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Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos 1 Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos Cardiopatia isquêmicas Angina instável e IM sem elevação do segmento ST OBJETIVO → alívio de sintomas isquêmicos e evitar formação adicional de trombos. TRATAMENTO PADRÃO → AAS, heparina e beta-bloqueadores. PACIENTES DE ALTO RISCO (EVITAR TROMBOS ADICIONAIS) → antagonistas de GPIIb/IIIa, antagonistas de ADP, inibidores da trombina. CONTRAINDICAÇÃO → agentes trombolíticos (maior taxa de mortalidade) IM com elevação do segmento ST OBJETIVO → reperfusão imediata da artéria epicárdica ocluída: FARMACOLÓGICA → trombólise, com AAS, heparina, clopidogrel (mantém o vaso desobstruído) obs.: antagosnistas de GPIIb/IIIa + trombolíticos podem aumentar a mortalidade. MECÂNICA → derivação da artéria coronária, angioplastia (antagonista GPIIb/IIIa + clopidogrel - tratamento adjuvante) Coagulação Adesão e agregação plaquetárias A partir de uma lesão endotelial, além da vasoconstrição inicial, há ativação plaquetária (evento inicial → tampão plaquetário), via ligação ao colágeno e FvW do endotélio. As plaquetas ativadas sofrem modificações morfológicas e secretam grânulos (TxA2, liberada pela COX1, ativa GPIIb/IIIa; ADP atua nos receptores P2Y1/P2Y12, que estimulam COX1 e GPIIb/IIIa). O receptor GPIIb/IIIa se liga a fibrinogênio, que se liga a outra plaqueta, promovendo a agregação plaquetária. Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos 2 Fármacos atuam na inibição plaquetária e auxiliam na profilaxia e terapêutica da trombose arterial IAM, AVC. Coagulação sanguínea e anticoagulantes As plaquetas formam um tampão hemostático primário instável e necessita de fibrina para formar um tampão estável. Para que a fibrina seja formada, o fator tecidual, liberado pelo endotélio lesado, ativa o fator VII em VIIa, que ativa o X em Xa, o qual, ativado, atua na ativação do fator II (pro-trombina) em fator IIa (trombina). A trombina converte o fibrinogênio em fibrina, a qual forma o tampão estável. MECANISMOS ANTICOAGULANTES → antitrombina (inibe fatores da coagulação). Trombina (fator IIa) FUNÇÕES: Ativa fatores da coagulação Conversão de fibrinogênio em fibrina Ativação do fator XIII em XIIIa → estabiliza o polímero de fibrina Ativa células endoteliais e plaquetas Ativa processos regulatórios da hemostasia, como produção de PGI2, NO, t-PA Fibrinólise O t-PA (ativador de plasminogênio tecidual) converte o plasminogênio em plasmina, a qual degrada a fibrina, regulando a extensão do trombo. INIBIDORES DA FIBRINÓLISE → IAP1 e IAP2 (t-PA e alfa2AP (plasmina). Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos 3 Doença tromboembólica - formação do trombo Anticoagulantes parenterais - heparina Polímero de ácido-D-glicurônico e N-acetil-D-glicosamisa → glicosaminoglicano (grânulos dos mastócitos) com atividade anticoagulante. Extraída da mucosa intestinal suína. ATIVIDADE BIOLÓGICA → 150 U USP/mg Heparina e seus derivados HEPARINA NÃO FRACIONADA → alvo Xa e IIa; HBPM (heparina de baixo peso molecular) → dalteparina, enoxaparina, tinzaparina; fragmentos de heparina de origem animal; alvo Xa e IIa; FONDAPARINUX → análogo sintético da heparina; pentassacarídeo; alvo Xa. Heparina forma um complexo com a antitrombina, promovendo uma mudança conformacional da antitrombina, a qual consegue ter uma interação mais rápida com os fatores da coagulação. Logo, há um aumento da velocidade da reação antitrombina + fatores da coagulação (principalmente, Xa e IIa) BLOQUEIO DA CASCATA DE COAGULAÇÃO → inibição da formação da rede de fibrina estável. Mecanismo de ação da heparina Heparina não fracionada Heparina não fracionada se liga à antitrombina, por conta da afinidade da sequência de pentassacarídeo da heparina pela antitrombina. Em seguida, há ligação da antitrombina com a trombina (fator IIa) ou