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FUNDAMENTOS PARA O PLANEJAMENTO DIGITAL DE MARKETING ANAÍS SCHÜLER BERTONI (org.) ANYA SARTORI PIATNICKI RÉVILLION TIAGO RICCIARDI CORREA LOPES Editora Unisinos, 2017 Fundamentos para o planejamento digital de marketing SUMÁRIO Apresentação Capítulo 1 Marketing no contexto digital Capítulo 2 Da web 1.0 a web 3.0 Capítulo 3 Comportamento do consumidor na era digital Capítulo 4 Plataformas e tecnologias para o planejamento digital de marketing Capítulo 5 Estratégias para o planejamento digital de marketing Capítulo 6 Mensuração de resultados do planejamento digital Os autores Informações técnicas Fundamentos para o planejamento digital de marketing APRESENTAÇÃO Na atualidade, os smartphones e tablets já se tornaram tão comuns quanto o computador. As atividades mais simples como ler um livro, comprar um produto, pagar uma conta no banco, acessar e-mails e mensagens podem ser realizadas por meio de um desses dispositivos de forma fácil e rápida. O aprimoramento de tecnologias e plataformas digitais foram grandes responsáveis por todo esse desenvolvimento, proporcionando uma nova forma de interação das pessoas com produtos, marcas e empresas. Tais transformações culminaram em novos padrões de comunicação, seja entre pessoas, entre empresas e entre empresas e seus consumidores, que transformaram seus hábitos de consumo e buscam muito mais do que a satisfação de seus desejos e necessidades. Eles buscam, agora, experiências. Portanto, pode-se dizer que experiência é a palavra de ordem desse contexto digital que está cada vez mais difundido em nosso cotidiano. É ela que nos guiará quando buscamos informações sobre produtos, serviços e marcas. As empresas já perceberam todas essas alterações de comportamento do consumidor com a inserção das tecnologias e plataformas digitais em nossas vidas. Por essa razão, o livro da atividade acadêmica de Fundamentos do Marketing Digital tem como objetivo orientar os estudantes no desenvolvimento de estratégias digitais de marketing que podem ser contempladas dentro de um plano de marketing. Para conseguirmos entender os aspectos mais relevantes do tema o livro está organizado em seis capítulos. No primeiro, vou apresentar e conceituar tópicos básicos de marketing para que seja possível entendermos as principais mudanças ocorridas no cenário de marketing com o crescimento e difusão das plataformas e tecnologias digitais. No segundo capítulo, vou tratar sobre o desenvolvimento do contexto da web em suas diversas classificações conhecidas como web 1.0, web 2.0 e web 3.0. No terceiro capítulo, escrito pela professora Dra. Anya Révillion, serão apresentadas as principais alterações no comportamento do consumidor com o crescimento dos meios digitais. No quarto capítulo, escrito por mim e pelo professor Dr. Tiago Lopes, abordaremos as principais plataformas e tecnologias que podem ser utilizadas para atender as mais diversas estratégias digitais de marketing que, por sequência, são apresentadas no quinto capítulo. Por fim, o sexto capítulo tratará sobre os principais indicadores de performance, métricas e mensuração de resultados das estratégias digitais de marketing. Espero que todos façam uma boa leitura e que consigam aproveitar o material para utilizarem em seus trabalhos, não apenas acadêmicos, como profissionais. Bons estudos! Anaís Schüler Bertoni Fundamentos para o planejamento digital de marketing - Anaís Schüler Bertoni CAPÍTULO 1 Marketing no contexto digital – Este capítulo apresenta uma introdução ao estudo do Marketing, iniciando pela apresentação de seus conceitos e abordagens principais para o desenvolvimento de estratégias baseadas no composto mercadológico (produto, preço, praça e promoção). A seguir, veremos as mudanças tecnológicas que proporcionaram novos paradigmas de marketing, fazendo surgir novas plataformas e tecnologias digitais a serem utilizadas em estratégias mercadológicas, além de caracterizar e definir o que é o chamado marketing digital. 1.1 Entendendo os principais conceitos de marketing Você já parou para pensar o que é marketing? Algumas pessoas quando refletem sobre o tema o relacionam diretamente com propagandas e venda de produtos e serviços. Kotler e Armstrong (2007, p. 4) explicam que esse tipo de pensamento não deveria nos causar nenhuma estranheza, pois “todos os dias somos bombardeados com comerciais de televisão, campanhas de mala direta e de telemarketing e ofertas na Internet”. Porém, tanto a propaganda quanto a venda de produtos e serviços podem ser considerados apenas como “a ponta do iceberg do marketing”. Ou seja, não podemos considerar apenas o marketing do ponto de vista de “mostrar e vender”. Devemos pensá-lo de modo a satisfazer as necessidades dos clientes. A partir dessa perspectiva, Kotler e Armstrong (2007, p. 3) explicam que podemos definir marketing como a administração de relacionamentos lucrativos com o cliente. “Os dois principais objetivos do marketing são: atrair novos clientes, prometendo-lhes valor superior, e manter e cultivar os clientes atuais, proporcionando-lhes satisfação”. Observando essa definição podemos ver de forma muito clara que em toda e qualquer ação de marketing devemos levar em consideração o público-alvo que determinada marca, produto ou serviço deseja alcançar. Portanto, podemos dizer que é o consumidor a razão de existir e o conceito central que irá embasar quaisquer estratégias de marketing. Conforme Skacel (2005, p. 10), existem alguns elementos importantes para que se atinja o sucesso de um trabalho significativo de marketing. O primeiro está relacionado com o “produto orientado para as necessidades e desejos do consumidor”. O segundo, com a organização eficiente de marketing “para colocar o produto em contato com o consumidor”, e o terceiro é o plano de marketing, que deve identificar por meio de estratégias e responsabilidades a implementação de planos de ação que visem aos resultados almejados. Portanto, devemos considerar que se os hábitos desse consumidor mudam, as estratégias e ações de marketing também devem ser alteradas de modo que o consumidor possa ser atingido e seja possível, então, realizar a troca, considerada por Honorato (2004, p. 3) a essência do marketing. “Ao se identificarem desejos ou necessidades, busca-se satisfazê-los, comprando produto ou serviço de quem tem para vender, estabelecendo, assim, uma troca”. A troca, por sua vez, envolverá uma organização e seus clientes (ou empresas ou consumidores). O processo de troca é apresentado na Figura 1. Figura 1 – Processo de troca. Fonte: Adaptado de Honorato (2004, p. 4). Segundo Gabriel (2010, p. 29), a troca acontece quando ambas as partes (comprador e vendedor) atuam livremente, por vontade própria, e acham adequado fazê-la. “O marketing envolve transações em que, teoricamente, as partes envolvidas sempre saem ganhando”. Por isso, quanto mais o profissional de marketing entender seu público e seus hábitos, necessidades e desejos, maior será a probabilidade de saber o que oferecer a esse público. É importante ressaltar que a troca, necessariamente, não está relacionada apenas com operações financeiras, ela também envolve a satisfação do consumidor em relação ao que o produto representa para ele, de forma emocional. Nesse sentido, Honorato (2004, p. 4) comenta que quando se realiza uma “análise mercadológica, planejam-se, identificam-se e definem- se mercados-alvo, criando ofertas do composto mercadológico para atender necessidades não satisfeitas”. Ou seja, há o envolvimento com as funções básicas do marketing (apresentadas na Figura 2), “que são essenciais e não podem ser eliminadas, sob pena de impedir o desenvolvimento do processo de troca”. Figura 2 – Funções básicas do marketing. Fonte: Adaptado de Honorato (2004, p. 4). Portanto, para Honorato (2004, p. 4), a função de troca se relaciona diretamente com o conceito de valor. Isso quer dizer que para a troca ocorrer, “o vendedor precisa de um produto com atrativos, com diferenciais que corroborem as expectativasde valor do comprador”. Ou seja, os clientes necessitam de informações sobre determinado produto para que isso os leve ao processo de compra. “A função de distribuição física por meio do transporte e do armazenamento, é extensão da função de troca”, uma vez que produtos comprados para venda ou revenda necessitam ser transportados e armazenados. Logo, ainda para Honorato (2004, p. 4), a função de facilitação, “de maneira integrada, fechará o elo de funções para a criação de trocas satisfatórias”, sendo: (i) graduação, os produtos disponíveis para revenda que são classificados em categorias distintas de quantidade e qualidade “para melhor armazenamento e exposição”; (ii) financiamento, se relaciona com a “forma de a empresa pagar seus fornecedores, e de clientes pagarem a empresa, pelos produtos e serviços comprados”; (iii) tomada de risco, é quando a empresa assume todos os riscos “inerentes às funções de troca e distribuição física e até mesmo da canibalização da produção causada pela entrada de novos produtos no mercado”; e (iv) pesquisa de mercado, considerada de “extrema importância, em relação às demais funções, pois fornece as informações necessárias para a tomada de decisões de forma mais segura”. Necessidades e desejos Para Kotler e Armstrong (2007, p.4), “o conceito mais básico por trás do marketing é das necessidades humanas”, as quais podem ser: físicas básicas (alimentação, vestuário, abrigo e segurança); sociais e de afeto; individuais de conhecimento e expressão de suas próprias ideias e sentimentos. Todas elas são elementos básicos da condição humana. Os desejos, por sua vez, consistem na forma assumida pelas necessidades. São moldados pela cultura e pela personalidade individual. Como exemplo, pode-se pensar na necessidade de comer. Essa necessidade pode ser satisfeita por qualquer alimento. Porém, se temos vontade de comer arroz e feijão, é o desejo de escolha por esses alimentos que moldarão a satisfação dessa necessidade. Logo, “os desejos são compartilha¬dos por uma sociedade e são descritos em termos de objetos que satisfarão as necessidades”. Logo, podemos dizer, conforme Kotler e Armstrong (2007, p. 22), que as primeiras etapas do processo de marketing se concentram na criação de valor para o cliente. Para isso, a empresa necessita entender por completo seu mercado de atuação, além de administrar informações para que seja possível desenvolver estratégias de marketing orientadas para o cliente de modo a criar relacionamentos lucrativos com ele. Portanto, para que seja possível compreender como criar relacionamento com o cliente, precisamos, em um primeiro momento, entender quais fatores fazem parte do ambiente de marketing e quais elementos formam seu mix. A próxima seção vai lhe ajudar na compreensão desses conceitos. Porém, é importante lembrar que vale a pena aprofundar a leitura nas obras dos autores citados nas referências bibliográficas do texto. 