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Patologia Introdução ➔ A patologia se dedica ao estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais em células, tecidos e órgãos que constituem a base das doenças. ➔ Esse estudo é feito por meio do uso de técnicas moleculares, microbiológicas e morfológicas, ➔ Assim, a patologia tenta explicar os porquês e as causas dos sinais e sintomas manifestados pelos pacientes, ➔ Logo, fornece uma base racional para a terapêutica e os cuidados clínicos. ➔ O estudo da patologia é dividido em patologia geral e patologia sistêmica 1) Patologia geral: se preocupa com as reações comuns das células e tecidos aos estímulos nocivos. ❏ Reações que não são específicas de um determinado tecido, ❏ Por exemplo: Inflamação aguda, em resposta às infecções bacterianas, produz uma reação muito semelhante na maioria dos tecidos. 2) Patologia sistêmica: Examina as alterações e os mecanismos subjacentes das doenças específicas de determinado órgão ❏ Por exemplo: Doença cardíaca isquêmica. Quatro aspectos de um processo de doença que formam o cerne da patologia: I. Causa (etiologia), II. Mecanismos bioquímicos e moleculares do seu desenvolvimento (patogenia ou patogênese), III. Alterações estruturais provocadas nas células e órgãos do corpo (alterações morfológicas) IV. Consequências funcionais dessas alterações (manifestações clínicas) A. Etiologia ou Causa ❏ Existem inúmeros fatores que podem causar a doença, no entanto, em geral, podem ser agrupados em duas classes: 1. Genéticos (exemplo: Mutações hereditárias e variantes genéticas associadas a doenças ou polimorfismos) 2. Adquiridos (exemplo: Doenças infecciosas, nutricionais, por agentes químicos ou físicos). Não é aplicável à maioria das doenças que um agente etiológico seja a causa de uma doença, uma vez que a maioria das afecções comuns, como a aterosclerose e o câncer, é multifatorial e surge dos efeitos de vários estímulos externos em um indivíduo geneticamente suscetível. Logo, a contribuição relativa da suscetibilidade hereditária e das influências externas varia nas diferentes doenças. @jully.studymed B. Patogenia ➔ A Patogenia se refere à sequência de eventos celulares, bioquímicos e moleculares que decorrem da exposição das células ou tecidos a um agente lesivo, ➔ Assim, consiste em um dos domínios da patologia! ➔ Muitos genes mutantes subjacentes a um grande número de doenças já foram identificados, mas as funções das proteínas codificadas e como essas mutações provocam a doença, ou seja, a patogenia, não são totalmente compreendidas. ➔ Com mais pesquisas em genômica clínica, a capacidade de relacionar as anormalidades moleculares específicas às manifestações das doenças e usar esse conhecimento para traçar novas abordagens terapêuticas. ➔ Portanto, essas “tarefas”cabe ao estudo da patogenia, área cientificamente imprescindível para o estudo médico. Em patologias como infecções e mutações, a causa inicial é conhecida, no entanto, a manifestação da doença se distancia por várias etapas da expressão da doença. Como no caso da fibrose cística, onde somente conhecer o gene defeituoso e o produto gênico, não é o essencial, assim, é preciso conhecer os eventos bioquímicos e morfológicos que levam à formação dos cistos e fibrose nos pulmões, pâncreas e outros órgãos, logo, cabe ao estudo da patogenia. C. Alterações Morfológicas ➔ Alterações morfológicas referem-se às alterações estruturais nas células ou tecidos. ➔ A patologia diagnóstica, na sua prática, usa a morfologia para determinar o tipo da doença e acompanhar sua evolução. ➔ A morfologia É peça fundamental para os diagnósticos, porém, suas limitações se tornaram evidentes ao longo dos anos. ❏ Exemplo, lesões morfologicamente idênticas podem surgir através de mecanismos moleculares distintos. ➔ Esse aspecto