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Gabriela Lacerda 1 Princípios Diagnósticos Microscopia A microbiologia clínica é fundamental para o diagnóstico de doenças, bem como identificação de parasitas, bactérias e vírus, com o intuito de gerar uma terapêutica mais adequada para o paciente. A microscopia tem duas funções básicas na microbiologia: 1. Detectar 2. Identificar preliminar ou definitiva- mente microorganismos. Características morfológicas são muito utilizadas para a identificação preliminar da maioria das bactérias, e para a identificação definitiva de fungos e parasitas. No entanto, pode ser usado para detectar também inclu- sões virais presentes em células infectadas. Há cinco métodos gerais de microscopia: 1. Microscopia de Campo Claro: É utilizada uma fonte de luz, que ilumina o material analisado; um condensador, que concentra a luminosidade sobre o material; e um conjunto de lentes – lente objetiva e lente ocular – que amplia a imagem das estruturas. 2. Microscopia de Campo Escuro: A diferença desta para a microscopia de campo claro é que, na microscopia de campo escuro, o condensador impede que a luz ilumine diretamente o local. Apenas uma luz oblíqua e dispersa atinge o material a ser visualizado, passando pelo sistema de lentes, fazendo com que o material fique ilu- minado contra um fundo preto. Sua vanta- gem é o poder de resolução substancial- mente aumentado em relação à microsco- piade camplo claro, possibilitando visualizar bactérias delgadas. Sua desvantagem é a má visualização das estruturas internas do mi- crorganismo, já que a luz ilumina mais o seu entorno. 3. Microscopia de Fluorescência: Os microrganismos e amostras com fluorófo- ros aparecem brilhantes, em contraste com o fundo, e esse contraste é suficiente para que a amostra seja localizada rapidamente em Gabriela Lacerda 2 menor aumento e, então, examinada em menor aumento. 4. Microscopia de Contraste de Fase: Permite uma melhor visualização das estrutu- ras internas do microrganismo, na medida em que os feixes paralelos de luz são desviados ao passar através de objetos com diferentes densidades. 5. Microscopia Eletrônica: São utilizadas espirais magnéticas no lugar de lentes. A ampliação e resolução são drasti- camente melhores na microscopia eletrô- nica. As amostras são geralmente coradas ou revestidas com íons metálicos para criar con- traste. Há dois tipos de microscópio eletrôni- cos de transmissão: os de transmissão e os de varredura. Tipos de amostras Diversas amostras podem ser utilizadas para o diagnóstico microbiológico e a solici- tação de uma determinada amostra de- pende do raciocínio clínico e hipótese diag- nóstica do médico que a solicitou. Como exemplos mais comuns de amostra tem-se: sangue, urina, fezes, amostras provenientes do aparelho reprodutor, amostras provenien- tes do sistema respiratório, exsudato cutâneo e líquidos corporais, como bílis, líquor e líquido articular. Meio de cultura Os meios de cultura são fundamentais para a identificação de microrganismos, prin- cipalmente de bactérias, visto que permitem a multiplicação do patógeno sob condições controladas no laboratório. Eles podem se di- vidir fundamentalmente em três categorias: 1. Não seletivos: Meio que contém nutri- entes que favorecem o crescimento da maioria dos microrganismos. 2. Seletivos: Possui um ou mais agentes que inibem todos os microrganismos com exceção daqueles que se deseja obter. 3. Diferenciais: Utilizado principalmente para bactérias, uma vez que permite a diferenciação delas, pois possui fa- tores que permitem que as colônias bacterianas demonstrem certas ca- racterísticas. Gabriela Lacerda 3 Métodos de Coloração 1. Exame Direto: São os métodos mais simples de separação de amostras para visualização microscópica. A amostra pode ser suspensa em água ou soro fisiológico (exame a fresco), misturada a uma substância alcalina para claficação do material (método do hidróxido de potássio – KOH), ou misturada a uma substância alca- lina e um corante de contraste. 2. Coloração Diferente: Uma variedade de colorações diferentes são utilizadas para corar organismos específicos ou componentes de material celular. A mais conhecida de todas é a coloração de Gram, que serve de base para a classificação das bactérias. 