1.2 Composição do ambiente de marketing Gabriel (2010, p. 33) enfatiza a importância de analisarmos o ambiente para o planejamento de toda e qualquer estratégia de marketing. Porém, antes de pensar em estratégias, devemos saber que este ambiente é composto pelo macroambiente e pelo microambiente. O microambiente é composto de forças próximas à organização, que afetam sua capacidade de atender seu público-alvo – ambiente interno da empresa (departamentos, produtos, pessoas etc.), fornecedores, intermediários de marketing, clientes, concorrentes e públicos. O macroambiente é composto de forças incontroláveis maiores que afetam o microambiente – forças demográficas, econômicas, naturais, tecnológicas, políticas e culturais (GABRIEL, 2010, p. 33-34). Devemos saber que a empresa possui o controle sobre seu ambiente interno. Isso significa que de algum modo, de acordo com os objetivos que devem ser atingidos, a empresa consegue dominar o microambiente. Agora, os fatores externos a ela, ou macroambientais, são incontroláveis, pois não dependem da empresa ou de seus departamentos para acontecerem. Gabriel (2010, p. 34) comenta que as organizações capazes de reagir ao macroambiente de forma mais rápida e coerente, normalmente obtêm uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. “Por isso, é necessário analisar cautelosamente o macroambiente e quais das suas forças podem afetar o negócio ou produto da organização”, pois assim é possível potencializar as oportunidades ou anular e combater as ameaças. As principais forças do macroambiente são apresentadas no Quadro 1. Quadro 1 – Forças macroambientais Fatores demográficos Estuda a população humana em termos de tamanho, densidade, localização, idade, sexo, raça, ocupação e outros dados estatísticos. É importante para o marketing para identificar o perfil do público consumidor. Consiste nos fatores que afetam o poder de compra Fatores econômicos e o padrão de gastos das pessoas. O nível de distribuição de renda é variável de país para país. Logo, esse ambiente é importante para determinar as tendências e os padrões de consumo dentro de um mercado. Fatores físico- naturais Envolve os recursos naturais que são utilizados como insumos pelos profissionais de marketing ou que são afetados pelas atividades de marketing. Uma das tendências atuais dentro desse ambiente está relacionada com a preocupação sobre o aquecimento global que continua a crescer, a geração de lixo, além da escassez de matérias- primas para a indústria. Fatores tecnológicos Se relaciona com o avanço da tecnologia e inovação que podem gerar novos produtos, novas soluções e quebras de paradigmas. Um exemplo são os avanços de tecnologia na indústria farmacêutica com novos medicamentos, na medicina com cirurgias realizadas por robôs, smartphones e, até mesmo, a Internet. Fatores políticos e legais Envolve desde as leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que influenciam ou limitam as organizações. Fatores socioculturais É composto por instituições e outras forças que afetam os valores, as percepções, as preferências e os comportamentos básicos da sociedade, moldando suas crenças e valores. Fonte: Baseado em Gabriel (2010) e Kotler e Armstrong (2007). A análise dos fatores macroambientais serão responsáveis por apontar dados fundamentais para a realização da análise SWOT, pois a partir deles (e dos dados internos, do microambiente) é possível enfrentar e reagir a ameaças, identificar oportunidades, perceber fraquezas e forças que a organização possui frente ao seu mercado de atuação. No entanto, ‘agir ou reagir’ ao ambiente significa ajustar variáveis controláveis de marketing, que pertencem ao ambiente interno da empresa, e as possíveis de controle no microambiente, de forma a anular ou minimizar ameaças e/ou aproveitar ou maximizar oportunidades. Para tanto, é necessário também analisar o ambiente interno da empresa (produto, instalações, departamentos, logística etc.), determinando suas forças e fraquezas para atuar no ambiente de marketing (GABRIEL, 2010, p. 37). Então, a análise das forças e fraquezas devem ser retiradas do microambiente da empresa enquanto as ameaças e oportunidades provêm do macroambiente. A análise desses fatores é apresentada na Matriz SWOT (do inglês, strengths, weakness, opportunities e threats). Gabriel (2010, p. 37) nos conta que ela é “o instrumento pelo qual a empresa realiza a avaliação das suas competências (forças e fraquezas) e análise de cenários (ameaças e oportunidades), de forma a orientar na escolha da melhor decisão estratégica”. Você pode estar se perguntando como montar a Matriz SWOT. Não se preocupe, a Figura 3 mostra como você pode fazer isso. Figura 3 – Matriz SWOT. Fonte: Baseado em Gabriel (2010) e Kotler e Armstrong (2007). O que a Matriz SWOT nos apresenta nada mais é que uma análise da situação atual da empresa. A compreensão das forças internas e externas (micro e macroambientais) nos levam a pensar sobre essa situação, de modo que seja possível pontuarmos nossos pontos fortes e fracos e como reagir frente às ameaças,além de aproveitar as possíveis oportunidades de modo que seja possível tomarmos a melhor decisão. A Matriz SWOT é uma ferramenta bastante popular entre os profissionais de marketing, pois é fácil de ser aplicada – pode ser elaborada em conjunto com outros departamentos da organização, promovendo debates –, além de ser usada para atender diversas finalidades, seja para a realização de uma tomada de decisão, para a resolução de um problema, para entender o mercado de atuação da empresa ou para levantar uma ideia sobre algo que deve ser alterado. Uma vez definidos todos os fatores que compõem a Matriz SWOT, o profissional de marketing deve passar as informações para a matriz de confrontação (Quadro 2) que, como o nome já diz e nos mostra Gabriel (2010, p. 39-40), “confronta as competências com a análise de cenários e indica as possibilidades estratégicas a serem desenvolvidas”, gerando estratégias ofensivas, que são focadas nas oportunidades que são aproveitadas pelos pontos fortes; estratégias de ajustes, geradas “quando os pontos fortes enfrentam ameaças”; estratégias defensivas, geradas quando “existem oportunidades que seus pontos fracos não permitem que sejam aproveitadas” e estratégias de sobrevivência, “quando as ameaças atingem seus pontos fracos”. Quadro 2 – Matriz de confrontação Oportunidades Ameaças Pontos fortes Estratégia OFENSIVA: Retiradas da comparação entre forças e oportunidades Estratégia de AJUSTES: Retiradas da comparação entre forças e ameaças. Pontos fracos Estratégia DEFENSIVA: Retiradas da comparação entre fraquezas e oportunidades. Estratégia para SOBREVIVER: Retiradas da comparação entre fraquezas e ameaças. Fonte: Baseado em Gabriel (2010). A compreensão do cenário do mercado de atuação da empresa/marca lhe ajudará muito na compreensão da situação atual e do que pode ser feito para melhorar determinada demanda que a empresa busca. Isso é importante porque geram informações que ajudam a organização na definição de seu posicionamento que, para Gabriel (2010, p. 40), é um termo que se popularizou na década de 1980, tendo suas origens da década de 1960. “É usado como uma ferramenta de comunicação para atingir a mente do público-alvo – e exatamente por isso é poderoso: o posicionamento acontece na mente das pessoas”. Logo para Kotler (apud Gabriel, 2010, p. 40), o posicionamento envolve “o ato de projetar a oferta da empresa, de forma que ela ocupe um lugar distinto e valorizado nas mentes dos consumidores/clientes-alvo”. Resumidamente, podemos defini-lo como a forma com que queremos que o consumidor pense a respeito da marca/produto de modo diferente (e superior) à concorrência. Ainda para Kotler (apud Gabriel, 2010, p. 40-41), para que seja possível desenvolver o posicionamento, a empresa deve considerar: 1. Definir o mercado no qual o produto/marca competirá e quem é o público-alvo; 2. Identificar os atributos que definem o produto; 3. Levantar informações sobre a percepção do público-alvo para cada atributo relevante do produto; 4. Determinar os principais concorrentes do produto (share-to- mind); 5. Montar um mapa para determinar a localização de cada produto concorrente, conforme a percepção dos atributos pelo público-alvo; 6. Determinar a localização no mapa que se refere à combinação de atributos do produto, preferida pelo público-alvo; 7. Analisar as possibilidades possíveis de posicionamento do seu produto, considerando a posição do seu produto no mapa de percepções e a posição preferida pelo público-alvo; 8. Posicionar seu produto. (KOTLER apud GABRIEL, 2010, p.40-41). Gabriel (2010, p. 41) explica que o posicionamento de alguns produtos são mais fácies de serem realizados quando comparados com outros. Por exemplo, “produtos com alta capacidade de diferenciação, como automóveis, [...] são mais fáceis de serem posicionados do que produtos altamente padronizados, com pouca possibilidade de diferenciação, como frango”. Podemos citar ainda posicionamento de marcas conhecidas, como a Volvo, que é posicionada como sinônimo de segurança, um conceito funcional (que fornece benefício, resolve problemas); a Apple, que é vista como sinônimo de inovação, um conceito simbólico (que representa identificação, afeição etc.) e a Disney, por sua vez, é conceituada por realizar sonhos, um conceito experiencial (baseado em estímulos sensoriais e cognitivos). Assim, é importante que o profissional de marketing defina o posicionamento antes de realizar o plano de marketing, pois este envolverá níveis estratégicos superiores que envolvem ações de diferentes níveis em relação ao produto/marca. Por essa razão, a fim de poder contemplá-lo precisamos entender, igualmente, como desenvolver essas estratégias focadas no composto de marketing relacionado ao que é ofertado no mercado. 