ocorre no casos dos tumores : cânceres de mama que são morfologicamente idênticos podem apresentar evolução, respostas terapêuticas e prognóstico diferentes totalmente. Portanto, análises moleculares por técnicas, como sequenciamento de última geração, revelam diferenças genéticas que predizem o comportamento dos tumores, tal como sua resposta a diferentes terapias. Logo, cada vez mais as terapias-alvo específicas com base nas alterações moleculares estão sendo utilizadas para o tratamento dos cânceres. Assim, o campo da patologia diagnóstica se expandiu a ponto de incluir biologia molecular e análise proteômica na análise das doenças. @jully.studymed D. Manifestações Clínicas ➔ Os resultados finais das alterações genéticas, bioquímicas e estruturais nas células e tecidos são anormalidades funcionais, ❏ Assim, provocam as manifestações clínicas (sinais e sintomas) das doenças, ❏ e também a progressão da doença (curso clínico e consequências). ➔ Logo, as correlações clinicopatológicas são muito importantes no estudo de doenças. Portanto, quase todas as formas de doenças começam com alterações moleculares e estruturais nas células. Assim, a agressão às células e à matriz extracelular tem como resultado final a lesão tecidual e orgânica, as quais determinam os padrões morfológicos e clínicos das doenças. ➢ Respostas Celulares ao Estresse e aos Estímulos Nocivos ➔ A célula normal está limitada, em suas funções e estrutura, exemplo: ➢ Limitada a uma faixa de variação estreita devido ao seu estado de metabolismo, ➢ Diferenciação e especialização restrita pelas células vizinhas e pela disponibilidade de substratos metabólicos. ➔ No entanto, a célula é capaz de dar conta das demandas fisiológicas, mantendo a homeostase. ➔ Assim, as adaptações são respostas estruturais e funcionais reversíveis às alterações fisiológicas ➢ como exemplo: gestação Porém, em alguns estímulos patológicos, as células atingem um novo estado de equilíbrio, assim, é permitindo a sobrevivência e a atividade funcional da célula. ➢ A Resposta adaptativa pode consistir em: I. Hipertrofia: = Aumento no tamanho das células e da atividade funcional celular, II. Hiperplasia = Aumento do número de células, III. Atrofia = Diminuição do tamanho e da atividade metabólica celular, IV. Metaplasia = Mudança do fenótipo das células. ★ Quando o estímulo é eliminado, a célula pode retornar ao seu estado original sem ter sofrido qualquer consequência danosa. ➔ Se os limites das respostas adaptativas das células forem excedidos, ➔ ou se as células forem expostas a agentes ou estímulos nocivos, privadas de nutrientes essenciais, ➔ ou ficarem comprometidas por mutações que afetem constituintes celulares essenciais, ★ Ocorre então a lesão celular @jully.studymed ➔ A lesão celular é reversível até certo ponto, ❏ No entanto, se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, ❏ A célula pode sofrer lesão irreversível e, assim, ocorrer em morte celular. ★ Adaptação, lesão reversível e morte celular podem ser os estágios de um dano progressivo que sucede diferentes tipos de agressões. Por exemplo, músculo cardíaco aumenta muito, em Resposta a uma sobrecarga hemodinâmica, como uma forma de adaptação! No entanto, pode sofrer lesão, se o suprimento sanguíneo para o miocárdio está comprometido ou é inadequado, assim, o músculo primeiramente sofre lesão reversível, manifestada por certas alterações citoplasmáticas. Porém, posteriormente, as células sofrem lesão irreversível e morrem. ➔ Morte celular ➢ Consiste no resultado final da lesão celular progressiva, ➢ Logo, é um dos mais cruciais eventos na evolução de uma doença em qualquer tecido ou órgão. ➢ A morte celular é resultado de várias causas, ❏ Como a isquemia (redução do fluxo sanguíneo) ❏ Ou infecções e substâncias tóxicas. No entanto, a Morte celular constitui