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Mielogram� Introduçã� O mielograma consiste em um exame citológico da medula óssea, é indicado quando não há a conclusão do diagnóstico definitivo, geralmente em situações de neoplasias medulares, anemias arregenerativas, neutropenias, pancitopenias. Em equinos é um exame que pode ser requisitado para avaliar se a anemia é regenerativa, visto que, não liberam reticulócitos no sangue. Técnic� Existem duas técnicas de coleta, por punção aspirativa e biópsia de um fragmento medular. Loca� d� punçã�: Cã�: no fêmur pode ser feita na fossa trocantérica, ou no úmero na região de região proximal e crista ilíaca. Gat�: fossa trocantérica ou úmero. Equin� � bovin�: costela, íleo e externo Obs: equinos com distúrbios da hemostasia podem vir a óbito quando feito esta técnica. Prepar� d� pacient�: Anestesi� � sedaçã�: é recomendado realizar anestesia geral ou sedação em animais de pequeno porte, enquanto que os de grande pode ser feita anestesia local. Colocar o paciente em decúbito lateral. Tricotomi� � assepsi� cirúrgic�: deve ser feita tricotomia e assepsia cirúrgica no local da punção, a fim de garantir um procedimento estéril. Punçã� aspirativ�: Materiai�: luva estéril, agulha Rosenthal ou Illinois, tubo de Na2EDTA, ácido etilenodiaminotetracético dissódico, ou seringa de 12 ml com lavada com duas a três gotas de anticoagulante EDTA a 10% e lâminas. Procediment�: 1. A agulha é inserida no local da punção. 2. Quando direcionada a cortical óssea, a agulha é rotacionada até adentrar firmemente ao osso e avançar mais alguns milímetros, mantendo sempre a força sobre o estilete para evitar retorno e obstrução por fragmento ósseo. 3. Remover o mandril e acoplar a seringa. 4. Aplicar pressão negativa o suficiente para notar presença de conteúdo medular na seringa. 5. Deve interromper a aspiração quando notar presença de sangue, dessa maneira evita hemodiluição e contaminação da amostra. Biópsi� d� u� fragment� medular (cor� biops�): Materiai�: mesmos materiais da punção aspirativa, com exceção da agulha Jamshidi, em animais de companhia é recomendado tamanhos pediátricos ou infantil. 1 Procediment�: 1. A agulha é inserida na cortical do osso próximo à medula óssea. 2. Remover o mandril e com a agulha adentrar cerca de 2,5 cm no interior da medula óssea, com forte movimento de torção. 3. Rotacionar 360º a agulha várias vezes, em sentido horário e anti horário, retirar a agulha. 4. O mandril é usado para empurrar o fragmento para o topo da agulha, recuperando o fragmento, é necessário de 1 a 2 ml de conteúdo de medula óssea. Processament� da� am�tra�: Tub� co� N�2EDTA: amostras são colocadas no tubo com anticoagulante. Esfregaç�/Lâmina�: 1. Colocar uma gota da amostras sobre a lâmina de vidro. 2. Realizar squash horizontal, que seria, espalhar o conteúdo, de forma cuidadosa, através da colocação de outra lâmina sobre a amostra. 3. Lâminas secam ao ar livre 4. Coradas com corante Romanowsky. Biópsi� d� u� fragment� medular (cor� biops�): 1. São feitas impressões por rolamento ou pressão da amostra na lâmina de vidro. 2. Administração de fixador B5, solução de formalina ou Zenker. 3. Amostra enviada a laboratórios para avaliação histopatológica ou hematológica. Obs: deve ser feito o máximo de lâminas que a amostra permitir. Figura 1 – Agulha esquerda: agulha de biópsia Jamshidi; Agulha direita: agulha de Rosenthal Fonte: JAVINSKY, 2015. Figura 2 – Local de punção no úmero proximal Fonte: JAVINSKY, 2015. Figura 3 – Local de punção na crista ilíaca e fêmur Fonte: JAVINSKY, 2015. 2 Figura 4 – Técnica de preparação do esfregaço Fonte: THRALL, 2015. Célula� encontrada� n� esfregaç� d� medul� �sse� Obs: consultar o material Hematopoiese Séri� eritróid�: Encontra os precursores eritróides, proeritroblasto/rubriblasto (1), eritroblasto basófilo/pro rubrícito (2), eritroblasto policromatófilo/rubrícito (3), eritroblasto ortocromático/metarrubrícito (4), reticulócitos/eritrócito policromatofílico (5) e eritrócito maduro (6). Obs: Não é comum realizar exame morfológico de eritrócitos maduros, com exceção de casos de hemoparasitose, esferocitose e policromasia. Figura 5 – Estágios de maturação do eritrócito Fonte: THRALL, 2015. Séri� granulocític�: Neutrófil�: Encontra os estágios de mieloblasto (1), promielócito (2), mielócito (3), metamielócito (4), neutrófilo bastonete (5) e neutrófilo