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NA INFÂNCIA As doenças exantemáticas são muito frequentes na infância, e se caracterizam pela presença de erupções cutâneas geralmente febris. Podem ser causadas por vírus, bactérias ou parasitas, mas principalmente por vírus. Exantema: manifestação cutânea de fundo vascular e de causa infecciosa, alérgica, tóxica ou física. Podendo ser: mácula, pápula, vesícula, pústula, crosta e sufusão hemorrágica. CARACTERÍSTICAS DO EXANTEMA A descrição das características do exantema é um dado fundamental para a identificação de suas possíveis causas. Os aspectos diferenciais mais importantes são: - Tipo das lesões (manchas, pápulas, vesículas, bolhas, petéquias); - Progressão do exantema (local de início, sentido e velocidade da expansão para as outras partes do corpo); - Distribuição (centrífuga ou centrípeta, com ou sem acometimento de palmas de mãos e plantas de pés); - Presença de descamação (fina ou em placas) e prurido. O Enantema é representado pelas lesões mucosas, conjuntivas, orais ou urogenitais, que podem estar associadas com a erupção de pele. EXAME FÍSICO VARICELA Doença altamente contagiosa causada pelo vírus da varicela-zoster. O contágio ocorre a partir de 2 dias antes do aparecimento do exantema, por via respiratória. O diagnóstico é usualmente clínico, com o aparecimento de lesões vesiculares características, em dias sucessivos, que evoluem para crostas em poucos dias. A febre, em geral, é baixa, acompanhada de sintomas discretos. Normalmente manifesta-se como uma doença benigna ao acometer crianças eutróficas e sadias. A contaminação secundária das lesões de pele pode levar a quadros intensos de impetigo, com acometimento bacteriano e feridas profundas. Na grande maioria dos casos de varicela, em crianças, o tratamento é sintomático. O prurido, frequentemente presente na varicela, pode ser aliviado com o uso local de calamina ou, nos casos mais rebeldes, com o uso de anti-histamínicos por via oral. Para se evitar infecção bacteriana secundária das lesões, aconselha-se manter as unhas curtas e limpas, e banhos com permanganato de potássio 1:40.000, 2 vezes por dia. O uso de antibióticos será necessário somente naqueles casos em que ocorrer infecção. Considerando-se a etiologia habitual, estafilococos e estreptococos, o antibiótico de escolha é do grupo das penicilinas e a amoxicilina. Como tratamento específico dos quadros graves de varicela no imunodeprimido (encefalite, pneumonia, forma disseminada) e em neonatos (principalmente com forma disseminada), o aciclovir dado precocemente inibe o desenvolvimento da doença. SARAMPO Doença febril exantematosa aguda, altamente transmissível, causada por vírus da família Paramyxoviridae do gênero Morbillivirus. A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por secreções nasofaríngeas expelidas na fala, tosse, espirro ou respiração. O vírus pode ser transmitido quatro a seis dias antes ou quatro dias depois do surgimento do exantema. No Brasil, o sarampo é uma doença de notificação obrigatória desde 1968. O sarampo tem fases distintas: a de incubação, a prodrômica e a exantemática. Sua transmissão é possível cinco dias antes e quatro dias depois do surgimento do exantema, e mais de 90% das pessoas expostas desenvolverão a doença. A fase de incubação dura 10-14 dias e é geralmente assintomática. A fase prodrômica dura 2-8 dias, com a presença de sintomas não específicos, como febre, mal-estar, tosse, coriza e conjuntivite. Em alguns pacientes, os sinais de Koplik aparecem 24-48 horas antes do surgimento do exantema. O exantema maculopapular emerge na fase exantemática, inicialmente na face, espalhando-se para o tronco e extremidades 3-4 dias após o início da febre, com duração de cerca de três dias. Diagnósticos laboratoriais específicos de sarampo podem ser feitos sorologicamente, nos quais o ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA) é usado para detectar a presença de imunoglobulina da classe M (IgM) específica para vírus no plasma, tendo maior sensibilidade cerca de quatro dias após o surgimento do exantema. A profilaxia do sarampo se dá por vacinação. No Brasil, a vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde é feita com vírus atenuados de sarampo, rubéola, caxumba e varicela para crianças de 15 meses a 4 anos de idade. Duas doses são recomendadas: a segunda, três meses após a primeira. Não existe um tratamento específico, sendo este basicamente sintomático e de suporte. RUBÉOLA É causada por um vírus do gênero Rubivirus, o Rubella vírus. A rubéola é uma doença infectocontagiosa que acomete principalmente crianças entre cinco e nove anos. A transmissão acontece de uma pessoa a outra, geralmente pela emissão de gotículas das secreções respiratórias dos doentes. Após um período de incubação, que varia de duas a três semanas, a doença mostra seus primeiros sinais característicos: febre baixa, surgimento de gânglios linfáticos e de manchas rosadas, que se espalham primeiro pelo rosto e depois pelo resto do corpo. As crianças devem tomar duas doses da vacina combinada contra rubéola. Todos