Libertadora 
A escola libertadora, também conhecida como a pedagogia de Paulo 
Freire, teve seu início nos anos 60, vincula a educação à luta e organização 
de classe do oprimido. Esta tendência rebela-se contra toda forma de 
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autoritarismo e dominação, defende a conscientização como processo a ser 
conquistado pelo homem, através da percepção e da problematização de sua 
própria realidade. Assim, para Paulo Freire, no contexto da luta de classes, 
o saber mais importante para o oprimidoé a descoberta da sua situação de 
oprimido, a condição para se libertar da exploração política e econômica, 
através da elaboração da consciência crítica relacionada à sua organização 
de classe. Por isso, a pedagogia libertadora ultrapassa os limites da pedagogia, 
situando-se também no campo da economia, da política e das ciências sociais. 
Esta tendência tem caráter revolucionário, preconiza a transformação da 
sociedade e acredita que a educação, por si só, não faria tal revolução, ainda 
que fosse uma ferramenta fundamental nesse processo.
4.2.2 Tendência Progressista Libertária 
Os pressupostos desta tendência estão associados ao início dos anos 80, 
com o processo de redemocratização do país, com a liberdade de expressão 
nos meios acadêmicos, políticos e culturais. As propostas da escola libertária 
fundamentam-se nos interesses por escolas democráticas e inclusivas e na 
ideia de um projeto político pedagógico que atenda aos interesses locais e 
regionais, primando por uma educação de qualidade para todos. Esta escola 
parte da premissa de que somente o vivido pelo educando é incorporado e 
utilizado em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância 
se for possível seu uso prático. 
A ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negação de toda forma 
de repressão, visam favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres. A 
escola libertária recebeu influência do pensamento de Celestin Freinet e suas 
perspectivas de ensino. 
4.2.3 Tendência Progressista Crítico-Social dos Conteúdos 
As ideias difundidas por esta tendência circularam no contexto escolar 
brasileiro a partir da década de 80 e diferem das duas progressistas anteriores 
pela ênfase que dá aos conteúdos, confrontando-os com a realidade social. 
A tarefa principal desta tendência centra-se na difusão dos conteúdos, que 
não são abstratos, mas concretos, portanto, não devem ser dissociados da 
realidade social. 
A escola deve apresentar-se como instrumento de apropriação do saber e 
agente transformador do contexto social. Desta forma, a escola deve preparar 
o aluno para o mundo em que vive, tornando-o um crítico e consciente de 
seu papel enquanto sujeito que circula, age e transforma esta sociedade.
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Nesta tendência, todos devem ter acesso aos mesmos conteúdos, sem 
discriminação por classe social. Referente aos métodos de ensino difundidos, 
não se trata da forma tradicional de transmitir, repassar conhecimentos, nem 
da livre expressão de opiniões, mas de uma relação entre aquilo que é vivido 
pelo aluno e os conteúdos organizados pelo professor. Nesse aspecto, o 
educando é o sujeito histórico, apto a transformar a sociedade e a si próprio. 
Caro(a) acadêmico(a)! Vale lembrar que no final dos anos 80, as ideias 
de Piaget, Vygotsky, Wallon, entre outros, circulam nos contextos 
educacionais brasileiros. Destaca-se que estes teóricos defendem uma 
linha interacionista, porque concebem o conhecimento como resultado da 
ação que se passa entre o sujeito e o objeto. Desta forma, o conhecimento 
não está no sujeito, como afirmavam os inatistas, nem no objeto, como 
defendiam os empiristas, mas no resultado da interação entre ambos. Após 
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), estas 
ideias são revalorizadas e passam a incorporar as ações educacionais.
5 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
FIGURA 30 – AVALIAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/
coletaneas/calvin-seus-amigos-428892.shtml>. Acesso em: 24 abr. 2011.
Caro(a) acadêmico(a)! Como você avalia a resposta apresentada pelo 
personagem do quadrinho?
Enquanto você reflete sobre essa questão, vamos discutir alguns pontos 
sobre a avaliação no contexto escolar.
