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185FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 22, n. 2, p. 185-191, abr./jun. 2012. 185185185
TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO: 
ORIGEM E DESENVOLVIMENTO*
CEJANA UIARA ASSIS NORONHA**
A Teologia da Libertação é sem dúvida alguma a maior expressão de sensibilida-de que surgiu nos últimos trinta anos na história da teologia. Ela rompe com conceitos tradicionais da Igreja institucional introduzindo na história da Igreja 
ideias de igualdade social e direitos humanos, reivindicando para si como herança os lemas: 
liberdade, igualdade e fraternidade advindos da Revolução Francesa.
Citarei logo a seguir alguns dos protagonistas de sua história. São eles: Hugo Ass-
man, Frei Betto, Maria Clara Luucchetti Bingemer, Clodovis Boff, Leonardo Boff, Jose Mí-
gez Bonino, Pedro Casaldáliga, Enrique Dussel, Ignacio Ellacuría, Ivone Gebara, Gustavo 
Gutiérrez, Franz Hinkelammert, María Pilar Aquino, Pablo Richard, Oscar Arnulfo Rome-
ro, Samuel Ruiz García, Juan Luis Segundo, Jon Sobrino, Paulo Suess, Elsa Tamez, Ana Maria 
Tepedino e Aiban Wagua.
Sabemos que “ a teologia da libertação é um corpo de textos produzidos a partir de 
1970” (LÖWY, 2000, p. 56). Mas ela também é feita pelo povo e tem como base a fé que 
transforma a história. Ela está “intimamente ligada à própria existência do povo- à sua fé e 
Resumo: este artigo tem por objetivo mostrar o que é a Teologia da Libertação, qual a sua 
origem e como ela se desenvolveu. Para isso utilizo épocas históriasque foram definidas por 
RosinoGibellini e porLeonardoBoff. Neste texto estão contidos também os fundamentos da 
T.d.L e o seu verdadeiro significado.
Palavras-chave: Teologia. Fé. Pobreza. Libertação.Igreja. 
* Recebido em: 05.12.2011.
 Aprovado em: 16.12.2011.
** Graduanda em Direito na Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Bolsista de Iniciação Científica do CNPq. E-mail: 
cejanauiara@gmail.com
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à sua luta. Faz parte de sua concepção de vida cristã” (BOFF, 2010, p. 25). Boff compara a 
Teologia da Libertação com uma árvore e diz que: 
Quem nela vê somente teólogos profissionais vê a galhada da árvore. Não vê ainda o 
tronco, que é a reflexão dos pastores e demais agentes, e ainda vê todo o tronco o raizante 
que está por baixo da terra e sustenta a árvore toda: tronco e galhos (BOFF, 2010, p. 24).
A diferença entre os teólogos profissionais e os outros agentes da Teologia da Liber-
tação está na linguagem. A linguagem dos teólogos profissionais é mais rebuscada, possuem 
maior rigor técnico, ao passo que a teologia popular tem uma linguagem mais expontânea.
Fazem parte do seu ideário a crítica ao sistema capitalista, revelando que ele produz 
a idolatria ao dinheiro, e a crítica à ideologia do desenvolvimento econômico. Esta última cri-
ticada pela Teologia da Libertação (T.d.L) por que ao invés de trazer soluções para os proble-
mas como o desemprego, desigualdade social ela gera consequências negativas para os pobres. 
Os teólogos da libertação não rejeitam o progresso econômico, o que eles fazem é analisar os 
resultados gerados pelo desenvolvimento levando em consideração a vida dos pobres. Como 
por exemplo o desenvolvimento do agrocapitalismo em que seres humanos são trocados por 
carneiros ou pelo gado, sendo por isso forçados a sair do ambiente rural e ir para os centros 
urbanos. Essa saída forçada do ambiente rural provocou muitos problemas, um deles foi à 
mudança da relação de trabalho, pois proprietários de terras que antes não tinham patrões 
passam à condição de proletários no ambiente urbano, vivendo uma realidade totalmente 
diferente daquele que viviam. 
