Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
0 1 SUMÁRIO – EXERCÍCIOS – PADRÃO DE RESPOSTAS Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01, Aula 02 e Aula 03 Questões 01 a 10 (Correção em vídeo na Aula 01) ............................................................ 02 a 20 Questões 11 a 20 (Correção em vídeo na Aula 02) ............................................................ 22 a 40 Questões 21 a 30 (Correção em vídeo na Aula 03) ........................................................... 42 a 60 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04, Aula 05, Aula 06, Aula 07, Aula 08 e Aula 09 Questões 01 a 10 (Correção em vídeo na Aula 04) ............................................................ 62 a 79 Questões 11 a 20 (Correção em vídeo na Aula 05) ............................................................. 81 a 99 Questões 21 a 30 (Correção em vídeo na Aula 06) ......................................................... 101 a 119 Questões 31 a 40 (Correção em vídeo na Aula 07) ........................................................ 121 a 139 Questões 41 a 50 (Correção em vídeo na Aula 08) ........................................................ 141 a 159 Questões 51 a 60 (Correção em vídeo na Aula 09) ........................................................ 161 a 179 Professor Mauro Cesar Maggio Stürmer – Aula 10 Questões 01 a 10 (Correção em vídeo na Aula 10) ........................................................... 181 a 199 Professor Nidal Ahmad – Aula 11, Aula 12 e Aula 13 Questões 01 a 10 (Correção em vídeo na Aula 11) ......................................................... 201 a 218 Questões 11 a 20 (Correção em vídeo na Aula 12) ........................................................ 220 a 235 Questões 21 a 28 (Correção em vídeo na Aula 13) ....................................................... 237 a 255 2 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 1 Wilson, jovem que jamais sofreu condenação criminal, foi flagrado transportando perfumes e garrafas de vinho adquiridos em Rivera, Uruguai, cujos valores somados chegam a quantia de R$ 8.000,00. Ao ser abordado, disse que não tinha o documento comprovando a importação regular dos produtos, razão pela qual o Delegado da Polícia instaurou inquérito policial e, após, remeteu ao Ministério Público Federal, que, por sua vez, ofereceu denúncia contra Wilson pela prática do delito de descaminho, previsto no artigo 334 do CP. A denúncia foi recebida e Wilson citado. Atento ao caso apresentado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Qual o meio de impugnação cabível à defesa de Wilson e qual o prazo previsto em lei para ser apresentado? b) Qual tese de mérito pode ser alegada em favor de Wilson e o pedido que deve ser formulado? 3 QUESTÃO 1 – PADRÃO DE RESPOSTA a) O meio de impugnação cabível no presente caso é a apresentação de resposta à acusação, com fulcro nos artigos 396 e 396-A do Código de processo Penal. O prazo previsto em lei é de 10 dias. b) A tese de mérito a ser alegada em favor de Wilson é a aplicação do princípio da insignificância, uma vez que consoante jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores, em se tratando de crimes contra a ordem tributária, o valor de 10 mil reais ou 20 mil reais não possui lesividade jurídica, não materializando o tipo penal do artigo 334 do Código Penal. O pedido a ser formulado em sede de resposta à acusação é o de absolvição sumária, com fulcro no artigo 397, inciso III do Código de Processo Penal. 4 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 2 No dia 15 de janeiro de 2013, por volta das 09 horas, funcionários de determinada agência bancária perceberam um desfalque de, aproximadamente, R$ 100.000,00 na conta do banco X. De imediato, acionaram a polícia civil. Chegando ao local, após as primeiras diligências, os policiais passaram a investigar as pessoas com acesso irrestrito às senhas das contas da agência bancária. As suspeitas passaram a recair sobre Januário da Silva, gerente da referida agência bancária. Após ser formalmente acusado, Januário apresentou à autoridade policial gravações telefônicas, contendo um diálogo estabelecido com pessoa desconhecida, onde era comunicado que o seu filho havia sido sequestrado, o que efetivamente ocorreu, sendo a liberação condicionada à imediata transferência de R$ 100.000,00 da conta da agência bancária para uma conta corrente indicada pelos agentes criminosos; caso contrário, o filho seria assassinado. Ao ser ouvido no Inquérito Policial, Januário afirmou ter ficado desesperado com o sequestro do filho e como não tinha outro meio de levantar o dinheiro exigido, resolveu fazer o que os agentes criminosos determinaram. Após conclusão do inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia, imputando a Januário a prática do delito do artigo 155, § 4º, II (abuso de confiança), do Código Penal. Januário foi citado em 12.11.2014 (quarta-feira), sendo o mandado juntado aos autos no dia 18.11.2014 (terça-feira). Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. a) Qual o meio de impugnação a defesa de Januário deverá utilizar e qual o último dia do prazo para apresentá-lo? b) Qual tese defensiva deve ser invocada e o pedido correspondente? 5 QUESTÃO 2 – PADRÃO DE RESPOSTA a) O meio de impugnação deverá ser a apresentação de resposta à acusação, com fundamento nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal. Ultimo dia do prazo será o dia 24/11/2014, com fundamento nos artigos 396/396A e 798, do Código de Processo Penal. b) A tese defensiva a ser invocada é a exclusão da culpabilidade, tendo em vista se tratar de hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, nos termos do artigo 22 do Código Penal, em razão da coação moral irresistível. O pedido a ser elaborado em sede de resposta à acusação é o de absolvição sumária, com fulcro no artigo 397, inciso II, do Código de Processo Penal. 6 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 3 No dia 10 de fevereiro de 2006, por volta das 03h, na Rua Fina Estampa, nº 24, na Cidade de Niterói/RJ, o denunciado Tício Mévio, agente reincidente, constrangeu a vítima Cidinha Coitada, criança de 11 anos, a conjunção carnal, praticando, assim, o crime previsto no artigo 217-A do Código Penal, considerado hediondo, nos termos do artigo 1º, inciso VI, da Lei 8.072/90. Após implementar 1/6 da pena, Tício formulou pedido de progressão de regime, sendo indeferido pelo Juízo da Execução, sob o fundamento de que, na condição de reincidente, deveria implementar 3/5 da pena para obter o benefício postulado. Diante do fato hipotético, pergunta-se: a) Qual o meio de impugnação cabível e o último dia do prazo fatal, considerando como data da intimação o dia 08.03.2011 (terça-feira)? b) Qual o argumento pode ser alegado em favor de Tício? 7 QUESTÃO 3 – PADRÃO DE RESPOSTA a) O meio de impugnação cabível é a interposição de agravo em execução, com fundamento no artigo 197 da LEP e na súmula 700 do STF. Considerando o disposto na Súmula 700 do STF, o prazo para a interposição do recurso de agravo em execução é de 05 dias, com base na Súmula 700 do STF. Logo, o último dia do prazo será o dia 14.03.2011. b) O argumento a ser elencado pela Defesa é o de que a Lei 11.464/2007, que alterou a redação do artigo 2º, §2º, da Lei 8.072/90, entrou em vigor após a data do crime praticado. Desta feita, por se tratar de lei penal mais gravosa, não deverá ser aplicado, devendo o magistrado aplicar o artigo 112 da Lei de Execução Penal, nostermos da Súmula vinculante 26 do STF e da Súmula 471 do STJ, qual seja, 1/6 da pena. 8 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 4 No dia 26 de março de 2013, Alessandra Maia foi flagrada vendendo cocaína. Após regular instrução do processo, Alessandra Maia foi condenada como incursa nas sanções do artigo 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, sendo-lhe aplicada a pena de 02 anos e 06 meses, uma vez que o Magistrado considerou que a ré era primária, de bons antecedentes, não se dedicava às atividades criminosas nem integrou organização criminosa. A seguir, o Magistrado fixou o regime inicial fechado, não substituindo a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, sob o fundamento de que o artigo 33, § 4º, e o artigo 44, ambos da Lei 11.343/2006, vedam expressamente a substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos aos condenados por tráfico ilícito de entorpecentes. Diante do fato hipotético, o Magistrado agiu corretamente? Justifique. 9 QUESTÃO 4 – PADRÃO DE RESPOSTA O magistrado não agiu corretamente, uma vez que o STF reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do regime inicial fechado em relação aos crimes hediondos e equiparados, razão pela qual diante da pena aplicada no caso concreto e pelo fato de a acusada ser primária e ostentar bons antecedentes nada impede a adoção do regime inicial aberto, nos termos do artigo 33, §2º, do Código Penal. Ademais, também seria possível a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, uma vez que a vedação legal encontra-se suspensa, nos termos da Resolução 05/2012 do nosso querido Senado Federal. 