fator Xa, que são inativados. Nesse processo, a heparina aumenta a velocidade de tal Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos 4 ligação (no caso da trombina, via mudança conformacional). Com isso, há inibição do fator IIa e Xa. HBPM HBPM tem conservado a sequência de pentassacarídeo, o qual tem afinidade pela antitrombina. No entanto, a HBPM não inibe de forma relevante a trombina, pois, por ser fracionada, não consegue ter a mudança conformacional necessária. Assim, é mais funcional na inibição do fator Xa. Fondaparinux Fondaparinux possui somente a sequência de pentassacarídeo, o qual tem afinidade pela antitrombina. Assim, só será eficaz à inibição do fator Xa, semelhantemente à HBPM. Usos clínicos Tratamento inicial da trombose venosa e embolia pulmonar → rápido início de ação → impedir a propagação da doença Tratamento inicial do IAM e angina instável → BPPM e fondaparinux possuem vantagens farmacocinéticas; associada a antiplaquetário nas SCA; Angioplastia → evitar trombose; não se utiliza fondaparinux por risco de trombose no cateter HEPARINA → infusão IV contínua → monitoramento da terapia com TTPa. Efeitos adversos Sangramento → administração de sulfato de protamina em casos de hemorragias potencialmente fatais; Reversão do efeito anticoagulante da heparina → ligação em moléculas longas da heparina. Reversão de partes da atividade das HBPM. Sem efeito sobre a atividade anticoagulante do fondaparinux. Trombocitopenia induzida por heparina → contagem plaquetária 150.000/ml (ou abaixo de 50% da contagem normal do paciente) → pode ocorrer com heparina, HBPM e fondaparinux → monitoramento através da contagem de Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos 5 plaquetas; Alterações nas provas de função hepática → elevações discretas da atividade das transaminases hepáticas; Rara ocorrência de osteoporose; Rara ocorrência de hiperpotassemia → heparina pode inibir a secreção de aldosterona. Trombocitopenia induzida por heparina IgG + heparina + PF4 = imunocomplexos que se ligam e destroem plaquetas. TIPO 1 → destruição plaquetária; TIPO 2 → destruição plaquetária e ativação plaquetária, podendo levando à trombose. Anticoagulantes orais - varfarina Alguns fatores da coagulação II, VII, IX e X e as proteínas C e S precisam ser carboxiladas, através da oxidação da vitamina K reduzida pela gama-glutamil carboxilase. A vitamina K oxidada é reduzida pela vitamina K epóxido redutase VKORC1, disponibilizando-a para o processo novamente. Antagonistas de vitamina K → bloqueio da enzima vitamina K epóxido redutase. Sem tal enzima, não há carboxilação dos fatores da coagulação e das proteínas C e S e, logo, não há coagulação. POLIFORMISMOS → variabilidade genética na resposta à varfarina; deve haver ajuste de dose. Variantes da VKORC1 (codifica a vitamina K epóxido redutase) → variabilidade na farmacodinâmica da varfarina; Variantes de CYP2C9 (principal enzima do metabolismo da varfarina) → variante na farmacocinética da varfarina. IDOSOS → maior sensibilidade à varfarina → doses mais baixas. Interações medicamentosas ALTERAM A FUNÇÃO DA VARFARINA: Alteração do metabolismo ou captação do anticoagulante ou da vitamina K; Alteração de qualquer fator envolvido na hemostasia ou fibrinólise; Integridade de qualquer superfície epitelial. REDUZEM OS EFEITOS DOS ANTICOAGULANTES ORAIS: Ligação à colestiramina no TGI → reduz a absorção da varfarina; Ingestão de alimentos ou suplementos de vitamina K → redução do bloqueio feito pela varfarina; Indução de CYP450 CYP2C9 → barbitúricos, carbamazepina, rifampicina. AUMENTAM OS EFEITOS DOS ANTICOAGULANTES ORAIS: Hidrato de cloral → deslocamento da albumina (liga-se à varfarina - mais varfarina livre e terapêutica); Esteroides anabolizantes → reduzem os fatores de coagulação; Antibióticos de amplo espectro → redução da flora intestinal e redução de vitamina K; Inibição de CYP450 CYP2C9 → amiodarona, clopidogrel, etanol, fluconazol, fluoxetina, metronidrazil,sulfametoxanol. Efeitos adversos Sangramento Defeitos congênitos → contra-indicação na gestação; provoca defeitos congênitos e aborto; Necrose cutânea → lesões cutâneas 310 dias após o início do tratamento (trombose disseminada na microvasculatura); Precipitação de síndromes de gangrena venosa dos membros e necrose cutânea multicêntrica em pacientes com trombocitopenia induzida pela heparina. Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos 6 Usos clínicos Impedir a progressão ou a recidiva de trombose venosa profunda e embolia pulmonar, após ciclo inicial de heparina, HBPM ou fondaparinux. Prevenção de AVE ou embolização sistêmica em pacientes com fibrilação atrial, valvas cardíacas mecânicas ou dispositivos de assistência ventricular. Monitoramento da terapia RNI (relação normalizada internacional) Coleta de amostra de sangue e determinação do TP (tempo de protrombina) → teste das vias extrínsecas e comum da coagulação. Redução dos níveis de fibrinogênio, fator V, II, VII e X → redução de TP. Conversão das medidas de TP Ideal = RNI 23 Efeitos adversos → sangramento Maior com o aumento da intensidade e duração da terapia. Monitoramento da terapia → a cada 24 semanas. Agentes antiplaquetários Locais de ação Mecanismos de ação distindos Associação → efeitos aditivos ou sinérgicos. Ácido acetilsalicílico AINEs → inibe a COX1, a qual forma TxA2 (vasoconstritor e promove a expressão dos receptores GPIIb/IIIa). Com a inibição da COX1, não há formação de TxA2, nem a expressão dos receptores GPIIb/IIIa, que atua na agregação plaquetária. Inibição de COX1 permanente 710 dias). Doses repetidas de AAP → efeitos cumulativos. Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos 7 Altas doses não possuem maior efeito → podem aumentar toxicidade e gerar sangramento. Efeito antitrombótico em doses mais baixas. Dipiridamol Aumento do AMPc, via degragação da enzima PD (fosfodiesterase), que degrada o AMPc → redução da agregação plaquetária. Vasodilatador. Inibe a captação da adenosina → aumenta o AMPc e reduz a agregação plaquetária. Associação com AAS → prevenção secundária de AVE. Ticlopidina Inibição do receptor P2Y12 (receptor de ADP → aumento do AMPc e redução da agregação plaquetária. Inibição permanente → efeito prolongado. USO CLÍNICO → prevenção de AVE; EFEITOS ADVERSOS → náuseas, diarreia, vômitos, discrasias sanguíneas. Clopidogrel Inibição do receptor P2Y12 (receptor de ADP → aumento do AMPc e redução da agregação plaquetária. Maior potência do que a ticlopidina. Melhor perfil de toxicidade do que a ticlopidina. Associação com AAS → ação sinérgica. Prasugrel Inibição do receptor P2Y12 (receptor de ADP → aumento do AMPc e redução da agregação plaquetária. Início de ação mais rápido do que a ticlopidina e clopidogrel. Inibição mais rápida e mais previsível do que a ticlopidina e clopidogrel. Inibidores da glicoproteína IIb/IIIa GP IIb/IIIa serve de receptor para fibrinogênio e FvW, o que promove a agregação plaquetária. ABCIXIMABE → anticorpo monoclonal com afinidade pelo GP IIb/IIIa, inibindo-o; uso clínico → tromboses coronarianas; efeito colateral → sangramento; EPTIFIBATIDA → peptídeo que bloqueia GP IIb/IIIa; uso clínico → tromboses coronarianas; efeito colateral → sangramento; TIROFIBANA → molécula que bloqueia GP IIb/IIIa; uso clínico → tromboses coronarianas; efeito colateral → sangramento; Fibrinolíticos t-PA e estreptoquinase aumentam a conversão de plasminogênio em plasmina, aumentando a degradação da fibrina. ALTEPLASE (t-PA recombinante) → trombólise coronariana; injeção IV 15mg - seguido de 0,75 mg/kg (máximo de 50mg) por 30 min → seguido de 0,5 mg/kg (máximo de 35mg) por 1h. EFEITO ADVERSO → hemorragia. Risco aumentado se associado com heparina. CONTRAINDICAÇÕES: Farmacologia dos anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos 8