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Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 1 Cefalosporinas São fármacos beta-lactâmicos que, quando comparados às penicilinas, possuem menor meia-vida e apresentam maior segurança. As cefalosporinas se caracterizam pelo am- plo espectro de ação, cobrindo bactérias gram+, gram-, aeróbias e anaeróbias, e por serem úteis em infecções localizadas até condições mais graves. Mecanismo de ação e resistência As cefalosporinas atuam como um bacteri- cida, inibindo a síntese da parede celular bacteriana. Para isso, elas se ligam às prote- ínas ligadoras de penicilina (PBP) e fazem a inativação destas. As bactérias, por sua vez, se defendem da cefalosporinas por 3 principais mecanismos: a) Produção de beta-lactamase; b) Perda de porinas: culmina na redução da permeabilidade da parede bacteriana à cefalosporinas que, assim, não alcança o seu sítio de ação. c) Via PBP-relacionada: trata-se de uma mudança conformacional da PBP, de modo que as cefalosporinas não consi- gam mais se ligar e inativas essa proteína. Classificação As cefalosporinas se dividem em 5 gerações: 1ª geração: cefalexina, cefadroxila, cefazo- lina e cefalotina. 2ª geração: cefuroxima, cefaclor e ceftazi- dima. 3ª geração: ceftriaxona, cefotaxima e cefta- zidima. 4ª geração: cefepime. 5ª geração: ceftarolina e ceftobiprole. Espectro de ação e aplicação clínica Primeira Geração O espectro dessa classe é muito limitado, abrangendo somente Streptococcus e Sta- phylococcus comunitários. Assim, as aplica- ções clínicas desse grupo são, basicamente, infecções cutâneas, de partes moles, ósseas e articulações. Ainda, são muito usados para faringites estreptocócicas e para profilaxia cirúrgica. Apesar disso, não são o atb de es- colha para infecções graves ou no SNC, uma vez que não transpõem a barreira hemato- encefálica. A única droga da primeira geração disponível por via parenteral é a cefazolina. Ela se des- taca por possuir ação contra Staphylococcus produtores de penicilinases. Segunda Geração Essa geração tem boa penetração no SNC e espectro de ação um pouco mais amplo, co- brindo anaeróbios e alguns bacilos gram-, como as enterobactéiras e Haemophilus. Em contrapartida, ela perde o espectro de ação contra Sthaphylococcus e Streptococcus. A principal aplicação clínica desse grupo se dá para infecções gastrointestinais, causadas por Klebisiella, Salmonella, Shigella ou Es- cherichia, ou por infecções por anaeróbios. Ainda, a cefuroxima pode ser utilizada para profilaxia cirúrgica. Todavia, a segunda geração é uma forte in- dutora de beta-lactamases. Sendo assim, é importante evitar a monoterapia. Terceira Geração Dentre as cefalosporinas, a terceira geração é a mais conhecida e a mais utilizada. Isso se dá pela sua excelente penetração no SNC e em líquidos teciduais. O seu espectro de ação inclui Neisserias, Streptococcus, pseu- dômonas, Haemophilus influenzar e entero- bactérias. Essa classe é a primeira escolha para menin- gites gram- causadas por enterobactérias. Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 2 Ainda, pode ser uma alternativa para os ami- noglicosídeos no tratamento de infecções por bactérias resistentes a outros antibióti- cos beta-lactâmicos. Comumente, a ceftria- xona é usada para a meningite meningocó- cica e para a gonorreia. Ainda, é efetiva para infecções por Streptococcus resistentes e enterobactérias. Quarta Geração Possuindo apenas um representante princi- pal, o cefepime, é uma geração que costuma ser usada contra germes intra-hospitalares, cuja gravidade tende a ser maior. Acerca de seu espectro de ação, faz a cobertura desde Streptococcus, Staphylococcus aureus