também um processo normal e essencialna embriogênese, no desenvolvimento dos órgãos e na manutenção da homeostase. Logo, também faz parte de processos fisiológicos. ➔ Duas vias principais de morte celular: I. Necrose, II. Apoptose. ➔ A Privação de nutrientes induz uma resposta celular adaptativa = Autofagia, que pode culminar em morte celular. ➔ Diversos tipos de estímulos podem induzir alterações nas células e tecidos, diferentes das típicas adaptações, lesões e morte celulares. ➔ Os distúrbios metabólicos celulares e a agressão crônica subletal podem estar associados com acúmulos intracelulares de várias substâncias, como proteínas, lipídios e carboidratos. ❏ Exemplo, o cálcio é frequentemente depositado em sítios de morte celular, resultando em calcificação patológica. ❏ Além disso, o processo normal de envelhecimento é acompanhado por alterações morfológicas e funcionais nas células. @jully.studymed ➔ Logo, existem também outros três processos que afetam as células e tecidos: I. Acúmulos intracelulares, II. Calcificação patológica, III. Envelhecimento celular. ➔ Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares ❏ Adaptações são alterações reversíveis no tamanho, número, fenótipo, atividade metabólica ou funções das células, em resposta a modificações em seu meio ambiente.1. Hipertrofia ➔ A hipertrofia refere-se ao aumento do tamanho das células, ❏ Logo, resulta no aumento do tamanho do órgão afetado. ➔ O órgão hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores, ➔ O tamanho aumentado das células é devido à síntese e à incorporação de novos componentes estruturais intracelulares. ➔ Células com capacidade de divisão podem responder aos estímulos sofrendo tanto hiperplasia quanto hipertrofia, logo, ambos processos coexistem em muitos órgãos ➔ A Hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é causada pelo aumento da demanda funcional ou por estimulação de hormônios e fatores de crescimento. O estímulo mais comum para a hipertrofia do músculo, é o aumento da carga de trabalho. Exemplo: músculos avantajados dos praticantes de musculação Resultam do aumento do tamanho das fibras musculares individuais, em resposta ao aumento da demanda. No entanto, no coração, o estímulo para a hipertrofia é, em geral, uma sobrecarga hemodinâmica crônica, devido à hipertensão arterial ou a valvas deficientes. Assim, as células musculares sintetizam mais proteínas e o número de miofilamentos aumenta. Em síntese, aumenta-se a quantidade de força que cada miócito pode gerar, ampliando a força e a capacidade de trabalho do músculo como um todo. Esta imagem mostra a comparação entre um útero gravídico, em razão da hipertrofia celular entre um útero normal O crescimento fisiológico do útero durante a gestação é o principal exemplo de aumento de órgão induzido por hormônios, resultante principalmente de hipertrofia das fibras musculares. ➔ Assim, a hipertrofia uterina é estimulada por hormônios estrogênicos que agem nos receptores de estrogênio do músculo liso, ➔ Logo, resulta-se em maior síntese de proteínas no músculo liso e em aumento do tamanho celular. Diferenças histológicas entre as células fusiformes de músculo liso de um útero normal, em comparação com células grandes com amplo citoplasma do útero gravídico. @jully.studymed Mecanismos da Hipertrofia ➔ Hipertrofia é o resultado do aumento na produção das proteínas celulares, ➔ Existem três etapas básicas na patogenia molecular da hipertrofia cardíaca: 1. Ações integradas de sensores mecânicos ❏ Que são iniciadas por aumento da carga de trabalho, 2. Fatores de crescimento ❏ Como TGF-β, fator de crescimento semelhante à insulina 1 [IGF-1], e fator de crescimento fibroblástico. 