segmentado (6). Obs: Quando a aceleração da maturação destas células, pode se observar em todos os estágios, citoplasma mais basofílico e pode ter vaculização. Figura 6 – Estágios de maturação do neutrófilo Fonte: THRALL, 2015. Séri� monocític�: Encontra os estágios de monoblasto, promonócito, monócito. Obs: Os precursores de monócitos são frequentemente encontrados em casos de leucemia monocitica. Figura 7 – Precursores de monócitos (setas), precursores de granulócitos (ponta de seta) Fonte: THRALL, 2015. Séri� megacariocític�: Encontra os estágios de megacarioblasto, promegacariócito e megacariócito. Figura 8 – Megacarioblasto (seta grande), promegacariócito (seta pequena), megacariócito (ponta de seta) Fonte: THRALL, 2015. 3 Outra� célula�: Linfócit�: Linfócitos maduros: geralmente encontram- se linfócitos maduros. Plasmócitos: células especializadas em produzir imunoglobulinas (Ig), possuem citoplasma azul claro abundantes, cromatina grosseira, núcleo grande, nucléolos não visíveis. Obs: Às vezes pode haver em seu citoplasma material eosinofílico, caracterizando como linfócitos em chamas, corpúsculo de Russell (Ig), chamado de célula de Mott. Linfoblasto: raramente são encontrados em animais saudáveis, sua presença pode indicar distúrbios linfoproliferativos. Macrófag�: comum encontrar pequenas quantidades desta célula em animais saudáveis, fagocitam os núcleos expelidos dos metarrubrícitos e podem ter hemossiderina no seu interior, conferindo coloração mais amarronzada. Osteoclast� � �teoblast�: são células grandes, como os megacariócitos, porém seus núcleos dão individualizados, seu citoplasma é basófilo e com alguns grânulos azurófilos e róseos Obs: comum encontrar em animais jovens e aqueles que estão passando por remodelação óssea. Mastócit�: presentes em pequenas quantidades, são células pequenas com abundância de grânulos eosinofílicos que cobrem seu núcleo. Figura 9 – Plasmócito (seta), linfócitos (ponta de seta) Fonte: THRALL, 2015. Figura 10 – Osteoclasto (seta), plasmócito vacuolizado, célula de Mott com corpúsculo de Russell (ponta de seta) Fonte: THRALL, 2015. Figura 11 – Osteoblasto (seta), mastócito (ponta de seta) Fonte: THRALL, 2015. 4 Avaliaçã� � interpretaçã� d� mielogram� Os achados do mielograma devem ser analisados juntamente com o hemograma coletado no mesmo dia da coleta de amostra da medula óssea, para se obter uma compreensão maior do processo patológico. A punção aspirativa permite avaliar a celularidade da medula óssea, mas não a sua arquitetura, como a biópsia por fragmento permite, por isso, recomenda-se realizar conjuntamente os dois procedimentos de coleta para evitar repetição. Celularidad�: Deve ser utilizada a lente de pequeno aumento, 10x, para avaliação geral do esfregaço, para celularidade usar lente de grande aumento, 100x. Obs: a biópsia por fragmento é recomendada quando não é possível determinar a celularidade pelo aspirado de medula óssea. �si�: normalmente a medula óssea é constituída de 50% de tecido gorduroso e 50% de tecido hematopoético. Hiperplasi�: o aumento da celularidade da medula óssea está relacionada à linhagem mielóide e granulocítica e tende aumentar sua celularidade em razão de processos de destruição, perda e consumo. Causas patológicas: distúrbios mieloproliferativos e linfoproliferativos, neoplasias. Hipoplasi�: a redução da celularidade da medula óssea está relacionada a infecção por Ehrlichia canis, vírus da leucemia felina (FelV), mielofibrose, distúrbios imunomediados, radiação, hiperestrogenismo, quimioterápicos. Obs: é comum ocorrer hipoplasia de uma linhagem. Aplasi�: a ausência de celularidadeda medula óssea está relacionada a infecção. Obs: É comum a aplasia envolver todas as linhagens, a aplasia mielóide ou linfóide é rara. Megacariócit�: Deve ser utilizada a lente de pequeno aumento, 10x, para contagem de megacariócitos, esse achado deve ser interpretado junto aos valores do plaquetograma. �si�: em áreas de alta celularidade é esperado que se tenha de 5 a 10 megacariócitos. Hiperplasi�: é esperado aumento de megacariócitos em pacientes com processos de consumo e destruição de plaquetas. Causas patológicas: hiperplasia megacariocítica, encontra-se mais de 50 megacariócitos por campo na medula óssea, também é comum observar maior quantidade de células imaturas da linhagem. Obs: pacientes com trombocitopenia e hiperplasia megacariocítica tem plaquetas de tamanho maior devido a liberação precoce dessas células. Hipoplasi�: observa-se que não há presença de megacariócitos na medula óssea em pacientes trombocitopenia por produção deficiente de plaquetas. Causas patológicas: é raro correr hipoplasia megacariocítica sem estar acompanhada de hipoplasia mielóide e eritróide, quando isso ocorre, geralmente está relacionada a processos de destruição imunomediados. 