A Teologia da Libertação nasceu na Igreja Católica como resposta à contradição 
existente na América Latina entre a pobreza extrema e à fé cristã de maioria de sua popula-
ção. Para a T.d.L esta situação de pobreza fere o espírito do Evangelho, ofendendo a Deus. 
“A Teologia da Libertação encontrou seu nascedouro na fé confrontada com a injustiça feita 
aos pobres” (BOFF, 2010, p. 14). 
A preocupação com o pobre foi uma tradição da Igreja por quase dois milênios que 
remonta à origens evangélicas do cristianismo. Os teólogos latino-americanos se colo-
cam como continuadores dessa tradição que lhes dá tanto referência quanto inspiração 
(LÖWY, 2000, p. 123).
Desenvolvimento Histórico 
De acordo com Gibellini (1998) podemos considerar que a história da Teologia da 
Libertação é composta por três etapas distintas. Essas etapas seriam: a preparação, a formu-
lação e a sistematização. Boff (1996, p. 18-19) agrupa a história da Teologia da Libertação 
em quatro fases, a primeira: gestação e gênese, a segunda difusão e crescimento a terceira; 
consolidação e a quarta: revisão e novo impulso. 
Os autores citados acima apresentam nomenclaturas diferentes para os mesmos 
momentos da história da Teologia da Libertação; o mais interessante para nós é entendermos 
os principais acontecimentos de cada época por isso farei uma combinação entre eles com o 
objetivo de relatar os fatos mais importantes dos períodos que foram mencionados. 
1) A primeira fase a da gestação e gênese ou preparação teve como marco inicial o 
Concílio Vaticano II (1962) que foi inaugurado por João XXIII e encerrado por Paulo VI em 
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1965. O final da primeira fase é marcado pela II Conferência Episcopal Latino-Americano 
realizada na Colômbia em Medellín em 1968. 
O Concílio Vaticano II pode ser visto como ponto de chegada de um longo processo, em 
que a fé procurava dar respostas aos desafios da época moderna.[...].Na América Latina, 
o Concílio não funcionou apenas como ponto de chegada, mas também como ponto 
de partida de uma nova consciência de ser Igreja. De acordo com esta análise, a Igreja 
latino-americana realizou uma “recepção criativa” do Concílio à luz da realidade latino-
-americana, na perspectiva dos pobres a solidariedade como o homem de hoje torna-se 
solidariedade com os pobres, e a teologia que acompanha com reflexão este caminho é 
a teologia da libertação (GIBELLINI, 1998, p. 369-70). 
Os ensinamentos provenientes do Concílio foram fundamentais para a abertura 
da compreensão da Igreja “de que o ‘mundo’ faz parte dela- de uma Igreja que não pode ser 
‘espiritualizada’ ou ‘desencarnada’- da mesma forma que o homem não é espírito sem corpo” 
(SUSIN, 2000, p. 53).
A Segunda Conferência do Episcopado Latino-Americano tem um significado 
muito importante na vida da Igreja na América–Latina, por que mais do que aplicar aquilo 
que fora pregado a Igreja latino-americana fez uma nova interpretação do Concílio, partindo 
de sua realidade específica caracterizada pela pobreza, pela miséria e por injustiças.
Segundo essa Teologia, Jesus se posicionou “ao lado dos excluídos” a fim de conhe-
cer suas necessidades, passando pelo Evangelho podemos constatar que Ele se encontrava 
com os doentes para curá-los, com os endemoninhados, com os cegos ,com os coxos com 
os paralíticos, com os aleijados, enfim com todos aqueles que sofriam com alguma forma de 
opressão. A finalidade de Jesus ao estar com as pessoas que carregavam na sua história a marca 
da opressão era de libertá- los de seus sofrimentos.
Foi assim – por caminhos desconcertantes e por meio de muitas dificuldades e sobres-
saltos- que a Igreja a América-Latina se torna consciente de que a luta pela justiça e a 
defesa dos pobres e excluídos era parte integrante de sua missão evangelizadora, porque 
inerente ao próprio Evangelho (SUSIN, 2000, p. 56).