10 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 5 No dia 18/10/2005, Eratóstenes praticou um crime de corrupção ativa em transação comercial internacional (Art. 337-B do CP), cuja pena é de 1 a 8 anos e multa. Devidamente investigado, Eratóstenes foi denunciado e, em 20/1/2006, a inicial acusatória foi recebida. O processo teve regular seguimento e, ao final, o magistrado sentenciou Eratóstenes, condenando-o à pena de 1 ano de reclusão e ao pagamento de dez dias-multa. A sentença foi publicada em 7/4/2007. O Ministério Público não interpôs recurso, tendo, tal sentença, transitado em julgado para a acusação. A defesa de Eratóstenes, por sua vez, que objetivava sua absolvição, interpôs sucessivos recursos. Até o dia 15/5/2011, o processo ainda não havia sido definitivamente julgado. Nesse sentido, considerando apenas os dados narrados no enunciado, responda aos itens a seguir. a) No caso apresentado, é possível extrair alguma tese favorável à Eratóstenes? b) Se Erastótenes fosse reincidente, incidiria no caso o acréscimo de 1/3 do prazo prescricional previsto na parte final do artigo 110, “caput”, do Código Penal? 11 QUESTÃO 5 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A tese favorável à defesa é a ocorrência de causa extintiva de punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva, nos termos dos artigos 107, inciso IV, 109, inciso V e 110, §1º, todos do Código Penal, uma vez que entre a publicação da sentença condenatória com trânsito em julgado para o Ministério Público e a data de 15/05/2011 transcorreu o prazo de 4 anos. b) Se Erástones fosse reincidente não se aplicaria o acréscimo de 1/3 do prazo prescricional previsto na parte final do artigo 110, “caput” do Código Penal, uma vez que tal situação somente é aplicável à prescrição da pretensão executória, nos termos da Súmula 220 do STJ. 12 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 6 Wilson, irado e nervoso, entra em sua casa, após séria e acirrada discussão com Tobias, seu vizinho, com quem tem profunda desavença. Exasperado, apanha a primeira arma que visualiza. Na sequência, sai ao encalço do vizinho e, tomado por violenta emoção, aponta-lhe a arma, acionando o gatilho várias vezes. Porém, nenhum disparo é detonado, sendo Wilson detido por populares, que chamaram a polícia. Instaurado inquérito policial, a arma foi apreendida e encaminhada a perícia, que constatou que a arma não deflagraria qualquer tiro, porque apresentava defeito. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Wilson, pela prática do delito de tentativa de homicídio. Após regular instrução, o Magistrado pronunciou Wilson como incurso no delito do artigo 121, “caput”, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir a) Qual a peça cabível contra a decisão proferida pelo Magistrado e a quem deve ser endereçado? b) Qual tese defensiva deve ser invocada e o pedido correspondente? 13 QUESTÃO 6 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A peça cabível é a interposição de Recurso em Sentido Estrito, com fundamento no artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal. Além disso, mister ressaltar que a peça de interposição deverá ser dirigida ao Juiz da Vara do Júri e as razões ao Tribunal de Justiça. b) A tese defensiva é a ocorrência de crime impossível, nos termos do artigo 17 do Código Penal, uma vez que, conforme perícia realizada na arma de fogo, não haveria possibilidade de disparo, restando comprovada a tentativa inidônea em razão da ineficácia absoluta do meio. O pedido a ser elaborado em sede de recurso em sentido estrito é o de absolvição sumário, com fundamento no artigo 415, inciso III, do Código de Processo Penal. 14 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 7 Wilson, desesperado com a gravidade do estado de saúde de Mariazinha, que acabara de sofrer um infarto, resolve levar a enferma até o hospital com o seu veículo. Diante da urgência da situação, Wilson desenvolve no seu veículo velocidade excessiva e incompatível com o local, vindo, em razão disso, a perder o controle do veículo e atropelar uma pessoa que atravessava, de forma inesperada, a via de rolamento, causando-lhe a morte. Diante disso, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Wilson, imputando-lhe a prática do delito previsto no artigo 302 da Lei 9.503/97. O Magistrado recebeu a denúncia, sendo Wilson citado no dia 15.08.2014 (sexta-feira) e o mandado juntado aos autos no dia 20.08.2014. Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. a) Qual o meio de impugnação a defesa de Wilson deverá utilizar e qual o último dia do prazo para apresentá-lo? b) Qual tese defensiva deve ser invocada e o pedido correspondente? 15 QUESTÃO 7 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A defesa de Wilson deverá apresentar resposta à acusação, com fundamento nos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, no prazo de 10 dias. Considerando a data em quem Wilson foi citado, o último dia do prazo será o dia 27/08/2014. b) A tese defensiva a ser invocada é a ocorrência de estado de necessidade de terceiro, uma vez que Wilson, movido por uma situação de perigo inevitável, a qual não deu causa, foi obrigado a conduzir o seu veículo em excesso de velocidade. Desta feita, há que se falar em exclusão de ilicitude da conduta, nos termos do artigo 23, inciso I e artigo 24, ambos do Código Penal. O pedido a ser elaborado em sede de resposta à acusação é o de absolvição sumária, com fulcro no artigo 397, inciso I, do Código de Processo Penal. 16 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 8 Wilson recebeu do seu irmão, Félix Solano, um embrulho em papel opaco e, sem qualquer razão para desconfiar dele, atende seu pedido para levar o pacote, que considerava conter medicamento, até a cidade de Niterói/RJ, para onde se dirigia, com o fito de entregá-lo no local indicado por Félix. Durante o trajeto, Wilson é abordado por policiais rodoviários federais, que, valendo-sede cães farejadores, procederam a uma revista no automóvel. Diante da agitação dos cães, ao se aproximarem do pacote, os agentes policiais resolveram verificar o conteúdo, constatando que se tratava de cocaína, substância entorpecente. Diante disso, Wilson foi preso em flagrante e, após conclusão do respectivo inquérito policial, denunciado pela prática do crime previsto no artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/2006. Após regular instrução, o Magistrado julgou procedente a ação, condenando Wilson como incurso nas sanções do artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/2006. A defesa foi intimada no dia 19.08.2014 (terça-feira). Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. a) Qual o meio de impugnação a defesa de Wilson, datando a peça no último dia do prazo fatal? b) Qual tese defensiva deve ser invocada e o pedido correspondente? 17 QUESTÃO 8 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A defesa de Wilson deverá interpor o Recurso de Apelação da sentença condenatória, com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, no prazo de 5 dias, o qual terminaria no dia 25/08/2014. b) A tese defensiva a ser aplicada é a ocorrência de erro de tipo invencível, inevitável ou escusável, uma vez que Wilson não poderia imaginar que a substância transportada por ele se trava de droga, nos termos do artigo 20 do Código Penal. Neste caso, haveria a exclusão do dolo e da culpa, não persistindo a responsabilização criminal do agente. Mister ressaltar que ainda que se tratasse de erro de tipo vencível, evitável ou inescusável não haveria punição, pois o crime de tráfico de drogas previsto no artigo 33 da Lei 11343/06 não permite a punição da modalidade culposa. O pedido correspondente seria o de absolvição com fundamento no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal - (386, vi). 20, § 2º do CP. OBS: Como, no XIV Exame da OAB, cuja tese principal dos memoriais era erro de tipo, a FGV considerou para pontuação tanto o artigo 386, inciso III (causa excludente de tipicidade), como o artigo 386, inciso VI, conclui- se que temos precedente para formular pedido de absolvição, no caso de erro de tipo, tanto pelo inciso III, como pelo inciso VI, do artigo 386 do CPP. 18 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 9 Ao sair do trabalho, Wilson costumava passar a pé por uma estrada onde comumente aconteciam assaltos, razão pela qual, por cautela, sempre andava armado, já que detinha porte legal de arma. Certo dia, ao atingir o local mais ermo da estrada, Wilson nota que uma pessoa se encaminha rapidamente em sua direção, colocando uma das mãos no bolso, ao mesmo tempo em que gesticulava de forma veemente para Wilson com a outra mão. Quando a pessoa se aproximou ainda mais, com a mão no bolso e ainda gesticulando, Wilson sacou da sua arma e atirou contra o indivíduo, que caiu ao solo, mas acabou sobrevivendo. Ao se aproximar do indivíduo, Wilson verifica que ele pretendia pegar um cigarro. Diante disso, Wilson foi denunciado e pronunciado pela prática do delito de tentativa de homicídio, previsto no artigo 121, “caput”, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal. Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. a) Qual o meio de impugnação a defesa de Wilson deverá utilizar e qual o último dia do prazo para apresentá-lo, considerando a intimação no dia 24.09.2014 (quarta- feira)? b) Qual tese defensiva deve ser invocada e o pedido correspondente? 