3. Agentes vasoativos ❏ Exemplo: Agonistas α-adrenérgicos, endotelina-1 e angiotensina II. ➔ Para o processo de hipertrofia, sinais originários da membrana celular ativam uma rede complexa de vias de transdução de sinal. ➔ Duas dessas vias bioquímicas envolvidas na hipertrofia muscular são: 1. Via do fosfoinositídeo 3-cinase (PI3K)/Akt ➢ Essa via é considerada a mais importante na hipertrofia fisiológica, ❏ Exemplo: Induzida por exercício, 2. Via de sinalização em cascata da proteína G ligada a receptores ➢ Essa via é induzida por muitos fatores de crescimento e agentes vasoativos ❏ Logo, é considerada como sendo a via mais importante na hipertrofia patológica. ➔ Assim, essas vias de sinalização ativam um conjunto de fatores de transcrição como GATA4, fator nuclear de células T ativadas (NFAT), e fator estimulador do miócito 2 (MEF2). ➔ Esses fatores de transcrição trabalham coordenadamente para aumentar a síntese das proteínas musculares que são responsáveis pela hipertrofia. @jully.studymed A Hipertrofia pode também estar associada com uma troca de proteínas contráteis do tipo adultas para uma forma fetal ou neonatal, logo, nem sempre é de caráter patológico. Além disso, alguns genes, que são expressos apenas durante o desenvolvimento inicial, são reexpressos em células hipertróficas, e os produtos desses genes participam na resposta celular ao estresse. Por exemplo, o gene para o fator natriurético atrial é expresso tanto no átrio quanto no ventrículo do coração embrionário, mas reduz sua expressão após o nascimento. Homem, 37 anos, atleta maratonista há cerca de 15 anos, faz treinamentos intensos para a prova de “iron man” anual. Compareceu ao atendimento para avaliação médica de rotina, como exigência para as competições. Apesar de apresentar-se aparentemente saudável, acaba por submeter seu corpo a condições intensas de estresse . Se o paciente permanecer submetendo a essas condições durante anos, o paciente poderá sofrer uma Hipertrofia celular no miocárdio. ➔ Caso clínico aplicado a Hipertrofia ➔ A hipertrofia cardíaca está associada com o aumento da expressão do gene do fator natriurético atrial. Uma vez que o fator natriurético atrial é um hormônio peptídico que promove excreção de sal pelo rim, diminui o volume e a pressão sanguínea e, em consequência, reduz a carga hemodinâmica. Imagem de uma Hipertrofia Ventricular Esquerda Histologia cardíaca normal Histologia Cardíaca Atrofiada @jully.studymed 2. Hiperplasia ➔ A hiperplasia consiste no aumento no número de células em um órgão ou tecido em resposta a um estímulo. ❏ Embora hiperplasia e hipertrofia sejam processos diferentes, elas podem ocorrer juntas e podem ser induzidas pelos mesmos estímulos externos. ➔ O mecanismo de hiperplasia sozinho ocorre em tecidos que contêm células capazes de se dividir, aumentando, portanto, o número de suas células. ➔ Hiperplasia pode ser de caráter fisiológico ou patológico. A. Hiperplasia Fisiológica ➔ A hiperplasia fisiológica acontece devido à ação de hormônios ou fatores do crescimento, exemplo: ❏ Quando há necessidade de aumentar a capacidade funcional dos órgãos hormônio sensíveis; ❏ Quando há necessidade de aumento compensatório após lesão ou ressecção. Exemplo de Hiperplasia fisiológica hormonal: Quando ocorre a proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez, além disso, essa hiperplasia é, geralmente, acompanhada por aumento (hipertrofia) das células epiteliais glandulares. Regeneração hepática, uma vez que, em indivíduos que doam um lobo do fígado para transplante, as células que permanecem proliferam de modo que o órgão cresça e retorne, em pouco tempo, ao seu tamanho original. Portanto, os modelos experimentais de hepatectomia parcial têm sido úteis para definir os mecanismos que estimulam a regeneração do fígado. Exemplo de Hiperplasia compensatória: ➔ A medula óssea possui uma notável capacidade de sofrer rápida hiperplasia em resposta a uma deficiência