1.3 O composto de marketing Composto de marketing, marketing mix ou os 4Ps referem-se ao mesmo conceito estratégico, importantíssimo para o desenvolvimento do plano de marketing, são eles: produto, preço, praça e promoção. Esse conjunto de fatores é considerado uma ferramenta estratégica responsável por constituir o coração de qualquer plano de marketing. Vamos entendê-los: (i) produto se relaciona a tudo aquilo que é capaz de satisfazer as necessidades ou desejos do consumidor; (ii) preço é o fator determinante para que se estabeleça as condições de troca; (iii) praça consiste no local que possibilita que a troca aconteça; e (iv) promoção se relaciona com a forma de comunicar o público-alvo sobre o produto, preço e praça, estimulando a troca. A Figura 4 ilustra as variáveis envolvidas em cada um dos elementos do composto de marketing. Figura 4 – Composição do composto de marketing. Fonte: Baseado em Kotler e Armstrong (2007) e Carvalho (2016). Um programa de marketing eficaz combina todos os elementos do mix de marketing em um programa integrado desenvolvido para alcançar os objetivos de marketing da empresa por meio da entrega de valor aos consumidores. O mix de marketing constitui o conjunto de ferramentas táticas da empresa para estabelecer um forte posicionamento nos mercados-alvo. Alguns críticos acham que os 4Ps podem omitir ou deixar de enfatizar determinadas atividades importantes. Elas perguntam, por exemplo, ‘onde estão os serviços?’ Não é porque não começa com a letra ‘P’ que eles são omitidos. A questão é que os serviços, como os serviços de bancos, companhia aéreas e varejo, também são produtos. Podemos chamá-los de produtos de serviços. ‘Onde está a embalagem?’, os críticos podem perguntar. Os profissionais de marketing responderiam que a embalagem é uma das muitas decisões de produto. Em resumos [...], muitas das atividades de marketing que talvez pareçam estar fora do mix de marketing são agrupadas sob um dos 4Ps. A questão não é se devem ser 4, 6 ou 10Ps, mas sim qual estrutura é mais útil no desenvolvimento de programas de marketing integrado. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 43). De acordo com Santini e Ludovico (2013, p. 8-9), o composto de marketing foi desenvolvido por volta de 1953 e aprimorado por Jerome McCarthy em 1960, levando em consideração o ponto de vista da empresa que fornece determinado produto ao mercado. Tendo isso em vista, Robert Lauterborn propôs, em 1990, que o marketing também considerasse o ponto de vista do cliente, e sugeriu os 4Cs (consumers wants and needs, cost to satisfy, convenience to buy e communication , que, em português, pode ser definido conforme o Quadro 3). Quadro 3 – Equivalência entre as propostas de Lauterborn e McCarthy 4 Cs 4 Ps Visão do CLIENTE Produto CUSTO para o cliente Preço CONVENIÊNCIA para o cliente Praça COMUNICAÇÃO Promoção Fonte: Santini e Ludovico (2013, p. 10). Gabriel (2010, p. 43) afirma que “os 4Cs auxiliaram a moldar a metodologia de desenvolvimento de cada P dos 4Ps, chegando ao modelo atual, mais enfocado no cliente”. Essa explicação nos mostra que a sustentação de uma estratégia mercadológica está relacionada com seu composto de marketing, pois para que seja possível atingir os objetivos de marketing,“a empresa introduz o produto no mercado, dá conhecimento de sua existência aos compradores potenciais e induz os consumidores a dar preferência à compra do seu produto” em relação aos concorrentes. Portanto, é preciso saber como cada um dos elementos que compõem o composto podem ajudar o profissional de marketing no desenvolvimento de estratégias que serão agregadas ao plano mercadológico, como veremos a seguir. 1.3.1 Produto Kotler e Armstrong (2007, p. 200) explicam que o produto é muito mais que um bem tangível. “Definidos amplamente, incluem objetos físicos, serviços, eventos, pessoas, lugares, organizações, ideias ou um misto de todas essas entidades.” Portanto, produto pode ser definido como alguma coisa que nos é ofertada no mercado buscando atender nossas necessidades e desejos. De forma estratégica, Gabriel (2010, p. 44) explica que o produto pode ser classificado por meio de três dimensões distintas, porém, complementares entre si, a saber: o produto em si, a marca e a embalagem (Quadro 4). Quadro 4 – Dimensões estratégicas do produto DIMENSÃO DESCRIÇÃO PRODUTO EM SI Envolve os atributos e características relacionados diretamente com o produto, como tamanhos, texturas, garantias, cores, sabores, durabilidade, conformidade, confiabilidade, segurança, materiais etc., formam o produto. Cada uma dessas características e desses atributos podem ser utilizados e alterados estrategicamente em um plano de marketing. MARCA É a representação visual (nome, termo, sinal, símbolo) que identifica determinado produto, diferenciando-o de outros semelhantes e concorrentes, gerando retorno do público-alvo. Quanto mais informações uma marca consegue agregar em torno de si, mais forte se torna. Estratégias de marca (branding) visam estabelecer a reputação e a presença de uma marca de forma diferenciada no mercado, buscando atrair o público-alvo. As estratégias de marca estão muito ligadas ao posicionamento de marca, fundamentando-se na forma como esta será comunicada no mercado. EMBALAGEM Desempenha um papel importante para a armazenagem e o transporte do produto. Porém, sua função não fica apenas nesses fatores. A embalagem também é importante na comunicação e posicionamento do produto, sendo suas principais funções: (i) facilitar o transporte e armazenagem; (ii) proteger e conservar o produto; (iii) posicionar e reposicionar o produto; (iv) facilitar o uso do produto; e (v) auxiliar na promoção e venda. Cada função da embalagem por ser usada estrategicamente para diferenciar o produto. Fonte: Baseado em Gabriel (2010, p. 44-46). Outro conceito importante a ser destacado no composto mercadológico focado em produto relaciona-se com os níveis de produtos. Segundo Gabriel (2010, p. 47), os produtos possuem três níveis principais: (i) parte central, que envolve “os atributos do produto, seus benefícios ou serviços”; (ii) parte tangível, “que compreende a configuração física, o estilo, a qualidade, a marca etc.”; e (iii) ampliação do produto, “que são itens que não fazem parte do produto em si, mas que o ampliam, como garantia estendida, entrega, instalação, pós-venda etc.”. Ainda para Gabriel (2010, p. 47), “os níveis de produtos também podem ser usados como elementos estratégicos dele. Por exemplo, oferecer garantia adicional estendida a um produto”, como a Hyundai e a Renault fazem na compra de alguns modelos de carro (Figura 5), pode indicar um diferencial de produto. Em outros momentos, “a eliminação da ampliação do produto pode ser a diferenciação estratégica”, como algumas companhias aéreas fizeram quando reduziram benefícios que eram ofertados durante os voos (refeições, kits de higiene etc.), a fim de reduzir o custo do serviço principal e desbravar novos mercados. Figura 5 – Anúncios enfatizando a garantia estendida de um carro da marca Hyundai e da marca Renault. Fonte: Comprar Carro Novo (2013). Serviços também podem ser considerados tipos de produtos. Para Kotler e Armstrong (2007, p. 200), a diferença é que estes envolvem “atividades, benefícios ou satisfações oferecidas para venda que são essencialmente intangíveis e não resultam na posse de nada”. Como exemplo de serviço, podemos citar “os serviços bancários, de hotelaria, de viagens aéreas, de consultoria tributária, de reformas domésticas e de varejo”, os quais se baseiam muito mais na experiência sentida para atender a um fim. A fim de esclarecer a forma como os produtos são classificados, observe o Quadro 5: Quadro 5 – Classificação de produtos TIPO DE PRODUTO DESCRIÇÃO Bens Produtos tangíveis (carros, joias etc.). Serviços Produtos intangíveis (aula de inglês, consultamédica etc). Experiências Produtos causam experiência específica (visitarDisney). Eventos Produtos relacionados a acontecimentos(Olimpíadas). Pessoas O produto é uma pessoa (celebridades,personalidades etc.). Lugares O produto é um lugar (cidade de Paris, praia deIpanema). Propriedades O produto é um direito intangível de posse, tanto imobiliária quanto financeira (uma casa, no caso imobiliária, ou ações e títulos, no caso financeiro). Organizações O produto é uma organização/instituição (empresa,museu etc). Informações O produto é a informação (revistas, sites, blogs etc.). Ideias O produto é um conceito ou um benefício. Fonte: Adaptado de Gabriel (2010). Portanto, Kotler e Armstrong (2007, p. 218-219) evidenciam que o marketing focado em serviços “requer mais do que o tradicional marketing externo, que faz uso dos 4Ps”. Em uma época de concorrência acirrada de ofertas, as empresas de serviço precisam focar na capacidade de promover diferenciação, seja por meio da qualidade ou da produtividade. Como o consumidor atual está cada vez mais exigente e conectado por meio da Internet, o marketing de serviços deve focar muito mais na pós-venda, além dos insights que estes publicam nas páginas, blogs, comunidades e perfis das empresas nas redes sociais. As principais características dos serviços são apresentadas na Figura 6. Figura 6 – Características dos serviços. Fonte: Adaptada de Kotler e Armstrong (2007, p. 217). 