19 QUESTÃO 9 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A defesa de Wilson deverá interpor recurso em sentido estrito, com fundamento no artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal. O prazo para a interposição em questão, nos termos do artigo 586 do Código de Processo Penal, é de 5 dias. Ademais, considerando que a defesa de Wilson foi intimada em 24/09/14 o último dia do prazo seria o dia 29/09/14. b) O candidato deverá abordar a tese da legítima defesa putativa, nos termos do artigo 20, § 1º, do Código Penal, uma vez que a agressão era imaginária. Pedido de absolvição sumária, com base no artigo 415, inciso III, do CPP. Admite-se o artigo 415, inciso IV, do Código de Processo Penal. Pela teoria limitada da culpabilidade, quando a descriminante putativa incidir sobre pressupostos de uma situação de fato (Ex: o agente imaginar que está diante de uma injusta agressão, mas que era imaginária. Supor que o desafeto iria sacar uma arma, quando, na verdade, era um celular), o efeito em relação à conduta do agente é o mesmo do erro de tipo (art. 20 CP): Se o erro foi invencível, exclui o dolo e a culpa; se vencível, exclui o dolo, mas o agente responde pelo delito culposo, se previsto em lei. Em síntese: As descriminantes putativas por situação de fato têm o mesmo efeito do erro de tipo, podendo levar à exclusão do crime (exclusão da tipicidade). Como, no XIV Exame da OAB, cuja tese principal dos memoriais era erro de tipo, a FGV considerou para pontuação tanto o artigo 386, inciso III (causa excludente de tipicidade), como o artigo 386, inciso VI (excludente de culpabilidade - OBS: Alguns doutrinadores defendem que as descriminantes putativas deveriam ser tratadas como causas excludentes de culpabilidade), conclui-se que temos precedente para formular pedido de absolvição sumária tanto pelo inciso III, como pelo inciso IV, do artigo 415 do CPP. 20 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 01 QUESTÃO 10 No dia 02.08.2012, NILO ABREU, nascido em 05.01.1992, furta vários relógios de ouro e outros objetos de uma Joalheria, localizada na Praça da Matriz na Cidade de São Luiz Gonzaga. Após instrução para apurar os fatos, a autoridade policial conclui o Inquérito Policial em 02.09.2016. No dia 10.09.2016, o representante do Ministério Público ofereceu denúncia, atribuindo NILO ABREU a prática do crime previsto no artigo 155, “caput”, do Código Penal, que foi recebida no dia 11.09.2016. Pergunta-se: o crime está prescrito? Justifique a resposta, apontando o fundamento legal. 21 QUESTÃO 10 – PADRÃO DE RESPOSTA O crime em questão se encontra prescrito pela pena em abstrato, nos termos dos artigos 107, inciso IV, 109, inciso IV e 115, todos do Código Penal. A pena máxima cominada ao crime de furto simples é de 04 anos. Nos termos do artigo 109, inciso V, do Código Penal, o prazo prescricional seria de 08 anos. Todavia, considerando que o réu era menor de 21 anos à ápoca do fato, o prazo prescricional será reduzido pela metade, nos termos do artigo 115 do Código Penal, sendo, portanto, de 04 anos. Assim, como entre a data da consumação até o recebimento da denúncia já decorreram 04 anos, incidiu, no caso, a prescrição da pretensão punitiva em abstrato. Pedido de extinção da punibilidade, com base no artigo 107, inciso IV, do Código Penal. 22 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 11 No dia 15 de março de 2013, SILAS GRAÇA teria desferido um golpe de faca contra MAX NOVAES, acertando, todavia, LELECO, que estava próximo a eles. Em razão disso, após a conclusão do inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra SILAS, imputando-lhe a prática do delito do artigo 121, “caput”, do Código Penal, já que Leleco teria falecido. Durante a instrução, SILAS afirmou que Max partiu em sua direção com uma faca, buscando matá-lo. Acrescentou que, para se defender da agressão perpetrada por MAX, sacou de sua faca e desferiu um golpe contra o agressor, que desviou, tendo, em razão disso, atingido LELECO, que estava próximo a eles. Tal versão foi confirmada pelas testemunhas anteriormente ouvidas pelo Magistrado. Encerrada a instrução, após manifestação do Ministério Público, que pugnou pela pronúncia, nos termos da denúncia, adefesa de SILAS foi intimada no dia 10 de julho de 2015 (sexta-feira) para apresentar a peça correspondente. Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. a) Qual o meio de impugnação cabível e o último dia do prazo para apresentá-lo? b) Qual(is) o(s) argumento(s) e o pedido a ser formulado em favor de Silas? 23 QUESTÃO 11 – PADRÃO DE RESPOSTA a) O meio de impugnação cabível é o oferecimento de memoriais escritos com fundamento no artigo 403, §3º do Código de Processo Penal, sendo que o último dia do prazo será no dia 17/07/2015. b) O argumento a ser utilizado em favor de Silas é de que agiu em legítima defesa, por se tratar de uma agressão injusta desferida contra si, nos termos do artigo 23, inciso II, e artigo 25, ambos do Código Penal. Ademais, também deverão ser aplicadas ao caso as disposições previstas no artigo 73 e artigo 20, §3º, ambos do Código Penal, razão pela qual devemos considerar as características pessoais da pessoa a quem se pretendia atingir (Max Novaes). O pedido a ser elaborado em sede de memoriais escritos é o de absolvição sumária, com fulcro no artigo 415, inciso IV, do Código de Processo Penal. 24 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 12 Wilson foi denunciado pelo crime de estupro. Durante a instrução, negou a autoria do crime, afirmando estar, na época dos fatos, no município Cipó dos Vales, localizado no Estado “X”, distante dois quilômetros do local dos fatos. Como a afirmativa não foi corroborada por outros elementos de convicção, o Juiz entendeu que a palavra da vítima deveria ser considerada, razão pela qual proferiu sentença condenando Wilson como incurso no crime de estupro, previsto no artigo 213 do Código Penal. A defesa interpôs recurso, sendo a sentença condenatória mantida pelo Tribunal de Justiça, transitando definitivamente em julgado desfavoravelmente ao réu. Inconformados com a possibilidade de Wilson ter de cumprir a pena imposta, familiares dirigiram-se, por sua conta, até o Município de Cipó dos Vales em busca de provas que pudessem apontar a sua inocência, e, depois de muito procurar, conseguiram as filmagens de um estabelecimento comercial, que estavam esquecidas em um galpão velho. Nas filmagens, Wilson aparece comendo um lanche em uma padaria exatamente na data e horário que teria ocorrido o suposto delito de estupro. Considerando apenas as informações apresentadas, responda aos itens a seguir. a) Qual medida processual deverá ser apresentada pelo advogado de Wilson, diferente do habeas corpus, para questionar a sentença condenatória transitada em julgado? b) Qual fundamento deverá ser apresentado pelo advogado de Wilson para combater a sentença condenatória e qual pedido? 25 QUESTÃO 12 – PADRAO DE RESPOSTA A) A medida processual que deverá ser apresentada pelo advogado de Wilson para questionar a sentença condenatória transitada em julgado é o oferecimento de revisão criminal, com fundamento no artigo 621, inciso III, do Código de Processo Penal. B) O fundamento que deverá ser apresentado pela defesa, com fundamento no artigo 621, inciso III, do Código de Processo Penal é o de que, após a condenação definitiva do acusado, surgiram novas provas, as quais não foram apreciadas no processo original, em especial a gravação de um vídeo comprovando a tese defensiva de negativa de autoria. O pedido a ser elencado em sede de revisão criminal é o de absolvição do acusado, com base nos artigos 626 e artigo 386, inciso IV, do Código de Processo Penal. 26 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 13 Tício, com 21 anos de idade e dotado de pleno discernimento, decide dar cabo à sua vida. Para tanto, dirige-se até local ermo a fim de viabilizar o propósito preconcebido. Contudo, no trajeto, e antes de cometer o ato, encontra Caio, verbalizando a sua intenção. Caio, então, verificando naquele momento derradeiro, ínfima hesitação de Tício, instiga e reforça o propósito inicial já existente, alcançando-lhe, inclusive, uma corda destinada a auxiliar no ato originariamente pretendido. Caio, embora nas circunstâncias pudesse demover Tício da ideia preconcebida, não faz qualquer esforço nesse sentido, máxime porque, ambos, tinham um pequeno comércio de eletrodomésticos na localidade, sendo concorrentes e rivais (a morte de Tício, inclusive, acarretará vantagem financeira em favor dele Caio). Em decorrência, Tício, utilizando-se, inclusive, da corda recebida, acabou consumando o intento destinado ao extermínio pessoal, vindo, em decorrência, a sofrer lesões graves, conforme auto de exame de corpo de delito. Considerando apenas os fatos apresentados, responda, de forma justificada, aos seguintes questionamentos: a) Caio cometeu algum crime? b) Caso Tício viesse a sofrer lesões corporais de natureza leve em decorrência do ato, a condição jurídica de Caio seria alterada? 27 QUESTÃO 13 – PADRÃO DE RESPOSTA a) Caio praticou o delito previsto no artigo 122 do Código Penal, uma vez que instigou e prestou auxílio material para que Tício se suicidasse, restando a vítima lesionada de forma grave. Desta feita, a conduta de Caio se amolda de forma adequada ao tipo penal em questão, cuja pena neste caso é de 1 a 3 anos de reclusão. Ademais, há que se falar na aplicação de causa de aumento de pena prevista no artigo 122, parágrafo único, inciso I, do Código Penal, tendo em vista que Caio agiu com motivo egoístico, na medida em que queria eliminar seu principal concorrente, devendo a pena ser duplicada neste caso. b) Se Tício viesse a sofrer lesões corporais leves, a conduta de Caio não poderia ser enquadrada no tipo penal previsto no artigo 122 do Código Penal, na medida em que há a exigência de que a vítima seja lesionada de forma grave ou morra em decorrência da tentativa de suicídio. Assim sendo, tal fato seria atípico não havendo que se falar em responsabilização penal por parte de Caio, uma vez que o delito em questão não admite a modalidade tentada. 