de células sanguíneas completamente diferenciadas. ❏ Exemplo, no caso de uma hemorragiaaguda ou de destruição prematura das hemácias (hemólise), as alças de feedback envolvendo o fator de crescimento eritropoetina são ativadas, estimulando o crescimento de células progenitoras das hemácias, promovendo um aumento em sua produção de até oito vezes. @jully.studymed B. Hiperplasia Patológica: ➔ A maioria das formas de hiperplasia patológica é causada pela ação excessiva ou inapropriada de hormônios ou fatores de crescimento sobre suas células-alvo. ❏ Exemplo: Hiperplasia endometrial = Consiste em uma hiperplasia anormal induzida por hormônio. ❏ Em situações fisiológicas, após a menstruação, há um surto rápido de atividade proliferativa no endométrio que é estimulado por hormônios hipofisários e pelo estrogênio ovariano. Ela permanece até sua parada, pelos níveis crescentes de progesterona, em geral cerca de 10 a 14 dias antes do fim do ciclo menstrual. No entanto, em situações patológicas, o equilíbrio entre estrogênio e progesterona é perturbado, o que resulta em aumentos absolutos ou relativos na quantidade de estrogênio, logo, tem como consequente a hiperplasia das glândulas endometriais. ➢ Além disso, a hiperplasia das glândulas endometriais, consiste em uma causa comum de sangramento menstrual anormal. ➔ Hiperplasia Nodular prostática: ➔ Consiste em outro exemplo comum de hiperplasia patológica ➔ Acontece em decorrência da resposta ao estímulo hormonal androgênico. ➔ Embora essas formas de hiperplasias patológicas sejam anormais, o processo continua sendo controlado e a hiperplasia regride se o estímulo hormonal for retirado. ➔ No câncer, os mecanismos de controle do crescimento tornam-se desregulados ou ineficientes devido às anormalidades genéticas existentes, resultando, logo, em proliferação incontrolável. Portanto, embora a hiperplasia seja um mecanismo diferente do câncer, a hiperplasia patológica constitui um solo fértil no qual a proliferação cancerosa pode, eventualmente, surgir. Exemplo: Em pacientes com hiperplasia do endométrio apresentam risco aumentado de desenvolver câncer de endométrio. ➔ A Hiperplasia é uma resposta característica a certas infecções virais, como os papilomavírus, que causam verrugas cutâneas e várias lesões de mucosa compostas por massas de epitélio hiperplásico, ➔ Assim, os vírus produzem fatores que interferem com as proteínas do hospedeiro que regulam a proliferação celular. @jully.studymed 3. Atrofia ➔ Atrofia consiste na redução do tamanho de um órgão ou tecido, ➔ Logo, resulta na diminuição do tamanho e do número de células, ➔ A atrofia pode ser fisiológica ou patológica. ➔ Atrofia fisiológica ➔ A atrofia fisiológica é comum durante o desenvolvimento normal. ❏ Exemplo: Algumas estruturas embrionárias, como a notocorda e o ducto tireoglosso, sofrem atrofia durante o desenvolvimento fetal. ❏ Outro exemplo de atrofia fisiológica: Diminuição do tamanho do útero, que ocorre logo após o parto. ➔ Atrofia patológica ➔ Possui várias causas para a atrofia ser patológica e pode ser de caráter local ou generalizado. ➔ Causas comuns da atrofia patológica: I. Redução da carga de trabalho ❏ Atrofia de desuso. quando o paciente é restrito a repouso absoluto no leito, logo, ocorre a atrofia dos músculos esqueléticos. A redução no tamanho celular é reversível quando a atividade motora é restaurada no início. Porém, com o desuso mais prolongado, as fibras musculares esqueléticas diminuem muito, em razão da apoptose, logo, a atrofia pode ser acompanhada por aumento da reabsorção óssea, levando à osteoporose por desuso Atrofia de desuso ocorre, por exemplo, quando um osso fraturado é imobilizado com um molde de gesso ou II. Perda da inervação atrofia por denervação ➔ O metabolismo e função normais do músculo esquelético é dependente