5 R�ã� mieloid�:eritroid� (M:E) Deve ser utilizada a lente de pequeno aumento, 10x, para selecionar as áreas de contagem, devem ser diferentes, para não haver predomínio de uma linhagem, não podem ser espessas e ter células íntegras. Com as objetivas de 50x e 100x em óleo de imersão, realiza a contagem dos precursores eritróide e mielóide. Para obter a proporção mielóide e eritróide (M:E), deve se contar de 300-500 células nucleadas, classificando-as como mieloides e eritróides. Os valores dessa análise devem ser comparados com os achados no hemograma, com atenção maior ao hematócrito e contagem de neutrófilos. �si�: às espécies domésticas apresentam particularidades quanto sua razão M:E, mas no geral, varia de 0,5-3:1 Reduçã� d� r�ã� d� M:E: normalmente ocorre em casos de pacientes com anemia regenerativa, onde a aumento da produção de hemácias, tendo assim, hiperplasia eritróide, redução na produção de neutrófilos, hipoplasia mielóide, ou associação de ambas. Causas patológicas: é comum ocorrer hipoplasia mielóide e eritróide concomitante, é raro que uma aconteça sem associação da outra. Um hemograma que obtenha sinais de anemia regenerativa ou eritrocitose, confirmam a hiperplasia eritróide, enquanto que uma leucopenia confirma a hipoplasia mielóide. Aument� d� r�ã� M:E: geralmente está associada ao aumento das células granulocíticas, havendo hiperplasia mielóide, consequentemente uma redução da produção de eritrócitos, havendo hipoplasia eritróide. Causas patológicas: Hiperplasia mielóide: é comum observar em pacientes com processos inflamatórios, animais em convalescença de lesão medular por infecção por vírus, processos de destruição imunomediadas. Hipoplasia eritróide: doença renal, doenças inflamatórias crônicas, endocrinopatias. Aplasia eritrocitária pura: rara, geralmente ocorre por processos de destruição imunomediados que acometem células precursoras. Um hemograma que obtenha sinais de anemia arregenerativa, confirma a hipoplasia eritróide, enquanto que neutrofilia acompanhada de hematócrito normal, confirma a hiperplasia mielóide. Figura 12 – Paciente com anemia regenerativa, redução da razão M:E por hiperplasia eritróide Fonte: THRALL, 2015. Figura 13 – Aumento da razão M:E por hiperplasia mielóide Fonte: THRALL, 2015. 6 Regularidad� d� maturaçã� : Deve-se determinar a sequência e a terminação do processo de maturação das células da linhagem mielóide e eritróide. �si�: é normal que a amostra seja constituída de 80-90% de células mais maduras. Série mielóide: , metamielócitos, neutrófilo bastonetes e neutrófilos segmentados. Série eritróide: rubrícitos e metarrubrícitos e reticulócitos. Maturaçã� desordenad�: Aumento de precursores eritróides e mielóides: ocorre em casos de mielodisplasia, leucemia e distúrbios não neoplásicos; Pacientes com destruição imunomediada podem ter parada da maturação nos estágios de rubricitos. Neutropenia imunomediada: pode ocorrer interrupção de qualquer estágio da maturação granulocítica, mais especialmente no estágio de metamielócito, geralmente é acompanhada de hiperplasia mielóide. Obs: pacientes com leucemia granulocítica podem ter quadro semelhante, porém, pacientes com processos de destruição imunomediada tem menores quantidades de mieloblastos. Outras causas patológicas: doença inflamatória grave, convalescença de neutropenia causada por infecção viral. Figura 14 – Neutropenia imunomediada com hiperplasia mielóide Fonte: THRALL, 2015. Macrófag� � dep�it� d� ferr�: �si�: É normal que a amostra tenha pouca quantidade destas células, podem ser observados macrófagos fagocitando restos celulares e eritrócitos defeituosos. Aument� d� contage� d� macrófag�: Causas patológicas: processos imunomediados e necrose da medula óssea induzida por fármacos, radiação e toxinas, histiocitose maligna. Obs: em casos de necrose de medula óssea, também é verificado sinais de degeneração, como picnose e aumento de vacuolização citoplasmática. Síndrome hemofagocitica: condição