28 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 14 Filomeno foi arrolado como testemunha de um crime de estupro. Ao ser inquirido em juízo, Filomeno faz afirmação falsa, relatando ao Magistrado que no dia e horário dos fatos ele e o acusado estavam num bar confraternizando. Descoberta a mentira, Filomeno, antes da sentença se retrata dizendo a verdade. Não obstante isso, o Ministério Público oferece denúncia imputando a Filomeno a prática do delito previsto no artigo 342 do CP, sendo o réu citado no dia 07.03.2016 (segunda-feira). Diante do fato hipotético, responda os seguintes itens: a) Qual peça cabível no caso e o último dia do prazo legal para oferecê-la? b) O fato de ter se retratado antes da sentença favorece Filomeno? Explique 29 QUESTÃO 14 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A peça cabível é a apresentação de resposta à acusação no prazo de 10 dias, com fundamento nos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal e o último dia do prazo seria o dia 17/03/2016. b) O fato de ter se retratado antes da sentença favorece Filomeno, na medida em que o artigo 342, §2º do Código Penal estipula uma causa extintiva de punibilidade para o réu que se retrata ou declara a verdade no processo em que ocorreu o ilícito. O pedido a ser elaborado em sede de resposta à acusação é o de absolvição sumária, com fundamento no artigo 397, inciso IV do Código de Processo Penal. 30 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 15 Wilson, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pela prática do crime de tráfico de drogas. Após a instrução, inclusive com realização do interrogatório, ocasião em que o acusado confessou os fatos, Wilson foi condenado, na formado Art. 33 da Lei nº 11.343/06, à pena de 05 anos de reclusão, a ser cumprido em regime inicial fechado, sob o fundamento de que o tráfico de drogas é crime assemelhado a hediondo. O advogado de Wilson interpôs o recurso cabível da sentença condenatória. Em julgamento pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, a sentença condenatória foi integralmente mantida por maioria de votos. O Desembargador revisor, por sua vez, votou no sentido de manter a pena de 05 anos de reclusão, mas foi favorável à tese da fixação do regime carcerário semiaberto, no que restou vencido. O advogado de Wilson é intimado do acórdão. Considerando a situação narrada, responda aos itens a seguir. a) Qual medida processual, diferente de habeas corpus, deverá ser formulada pelo advogado de Wilson para combater a decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça? b) Qual fundamento de direito material deverá ser apresentado para fazer prevalecer o voto vencido? 31 QUESTÃO 15 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A medida processual a ser adotada pelo advogado de Wilson é a oposição de embargos infringentes, na forma do artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal, considerando que a decisão proferida se deu em sede de apelação e que não foi unânime, havendo divergência no tocante ao regime inicial de cumprimento de pena. b) O fundamento de direito material é a possibilidade de fixação do regime inicial semiaberto, tendo em vista que o Supremo Tribunal Federal reconhece a inconstitucionalidade da obrigatoriedade do regime inicial fechado com base no princípio da individualização da pena previsto no artigo 5, inciso XLVI da Constituição Federal/88. Ademais, com fundamento nas Súmulas 718/719 do STF e Súmula 440 STJ, seria perfeitamente possível a fixação do regime semiaberto, tendo em vista a inidoneidade da fundamentação do juiz e com base no artigo 33, §2º do Código Penal. 32 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 16 Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de furto qualificado por abuso de confiança, já que, na qualidade de empregada doméstica, teria subtraído a quantia de R$ 50,00 de seu patrão Cláudio. Após a instrução criminal, o Magistrado proferiu sentença condenando Eliete à pena final de dois anos de reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155, §4º, inciso II, do Código Penal. Após a interposição de recurso de apelação exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiça entendeu por bem anular toda a instrução criminal, ante a ocorrência de cerceamento de defesa em razão do indeferimento injustificado de uma pergunta formulada a uma testemunha. Novamente realizada a instrução criminal e apresentação de novos memoriais pelas partes, em 9 de fevereiro de 2011, foi proferida nova sentença penal condenando Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Em suas razões de decidir, assentou o magistrado que a ré possuía circunstâncias judiciais desfavoráveis, uma vez que se reveste de enorme gravidade a prática de crimes em que se abusa da confiança depositada no agente, motivo pelo qual a pena deveria ser distanciada do mínimo. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, responda, de forma fundamentada, se o Magistrado que proferiu a segunda sentença agiu de forma correta. 33 QUESTÃO 16 – PADRÃO DE RESPOSTA O magistrado que proferiu a segunda sentença não agiu de forma correta, uma vez que diante do princípio da vedação a reformatio in pejus indireta a segunda sentença, em se tratando de recurso exclusivo da defesa, não poderia ser pior do que a primeira sentença anulada. Desta feita, haveria violação indireta ao disposto no artigo 617 do Código de Processo Penal. 34 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 17 No dia 25 de janeiro de 2011, Roniquito Vieira foi preso sob a acusação de estar vendendo cocaína. Ao consultar os registros policiais, a autoridade policial verificou que não havia nenhum procedimento policial ainda instaurado contra Roniquito. Não obstante isso, deu início à lavratura do auto de prisão em flagrante pela prática do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, previsto no artigo 33 da Lei nº 11.343/2006. O inquérito policial foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia imputando a Roniquito a prática do delito do artigo 33 da Lei 11.343/2006, arrolando duas testemunhas. Ao longo da instrução, uma das testemunhas da acusação não foi ouvida. Em seu interrogatório, Roniquito negou a prática do delito, afirmando que jamais teve a posse ou comercializou substância entorpecente. Ao final, o juiz proferiu sentença absolutória, com base no art. 386, VII, do CPP, uma vez que considerou não haver prova suficiente para a condenação. O Ministério Público, por sua vez, interpôs recurso de apelação, buscando exclusivamente a reforma da sentença e, por conseguinte, a condenação do réu. O Tribunal de Justiça, no julgamento, negou provimento ao apelo, mas determinou a anulação do processo (desde o ato viciado, inclusive), sob o argumento de que uma das testemunhas do Ministério Público não foi inquirida. Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda justificadamente se a decisão do Tribunal de Justiça está correta? 35 QUESTÃO 17 – PADRÃO DE RESPOSTA A decisão do Tribunal de Justiça não está correta na medida em que acolheu de ofício nulidade não arguida pela acusação em sede de recurso, havendo uma violação ao enunciado da súmula 160 do STF. Neste sentido, vale destacar que o Ministério Público por ocasião da interposição da apelação buscou somente a reforma da sentença absolutória, não pleiteando a invalidade da referida decisão judicial. Ademais, por se tratar de oitiva de uma testemunha de acusação, não há que se falar em nulidade absoluta, havendo nulidade relativa devendo ser alegada em momento oportuno, sob pena de preclusão. 36 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 18 Pedro e Marilda iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19 de janeiro de 2011, o casal teve uma séria discussão, e Marilda, nitidamente enciumada, proferiu diversos insultos contra Pedro no dia de sua festa de formatura, perante seu amigo Paulo, afirmando ser ele “covarde”, “corno” e “frouxo”. A requerimento de Pedro, os fatos foram registrados perante a Delegacia de Polícia, onde a testemunha foi ouvida. Pedro comparece ao seu escritório e contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legais cabíveis. Você, como profissional diligente, ajuíza Queixa- Crime ao juízo competente no dia 18/07/2011, imputando a Marilda a prática do crime de injúria, previsto no artigo 140 do Código Penal. O magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando tratar-se de clara Decadência. A decisão foi publicada dia 25 de julho de 2011. Com base somente nas informações acima, responda: a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão? b) Qual é o prazo para a interposição do recurso? c) A quem devem ser endereçadas as razões recursais e qual tese deve ser abordada? 