de sua inervação. ➔ Logo, uma lesão dos nervos leva à atrofia das fibras musculares por eles inervadas. III. Diminuição do suprimento sanguíneo. ➔ Consiste em uma redução do suprimento sanguíneo para um tecido (isquemia), ➔ Isso ocorre em consequência de doença oclusiva arterial que se desenvolve lentamente resulta em atrofia do tecido. ➔ Na senescência, o cérebro sofre atrofia progressiva, principalmente por causa da redução do suprimento sanguíneo causada pela aterosclerose, que afeta também o coração (atrofia senil) IV. Nutrição inadequada. ➔ Ocorre em razão de uma desnutrição proteico-calórica profunda (marasmo), ➔ Assim, está associada ao uso das proteínas do músculo esquelético como fonte de energia, após o esgotamento de outras reservas, como o tecido adiposo, ➔ Logo, resulta em um consumo muscular acentuado. @jully.studymed A Caquexia é encontrada também em pacientes com doenças inflamatórias crônicas e câncer. Assim, nesses casos, a produção excessiva do fator de necrose tumoral (TNF) (uma citocina inflamatória), é responsável pela perda de apetite e depleção lipídica, portanto, culmina com a atrofia muscular. V. Perda da estimulação endócrina. ➔ Muitos tecidos que respondem a hormônios, como a mama e os órgãos reprodutores, dependem da estimulação endócrina para sua função e metabolismo normais. ➔ Logo, a perda da estimulação estrogênica após a menopausa resulta em atrofia fisiológica do endométrio, epitélio vaginal e mama. VI. Compressão. ➔ A Compressão tecidual por um certo período de tempo pode causar atrofia. ➔ Um tumor benigno em crescimento pode causar atrofia dos tecidos normais circundantes, ❏ A Atrofia nesse caso é resultado de alterações isquêmicas causadas por comprometimento do suprimento sanguíneo devido à pressão exercida pela massa em expansão. ➔ As alterações celulares fundamentais associadas à atrofia são idênticas em todas as situações. ➔ A Resposta inicial consiste em uma diminuição do tamanho da célula e das organelas, ➔ Assim, vai reduzir as necessidades metabólicas da célula o suficiente para permitir sua sobrevivência. ➔ Além disso, no músculo atrofiado, as células contêm menos mitocôndrias e miofilamentos e uma menor quantidade de retículo endoplasmático rugoso. ➔ Portanto, na busca pela adequação entre a demanda metabólica da célula e níveis menores de suprimento sanguíneo, nutrição ou estimulação trófica, um novo equilíbrio é alcançado. ➔ No início do processo de Atrofia, as células e tecidos atróficos têm sua função diminuída, no entanto, no INÍCIO, a morte celular é mínima. ➔ Entretanto, a atrofia causada por redução gradual do suprimento sanguíneo pode progredir até as células serem muito lesadas e morrem, por apoptose A Morte celular por apoptose contribui para a atrofia dos órgãos endócrinos após privação hormonal @jully.studymed ➔ Mecanismos da Atrofia ➔ A atrofia é resultado da diminuição da síntese proteica e do aumento da degradação das proteínas nas células. ➔ A Síntese de proteínas diminui em função da atividade metabólica reduzida. ➔ A degradação das proteínas celulares ocorre principalmente pela via ubiquitina-proteossomo. ➔ Assim, com a deficiência de nutrientes e o desuso podem ativar ligases de ubiquitina, que ligam o peptídeo ubiquitina a proteínas celulares, e marcam essas proteínas para degradação nos proteossomos. ➔ A via ubiquitina-proteossomo também é responsável pela proteólise acelerada em diversas condições catabólicas, incluindo a caquexia do câncer. A atrofia é também acompanhada por aumento da autofagia, uma vez que aumenta o número de vacúolos autofágicos. A autofagia (“comer a si próprio”) é o processo no qual as células privadas de alimento digerem seus próprios componentes na tentativa de reduzir a demanda nutricional igualando-a ao fornecimento. Imagem de um cérebro de um adulto