rara, também denominada de histiocitose hemofagocitica, ocorre uma proliferação histiocítica benigna induzida por neoplasias, doenças metabólicas e infecciosas. É observado alta contagem de macrófagos fagocitando células hematopoiéticas. Dep�it� d� ferr�: Hemossiderina: através do corante Romanowsky pode observar presença de hemossiderina no interior de macrófagos, é normal a ausência da mesma. Em aspirados de medula óssea de gatos geralmente não é identificado hemossiderina, ao contrário de equinos e cachorros, onde este achado é bem marcante. Anemia ferropriva: geralmente apresenta baixa quantidade de ferro na medula. Doenças inflamatórias: pacientes com anemia induzida por processos inflamatórios podem ter aumento de depósito de ferro na medula. Obs: o corantes azul de Prússia auxilia a identificação de depósito de ferro. 7 Figura 15 – Agregado de hemossiderina (seta), macrófago com hemossiderina (ponta de seta), presença de ferro a partir do corante azul de Prússia (seta menor) Fonte: THRALL, 2015. Outra� célula�: As quantidades de plasmócitos e linfócitos variam de acordo com a região da medula óssea. Plasmócit�: É normal que 2% da medula óssea seja composto por plasmócitos, geralmente a população destas células aumenta devido ao estímulo antigênico. Linfócit�: É esperado que na amostra de aspirado de medula óssea de cães seja composto 15% de linfócitos, já em gatos espera-se 20% de linfócitos. Microorganism�: Levedura�: Histoplasma capsulatum Bactéria�: são raramente detectadas, mas é possível detectar, Ehrlichia spp., Mycoplasma spp., . Protozoári�: Toxoplasma gondii, Leishmania donovani, Cytauxzoon felis, Babesia spp. Figura 16 – Aspirado de medula óssea com Histoplasma capsulatum Fonte: THRALL, 2015. Figura 17 – Aspirado de medula óssea com macrófagos (setas) e trofozoítos de Toxoplasma gondii (ponta de seta) Fonte: THRALL, 2015. Figura 18 – Aspirado de medula óssea com Leishmania donovani Fonte: THRALL, 2015. Lesõe� reversívei� d� célul� tronc� São lesões de caráter provisório, geralmente é refletido principalmente como uma neutropenia, em poucas 8 exceções pode haver anemia não regenerativa e trombocitopenia , quando as lesões permanecem por mais de uma semana. Uma possível complicação é a mielofibrose devido a lesão afetar a microcirculação da medula óssea. Às causas são: Medicament�: estrógeno, fenilbutazona, albendazol, combinação de trimetoprim-sulfadiazina, cefalosporina, quimioterápicos. Obs: às lesões de estrógeno podem ocorrer por causa exógena, em tratamentos de pseudociese e incontinência urinária em cadelas e causa endógena, por hiperestrogenismo induzido por tumor de célula de Sertoli em machos e ovário policístico em fêmeas. Lesõe� irreversívei� d� célul� tronc� As lesões são causadas por distúrbios intrínsecos da medula óssea durante a multiplicação e diferenciaçãoda hematopoese. São consideradas irreversíveis por não regrediram, mesmo com tratamento. A fisiopatogênese não é bem elucidada, mas sabe-se que infecções por FelV, exposição a benzeno e radiação podem causar lesões na medula óssea. A manifestação é variável, na maioria dos casos envolve displasia, ausência de produção de células, evoluindo para hipoplasia ou neoplasia. Aplasia� o� hipoplasi� Aplasia é uma condição rara em animais de companhia, está relacionada a lesões provocadas por medicamentos, toxinas, FelV, parvovirose e erlichiose. É manifestada anemia não regenerativa e pancitopenia. O diagnóstico é feito através de achados no hemograma que indica citopenias e aplasia ou hipoplasia medular, com grande quantidade de tecido adiposo ocupando o espaço medular, pode estar acompanhado de plasmocitose medular. O tratamento se baseia na retirada da causa primária. Dismielopoes� É caracterizada pela presença de citopenias e células displásicas de uma ou mais células hematológicas na circulação ou na medula óssea. É uma condição causada por síndromes mielodisplásicas, distúrbios congênitos da hematopoese. A dismielopoese secundária é causada por medicamentos, processos imunomediados e neoplasias linfóides malignas. Font�: Anotações das aulas de patologia clínica. THRALL. A. M., Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. JAVINSKY, E. Hematologia e Distúrbios Imunorrelacionados. In: LITTLE, S. E. O Gato: medicina interna. Rio de Janeiro: Roca, 2015. cap 25, p. 924-1005. 9
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