37 QUESTÃO 18 – PADRÃO DE RESPOSTA a) O recurso cabível contra a decisão que rejeitou a denúncia é o de Apelação, com fundamento no artigo 82 da Lei 9099/95, tendo em vista que o crime de injúria é de menor potencial ofensivo, nos termos do artigo 61 da referida lei. b) O prazo para a interposição do recurso de Apelação é de 10 dias, com fulcro no artigo 82, §1º da Lei 9099/95. c) As razões recursais, segundo o artigo 82 da Lei 9099/95, devem ser endereçadas à Turma Recursal. A tese defensivaa ser abordada é a não ocorrência da decadência, uma vez que não transcorreu o prazo de 6 meses previsto no artigo 38 do Código de Processo Penal. Neste caso, considerando se tratar de um prazo penal, nos termos do artigo 10 do Código Penal, o prazo fatal para ajuizamento da queixa-crime é o dia 18/07/2011. 38 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 19 O Ministério Público ofereceu denúncia contra Zé Alfredo e João Lisca, imputando- lhes a prática da conduta descrita no Art. 155, “caput”, do CP. Narrou, a inicial acusatória, que, no dia 18/10/2012, Zé Alfredo e João Lisca subtraíram, sem violência ou grave ameaça, de um grande estabelecimento comercial do ramo de venda de alimentos, vários produtos, que totalizaram a quantia de R$ 150,00. Todas as exigências legais foram satisfeitas: a denúncia foi recebida, foi oferecida suspensão condicional do processo, que não foi aceita pelos réus, e apresentada resposta à acusação. Após regular instrução, o Magistrado proferiu sentença condenando os réus como incursos nas sanções do artigo 155, “caput”, do CP. João Lisca e seu defensor deixaram transcorrer o prazo recursal. Zé Alfredo, por sua vez, interpôs recurso de apelação, buscando sua absolvição. O Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso de apelação de Zé Alfredo, absolvendo-o sob o fundamento de que incidiu, na espécie, o princípio da insignificância, sendo, pois, o fato atípico. Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda, justificadamente, se a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça tem repercussão em relação ao réu João Lisca. 39 QUESTÃO 19 – PADRÃO DE RESPOSTA A decisão proferida pelo Tribunal de Justiça tem repercussão em relação ao réu João Lisca, uma vez que o artigo 580 do Código de Processo Penal dispõe que no caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros. Neste caso, em se tratando de alegação de incidência do princípio da insignificância, perfeitamente possível a extensão ao corréu em questão, uma vez que possui natureza objetiva. 40 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 02 QUESTÃO 20 No dia 10 de outubro de 2011, por volta de 09h20min, Érica Lima, grávida de 06 meses, deu entrada no pronto atendimento do Hospital de São Luiz Gonzaga, apresentado forte hemorragia interna. Percebendo que Érica corria risco de vida, o Médico plantonista procedeu à intervenção cirúrgica que acarretou na interrupção da gravidez com a morte do feto, único recurso para salvar a vida da gestante. Indignado com a interrupção da gravidez, Theo, marido de Érica, registra ocorrência na Delegacia de Polícia mais próxima. Após conclusão do Inquérito Policial, os autos foram para o Ministério Público, que ofereceu denúncia contra o médico, imputando- lhe a prática do delito de aborto sem o consentimento da gestante, previsto no artigo 125 do Código Penal. Diante do fato hipotético, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir: a) Ao denunciar o médico como incurso nas sanções do artigo 125 do Código Penal, agiu corretamente o membro do Ministério Público? b) Se a interrupção da gravidez de Érica tivesse sido praticada por uma enfermeira, incidiria o crime de aborto, previsto no artigo 125 do Código Penal? 41 QUESTÃO 20 – PADRÃO DE RESPOSTA a) O Ministério Público, ao denunciar o médico pelo crime previsto no artigo 125 do Código Penal, não agiu corretamente, na medida em que a referida hipótese configura caso de aborto necessário, nos termos do artigo 128, inciso I do Código Penal, havendo a exclusão da ilicitude da referida conduta, uma vez que não havia outro meio para salvar a vida da gestante. b) Se a interrupção da gravidez no presente tivesse sido provocada por uma enfermeira também não incidiria o crime previsto no artigo 125 do Código Penal, na medida em que a ilicitude da conduta seria excluída em razão da existência de estado de necessidade de terceiro devido à situação de perigo atual e demais requisitos previstos no artigo 24 do Código Penal. 42 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 21 No dia 07/03/2015, CAIO, 40 anos, insatisfeito e com ciúmes da beleza de sua esposa, SÍLVIA, 18 ANOS, efetua cinco disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. Arrependido, após acertar dois disparos no peito da esposa, CAIO a leva para o hospital, onde ela ficou em coma por uma semana. No dia 14/03/2015, porém, SILVIA veio a falecer, em razão das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de CAIO, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº 13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos os fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em seguida, os autos são encaminhados ao advogado de CAIO para manifestação. Considerando apenas as informações narradas, responda: a) Qual a peça defensiva deverá ser apresentada e a sua fundamentação legal? b) Qual o argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva constante da exordial acusatória? 43 QUESTÃO 21 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A peça defensiva que deverá ser apresentada se trata de alegações finais na forma de memoriais ou memoriais no procedimento do Júri com fundamento legal no artigo 403, parágrafo 3° do Código de Processo Penal (combinado com o artigo 394, parágrafo 5° do Código de Processo Penal). b) O argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva constante da exordial acusatória é o de que a lei 13104/2015 se trata de uma novatio legis in pejus, a qual, nos termos do artigo 5°, inciso XL da Constituição da República/88, não pode retroagir em prejuízo do acusado. A lei foi publicada em 09 de março de 2015 e a conduta do agente se deu em 07 de março de 2015, considerando a teoria da atividade, nos termos do artigo 4° do Código Penal a lei não poderá retroagir. 44 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 22 Considere que WILLIAM tenha adquirido um imóvel de propriedade de DIEGO, havendo a perfectibilização do negócio jurídico em questão com transferência do bem junto ao Registro de Imóveis e o respectivo pagamento do preço ajustado. Ademais, considere também que DIEGO esteja respondendo a um processo penal, tendo sido determinado pelo magistrado competente o sequestro do bem com fundamento no artigo 132 do Código de Processo Penal. Diante do caso concreto, responda: a) Qual a peça defensiva deverá ser apresentada e a sua fundamentação legal? b) Qual o argumento de direito processual para questionar a decisão que determinou a referida medida assecuratória? 45 QUESTÃO 22 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A peça defensiva a ser apresentada se trata de embargos de terceiro, com fundamento no artigo 130, inciso II, do Código de Processo Penal. b) O argumento de direito processual adequado é o de que o terceiro em questão (William) adquiriu o referido imóvel de boa-fé, não podendo ser prejudicado pelo processo que o Ministério Público move em desfavor de Diego. 46 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 23 Chega ao conhecimento do Ministério Público e da Polícia Civil que na casa de Tício estava escondido um facão que seria instrumento de crime de homicídio ocorrido no dia anterior, ainda sujo com sanguedo autor e da vítima. O Ministério Público entra com pedido de busca e apreensão domiciliar, sendo deferido pelo juiz. Com base nisso, monta operação com a Chefia da Polícia Civil para cumprimento do mandado. Lá chegando, porém, deparam-se com policiais militares, que, sem mandado, aproveitaram que a residência estava vazia e encontraram o facão, que estava em cima da mesa da sala. A Polícia Civil formaliza o cumprimento do mandado e a apreensão do instrumento, oferecendo o Ministério Público denúncia em face de Tício. Considerando o caso acima narrado, responda: a) A apreensão do facão foi válida? Justifique. b) Existe alguma teoria que pode justificar a validade da atuação dos policiais civis e da diligência de busca domiciliar? Fundamente. 47 QUESTÃO 23 – PADRÃO DE RESPOSTA a) Sim. Em que pese a apreensão do facão pela Polícia Militar não ter sido precedida de autorização judicial, o que, em um primeiro momento, resultaria na ilicitude da medida, nos termos do Artigo 5°, inciso XI da Constituição da Federal/88, combinado com o inciso LVI do referido dispositivo constitucional, vale destacar que o Código de Processo Penal adota a Teoria da Descoberta Inevitável, nos termos do artigo 157, parágrafo 2°, acarretando a licitude da apreensão do facão. b) Sim. O processo penal brasileiro adotou algumas teorias que excepcionam o reconhecimento da ilicitude por derivação, dentre as quais podemos elencar a Teoria da Descoberta Inevitável, resultando na ilicitude da apreensão do facão, uma vez que, considerando os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação, resultado obtido pela Polícia Militar também seria obtido pela Polícia Civil, a qual estava devidamente autorizada pela Justiça, formalizando a diligência em questão com a apreensão do instrumento. 