1.3.2 Preço Podemos definir preço como o valor que é atribuído a determinado produto no mercado visando à efetivação da troca. Ou seja, o público/cliente/consumidor irá comprar determinado produto se acreditar que este atende suas necessidades e desejos de forma justa. O preço define as condições básicas da troca e é, portanto, o P da receita: é por meio dele que a empresa obtém seus resultados. Além disso, o preço é fator fundamental para determinar a participação de mercado (market share) e lucratividade do produto (GABRIEL, 2010, p. 48). Da mesma forma, esse componente do composto mercadológico é também mais flexível quando comparado com os outros. Gabriel (2010, p. 48) explica que “normalmente é mais rápido e fácil se alterar o preço do que modificar o produto, praça ou promoção. Assim, em razão de sua flexibilidade, o preço é um importante componente estratégico do marketing”. Segundo Kotler e Keller (2012, p. 411), o preço também é responsável por informar ao mercado o “posicionamento de valor pretendido pela empresa para seu produto e marca. Um produto bem desenvolvido e comercializado pode cobrar um preço superior e colher altos lucros”, como no exemplo mostrado na Figura 7. Figura 7 – A importância do preço nas estratégias de valor. Fonte: Adaptado de Sarkar apud Kotler e Keller (2012, p .415). Existem diversos atributos que compõem e determinam os preços, como: custo de manufatura do bem ou custo operacional do serviço; custo da estrutura física e administrativa da empresa; custo de promoção e de vendas; margem de lucro da empresa; margem de possíveis canais de distribuição. (GABRIEL, 2010, p. 49). Kotler e Keller (2012, p. 417) explicam que o ponto inicial para determinar a política de preços parte da seleção dos objetivos de preço que a empresa almeja alcançar. Após, determina-se a demanda, a estimativa de custos, analisa-se custos, preços e ofertas da concorrência, seleciona-se um método de determinaçãode preço para, então, chegar-se ao preço final. Gabriel (2010, p. 49) ressalta que “todas as características relacionadas ao preço, como formas de pagamento (boleto, cartão de crédito, cheque etc.), parcelamentos (em n vezes ou à vista) etc. são elementos que podem ser usados como estratégias”, de modo que seja possível entender o custo que este terá quando disponível para venda no mercado. 1.3.3 Praça A praça é o elemento do composto de marketing responsável por definir estratégias e táticas de inserção de um produto no mercado. Elas envolvem desde a forma com que o produto será disponibilizado ao ponto de venda até como ele chegará ao consumidor. Por isso, a praça envolve a seleção de canais de venda a partir das características do público (segmentação, comportamento etc.), o entendimento das características do produto que está sendo ofertado (preço, periodicidade de compra, perecibilidade etc.) e da empresa que oferta, além das estratégias para comercialização. Para Gabriel (2010, p. 50), as estratégias de praça envolvem a “administração dos canais de distribuição” e a “administração da distribuição física”. De acordo com Kotler e Keller (2012, p. 451), um canal de marketing é responsável por transferir mercadorias do fabricante ao consumidor. “Ele preenche as lacunas de tempo, local e posse que separam as mercadorias e os serviços daqueles que precisam deles ou os desejam.” Hoje, com a grande utilização de canais digitais na venda de produtos e serviços, observamos a expansão dos mercados digitais (e-commerce , e-marketplace , iTunes etc.) que distribuem fisicamente produtos digitais (conteúdos mp3, filmes, e-books, aplicativos) e produtos em que o usuário encomenda pela Internet (eletrônicos, eletrodomésticos, livros etc.). Por essa razão, Gabriel (2010, p. 50) ressalta que é preciso conhecer as “possibilidades digitais de praça para combiná-las com as tradicionais, em função das características do produto”, pois isso pode proporcionar vantagem competitiva a ele. 1.3.4 Promoção O P de promoção do composto mercadológico envolve um conjunto de ferramentas e técnicas que proporcionam as trocas. Ou seja, sua função é fazer com que o público conheça aquilo que está sendo ofertado pela empresa, e a partir dos benefícios percebidos pelo posicionamento compreenda o valor do produto e desperte desejo (ou necessidade) por ele. Para que isso aconteça, os profissionais de marketing fazem uso de ferramentas de comunicação, apresentadas no Quadro 6. Quadro 6 – Ferramentas de comunicação Propaganda (PP) Consiste no desenvolvimento e execução de mensagens de lembrança, informativa ou persuasiva, paga, comunicada a um mercado ou público-alvo nos meios de comunicação (televisão, rádio, imprensa e outros veículos diretos). Seu benefício-chave é a capacidade de comunicar uma mensagem para um grande número de pessoas ao mesmo tempo. Características: repetição da mensagem muitas vezes, impessoal, cara. Promoção de vendas (PV) Objetiva criar ou induzir compras. Pode se utilizar de mídia ou não e podem aparecer em forma de cupons, ofertas de desconto, amostras grátis, brindes etc. Geralmente, visam incrementar rapidamente as vendas e criar fidelidade. Características: oferta de recompensa incentivando a aproximação do público- alvo em direção à marca/produto; ações com tempo de duração determinado. Relações públicas (RP) e Publicidade Consiste na comunicação, vista como não paga, de informações sobre a organização ou produto, geralmente em alguma forma de mídia. Se utiliza de mídia de massa da mesma maneira que a propaganda (porém, a mídia não é paga, mídia espontânea). As relações públicas efetivam o gerenciamento de imagem da empresa mediante o estabelecimento de um bom relacionamento com os seus vários públicos para fortalecer (ou recuperar) a imagem e reputação da marca/produto. Executa-se por meio de ações de assessoria de imprensa, lobby junto a órgãos públicos, ações sociais e capitalização dos benefícios disso para a imagem da empresa. Venda pessoal (VP) Envolve a interação pessoal com o cliente para construção de relacionamentos entre empresa- público. Permite feedback imediato e possibilita ao gestor de marketing ajustar as comunicações às necessidades da situação. Características: interação pessoal, normalmente é ferramenta de promoção mais cara. É um sistema interativo de marketing que faz uso de Marketing direto (MD) um, ou vários, meios de comunicação para obter uma resposta mensurável ou transação num local qualquer. Trata-se de conjugar meios pessoais, impessoais e eletrônicos, tais como visita ao cliente, telemarketing, Internet, catálogos, malas diretas, para estabelecer relacionamentos com os clientes. Pode fazer uso de um banco de dados dos clientes, a fim de que sejam elaboradas novas ofertas a partir de suas características e comportamento de compra. Porém, seu uso indiscriminado pode ultrapassar os limites da conveniência e caracterizar invasão de privacidade, causando irritação e insatisfação do cliente. Características: call to action , privado, imediato, personalizado e interativo. Marketing digital Utilização de ações digitais para divulgação de produtos por meio de páginas digitais (sites, minissites, hotsites, portais, blogs e perfis; e-mail); realidades mistas (realidade aumentada, virtualidade aumentada, realidade virtual; tecnologias mobile); RFID, mobile tagging, SMS/MMS, bluetooth , aplicativos etc.; plataformas digitais de redes sociais (Facebook, Instragram, SnapChat etc.); plataformas digitais de busca (Google, Bing etc.); games e entretenimento digital; tecnologias inteligentes de voz e vídeo etc. Fonte: Adaptado de Gabriel (2010, p. 50-107) e Ogden (2002, p. 13-17). Para o desenvolvimento de estratégias de promoção no plano de marketing, o primeiro passo é compreender o público-alvo e objetivo de marketing que a empresa/marca/produto almeja alcançar, de modo que seja possível escolher a melhor ferramenta de comunicação para isso. Gabriel (2010, p. 51) ressalta que, nos últimos anos, a fragmentação da comunicação levou ao conhecimento dos profissionais de marketing e comunicação novas plataformas e tecnologias que tornam o trabalho de marketing mais complexo. Isso ocorre devido ao aumento exponencial de geração e troca de conteúdos que as pessoas efetuam entre si em diversos contextos e mídias. Porém, apesar desse crescimento, as estratégias necessitam ser desenvolvidas considerando todo esse conjunto de ferramentas para que seja possível atingir o público da melhor forma. Na atualidade, o nosso consumidor pode estar presente em diversas plataformas e mídias on e off-line . Entendê-lo e saber como alcançá- lo por meio das ferramentas de comunicação será cada vez mais importante, pois a tecnologia digital transformou seus hábitos. Por essa razão, a próxima seção falará um pouco sobre essas mudanças provenientes, principalmente, da popularização da Internet, que afetam diretamente o marketing. 