jovem normal, sem atrofia Imagem de uma atrofia de um cérebro de um homem de 82 anos de idade, com doença cerebrovascular aterosclerótica, resultando em fornecimentode sangue reduzido. Logo, suscitou na perda de substância cerebral, onde alargou os sulcos. @jully.studymed Metaplasia ➔ Metaplasia é uma alteração reversível ➔ Ocorre quando um tipo celular diferenciado (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular. A metaplasia representa uma resposta adaptativa, onde um tipo de célula sensível a um estímulo nocivo é substituído por outro tipo de célula que é mais capaz de suportar o ambiente adverso. ➔ A metaplasia epitelial mais comum é a colunar para escamosa ❏ Exemplo: Acontece no trato respiratório em resposta à irritação crônica. ❏ No fumante habitual de cigarros, as células epiteliais normais (colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios) são substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas. ❏ Além disso, deficiência de vitamina A (ácido retinóico) induz metaplasia escamosa do epitélio respiratório. ➔ Isso ocorre, pois o epitélio escamoso estratificado é mais resistente, portanto, é capaz de sobreviver sob circunstâncias nas quais o epitélio colunar especializado,muito mais frágil não conseguiria sobreviver. Entretanto, a mudança para células escamosas afetam outro lado. Exemplo: No trato respiratório, embora o revestimento epitelial se torne resistente, os importantes mecanismos de proteção contra infecções, como secreção de muco e o movimento ciliar do epitélio colunar são perdidos. Logo, as influências que predispõem à metaplasia, se persistentes, podem iniciar a transformação maligna no epitélio metaplásico. Portanto, um tipo comum de câncer no trato respiratório é composto por células escamosas, que podem surgir nas áreas onde o epitélio colunar normal foi substituído pelo epitélio escamoso Membrana Basal Epitélio Colunar Normal Metaplasia Escamosa Essa imagem representa uma metaplasia de um epitélio colunar para um epitélio escamoso @jully.studymed Mecanismos da Metaplasia ➔ A metaplasia é o resultado de uma reprogramação de células-tronco que existem nos tecidos normais ou de células mesenquimais presentes no tecido conjuntivo. ➔ Portanto, em uma alteração metaplásica, essas células precursoras diferenciam-se ao longo de um novo caminho. ➔ Assim, a diferenciação de células tronco para uma linhagem particular é provocada por sinais gerados por citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular presentes no ambiente celular. ➔ Em seguida, esses estímulos externos promovem a expressão de genes que dirigem as células para uma via de diferenciação específica. Portanto, o mecanismo de Metaplasia acontece em razão de uma alteração no fenótipo das células diferenciadas, em resposta à irritação crônica, logo, torna-se as células mais capazes de resistir ao estímulo nocivo, induzida por alteração na via de diferenciação de células-tronco do tecido. No entanto, a metaplasia pode resultar em funções reduzidas ou aumento da propensão para uma transformação maligna. Essa imagem mostra o mecanismo de metaplasia do epitélio colunar para epitélio escamoso em um Brônquio Homem de 47 anos foi diagnosticado com Esôfago de Barrett, doença adquirida reversível caracterizada por substituição do epitélio escamoso estratificado pelo colunar especializado, contendo células caliciformes. Resulta da agressão ácida crônica e está diretamente relacionada ao desenvolvimento do adenocarcinoma de esôfago. Logo, o paciente sofreu uma Metaplasia em razão do fenômeno reversível que ocorre quando uma célula adulta, seja epitelial ou mesenquimal é substituída por outra de outro tipo celular,comum na doença de Esôfago de Barrett. Caso Clínico aplicado a Metaplasia. @jully.studymed
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