48 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 24 Considere que, no dia 30/10/2017, CAIO foi preso em flagrante pela Polícia Civil, uma vez que mantinha em um depósito 10 armas e 10 munições de uso restrito, incorrendo no crime previsto no artigo 16 da lei 10826/03: Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Considere ainda que a investigação comprovou que CAIO já mantinha essas armas e munições em depósito desde janeiro de 2017, sendo oferecida a denúncia, no dia 02/03/2018, pelo crime previsto no artigo 16 da Lei 10826/06, 10 vezes, na forma do artigo 69 do Código Penal. Posteriormente, a denúncia foi recebida em 7 de março de 2018 e Caio citado pessoalmente, no dia 15/03/2018, quinta-feira, para apresentar a defesa pertinente. Diante do contexto acima indicado, responda: a) Qual peça defensiva deverá ser apresentada, bem como fundamentação legal, devendo ser indicado o último dia do prazo para apresentação? b) Qual argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva constante da exordial acusatória? c) Qual a natureza do crime em questão? Justifique com base na jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal. 49 QUESTÃO 24 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A peça defensiva que deverá ser formulada é a resposta à acusação, nos termos dos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, com último dia do prazo em 26 de março de 2018. b) O argumento de direito material adequado é o de que a conduta narrada pelo Ministério Público em sua exordial acusatória constitui apenas um delito previsto no artigo 16 da Lei 10826/03 e não 10 delitos em concurso de crimes, consoante entendimento consolidado dos Tribunais Superiores. c) O crime em questão possui natureza hedionda, uma vez que, nos termos da súmula 711 do STF, o delito em questão é permanente, razão pela qual a lei mais grave se aplica, tendo em vista que entrou em vigor antes da cessação da permanência da conduta. 50 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 25 Imagine que um estudante de medicina, ao se deslocar de sua casa para a faculdade, se depara com uma jovem gestante que estava em trabalho de parto na calçada. O referido estudante de medicina, utilizando-se de seus conhecimentos aprendidos no decorrer de sua graduação, constatou que a gestante em questão estava perdendo muito sangue e que não havia outro modo de salvá-la senão pela realização de uma manobra abortiva, o que de fato foi realizado e determinante para a manutenção da vida da gestante. Também considere que a referida gestante consentiu com o ato praticado pelo estudante de medicina. Desta feita, considerando a situação em questão, responda se o estudante de medicina poderá ser responsabilizado pelo crime de aborto previsto no art. 126 do Código Penal? Fundamente. 51 QUESTÃO 25 – PADRÃO DE RESPOSTA O estudante de medicina não poderá ser responsabilizado pelo crime previsto no artigo 126 do Código Penal, uma vez que agiu amparado pelo estado de necessidade de terceiro, tendo em vista que não havia outro meio de salvar a gestante caso não realizasse a conduta abortiva. Desta feita, considerando o conceito analítico tripartido de crime, tal estudante praticou um fato típico, porém lícito, nos termos dos artigos 23, inciso I e 24, ambos do Código Penal. 52 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 26 Durante inquérito policial que investigava a prática do crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo, esgotado o prazo sem o fim das investigações, a autoridade policial encaminhou os autos para o Judiciário, requerendo apenas a renovação do prazo. O magistrado, antes de encaminhar o feito ao Ministério Público, verificando a gravidade em abstrato do crime praticado, decretou a prisão preventiva do investigado. Considerando a narrativa apresentada, responda: a) O magistrado agiu corretamente ao adotar tal medida? b) Qual o meio de impugnação cabível diante de tal decisão e a sua fundamentação legal? 53 QUESTÃO 26 – PADRÃO DE RESPOSTA a) O magistrado não agiu corretamente ao decretar a prisão cautelar do investigado, uma vez que nos termos do artigo 311 do Código de Processo Penal, o juiz não pode decretar a prisão preventiva de ofício na fase investigatória, tendo em vista que não houve representação da autoridade policial nem requerimento do Ministério Público. Ademais, consoante entendimento jurisprudencial dominante, a gravidade em abstrato do crime praticado não justifica a segregação cautelar com base na garantia da ordem pública. b) Tendo em vista que a prisão preventiva decretada se trata de uma prisão ilegal, o meio de impugnação cabível, nos termos do artigo 5°, inciso LXV, da Constituição Federal/88 é o pedido de relaxamento de prisão. 54 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 27 Considere que João frequentemente venha mantendo relações sexuais com a sua enteada Maria, de 13 anos de idade, sendo que Diana, companheira de João e mãe de Maria, sabia de tal prática e não fez nada para evitar o sofrimento de sua filha, uma vez que nunca denunciou tal fato reprovável ao Conselho Tutelar, Polícia ou ao Ministério Público. Com base no caso em questão, responda: Diana poderá ser responsabilizada criminalmente pelo delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal)? Indique a fundamentação legal e os institutos jurídicos aplicáveis ao caso. 55 QUESTÃO 27 – PADRÃO DE RESPOSTA Diana pode ser responsabilizada criminalmente pelo delito de estupro de vulnerável previstono artigo 217-A do Código Penal, uma vez que, nos termos do artigo 13, parágrafo 2°, alínea “a” do Código Penal possui a obrigação legal de evitar o resultado, ostentando a posição de garantidora, incorrendo em uma conduta omissiva imprópria. 56 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 28 Considere que um Delegado de Polícia Civil tenha ordenado a sua equipe de policiais que invadisse a residência de Tício para fins de cumprimento de mandado de busca e apreensão relacionado a um inquérito policial que apurava crime de tráfico de drogas. Considere também que Mévio, policial civil experiente, tenha indagado ao Delegado se haveria mandado judicial para tal finalidade. Ao ser indagado, a autoridade policial em questão relatou que o juiz já teria autorizado a diligência em questão, porém não estava com o mandado em mãos uma vez que o Cartório Judicial ainda não tinha confeccionado a referida peça. Além disso, o referido Delegado expediu ordem de serviço para fins de cumprimento da referida diligência. Tendo em vista o relatado pelo Delegado e confiando na informação repassada, bem como se baseando na ordem de serviço emanada pela autoridade policial, a equipe de policiais civis se dirigiu ao endereço de Tício, ingressando em sua residência para fins de cumprimento da diligência. Entretanto, posteriormente, restou confirmado que não havia mandado judicial nenhum e que Tício, na verdade, se tratava de inimigo do Delegado de Polícia, razão pela qual foi instaurado procedimento pela Corregedoria de Polícia em desfavor do Delegado de Polícia e de sua equipe de policiais para apuração do ilícito penal descrito no art. 150 do Código Penal. No caso em questão, há alguma tese defensiva que poderia ser invocada pela equipe de policiais civis? Fundamente. 57 QUESTÃO 28 – PADRÃO DE RESPOSTA A tese defensiva que pode ser invocada pela equipe de policiais civis é a de que agiram sob o manto da obediência hierárquica, nos termos do artigo 22, 2° parte do Código Penal, uma vez que a ordem emanada da autoridade policial não era manifestamente ilegal, devendo ser excluída a culpabilidade dos agentes policiais em virtude de inexigibilidade de conduta diversa. 58 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 29 Considere que Maria tenha sido constrangida mediante violência ou grave ameaça a manter conjunção carnal com João, que apontava uma arma de fogo em sua direção durante a prática do ato violento. Ademais, considere que João, após a prática do coito forçado, tenha deixado a arma cair no momento em que vestia a sua roupa. Em tal momento, Maria, aproveitando-se do descuido de seu algoz, se apoderou da arma em questão, deferindo-lhe dois disparos, o qual veio a falecer instantaneamente. No caso em questão, responda se existe alguma tese defensiva que pode ser utilizada em favor de Maria visando excluir algum dos elementos do conceito analítico de crime. 59 QUESTÃO 29 – PADRÃO DE RESPOSTA A tese defensiva que pode ser alegada em favor de Maria é a de que o excesso praticado por sua conduta foi exculpante, uma vez que não poderia ser exigida a moderação de uma pessoa que acabou de ser estuprada, razão pela qual deve ser excluída a culpabilidade de sua conduta por inexigibilidade de conduta diversa supralegal. 60 Professor Arnaldo França Quaresma Júnior – Aula 03 QUESTÃO 30 Imagine que Sérgio, oficial escrevente da Vara Judicial da Comarca de Arroio do Meio/RS, tenha recebido uma ordem direta do magistrado titular da Comarca e seu superior hierárquico Renan para destruir um documento de um processo criminal, que consistia em uma ata de Reunião ocorrida em Porto Alegre no dia 05 de dezembro de 2015. Considere ainda que o referido documento comprovaria que Luís, acusado do delito de roubo majorado, não se encontrava no município de Arroio do Meio no dia dos fatos narrados na denúncia do Ministério Público. Além disso, o magistrado Renan justificou que deu a referida ordem pois “não queria absolver o réu, pois apesar de não ter provas, tinha convicção que o acusado não prestava”. Desta feita, considerando o caso narrado, podemos afirmar que se o oficial escrevente Sérgio cumprir a referida ordem, poderá alegar que agiu em estrita obediência hierárquica, devendo ser excluída a culpabilidade? 