os adolescentes e adultos (homens e mulheres) também precisam tomar a vacina tríplice viral ou a vacina dupla viral (contra sarampo e rubéola), especialmente mulheres que não tiveram contato com a doença. Gestantes não podem ser vacinadas. As mulheres em idade fértil devem evitar a gestação por 30 dias após a vacinação. O tratamento da rubéola é sintomático. ESCARLATINA Esta doença é causada quase na totalidade dos casos, por estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Inicia-se de maneira abrupta com sintomas como febre alta, vômitos, cefaléia e faringite. Passadas 12 a 48 horas surge a erupção típica: o exantema. Trata-se de uma erupção cutânea eritematosa difusa, micropapular, pápulas essas que não excedem 1,0 mm de diâmetro, áspera à palpação. O exantema inicia-se no peito e expande-se rapidamente para todo o tronco, pescoço e membros, poupando palmas das mãos e plantas dos pés. Na face se encontram geralmente lesões puntiformes, a testa e as bochechas ficam hiperemiadas e lisas, enquanto a região perioral apresenta-se pálida (sinal de Filatow). O enantema da mucosa oral é acompanhado de alteração da língua que, nos primeiros dois dias, se reveste de uma camada branca, e as papilas, avermelhadas e edemaciadas, sobressaem; no terceiro ou quarto dia, o revestimento branco descama, permanecendo as papilas hipertrofiadas e a língua avermelhada (língua em framboesa). Tratamento: visa evitar as complicações supurativas e prevenir a febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. - A penicilina G benzatina: via intramuscular, nas doses de 1.200.000 UI em crianças com mais de 25kg e adultos. - Para crianças com peso inferior a 25kg: 600.000 UI. - Em pacientes alérgicos: eritromicina na dose de 30 a 40mg/kg/dia. ERITEMA INFECCIOSO Provocado por um vírus chamado Parvovírus B19, motivo pelo qual ele também pode ser chamado de parvovirose. A forma de transmissão mais comum do parvovírus B19, é através do contato com secreções das vias aéreas. O quadro começa como uma virose inespecífica, com sintomas comuns, tipo coriza, febre baixa, dor de garganta, espirros, dor de cabeça, tosse, mal estar, coceira pelo corpo e dor nas articulações. Esse quadro inicial, chamado de pródromo, dura de 2 a 3 dias e depois desaparece. Dois a sete dias após a fase prodrômica, os sintomas voltam, desta vez sob a forma de erupção da pele, chamado de exantema ou rash. O rash do eritema infeccioso comporta-se tipicamente em 3 fases. O exantema inicia-se pela face, dando ao paciente uma aparência de “face esbofetada”. Esse rash é caracteristicamente bem avermelhado, acometendo ambas as bochechas e com discreto relevo. Em geral, as áreas ao redor do nariz, boca e olhos são poupadas. Em 1 a 4 dias após o exantema facial, o rash espalha-se pelo corpo. Nesta fase, as lesões de pele adquirem uma aparência muito característica, que é chamada de rash reticular ou em forma de renda. Após a fase aguda do exantema, que dura de 1 a 3 semanas, o paciente pode ainda passar semanas, ou até meses,experimentando recorrências do rash, principalmente após contato com água quente, exposição solar excessiva, dias muito quentes, estresse psicológico ou exercício físico intenso. Após a cura, o paciente torna-se imune à doença. Na imensa maioria dos casos, o eritema infeccioso é uma doença benigna e autolimitada, que cura-se sozinha sem a necessidade de nenhum tipo de tratamento. Se o paciente queixa-se de coceira ou dor articular, medicamentos sintomáticos, como um anti-histamínico ou analgésicos podem ser prescritos para aliviar os sintomas. MONONUCLEOSE Doença do beijo. Tem baixa mortalidade e letalidade, de manifestações agudas e geralmente benignas. Causada pelo vírus denominado EpsteinBarr (EBV), gamavírus DNA (Linfocriptovirus) pertencente ao Grupo Herpes. Tem baixa infectividade, de distribuição universal, ocorrendo esporadicamente e em qualquer idade, porém prevalente (70-80%) entre crianças e adultos jovens. O período de incubação varia de 10 a 60 dias, com prazo médio de 30 a 45 dias. A porta de entrada do vírus é presumivelmente a nasofaringe, daí a maior contagiosidade pelo beijo e contato com saliva. Os pródromos se iniciam com febrícula, calafrios, inapetência, fadiga, mal-estar e sudorese. Podem ocorrer intolerância a cigarros, náuseas, vômitos e fotofobia. Cefaléia, mialgia (principalmente paravertebral superior e cervical) e dor de garganta são sintomas precoces, frequentes e progressivos (15% a 20% dos casos não têm dor de garganta). A febre é o sinal predominante da doença e ocorre em cerca de 87,3% dos casos. Tende a ser mais baixa em crianças e mais alta e prolongada em adultos, mas, ao contrário de uma septicemia bacteriana, os doentes não apresentam o estado geral comprometido. O aumento dos linfonodos cervicais é encontrado em 80% a 100% dos casos e usualmente associa-se à linfoadenopatia generalizada. Tratamento: Repouso relativo por cerca de três semanas. - Aciclovir (ACV) - é um agente antiviral potente para alguns vírus do grupo herpes. - Tratamento sintomático.
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