meti- cilino-sensíveis (MSSA), até Haemophilus, pseudômonas, neisserias e enterobactérias – incluindo o grupo PESC: Providencia, Pro- teus, Enterobacter, Serratia e Citrobacter. Para lembrar, o espectro de ação da 4ª geração é a união das coberturas das cefalosporinas da primeira e da terceira ge- ração. Assim, tem-se que 1+3=4. Como efeitos adversos, tem-se convulsões. Quando isso ocorre ou quando há falha te- rapêutica, a principal opção é a combinação piperaciclina-tazobactam (tazocin). Quinta Geração No Brasil, a única cefalosporinas de quinta geração disponível é a ceftarolina, cujo custo é bastante alto. O espectro de ação dessa droga é semelhante ao da ceftriaxona, po- rém com melhor atividade contra gram+ e adicionando cobertura contra Staphylococ- cus aureus meticilino-resistentec(MRSA) e enterococos. A principal desvantagem de seu uso é a falta de ação contra alguns ana- eróbios. Sua aplicação clínica mais relevante é contra infecções de pele e partes moles complica- das. Também é usada contra Gram-, em am- biente intra-hospitalar. Todavia, a ceftaro- lina não possui ação contra bacteroides. Farmacocinética Grande parte das cefalosporinas parente- rais, por possuírem meia-vida curta, deman- dam administração a cada 4 horas, em trata- mento de infecções sistêmicas graves. Obs.: fogem dessa reta a cefazolina e a ceftriaxona que possuem maior meia-vida, podendo ser administradas a cada 8 e 24 horas, respecti- vamente. EXCREÇÃO. As cefalosporinas devem ter sua dose ajustada em casos de insuficiência re- nal, exceto a ceftriaxona, cuja excreção é bi- liar. Todas as cefalosporinas atingem con- centrações terapêuticas nos fluidos corpo- rais (líquidos pleural, pericárdico, peritoneal, sinovial e na urina). As cefalosporinas de primeira e se- gunda geração (exceto a cefuroxima) não atravessam a BHE e, por isso, não são in- dicadas para infecções no SNC. Farmacodinâmica Como já foi explicado, as cefalosporinas che- gam até o sítio da infecção e atuam sobre as bactérias, por efeito bactericida, inibindo a síntese de suas paredes bacterianas. Uso durante a gestação e o aleitamento Durante a gestação, não há qualquer contra- indicação de uso das cefalosporinas, pois elas são fármacos altamente seguros. Por outro lado, durante o aleitamento, o seu uso é desencorajado, pois elas podem passar pelo leite e modificar a microbiota do lac- tante. Hipersensibilidade às cefalosporinas A prevalência da hipersensibilidade às cefa- losporinas é de 1 a 3%. Essas reações alérgi- cas variam quanto a sua expressão, sendo mais comum exantema. Reação cruzada entre penicilinas e ce- falosporinas. Pacientes alérgicos a pe- nicilinas costumam receber prescrição de cefalosporinas. Em geral, a reação cruzada Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 3 ocorre com as cefalosporinas de primeira geração e, em menor grau, com as de se- gunda geração. Desta forma, algumas cefa- losporinas podem ser prescritas para pacien- tes com alergia à penicilina. A recomenda- ção de exclusão do uso de cefalosporinas é somente em casos de reação alérgica grave a penicilinas. Toxicidade Deve-se evitar ceftriaxona em neonatos (≤28 dias) que estiverem recebendo solu- ções de cálcio intravenoso, pois há risco de complicações pulmonares/renais. Atualizações Cefiderocol é uma droga nova, com uso apro- vado apenas nos EUA. Com espectro de ação para gram- multirresistentes, possui ativi- dade contra produtores de beta-lactamases ou carbapenemases e contra os quem redu- zem a expressão de porinas. O uso clínico é restrito a adultos com infec- ções complicadas do trato urinário ou pielo- nefrite por gram- altamente resistentes.
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