61 QUESTÃO 30 – PADRÃO DE RESPOSTA Considerando o caso concreto, podemos afirmar que, caso Sérgio cumprisse a referida ordem de seu superior hierárquico, não poderá alegar a obediência hierárquica prevista no artigo 22 do Código Penal, por se tratar de uma ordem manifestamente ilegal não estando obrigado funcionalmente a cumprir tal ato. 62 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 1 Cross Fox foi denunciado por homicídio doloso praticado por motivo fútil, nos termos do artigo 121, §2º, inciso I, do CP. Todavia, após a instrução na 1ª fase restou devidamente comprovada a inexistência da qualificadora, não havendo qualquer comprovação da motivação, razão pela qual o Juiz de Direito da Vara Criminal do Tribunal do Júri afastou a qualificadora pronunciando o acusado por homicídio simples. Diante da narrativa, é possível que durante a instrução no Plenário do Júri o Ministério Público sustente novamente a incidência da qualificadora, a fim de convencer os jurados acerca da motivação do crime? Justifique a sua resposta. 63 QUESTÃO 1 – PADRÃO DE RESPOSTA O Ministério Público não poderá durante a instrução em Plenário, ou seja, na segunda fase do Júri, sustentar novamente a incidência da qualificadora afastada pelo Juiz por ocasião da decisão de pronúncia, pois a pronúncia limita a acusação e caracterizaria um excesso por parte do Ministério Público, visto que o julgamento deverá ser limitado ao crime de homicídio simples. Conforme o artigo 476 do Código de Processo Penal em Plenário deverá ser observado o conteúdo da pronúncia descritos nos moldes do artigo 413 do Código de Processo Penal. 64 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 2 (MP-MS-2011) Tício foi denunciado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (art. 121, § 2º, inc. I, Código Penal). A denúncia foi recebida e, no decorrer da instrução processual, a defesa requereu exame de insanidade mental do acusado (art. 149 e seguintes do Código de Processo Penal). Ao final do referido incidente, restou devidamente comprovado que Tício, ao tempo da ação, em razão de doença mental, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se de acordo com esse entendimento. Nos debates, a defesa apresentou como única tese defensiva a inimputabilidade de Tício. Lastreado em tal premissa, responda: Nesse contexto o Juiz da Vara do Tribunal do Júri poderá absolver sumariamente o acusado? Justifique. 65 QUESTÃO 2 – PADRÃO DE RESPOSTA O juiz no caso proposto poderá absolver sumariamente o acusado, nos termos do artigo 415, § único, do Código de Processo Penal, visto que a tese de inimputabilidade era a única sustentada pela defesa. Destaca-se que se houvesse tese alternativa, além da inimputabilidade, o juiz não poderia absolver sumariamente fundamentando nesta condição do acusado. Importante. registrar que se trata de absolvição sumária imprópria, considerando neste caso a incidência da medida de segurança. 66 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 3 Mariquinha, apavorada com o fato de ter engravidado de seu namorado, Félix Solano, de vinte e oito anos de idade, resolveu interromper a gravidez, provocando a morte do feto. Diante disso, após ingerir medicamento contendo substância abortiva, começou a passar mal, sendo levada ao hospital, oportunidade em que revelou ao médico a substância ingerida, recebendo a notíciade que o feto estava bem e em desenvolvimento. Observando o seu dever de ofício, o médico comunicou o fato à autoridade policial, que, de imediato, deslocou-se até o hospital. No curso do inquérito policial, uma amostra da referida substância foi recolhida para análise e enviada ao Instituto de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de armazenamento e quantidade ingerida, não seria hábil para produzir os efeitos a que estava destinada, qual seja, causar o aborto. A autoridade policial concluiu o inquérito policial e encaminhou ao Ministério Público, que, após constatar que Mariquinha respondia a outro processo criminal, ofereceu denúncia, imputando a ela a prática do delito aborto tentado, previsto no artigo 124 c/c o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal. Durante a instrução, Mariquinha exerceu o seu direito de permanecer em silêncio. Ao fim da instrução, o Ministério Público pugnou pela decisão pronúncia, sustentando a comprovação da autoria, bem como a materialidade do fato, por meio do exame de laboratório e da conclusão da perícia pela existência da gravidez. A defesa foi intimada para apresentar a peça correspondente no dia 20/11/2017 (segunda- feira). Em face dessa situação hipotética, analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. a) Qual a peça de defesa de Mariquinha deverá apresentar e qual o último dia do prazo para apresentá-la? b) Qual a tese defensiva deve ser invocada e o pedido correspondente? 67 QUESTÃO 3 – PADRÃO DE RESPOSTA a) Mariquinha deverá apresentar memoriais escritos, com base nos artigos 403, §3º e 404, § único, todos do Código de Processo Penal, utilizando-se na forma subsidiária as regras do procedimento comum ordinário no procedimento do júri, conforme artigo 394, §5º, do Código de Processo Penal. O prazo para apresentação dos memoriais é de 5 dias, logo considerando que a intimação se deu no dia 20/11/17, segunda-feira, o prazo final será o dia 27/11/17 (segunda), pois o último dia seria 25/11/17, sábado, sendo prorrogado para o próximo dia útil, nos termo do artigo 798, §1º e §3º, do Código de Processo Penal. Se no enunciado estava que a defesa foi intimada no dia 10/06/2013 (segunda): o prazo final será o dia 17/06/17 (segunda), pois o último dia seria 15/06, sábado, sendo prorrogado para o próximo dia útil, nos termos do artigo 798, §1º do Código de Processo Penal. b) A tese defensiva a ser sustentada é a incidência do crime impossível, previsto no artigo 17 do Código Penal, visto que o meio utilizado era absolutamente ineficaz para produzir o resultado pretendido. O pedido a ser postulado é a absolvição sumária, nos moldes do artigo 415, inciso III, do Código de Processo Penal, em face da atipicidade da conduta. 68 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 4 Andriotti, líder local do Movimento dos Sem Terras, foi pronunciado pela prática de homicídio qualificado tendo como vítima um Fazendeiro chamado João Netto, o qual era muito conhecido na comunidade por suas benfeitorias à região. O fato ocorreu no município João Gabriel, local conhecido por constantes conflitos envolvendo terras. Sabe- se que as pessoas da Comarca repercutem o assunto, sempre se posicionando a respeito do caso, havendo fundadas suspeitas sobre a imparcialidade do Júri. Desta forma, na condição de advogado de Andriotti, qual seria a medida adequada para assegurar da melhor maneira os interesses de seu cliente, considerando que o julgamento foi designado para ocorrer daqui três meses? A quem deverá ser endereçada? Justifique a sua resposta. 69 QUESTÃO 4 – PADRÃO DE RESPOSTA A medida adequada é o Pedido de Dasaforamento, nos termos do artigo 427 do Código de Processo Penal, em razão das fundadas suspeitas da imparcialidade dos Jurados. A medida deverá ser endereçada ao Tribunal de Justiça, conforme o artigo mencionado. Trata-se de uma medida excepcional que desloca a competência de julgamento. 70 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 5 Carlitos foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra sua esposa, Carmela. Todavia, após a prova produzida nos autos restou comprovado que a causa mortis foi um ataque cardíaco, ou seja, uma causa natural, nada tendo haver com Carlitos. Por tal razão, o magistrado da 1ª Vara Criminal absolveu sumariamente o acusado. A decisão transitou em julgado. Dois meses após, a filha de Carlitos resolve informar o que ouviu uma conversa de seu pai com um irmão, informando que teria sido o responsável pela morte de Carmela, tendo ministrado remédio em sua alimentação, gerando a disfunção que ocasionou a sua morte. Diante dos fatos, é possível reverter essa decisão de absolvição sumária no júri? Justifique. 71 QUESTÃO 5 – PADRÃO DE RESPOSTA Não é possível reverter a decisão que absolveu sumariamente o Acusado, pois já houve o trânsito em julgado da decisão. Inclusive, a decisão de absolvição sumária, na primeira fase do júri faz coisa julgada material. Assim sendo, não poderia ser modificada com o surgimento de novas provas, pois somente é cabível a Ação de Revisão Criminal, nos termos do artigo 621 do Código de Processo Penal, para beneficiar o acusado, o que não seria o caso, pois na questão houve a absolvição. 72 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 6 Durante os debates orais, o Ministério Público proferiu a leitura de trechos da decisão de pronúncia, inclusive mencionou que se não estivessem presentes os indícios de autoria e materialidade, os réus não teriam sido submetidos a julgamento popular por ato do Juiz Presidente. Inobstante, a combativa defesa ter requerido o encerramento do Júri, o que restou consignado em ata, o magistrado determinou a continuidade. Ao final, os jurados condenaram o acusado. Diante dos dados trazidos na questão, o que poderá ser pleiteado na condição de advogado de defesa? Justifique e indique o recurso e a base legal que respaldam a sua resposta. 