• O que é avaliar? 
• Qual o sentido da avaliação? 
• A aval iação deve ser um indicativo para contribuir na melhoria da 
aprendizagem?
 
As questões acima dizem respeito aos questionamentos acerca da 
avaliação. Este ato está presente em todas as extensões da atividade humana. 
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O julgar, o comparar, ou seja, o avaliar fazem parte do cotidiano, seja através 
das análises informais, que orientam as frequentes opções do dia a dia ou, 
formalmente, por meio da reflexão organizada e sistemática que define a 
tomada de decisões, como no contexto da escola, por exemplo, onde se 
realiza a partir de objetivos implícitos ou explícitos, que, por sua vez, refletem 
valores e normas sociais.
No universo escolar, a avaliação não acontece isolada do trabalho 
pedagógico, ela o inicia, perpassa-o e o conclui. No entanto, em qualquer 
nível de escolarização que ela ocorra, não existe e não opera por si mesma. 
A avaliação está sempre a serviço de um conceito, de um projeto, de um 
objetivo ou de uma determinada concepção que fundamenta a proposta de 
ensino.
A avaliação escolar encontra-se hoje em um processo de transição, 
no qual coexistem velhas e novas concepções pedagógicas de avaliação da 
aprendizagem: modelos classificadores/reprovadores ao lado de modelos 
mediadores/diagnósticos.
Atualmente, a avaliação da aprendizagem tem sido proposta com base 
em diferentes referenciais (competências, capacidades, conhecimentos, 
habilidades, atitudes), apresentando-se em um mosaico de novos conceitos 
e finalidades, às vezes, confuso e pouco claro aos envolvidos no processo 
educacional.
Apesar das discussões acerca da avaliação buscarem uma nova forma de 
mensurar o conhecimento ressignificado pelo aluno, no cotidiano da maioria 
das escolas, a avaliação ainda é refém de uma concepção psicométrica da 
inteligência, ou seja, a avaliação é entendida como a medida da diferença entre 
o que o aluno produz e o que o professor ensinou durante um determinado 
período. Nessa perspectiva, continuam a predominar práticas de avaliação 
que, no essencial, visam à classificação e à certificação.
Em oposição a esse cotidiano, as teorias recentes com relação às 
aprendizagens entendem a avaliação como um processo formativo e 
diagnóstico, diretamente comprometido com a noção de aprendizagem. Nesse 
caso, o foco não está somente na verificação do que o professor ensina, mas 
na análise do que e por quais caminhos o aluno aprende. O objetivo não é 
selecionar os aptos e reprovar os que não aprendem. Trata-se de construir 
os caminhos para que cada um dos educandos possa aprender por caminhos 
distintos, sendo a avaliação um momento de levantamento de dados para 
reconstruir os percursos da aprendizagem. Existe, nessa perspectiva, o desejo 
democrático de incluir todos, respeitando as diferenças.
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/96) 
determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos 
qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos. Isso significa, em outros 
termos, que os saberes não devem ser compartimentados e nem fragmentados 
segundo o período em que são trabalhados (bimestres, semestres, anuais). 
Significa, ainda, que os instrumentos e as formas de avaliação priorizem uma 
visão global nas matérias estudadas, levando o aluno a utilizar as competências 
que foi adquirindo nos diferentes momentos do seu processo de escolarização 
(outros níveis, séries, entre outros), e que as questões ou situações-problemas 
sejam abrangentes, interligando os saberes estudados.
Entre os objetivos do processo de avaliação, destacamos a orientação 
em detectar problemas, servir como diagnóstico da realidade em função da 
qualidade que se almeja, não sendo definitiva nem rotuladora, não visando 
estagnar, e sim o superar das deficiências na aprendizagem. Para Luckesi (1998), 
o ato de avaliar, por ser diagnóstico, tem por objetivo subsidiar a permanente 
inclusão do educando no processo educativo. A avaliação, neste contexto, 
não exclui a partir de um padrão preestabelecido, mas sim diagnostica para

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