3. Coloração Acidorresistentes: Essas colorações exploram o fato de alguns microrganismos reterem sua coloração pri- mária mesmo ao serem expostos a fortes agentes descolorantes, como álcoois e áci- dos. A coloração de Ziehl-Neelsen é o mais antigo desses métodos, mas requer aqueci- mento da amostra durante o processo. Já existem métodos empregados de coloração a frio, como o método de Kinyoun, ou por co- loração fluorescente, como o método da au- ramina-rodamina. 4. Coloração Fluorescente: Dentre os exemplos principais, temos a colo- ração laranja de acridina, coloração com cálcofluor branco e coloração direta com anticorpo fluorescente. Cultura in vitro In vitro: cultivo em laboratório. O sucesso dos métodos de cultura de- pende de algumas variáveis: • Biologia do organismo; • Local de infecção; • Resposta imune do paciente à infecção; • Qualidade do meio de cultura. Os meios de cultura podem ser dividi- dos em: • Meios enriquecidos não seleti- vos; • Meios seletivos; • Meios diferenciais; • Meios especializados. Gabriela Lacerda 4 Detecção do material genético microbiano Sondas Genéticas: Sondas de DNA po- dem ser usadas para detectar, localizar e quantificar sequências específicas de ácido nucleico. Espécies ou cepas individuais de um agente infeccioso podem ser detecta- das, mesmo que não estejam crescendo ou se replicando. Diagnóstico Molecular Durante uma infecção, os microrganis- mos costumam deixar resíduos no hospe- deiro, sejam estes fragmentos de DNA, prote- ínas, entre outros. Diante disso, o diagnóstico molecular é feito por meio dessas moléculas e permite a identificação de diferenças ge- notípicas, ajudando em casos de resistência farmacológica, por exemplo. Existem diversos tipos de métodos para realização do diagnóstico molecular. A seguir veremos os dois mais comuns: Eletroforese: método habitualmente usado para separar e purificar macromolé- culas, principalmente ácidos nucleicos e pro- teínas. Essas macromoléculas são submetidas a um campo elétrico, na qual migram com velocidades distintas para um polo positivo ou negativo de acordo com a sua carga, e consequentemente, permitem a sua separa- ção. Reação em Cadeia de Polimerase (PCR): amplifica poucas cópias de DNA viral um milhões de vezes e é uma das técnicas mais recentes de análise genética. Nessa técnica, uma amostra é incubada com pri- mers, uma DNA polimerase termoestável, nu- cleotídeos e tampões. Diagnósticos Sorológicos O diagnóstico sorológico é feito por meio da imunologia, com a avaliação da resposta de antígenos e de anticorpos em uma amostra, o que permite identificar o pa- tógeno. As sorologias podem possuir resulta- dos quantitativos ou qualitativos, sendo o pri- meiro relacionado aos títulos de antígenos e anticorpos, enquanto o segundo está relaci- onado com a presença ou ausência deles. Existem alguns métodos de detecção, dentre eles destacam-se: 1. Imunofluorescência direta: Ocorre com a ligação de uma molécula flu- orescente diretamente ao anticorpo por meio de uma ligação covalente. 2. Imunofluorescência indireta: Ocorre quando uma molécula fluorescente é ligada a um anticorpo secundário, sendo Gabriela Lacerda 5 que este se liga a outro anticorpo relacio- nado a um antígeno específico. 3. Imunofluorescência enzimático: É realizado por meio de uma enzima que se conjuga a um determinado anticorpo,cau- sando uma reação química que resulta na liberação de luz fluorescente. 4. ELISA: Ocorre por meio da captura e separação de um anticorpo específico relacionado a um antígeno específico, permitindo a quan- tificação do mesmo por meio de um espec- trofotômetro. 5. Técnica de Western-blot: É uma variação do ELISA em que é feita a separação de proteínas virais por meio de eletroforese. É utilizada principalmente para a identificação de HIV. 6. Sorologia: É o método mais utilizado. Permite a identifi- cação de agentes infecciosos por meio de imunoglobulinas. O maior destaque é para as imunoglobulinas IgG e IgM, que permitem di- ferenciar as infecções em agudas, crônicas, recentes ou prévia. Como exemplo: Paciente com IgG positivo e IgM negativo → pode ser indicativo de uma infecção prévia. Paciente com IgG negativo e IgM positivo → é indicativo de uma infecção aguda. Paciente com IgG positivo e IgM positivo → pode ser indicativo de uma doença crônica que agudizou ou de uma reinfecção.
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