73 QUESTÃO 6 – PADRÃO DE RESPOSTA No caso em questão, poderá ser arguida a nulidade do julgamento, em razão da afronta ao artigo 478 do Código de Processo Penal, em razão do fato do promotor ter utilizado trechos da decisão de pronúncia como argumento de autoridade, podendo influenciar a decisão dos jurados. O recurso a ser utilizado será o de apelação, com base no artigo 593, inciso III, alínea “a”, do Código de Processo Penal, tendo em vista a ocorrência de nulidade posterior à pronúncia do acusado. 74 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 7 (2016 – FGV – OAB – Exame XX - Primeira Fase - adaptada) Guilherme foi denunciado pela prática de um crime de lesão corporal dolosa seguida de morte, artigo 129, parágrafo 3º, do CP. Após o recebimento da denúncia, Guilherme é devidamente citado e processado. A defesa técnica apresentou prova inequívoca de que o réu agiu em estado de necessidade. Após a instrução probatória, o Juiz determinou a conversão das alegações finais em memoriais, em face da complexidade da causa. O Ministério Público requereu a procedência da ação nos termos da Denúncia. Você foi intimado no dia 21 de novembro de 2017 (terça-feira) para apresentar os memoriais defensivos, responda. a) Na condição de advogado de Guilherme, o que deverá ser postulado em prol de sua defesa neste momento? Justifique. b) Qual o último dia para apresentação dos memoriais? Justifique. 75 QUESTÃO 7 – PADRÃO DE RESPOSTA a) O deverá ser postulado é a absolvição do acusado, em razão da prova inequívoca produzida de que agiu em estado de necessidade. A base legal é o artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal. b) O último dia do prozo para apresentação dos memoriais será o dia27/11/17, segunda-feira, pois considerando a intimação no dia 21/11/17, o prazo encerraria no domingo 26/11, prorrogando-se para o dia útil subsequente, nos termos do artigo 798, §1º e §3º, do Código de Processo Penal. 76 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 8 Questão retirada por questões de atualização. 77 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 9 Carlitos, atualmente recolhido em Bangu I, responde a um processo criminal pela prática do delito de latrocínio, previsto no artigo 157, parágrafo 3°, parte final, do CP, tendo sido intimado a comparecer em juízo para realização de seu interrogatório. Todavia, ao iniciar a audiência o Juiz responsável pelo processo verificou que o advogado constituído havia renunciado ao patrocínio da causa. O advogado acostou aos autos uma petição de renúncia com a comprovação da ciência do acusado, datada de uma semana antes dessa audiência. Questionado sobre a constituição de novo defensor, o acusado informou que não iria constituir defensor particular, pois como estava preso não poderia mais assumir obrigações financeiras, portanto gostaria de ser assistido pela Defensoria Pública, como tem sido atendido em dois outros processos que também responde criminalmente. Assim sendo, o Juiz designou em audiência a nomeação da Defensoria Pública. Ato contínuo, o Defensor Público que havia realizado a audiência anterior assumiu o processo, cumprimentando e relatando que coincidentemente está atuando nos demais processos que Carlitos responde. Na ocasião, o Juiz deu continuidade à audiência, tendo o defensor solicitado a realização de entrevista prévia com o acusado antes da realização do ato de interrogatório, ou que fosse suspensa a audiência e novamente agendada. O Juiz, considerando o término do horário de expediente, e após ouvir o representante do Ministério Público, que o alertou da proximidade da incidência do prazo prescricional, sustentou que o acusado já conhecia o defensor e que inclusive a relação de confiança entre ambos restava configurada pelo acompanhamento dos demais processos que o acusado responde, logo não haveria necessidade de destinação de lapso temporal ou entrevista prévia neste caso, passando então a ouvir o acusado. Diante dos fatos narrados, está correta a decisão do Juiz? Na condição de defensor do acusado o que poderá ser alegado? Justifique a sua resposta. 78 QUESTÃO 9 – PADRÃO DE RESPOSTA A decisão está completamente equivocada, pois violou o direito à ampla defesa, assegurado no artigo 5º, inciso LV, Constituição Federal/88, bem como disposição expressa prevista no artigo 185, §5º do Código de Processo Penal, que assegura o direito à entrevista prévia ao interrogatório. Inclusive, a decisão desrespeitou o Pacto de São José da Costa Rica, especificamente, o artigo 8, n. 2, alíneas “c e d”, do Decreto 678/92. Por fim, salienta-se que se trata nulidade de caráter absoluto. 79 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 04 QUESTÃO 10 VITARA FOX, advogado, que estava acompanhando um processo perante uma vara de família no interior do Estado, em contestação apresentada em processo de investigação de paternidade, imputa à genitora do investigante a prática de atos sexuais com diversos homens, afirmando ainda que aquela se dedicava habitualmente à prostituição. Sentindo-se difamada e injuriada com as alegações do defensor, a mãe do investigante oferece queixa-crime contra o mesmo, que é distribuída ao juízo da vara criminal comum daquela cidade, ao entendimento de que aquela causa é de maior complexidade, fugindo, portanto, da competência do juizado especial. Citado, o querelado sustenta, em sua resposta à acusação, não ser possível a existência e a continuidade do processo por lhe faltar um dos pressupostos de constituição e desenvolvimento regular do feito. O magistrado responsável pelo julgamento não absolve sumariamente o acusado, dizendo que deixa para apreciar todas as questões de fato e de direito por ocasião da sentença final. Diante da situação descrita responda: a) Qual a medida jurídica que deverá ser utilizada para atacar a decisão que negou a absolvição sumária ao acusado? b) Quem deverá julgá-la? c) Quais os argumentos jurídicos que deverão ser sustentados para a defesa de Vitara Fox? 80 QUESTÃO 10 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A medida a ser utilizada é um habeas corpus, objetivando o trancamento da ação penal, em razão da ausência de justa causa, nos termos dos artigos 647 e 648, inciso I, do Código de Processo Penal e artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal/88. b) O habeas corpus deverá ser julgado pelo Tribunal de Justiça. c) Conforme o artigo 142, inciso I, do Código Penal, não constitui injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em juízo na discussão da causa. No caso em tela, não houve excesso ou qualquer questão que permita a responsabilização do acusado. Da mesma forma o artigo 133 da Constituição Federal/88 também assegura essa inviolabilidade. Assim sendo, resta configurada a ausência de justa causa para a ação penal. 81 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 05 QUESTÃO 11 No dia 15/11/17, dez presos que ocupavam diferentes celas, durante o deslocamento para o Fórum dentro de uma viatura quebraram a proteção das lâmpadas do corredor do veículo. Questionados sobre o responsável pelo dano ao patrimônio público, todos os presos permaneceram em silêncio. Instaurado o Procedimento Administrativo, diante do silêncio dos apenados, a administração optou por aplicar uma sanção coletiva aos apenados, consistente na suspensão do direito à visita por 10 dias, em razão da prática de falta grave. Em juízo, no momento da audiência de justificativa, os apenados novamente silenciaram quanto ao fato, dois se limitaram a alegar que ao ingressarem na viatura a iluminação já estava prejudicada. Após a manifestação da defesa e do Ministério Público, o magistrado reconheceu a prática de falta grave, homologando o Procedimento Administrativo. Considerando que a decisão foi dada em audiência realizada no dia 09/01/18 (terça-feira), na condição de advogado de Cleiton, um dos apenados envolvidos, responda: a) A decisão judicial é passível de impugnação por qual instrumento? (0,25) b) Caso positivo, informe os fundamentos jurídicos que poderão ser utilizados (1,0). 82 QUESTÃO 11 – PADRÃO DE RESPOSTA a) A decisão judicial é passível de impugnação pela via recursal, através da utilização do recurso de agravo em execução, nos termos do artigo 197 da Lei de Execução Penal (lei 7.210/84). b) Conforme o artigo 45, §3º, da Lei 7210/84 (Lei de Eexecução Penal) é vedada qualquer espécie de sanção coletiva. Aliás, pelo princípio constitucional da individualização da pena (artigo 5º, inciso XLVI, Constituição Federal/88), qualquer espécie de responsabilização deverá ser pautada pela individualização da conduta praticada, o que se fundamenta na necessidade de identificar a contribuição de cada suspeito. Também poderá ser indicado como fundamento em defesa do apenado, a vedação de responsabilidade objetiva, eis que somente podemos responsabilizar alguém pela prática de delitos, no caso em tela, caracteriza-se como o crime de dano contra o patrimônio público, quando houver identificação de dolo ou culpa, o que no caso em tela não é possível identificar. 83 Professora Letícia Sinatora das Neves – Aula 05 QUESTÃO 12 Tucson Fire cumpre pena desde o dia 20/12/10, pela prática do delito previsto no artigo 121, §2º, I, do CP, praticado em 03/04/06. Sabe-se que já foi condenado outras vezes pelo mesmo
Compartilhar