1.4 Transformações do ambiente de marketing Imagine que de uma hora para outra os smartphones pararam de funcionar, assim como a sua conexão de Internet. Você percebe que já não é mais possível assistir filmes e séries pelo Netflix, escutar música pelo Spotify, usar o WhatsApp para conversar com seus amigos, compartilhar qualquer acontecimento pelo Facebook, pedir comida pelo iFood ou acessar sua conta bancária de forma on-line . Parece um pesadelo se ver restringido pelas opções que nos facilitam o cotidiano graças à Internet. Mas acredite, há muito pouco tempo, nada disso era tão simples como é hoje. Inicialmente, como nos conta Turchi (2012, p. 14), a Internet foi idealizada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, por meio da Advanced Research and Projects Agency (ARPA), no final da década de 1950 e início da década de 1960. A ideia era construir um projeto de rede de computadores que interligasse pontos estratégicos – como base militares e centros de pesquisa e tecnologia –, impossibilitando possíveis ataques de países inimigos à rede, oqual foi chamado de Arpanet. Porém, no início do projeto, toda a comunicação da rede passava por um computador central localizado no Pentágono, o que fazia a comunicação desta se tornar vulnerável – uma vez que os EUA se encontravam em plena Guerra Fria –, em caso de um bombardeio pela antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Turchi (2012, p. 14) explica que a “Arpanet contava com um backbone (tronco principal da rede) subterrâneo, sem ter um centro definido ou mesmo uma rota única para as informações, tornando-se quase indestrutível”. Na década de 1970, quatro universidades e instituições que trabalhavam com o Departamento de Defesa se integraram à rede, fazendo com que, naquele tempo, já existissem cerca de 100 sites e a possibilidade de efetuar trocas de arquivos na rede. Em 1975, surge a Telenet, que consistia no primeiro serviço americano comercializado para acesso à rede. Na década de 1980, conforme Turchi (2012, p. 14), há a substituição do protocolo Network Control Protocol (NCP) pelo Transfer Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP), que é “a linguagem comum usada por todos os computadores conectados” à Internet até os dias atuais. O sistema de hipertexto world wide web (www), que conhecemos hoje, surgiu apenas na década de 1990 a fim de facilitar a navegação pela rede. Nessa época, existiam cerca de 50 mil redes no mundo, sendo que metade delas se encontrava nos EUA. No ano de 1995, esse número ultrapassou os seis milhões de computadores conectados na Internet. O vídeo History of the Internet, de Melih Bilgil (Figura 8), mostra como a Arpanet surgiu e funcionava e como ela se desenvolveu para a Internet, assim como o vídeo “História da Internet e a Internet das Coisas” (Figura 9). Figura 8 – Trecho do vídeo History of the Internet, de Melih Bilgil. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=A5dD2x2iQx8&t=1s. Figura 9 – Trecho do vídeo História da Internet e a Internet das Coisas. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Rj_gX1GRaI4. Turchi (2012, p. 14) comenta que, no Brasil, a primeira instituição a acessar a Internet foi a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), em 1989, conectando-se com o Laboratório de Física de Altas Tecnologias de Chicago/EUA (Fermilab), por meio da troca de arquivos e correio eletrônico, e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) colocou no ar a rede Alternex. Em 1991, o Ibase e a Associação para o Progresso das Comunicações (APC) liberaram o uso da Internet para ONGs, além das universidades e entidades ligadas ao setor acadêmico. No mesmo ano o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) inaugurou a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), que teve um papel-chave na implantação da Internet no país, tanto no que se refere à infraestrutura tecnológica – organizou o backbone (tronco principal da rede) – e de capacitação de recursos humanos, quanto na formulação de políticas de preço, gestão e uso. Em dezembro de 1994 a Embratel lançou o serviço experimental de Internet comercial, mas somente em 1995 é que foi possível, pela iniciativa do Ministério das Telecomunicações e do Ministério da Ciência e Tecnologia, a abertura ao setor privado da Internet para exploração comercial. Naquele mesmo ano, a RNP redefiniu seu papel, deixando de disponibilizar o backbone apenas para o meio acadêmico, para estender seus serviços de acesso a todos os setores da sociedade. Em pouco tempo, a Internet se expandiu, passando de 100 mil usuários, em 1996, para um milhão de pessoas, em 1998. No período de 10 anos o crescimento da rede no Brasil se intensificou, chegando a 67,5 milhões de usuários em 2009. No mundo todo, segundo o relatório anual da União Internacional de Telecomunicações (ITU), há 1,7 bilhão de internautas, ou seja, 26% da população. (TURCHI, 2012, p.14-15). Dessa forma, de acordo com Turchi (2012, p .5), a Internet impacta de forma muito dinâmica e contínua as organizações. Isso porque ela não só possibilitou a abertura de novos canais “para divulgação e comercialização de produtos e serviços para empresas de todos os tipos e portes, como as obrigou a repensar suas estratégias de marketing e a forma de se relacionarem” com clientes, fornecedores e demais parceiros em nível local e mundial. Por essa razão, percebemos que o conceito da Internet não é novidade. Para Gabriel (2010, p. 73), alguns fenômenos hoje tratados como novidades são, na realidade, “fenômenos antigos que foram impulsionados pelo digital e não causados por ele”. Um desses fenômenos é o próprio poder do usuário ou consumidor, que se utiliza de diferentes recursos tecnológicos e digitais em suas atividades cotidianas. Logo, ele consome essas tecnologias digitais por meio de seus aparelhos (devices) e mídias. Porém, esse poder do usuário/consumidor existe muito antes da popularização da Internet, na década de 1970, por exemplo, com a chegada do controle remoto de televisão, o usuário detinha o poder de escolher o que queria assistir movimentando apenas um dedo, moldando a mídia de acordo com seus desejos. A partir da década de 1970, muitas outras tecnologias se desenvolveram e contribuíram para a formação do cenário digital que temos hoje. Como exemplo, Gabriel (2010, p. 74) cita o “computador pessoal, impressora, fax, Internet, telefone celular, GPS e, principalmente, a banda larga da Internet que permitiu a importante mudança de ‘estar conectado’ para ‘ser conectado’”. Para a autora, o “’estar’ conectado significa que você eventualmente entra e sai da Internet, como era na época das conexões discadas [...]. ‘Ser’ conectado significa que parte de você está na rede – você vive em simbiose com ela”. O ser conectado só se tornou possível graças ao barateamento da banda larga de Internet, que foi um dos catalisadores para a participação do usuário na rede, resultando no seu poder, visto hoje como essencial no atual cenário mercadológico. Para Gabriel (2010, p. 75), o usuário hoje é capaz de “atuar, escolher, opinar, criar, influenciar e consumir de acordo com sua vontade” e à medida que as tecnologias digitais passaram a influenciar, cada vez mais, as atividades cotidianas, mais a influência do digital passa a ser relevante para o marketing. Essa é uma realidade que na segunda década dos anos 2000 já começamos a perceber. Gabriel (2010, p. 75) apresenta dados da Forbes datados de 2010, em que, “pela primeira vez na história, o investimento em anúncios digitais supera o em impressos nos Estados Unidos”. E em 2016, segundo Teixeira (2016), os “jovens brasileiros lembram mais da publicidade no Facebook do que na TV aberta”. A pesquisa realizada pela agência B2, divulgada também pela Forbes, mostra que anúncios pelo Facebook superam as mídias tradicionais (o Facebook representa 35% da lembrança dos entrevistados). “Apenas 2% dos participantes fizeram relações com anúncios em revistas e jornais. Porcentagem muito inferior ao WhatsApp (6%) ou Instagram (10%)”. A publicidade na televisão aberta obteve 32% da lembrança, na televisão fechada 10% e no YouTube 14%. Esses dados evidenciam uma realidade em que as tecnologias digitais interativas comandam. O usuário/consumidor está cada vez mais no poder, fazendo com que o ambiente de marketing se modifique, incorporando um papel multiteleinterativo. Para exemplificar essa transformação nos hábitos do consumidor, a Nokia lançou, em 2008, o vídeo The 4th Screen ou A Quarta Tela, em português, que, segundo Gabriel (2010, p. 75), mostra o “impacto do surgimento das quatro telas que mudaram a vida humana nos últimos 100 anos – o cinema, a televisão, o computador e o celular (dispositivos móveis)”, como se vê na Figura 10. Figura 10 – Trecho do vídeo The 4th Screen. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ue3xt1lkklA&t=1s. No vídeo citado anteriormente, Gabriel (2010, p. 76) comenta que na primeira tela, o cinema, “compartilhamos a experiência pública de espectadores, na televisão, passamos a desfrutar dessa experiência de forma privada e a iniciar processos de interação por meio dela”. No computador, a terceiratela, foi possível “realmente interagir com o mundo e não mais apenas assistir a ele. E essa interação torna-se ainda mais privada. A quarta tela, dos dispositivos móveis, nos liberta dos cabos e fios para interagir de qualquer lugar”. Por isso, você já parou para pensar quanto tempo você passa em frente de uma dessas telas? Ou de todas elas? Será que presenciaremos uma quinta tela? A Netflix lançou em 2016 um questionamento sobre a evolução da tecnologia (e o digital faz parte dessa evolução) na divulgação da série Black Mirror1. No vídeo Apresentando Netflix Vista (Figura 11) vemos pessoas, em diversas situações diferentes, usando uma tecnologia digital vestível2 representada por uma espécie de lente de contato que projeta a partir da retina os conteúdos da Netflix, o chamado Netflix Vista. O vídeo traz à tona questionamentos que podemos nos fazer sobre como o uso das tecnologias nos afeta, especialmente no desenvolvimento de nossos laços sociais e familiares. Na legenda de divulgação da série no YouTube, podemos ver a seguinte frase: “A questão não é o seu desejo pela tecnologia, mas se você está pronto para ela. #BlackMirror”. Figura 11 – Trecho do vídeo Apresentando Netflix Vista. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=vfg4rRxsMAA. Pensar sobre esses tópicos é importante. Questionarmos sobre isso também. Na visão do marketing devemos observar a interação do usuário/cliente no ambiente digital, mas também devemos observá- lo no mundo físico. Onde ele vai? O que ele gosta de fazer? Onde ele come? Que tipo de comida é? Que tipo de roupa ele veste? A observação do mundo, dos hábitos, da forma como se interage face a face ainda é importante, mesmo com todo o desenvolvimento digital, pois essa observação complementa o que vemos no ambiente on- line. O que mudou nesse contexto é a forma como consumimos, como buscamos por algo que necessitamos. As marcas hoje necessitam ter uma presença on-line ativa para que seja possível proporcionar uma experiência receptiva ao consumidor e criar um relacionamento com ajuda de uma ou mais ferramentas do composto promocional. Em outras palavras: hoje não são as marcas que chegam ao consumidor. É o consumidor que procura as marcas. Gabriel (2010, p. 77) chama esse processo de “inversão do vetor de marketing”, ou seja, “a digitalização é a base estrutural que sustenta essa inversão”, caracterizada principalmente pela sincronicidade, considerada fator essencial para o desenvolvimento de campanhas e estratégias de marketing. Enquanto o marketing de massa enfoca todos os públicos de marketing de segmento, um segmento específico (como mulheres, das classes B e C, entre 20 e 40 anos), a sincronicidade enfoca um determinado público apenas quando ele está em determinada situação (como mulheres, das classes B e C, entre 20 e 40 anos, comprando presente de aniversário para o marido). Nessa última situação, o público está no comando das ações e o marketing precisa mensurá-lo para entender em que estado está para entrar em sincronia com esse público, oferecendo a ele o que lhe é relevante. [...] Como a busca, as relações consumidor-consumidor (presentes nas redes sociais) e a mobilidade/ubiquidade são os principais protagonistas dessa inversão, que coloca o consumidor na origem das ações de relacionamento com a empresa-marca, o marketing de busca, o marketing em redes sociais e o marketing mobile passam a ser ingredientes importantes a serem considerados em todo tipo de estratégias de marketing, inclusive nas estratégias de marketing de relacionamento e marketing de experiência (GABRIEL, 2010, p. 77). Nesse sentido, observamos que as empresas não possuem mais seus negócios apenas em pontos de venda fixos. A Internet transformou essa realidade, abrindo novas formas de comércio, de comunicação e de troca de experiências sobre produtos e serviços. Para Kotler e Armstrong (2007, p. 20), “hoje em dia, é difícil encontrar uma empresa que não utilize a web de maneira significativa”, pois as empresas estão se aventurando no mundo on-line para atrair novos clientes para suas marcas, além de construir relacionamentos duradouros com os existentes. O universo das empresas ponto.com Esta seção apresenta algumas transformações do marketing. Dentre elas, uma que influenciou bastante a forma de comercialização de produtos é o e-commerce. Por isso, para que você amplie um pouco mais seus conhecimentos sobre esse tema, sugiro que você leia os conteúdos das seguintes notícias: Sabe quando vai parar a briga entre varejo on e off-line: quando tudo for uma coisa só , pelo link: https://goo.gl/9b8ICA Já ouviu falar em pagamento zero clique? Transação agora é modelo de negócio, pelo link: https://goo.gl/AbDEJU Original Media lança solução que inova conceito de compras online, pelo link: https://goo.gl/yE7LXI Logo, ainda conforme Kotler e Armstrong (2007, p. 20), podemos dizer que a Internet também foi responsável por gerar os negócios “ponto.com”, ou conforme diria Turchi (2012), o e-commerce. As compras on-line hoje crescem em um ritmo saudável, por isso a importância da utilização das ferramentas digitais no contexto do marketing é tema da próxima seção. 1.4.1 O marketing no contexto digital Turchi (2012, p. 68) nos explica que devemos compreender, quando tratamos sobre marketing digital, as mudanças recentes que os meios digitais trouxeram quando ainda eram utilizados com pouca frequência. “Antes, as empresas, principalmente as maiores, investiam grandes volumes em divulgação para construir suas marcas usando [...] mídia de massa”. Isso significa que quando o consumidor/cliente desejava adquirir determinado bem ou serviço precisava se lembrar qual a empresa que ofertava o que ele estava buscando. Logo, nesse cenário, as empresas com maiores verbas para “injetar nos meios convencionais (campanhas e anúncios em televisão, rádio, jornais e revistas) eram as mais recordadas no momento da compra”. Porém, vimos que esse cenário se transformou com a Internet. Para Turchi (2012, p. 68), os consumidores/clientes não necessitam, no contexto atual, apenas lembrarem das marcas antes da aquisição de determinado produto ou serviço. “Basta que eles pesquisem o que precisam na web – 88% das pessoas fazem buscas antes de comprar, gerando mais de um trilhão de páginas indexadas pelo Google, o qual detém mais de 80% do mercado de buscas”, isso apenas no Brasil. Mas o que importa durante essa busca é que a empresa seja encontrada na hora em que se estiver pesquisando, simples assim. Contudo, o que Turchi (2012, p. 68) nos mostra até aqui é que o digital não é o substituto das mídias tradicionais. Mas sim que devemos entender como planejar o marketing hoje “devido às alterações advindas do universo digital”. Assim, Gabriel (2010, p. 104) defende que o termo marketing digital, muito utilizado hoje para designar e definir o marketing que faz uso de estratégias compostas por um ou mais componentes digitais em seu composto mercadológico, não é a denominação mais adequada, por duas razões: privilegia um dos componentes da estratégia, no caso, o digital, em detrimento dos outros, como impresso, eletrônico etc. apesar de o digital se difundir cada vez mais no dia a dia, a eletricidade e energia de baterias são os principais fatores por trás não apenas das mídias digitais, mas das eletrônicas também - assim, se temos o marketing digital, teríamos de ter o marketing elétrico ou eletrônico (GABRIEL, 2010, p. 104). Portanto, segundo Gabriel (2010, p. 105), “só há sentido em falar sobre marketing digital se todas as tecnologias e plataformas usadas nas ações forem digitais”. Mas, mesmo assim, “o termo marketing digital não é totalmente adequado nem nesse caso, pois o digital tende a permear todas as plataformas futuras, tornando-se tão transparente quanto a eletricidade é hoje para nós”. Ou seja, “o ‘digital’ não é especialidade nem objetivo de ações de marketing”. Em outras palavras, o termo marketing digital não existe realmente. O que é correto afirmar é que existe o marketing e o planejamento estratégicode marketing, o qual definirá, de acordo com os objetivos traçados, quais serão as plataformas e tecnologias digitais ou não que serão incorporadas nas estratégias. Gabriel (2010, p. 105) faz essa crítica ao termo marketing digital alegando que a confusão de denominações existe devido à grande quantidade disponível de plataformas e tecnologias existentes no contexto digital, as quais são largamente massificadas fazendo surgir novos cenários que trazem vantagens significativas paras as marcas/empresas. Contudo, devemos lembrar que o marketing surgiu como uma ferramenta usada pelas empresas na divulgação de seus produtos de modo que estes gerassem receita para a indústria por meio da quantidade de produtos que foram fabricados a partir da Revolução Industrial. Assim, o marketing tradicional prega pela busca de despertar no consumidor/cliente uma necessidade através desses produtos para que o mesmo deseje satisfazer essa necessidade por meio da compra do produto. O marketing no contexto digital, por sua vez, tem uma preocupação um pouco diferente, pois ele buscará divulgar informações sobre produtos para que seja criado um elo de ligação entre o consumidor/cliente e marca/empresa por meio de um relacionamento que terá, como consequência, o lucro. Porém, esse relacionamento seduz de forma diferente, ele informa, proporciona experimentação antes da compra, possibilita o compartilhamento da experiência de uso em tempo real, pergunta se essa experiência é o que traz satisfação para, então, levar ao processo de compra. Essa nova realidade é o que Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010, p. 4) chamam de Marketing 3.0, que consiste na compreensão de que vivemos hoje uma era voltada para valores. “Em vez de tratar as pessoas simplesmente como consumidoras, os profissionais de marketing as tratam como seres humanos plenos”, isso significa tratar os clientes como seres que possuem mente, coração e espírito, os quais encontram-se preocupados com soluções capazes de satisfazer seus anseios e transformem o cenário do mundo globalizado em um mundo melhor. Em um mundo confuso, eles buscam empresas que abordem suas mais profundas necessidades de justiça social, econômica e ambiental em sua missão, visão e valores. Buscam não apenas satisfação funcional e emocional, mas também satisfação espiritual, nos produtos e serviços que escolhem. Como o Marketing 2.0, orientado para o consumidor, o Marketing 3.0 também visa satisfazer esse personagem. No entanto, as empresas que praticam o Marketing 3.0 têm uma contribuição maior em termos de missões, visões e valores a apresentar ao mundo; seu objetivo é oferecer soluções para os problemas da sociedade (KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2010, p. 3-4). Explorando mais o conceito de Marketing 3.0, conforme Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010, p. 4-18), percebe-se que este “acredita que os consumidores são seres humanos completos, cujas outras necessidades e esperanças jamais devem ser negligenciadas”, objetivando, assim, complementar o marketing emocional, chamado pelos autores de marketing do espírito humano. Nesse sentido, para que as empresas pratiquem essa nova abordagem do marketing, devem-se compreender os três movimentos principais que a compõem: (i) a era da participação e da colaboração, promovida pelo desenvolvimento tecnológico, da tecnologia da informação e da Internet e das mídias sociais; (ii) o “paradoxo da globalização”, que se desenvolve com impulso tecnológico, mas envolve também questões culturais que surgem em diversos locais do mundo e influenciam comportamentos e (iii) a “sociedade criativa”, impulsionada pela ascensão de sujeitos criativos e, por consequência, de setores produtivos que dependem da criatividade para gerar novos modelos de negócio. Portanto, podemos notar que cada vez mais estaremos vivendo o digital. Por isso, entendê-lo é muito importante para o profissional de marketing. O Quadro 