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Supervisão Pedagógica - Estudo Dirigido

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COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E TRABALHO DOCENTE 
Musa Antonino da Silva1 
 
 A supervisão educacional em perspectiva histórica: da função à 
profissão pela mediação da ideia. (Demerval Saviani, 2006) 
 
1- Comente o que o autor quis dizer ao falar sobre: Função supervisora, 
Ideia de supervisão, profissão a partir da ação supervisora. 
 Função supervisora: Ao longo da história, a função supervisora 
aparece em vários segmentos da sociedade e mostra-se como “uma ação de 
velar sobre alguma coisa ou alguém a fim de assegurar a regularidade do 
funcionamento ou comportamento” (Foulquié, 1971, p.452). No âmbito da 
educação, no contexto da sociedade primitiva, a supervisão educadora não 
existia como função, mas acontecia de forma espontânea. A educação 
acontecia nas relações cotidianas e a supervisão acontecia de forma indireta, 
discreta, “aparecendo na vida dos alunos como uma simples ajuda às suas 
fraquezas” (Foulquié, 1971, p.452). Na época antiga e medieval a função 
supervisora entre trabalhadores já assumia uma forma diferente, controladora, 
de fiscalização e, mesmo de coerção expressa nas punições e castigos físicos. 
Na Grécia, o papel do pedagogo se associava a função de supervisão, pois o 
pedagogo se encarregava de ensinar à criança, mas também de acompanhar 
constantemente, vigiando, controlando, supervisionando os seus atos. 
 Ideia de supervisão. Com as transformações ocorridas na sociedade, 
notoriamente as conseqüências alcançam a educação. Com a época moderna 
e a cultura intelectual dominante, que agora é disseminada não mais 
naturalmente, mas de maneira sistemática e sua aquisição também formas 
deliberada e sistemática e produzindo, portanto a institucionalização da escola. 
Com a institucionalização se esboça a idéia da supervisão, ou seja, a 
organização da escola. Já com as origens do Ratio Studiorum, havia uma 
organização dos estudos, uma supervisão. O plano era um conjunto de regras 
 
1
 Profa da Rede Municipal. Pedagoga. Especialista em Docência do Ensino Superior. Especialista em 
Educação Especial e Inclusiva. 
que cobria as atividades de todos envolvidos no processo educativo. A ideia da 
supervisão é destacada das demais funções educativas e direcionada para um 
agente especifico. 
Função de supervisão. Na década de 1920 começam a surgir os profissionais 
da educação, “os técnicos” em escolarização, constituindo-se como uma nova 
categorização profissional. A proposta visava à separação da parte 
administrativas da parte técnica, promovendo vantagens. Com a separação 
surgi a figura do supervisor (cabendo-lhe a parte técnica), distinta do diretor 
(cabendo-lhe a parte administrativa). No ideário escolanovista, a ciência 
começa a ser valorizada a serviços educacionais, convertendo técnica em 
tecnologia através da fundamentação cientifica. É exatamente num contexto de 
maior valorização da organização dos serviços educacionais, que os técnicos 
ganham relevância, também chamados de especialistas em educação e entre 
eles está o supervisor. 
 
2- Como surgiu no Brasil, os profissionais com a função de supervisão do 
processo de trabalho escolar? 
 Com a vinda dos jesuítas ao Brasil, dar-se início a organização das 
atividades educativas. É adotado no país o plano geral da educação o Ratio 
Studium, na sua versão final em janeiro de 1959, esse plano é constituído por 
um conjunto de regras cobrindo todas as atividades dos agentes diretamente 
ligados ao ensino. Os profissionais com a função de supervisão do processo de 
trabalho escolar são: o reitor de ensino, o prefeito de estudos e os professores. 
O prefeito geral de estudos seria um assistente do reitor para auxiliá-lo na “boa 
ordenação dos estudos”, a quem os professores e todos os alunos deveriam 
obedecer. 
3- O que aconteceu após a expulsão dos jesuítas do Brasil até o período 
republicano? 
 Foram criadas as aulas régias, instituídas após a criação do alvará de 
28 de Junho de 1759 o qual previa, no entanto o cargo de diretor geral dos 
estudos e a designação de comissários para fazer, em cada local, o 
levantamento do estado das escolas. O comissário exercia, também, a função 
de diretor de estudos. Nesse sentido, a ideia de supervisão englobava os 
aspectos político-administrativos (inspeção e direção) em nível de sistema 
concentrados na figura do diretor geral e os aspectos de direção, fiscalização, 
coordenação e orientação do ensino, em nível local a cargo dos comissários ou 
diretores dos estudos, os quais operavam por comissão do diretor geral de 
ensino. 
 Em 1927 criou-se uma instrução pública o qual é criado o Ensino Mútuo, 
nesse ensino o professor absorve as funções de docência e também de 
supervisiona as suas atividades de ensino, assim como a aprendizagem do 
conjunto dos alunos. 
6- O que o autor pretende defender ao afirmar que “a função do 
supervisor é uma função política e não técnica”? Você concorda com 
isso? 
 A profissão do supervisor educacional durante a história da educação 
esteve voltada a formação técnica. A sua função era garantir a eficiência e a 
produtividade no processo educativo. Na prática as tarefas eram atribuídas aos 
aspectos administrativos e de fiscalização. Até os anos 60, os cursos de 
Pedagogia formavam pedagogos considerados técnicos ou especialistas em 
educação. A partir da década de 60, com o golpe militar, o técnico em 
educação, passou a ser formado numa função específica da ação educativa, 
quatro habilitações técnicas foram previstas para a sua formação, são elas: 
administração, inspeção, supervisão e orientação. 
 Concomitante as reestruturações do curso de Pedagogia que foram 
surgindo decorrente do parecer n° 252/69, vários questionamentos foram 
surgindo sobre o caráter técnico da educação e sua neutralidade. Dessa forma, 
mesmo quando o supervisor apresenta desempenhar uma função técnica, ele 
está cumprindo, um papel político, mesmo que aparentemente oculto. Assim, 
quanto mais os procedimentos de caráter técnicos são desempenhados pelos 
supervisores, os interesses dominantes são exercidos. O autor defende que se 
os supervisores quiserem se colocar a serviço do operariado, eles devem 
assumir o seu papel político explícito, ou seja, o supervisor exerce 
principalmente uma função política, mesmo que em muitas vezes, não se dá 
conta de que cumpre esse papel. 
7-Qual sua opinião sobre a seguinte afirmação: “administração, 
orientação, supervisão, etc, seriam tarefas educativas que integram a lista 
de atribuições de um mesmo profissional: o educador.” 
 Segundo o autor, as habilitações técnicas não passavam de uma divisão 
de tarefas no campo da educação, podendo ser exercido pelo mesmo 
profissional desde que seja qualificado. 
 O educador deve ser apto para desempenhar as atividades educativas 
sim, no entanto, a base de nossa formação deve ser questionada. É exigido 
dele as diferentes atribuições, no entanto, nem sempre há essa consciência 
clara da formação pelos próprios profissionais formadores. É necessária uma 
qualificação adequada, para não ficarmos no “todo mundo faz tudo” ou 
“qualquer um faz qualquer coisa.”.

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