7 apresenta algumas de suas vantagens: Quadro 7 – Vantagens das estratégias de marketing focadas no digital Interatividade com o público Pode ser mensurada em tempo real, diferente de anúncios em plataformas tradicionais como o jornal e comerciais de TV, por exemplo. Na Internet, o conteúdo gerado pelas empresas é publicado em suas plataformas e, devido ao seu formato, o público sente-se mais confortável em interagir por meio de críticas, sugestões, dúvidas etc. Porém, é importante que as empresas estejam preparadas para ter um canal sempre aberto para atender a necessidades e anseios do seu público. A satisfação do consumidor dependerá dessas respostas. Mensuração dos resultados A mensuração no digital é diferente quando comparada ao marketing tradicional. No caso de um comercial de TV, por exemplo, é possível medir o índice de audiência que um programa obteve em determinado horário e dia da semana. Já em uma plataforma de rede social, por exemplo, pode-se contabilizar a quantidade de compartilhamentos que um post no Facebook teve; qual o número de pessoas que curtiu, visualizou e quantas reações (positivas ou negativas) o anúncio causou. Existem diversas ferramentas que realizam essa análise de resultados on-line, uma delas é o Google Analytics. Portanto, as empresas devem planejar respostas instantâneas por meio das diversas opções de métricas disponíveis para análise das mídias on- line. Os resultados serão responsáveis por retratar o que o consumidor espera da marca. Segmentação por público- alvo Todo produto anunciado possui um público-alvo determinado. Por isso, para que o conteúdo sobre o produto chegue até o consumidor de maneira eficiente, é necessário definir esse público antes, pois no contexto digital você pode direcionar a sua campanha exatamente para atingi-lo. As mídias sociais permitem a segmentação do público por sexo, idade, faixa etária, região e interesses. Essa determinação de perfis permite que os anúncios de produtos/serviços sejam direcionados apenas para as pessoas que se deseja atingir. Investimento em mídia Os custos de veiculação em TV, rádio, revistas, jornais e até mesmo outdoors são, geralmente, muito mais altos quando comparados aos custos de links patrocinados e os anúncios on-line. Nos veículos tradicionais, muitos fatores vão influenciar o valor de orçamento para produção de uma peça publicitária. Na Internet, o preço é mais flexível, pois é possível analisar com precisão o quanto está disposto a investir para alcançar suas metas de receita, independentemente do formato escolhido para o anúncio – o que facilita saber o retorno sobre o investimento (ROI) que esse anúncio trará. Criatividade para criação de conteúdos Como a Internet está cheia de pop-ups, não é aceitável a criação de conteúdos invasivos. Estudar o cliente é imprescindível, além disso, a comunicação deve ser direcionada para que despertem a atenção dele. Reinventar todos os dias é a palavra de ordem, seja por meio de quizzes, call to actions, games. Não dá para ter medo de errar, afinal, a Internet é dinâmica e o marketing também deve ser. Fonte: Da autora baseado em Gabriel (2010). Assim, a partir dos conteúdos explorados, vimos que conforme as tecnologias vão mudando, o marketing passou a perceber que os atributos funcionais de produtos não eram suficientes para o sucesso comercial. Todas as mudanças trazidas com a popularização da Internet começaram a focar mais nas pessoas e menos nos produtos, fazendo com que as estratégias se embasem nas emoções e experiências do público-alvo. Dessa forma, hoje o marketing não consegue mais forçar a presença das marcas e produtos para o consumidor, pois é o público que está no poder. Porém, o marketing deve oferecer experiências que engajem o público com a marca, dando um novo tom para estratégias digitais que serão estudadas aqui. RESUMO Vimos neste capítulo conceitos importantes do marketing. Definimos o que é marketing, o que são trocas, valor e posicionamento. Compreendemos os ambientes de marketing e como eles influenciam o desenvolvimento do planejamento estratégico, além do estudo de cada umdos componentes que fazem parte do composto mercadológico (preço, praça, produto e promoção). A partir disso, estudamos as mudanças trazidas pelo aprimoramento da tecnologia digital que ocasionou alterações na forma de se trabalhar o marketing na atualidade, chegando-se ao conceito do marketing no contexto digital, sua importância e vantagens. REFERÊNCIAS CARVALHO, Henrique. Website Viver de Blog, 2016. Disponível em: <http://viverdeblog.com/wp-content/uploads/2016/05/marketing- digital-06.png>. Acesso em: 23 jan. 2017. COMPRAR CARRO NOVO (2013). Website Comprar Carro Novo, 2013. Disponível em: <http://www.comprarcarronovo.com/hyundai/novo- hyundai-hb20-2013/#.WHvncBsrK01>. Acesso em: 15 jan. 2017. COMPRAR CARRO NOVO (2013). Website Comprar Carro Novo, 2013. Disponível em: <http://www.comprarcarronovo.com/renault/novo- clio-2014-precos-fotos-consumo/#.WHvnwRsrK01>. Acesso em: 15 jan. 2017. GABRIEL, Martha. Marketing na era digital. São Paulo: Novatec, 2010. HONORATO, Gilson. Conhecendo o marketing. São Paulo: Manole, 2004. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. São Paulo: Pearson, 2007. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. São Paulo: Pearson, 2012. OGDEN, James. Comunicação integrada de marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SANTINI, Fernando Roberto; LUDOVICO, Nelson. (Org.). Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2013. SKACEL, Robert. Plano de marketing: o que deve conter e como preparar. 2. ed. São Paulo: Nobel, 2005. TEIXEIRA, Lucas Borges. Jovens brasileiros lembram mais da publicidade no Facebook do que na TV aberta. Website Forbes, 2017. Disponível em: <http://www.forbes.com.br/negocios/2016/09/jovens- brasileiros-lembram-mais-da-publicidade-no-facebook-do-que-na- tv-aberta/>. Acesso em: 24 jan. 2017. TURCHI, Sandra. Estratégias de marketing digital e e-commerce. São Paulo: Atlas, 2012. __________ 1. Entenda a sinopse da série Black Mirror: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Black_Mirror>. 2. Entenda o que é tecnologia vestível: <https://goo.gl/S6XkQL>. Fundamentos para o planejamento digital de marketing - Anaís Schüler Bertoni CAPÍTULO 2 Da web 1.0 a web 3.0 – Este capítulo traz uma introdução ao estudo da Internet como fonte de informação e transformação social. Veremos como ela mudou a forma de nos comunicarmos e interagirmos ao longo de seu surgimento e desenvolvimento que envolve diferentes ondas conhecidas como web 1.0, web 2.0 e web 3.0. Vamos explorar as características de cada uma delas, exemplificando-as a apresentando os fatores que fizeram com que a web 2.0 alavancasse as redes e mídias sociais como um importante componente para o contexto de marketing. 2.1 A internet como fonte de informação e transformação social Castells (2005, p. 17) diz que a “tecnologia não determina a sociedade: é a sociedade”. Com essa afirmação, o autor quer dizer que é a sociedade que dita como a tecnologia será moldada baseada em “necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam as tecnologias”. Assim, a história e o desenvolvimento da Internet sugerem que seus usuários, em especial seus primeiros milhares de usuários, atuaram como produtores dessa tecnologia, uma vez que ajudaram a difundir novas formas de compartilhar informações. A Internet mudou a forma como nos comunicamos, trabalhamos e interagimos com o mundo. Ela foi tomando um espaço cada vez maior em nossas vidas e modificando as relações sociais e proporcionando novas formas de interação, que antes era realizada por meio da troca de cartas, conversas pelo telefone e presencialmente. Agora, essa interação acontece em um ambiente on-line, mediada pelo computador e pelas redes sociais. Portanto, segundo Adolpho (2011, p. 47), podemos afirmar que hoje estamos vivenciando uma era de informação que transparece verdades. Não é possível esconder grandes acontecimentos, fatos ou situações, pois a informação permeia e compartilha de maneira muito rápida tudo que acontece. Por essa razão, a informação é “real moeda”, cada vez mais importante e presente no contexto atual. Castells, no livro A galáxia da Internet, comenta que: A Internet é o tecido de nossa vida. Se a tecnologia da informação é hoje o que a eletricidade foi na Era Industrial, em nossa época a Internet poderia ser equiparada tanto a uma rede elétrica quanto a um motor elétrico em razão de sua capacidade de distribuir força da informação por todo o domínio da atividade humana (CASTELLS apud ADOLPHO, 2011, p. 47). Para Adolpho (2001, p. 47), essa galáxia de informação está em constante expansão em praticamente todos os campos do domínio humano. Se precisamos saber de algo, vamos até a Internet e buscamos. Ela nos fornece todo o tipo de informação sobre quase tudo que precisamos ou queremos saber. Porém, você já se questionou como essa grande quantidade de informações impacta sobre um mundo que sempre viveu com uma escassez de informação? Ou como a informação impacta na economia global? É possível notar que, cada vez mais, a informação passou a ser considerada o carro-chefe dos negócios. O consumidor passou a ser o tomador de decisão principal, ele quem irá efetivar o sucesso de uma empresa ou de uma marca. Para ir mais a fundo no tema, leia o case sobre O fluxo de informação na Internet. O fluxo de informação na Internet Informação no mundo digital é a chave do sucesso das empresas que querem trabalhar focadas em seus consumidores. O Google possui uma ferramenta gratuita conhecida como Google Trends que pesquisa tendências entre os usuários. Isso quer dizer que a ferramenta mostra o que foi mais buscado pelas pessoas no Google. As tendências são classificadas em diversas categorias, períodos de tempo, países etc. e indicam informações valiosas para serem utilizadas nas mais diversas estratégias de marketing (especialmente no contexto digital). Conheça o Google Trends: https://www.google.com/trends/. Leia o artigo “Google Trends: como ele pode ajudar a sua empresa?”: http://marketingdeconteudo.com/google-trends/. As mudanças na sociedade ocorridas entre as décadas de 1980 a 1995, segundo Adolpho (2011, p. 49-50), proporcionadas pela informatização fizeram com que se alcançassem níveis nunca imaginados antes de fluxo e organização de informação, que foram responsáveis por refletir diretamente nas formas de se fazer negócio. Imagine, por exemplo, que você irá comprar um iPhone. Em um primeiro momento você pode se questionar por que ele tem um custo relativamente alto quando comparado a outros smartphones semelhantes ou concorrentes. Porém, o raciocínio a ser feito deve envolver os fatores que se relacionam ao custo do produto, os quais agregam desde o custo do design , de propaganda, de atendimento ao cliente, de suporte, entre outros serviços que estão embutidos no aparelho. Ou seja, conceitos e informações que envolvem seu contexto, e não somente os custos de produção em si (Figura 12). Isso é o que muitos autores da área de marketing chamam de valor agregado. Acreditar hoje que os lucros de uma empresa estão no produto, e não nos serviços, faz com que empresários corram o risco de serem esmagadas por produtos fabricados na China – conhecida por produzir produtos de qualidade inferior devido ao seu baixo custo de produção e de mão de obra. Figura 12 – Conceitos construídos para agregar valor ao produto exemplificados no comercial do iPhone 7. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ClRhvr7SK6E. A economia da informação muda completamente os parâmetros de valor. Uma ideia capaz de gerar uma vantagem competitiva pode valer milhões, talvez bilhões de dólares. Quanto vale uma ideia como a que deu origem ao modelo de negócio hoje praticado pela Microsoft, ou que sustentou o crescimento da Dell ao vender computadores antes de produzi-los de fato? Quanto vale uma ideia como a que aumentou o bocal do tubo de pasta de dentes? Ou a ideiaque deu origem ao modelo de links patrocinados do Google? O dinheiro está nas ideias, na informação, nos bits, não no banco e muito menos na produção. Sites com pouco dinheiro, mas com uma boa ideia, passam da casa das dezenas para a casa das centenas de milhares de usuários em poucos meses. Crescimentos da ordem de 1.000% ou 5.000% não são números fantasiosos na economia da informação (ADOLPHO, 2011, p. 51). Por isso, estratégias digitais de marketing são muito importantes para o futuro dos negócios. Veja alguns exemplos no quadro ao lado. Contudo, antes de cairmos de cabeça nas estratégias digitais de marketing, vamos explorar como é a constituição do mundo on-line e como a disseminação de informações – alvo de nossa discussão até agora – se tornou tão importante para o ambiente digital. Estratégias digitais de marketing da Nokia Brasil A marca aposta na integração das campanhas off-line com as ações on-line. Leia a notícia completa em: http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/conheca- estrategias-de-marketing-digital-da-nokia-no-brasil. LinkedIn faz piada com clichês de currículos e figuras históricas Rede social brinca com os grandes clichês usados em currículos no Brasil. Leia a notícia completa em: http://exame.abril.com.br/marketing/linkedin-faz-piada- com-cliches-de-curriculos-e-figuras-historicas/. 2.2 O mundo on-line da web 1.0 e 3.0 Gabriel (2010, p. 78) diz que na medida em que as tecnologias foram mudando, “o marketing passou a perceber que os atributos funcionais de produtos não eram suficientes e começou a enfocar as pessoas”. Logo, as estratégias tiveram que envolver as emoções das pessoas, o que só foi possível de ser realizado devido ao computador pessoal e às pesquisas de mercado. Por essa razão se ouve tanto que hoje vivemos na era da experiência, caracterizada tanto pela busca dos consumidores por informação quanto por transparência. Tais fatores devem buscar o engajamento do consumidor quando em contato com a marca. Esse percurso, no entanto, passou por mudanças significativas, pois passamos da web estática para a web dinâmica. Da web de leitura para a web da participação. Da web de uma via para a web de duas mãos. Da web de páginas para a web de plataforma. Da web de reação para a web de participação. Da web discurso para a web conversação. E estamos caminhando para a web de interação, a web semântica, a Internet das coisas (GABRIEL, 2010, p. 78). A O’Reilly Media3 classificou as principais mudanças e transformações ocorridas na web em três diferentes ondas que ficaram conhecidas como web 1.0, web 2.0 e web 3.0. O Quadro 8 apresenta e exemplifica as características de cada uma delas. Quadro 8 – Constituições da web TIPO DE WEB CARACTERÍSTICAS EXEMPLO WEB 1.0 Primeira geração de Internet comercial que se baseava em um conjunto de princípios para páginas estáticas na web. Na época isso era um avanço, pois permitia às pessoas apenas navegarem, encontrarem informações úteis e consumi-las para si, mas com a desvantagem de não poderem interagir e tampouco criar conteúdo. Era uma via de uma só mão. Primeiros portais de notícia como IG, UOL etc. Antes da popularização das redes sociais não existiam ferramentas de compartilhamento como hoje é comum vermos. Surgiu por volta de 2004 a partir do crescimento relevante de aplicativos web. Esse novo paradigma trouxe novos conceitos, técnicas e recursos que permitiam As redes sociais, como a extinta Orkut e a líder atual Facebook, além de blogs e WEB 2 .0 que as páginas se tornassem mais atrativas e dinâmicas e saíssem da era do conteúdo estático e produzido por poucos para uma era em que o conteúdo podia ser publicado e compartilhado por qualquer pessoa com acesso à Internet. Isso significou mais poder de acesso e informação ao usuário. Ou seja, os usuários poderiam criar seus próprios conteúdos, mas além disso, eles podiam discordar do conteúdo que recebiam até aquele momento e divulgar suas opiniões para toda rede. A web 2.0 passa a ser caracterizada como uma via de mão dupla. vídeos compartilhados em outras plataformas são exemplos de páginas e conteúdos possíveis de serem compartilhados na Internet. WEB 3.0 O termo foi disseminado a partir de um artigo publicado no New York Times, por John Markoff, descrevendo como a Web Semântica e se refere à organização e ao uso mais “inteligente” de todo o conhecimento já disponível na Internet. Em outras palavras, cada vez mais pessoas, animais, objetos, lugares e muitas outras coisas são acrescentadas na web em forma de conteúdos de textos, imagens, vídeos etc., absolutamente qualquer coisa poderá ser parte dela, isto é, a Internet das coisas. Esse volume de informações é tão grande e emergente que para ser possível atuar na web e encontrar o que é relevante a cada instante, precisamos de um novo paradigma de busca e organização O Google detém uma série de dados que são expostos pelos internautas ao se cadastrarem, permitindo o acesso aos mesmos e, ao navegarem por diversos sites, deixam seus rastros. Essas informações passam a ser utilizadas para apresentar ao internauta os resultados de buscas mais coerentes com o que ele deseja e com aquilo que da informação. Logo, esse novo paradigma é a web 3.0, ou web semântica. Na web semântica, além da informação em si, o contexto e as ligações referentes a essa informação permitirão encontrar um signif icado que auxilie o uso da web. No vídeo “Web Semântica”, Martha Gabriel4 e Vagner Diniz5 explicam amplamente como funciona a web semântica: https://www.youtube.com/watch? v=i4GG4etWjR8 está pesquisando. Por exemplo, se uma pessoa tem a intenção de viajar nas férias e comenta sobre isso na sua rede social, a partir de um tempo, essa pessoa começa a receber ofertas de agências de viagens. Fonte: Turchi (2012, p. 15); Gabriel (2010, p. 78-79). Assim, Gabriel (2010, p. 80) comenta que durante o processo de transformação da web associado com melhorias das tecnologias móveis e locativas da última década, é possível destacar alguns fatores que nos levaram a uma era que tem como protagonistas as redes sociais on-line, a busca, a mobilidade, a geolocalização e o tempo real, especialmente em decorrência dos seguintes fatores: a. Explosão de conteúdo pela web 2 .0: para Gabriel (2010), é a web usada como plataforma de participação. Nela, além do consumo de conteúdos, é possível a inserção de conteúdos (em blogs, sites de publicação de vídeos como o YouTube, redes sociais como o Facebook, Twitter etc.). Na web 2.0 é fácil publicar e compartilhar conteúdos por qualquer pessoa, trazendo, assim, uma sensação de liberdade. Mas, por outro lado, como ela possibilita a multiplicação massiva desses conteúdos em grande velocidade (e sem controle sobe a qualidade), consequências podem acontecer, sendo necessário a criação de filtros e validação de conteúdos, os quais geram um ambiente fértil para os processos de busca (Figura 13). Figura 13 – Redes sociais permitem o compartilhamento de conteúdos por qualquer pessoa. Fonte: Maia (2015). b. O fenômeno da cauda longa (the long tail) : a natureza da web por si só permite mostrar e/ou armazenar todo o tipo de informação. Sempre é possível oferecer diversas opções, inclusive de produtos que tenham pouca procura/venda, de modo que se torne possível tê-los como opção, assim como os mais populares. Adolpho (2011, p. 59-60) explica que esse conceito não é novo, mas ficou popular com a Internet, ganhando uma nova conotação. “É um conceito essencial para entender as consequências de um mercado que tem como base informações”. Para Gabriel (2010), se formos mapear as vendas/procura da enorme quantidade de produtos/serviços que coexistem na web, chegaremos a uma curva decrescente que mostra no alto o produto mais popular e vai estabilizando- se até os mais específicos do nicho, formando uma cauda longa. Tal fenômeno mostra que a venda/procura das inúmeras opções menos populares geram um volume total de venda/procura maior que de produtos mais populares (Figura 14). Figura 14 – Gráfico da cauda
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