Em 1968 Gustavo Gutiérrez apresenta o primeiro esboço acerca desta orientação 
teológica. Esboço este que foi publicado no ano de 1969 intitulado de: Hacia una teología de 
la liberacíon (GUTIÉRREZ, 1969).
2) O segundo momento da história da T.d.L é apresentado por Gibellini como sendo 
o período de sua formulação, ele ocorre de acordo com a periodização proposta pelo autor en-
tre os anos de 1968 à 1975.Podemos afirmar queeste foi um momento de expansão da T.d.L. 
Um sinal de expansão foi a colaboração clandestina na Conferência de Puebla. Por outro 
lado, foi um tempo de defensiva: a teologia da libertação não era mais a ideologia dos 
vencedores e sim dos vencidos, era uma ideologia de resistência. Ao entrar no movimento, 
Leonardo Boff marcou a diferença, anunciando o tema do cativeiro. Sendo doravante mo-
vimento de resistência a teologia da libertação buscou formas de associação com as outras 
resistências e suas teologias, a teologia negra, indígena e a feminista (SUSIN, 2000, p. 186).
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A teologia feminista mostra que as mulheres são oprimidas em nossa sociedade pela 
cultura machista e pelo sistema patriarcal. A luta das mulheres acontece desde o século XIX, 
elas se organizam com a finalidade de conquistar a igualdade com os homens. Luta que vem 
acrescida pelos últimos vinte anos pela diferença sexual e pela diferença de gênero (BOFF, 
1996, p. 65).
Na América Latina, nos últimos quinze anos, houve um processo ligado aos cristãos 
de base e à Tdl que está elaborando e difundindo a Teologia feminista da Libertação. 
Começou-se a descobrir a mulher como sujeito histórico oprimido e discriminado, do-
minado pelo machismo, pela cultura patriarcal e também pelo colonialismo capitalista 
ocidental (BOFF, 1996, p. 66). 
 
A teologia indígena deu o seu pontapé inicial através do reconhecimento dos po-
vos indígenas “como sujeitos da vida social e política e também da vida e da organização da 
Igreja, da leitura da Biblía, do diálogo que prepara o anúncio do Evangelho, etc” (BOFF, 
1996, p. 73). É importante entendermos que “a teologia é uma reflexão crítica sobre a ex-
periência com Deus e do mundo, vivida pelas comunidades e pelos indivíduos animados na 
fé” (BOFF, 1996, p. 73). Cada cultura tem uma maneira particular de manifestar a fé, pre-
cisamos reconhecer e aceitar as diferenças de cada um. Boff declara que é necessário “pedir 
perdão aos indígenas por todos os séculos de evangelização colonizadora e conquistadora” 
(BOFF, 1996, p. 73).
Os afros-americanos também são povos que vivem em uma condição peculiar me-
recedora de atenção, por causa do racismo resultado da escravidão sofrida por eles. Os negros 
foram tirados da África e foram submetidos a uma situação de escravidão, levados para vários 
países, inclusive o Brasil para o trabalho forçado. Eles eram tratados como mercadoria pois 
ficavam sujeitos a um senhor que detinha o poder sobre suas vidas.(BOFF,1996, p. 76). 
Os cristãos e os teólogos da libertação fazem a opção pelo grito do negro, empobrecido e 
desprezado, arrancado à força das terras da África há quase quinhentos anos e presentes 
nas comunidades afro-americanas da Ámerica Latina e do Caribe (BOFF, 1996, p. 75).
3) O terceiro período da história da Teologia da Libertação é marcado pela Terceira 
Conferência do Episcopado – Latino Americano que ocorreu em Puebla em 1979, teve como 
proposta o tema: “A Evangelização no presente e no futuro da América Latina”. Ela inicia o 
terceiro período histórico reconhecido por Boff como consolidação da Teologia da Liberta-
ção. “A difusão da mensagem de Puebla favoreceu a consolidação da nova teologia” (BOFF, 
1996, p. 20).
Nos documentos de Puebla existe uma Teologia Pastoral que segundo Boff tem 
como característica o método “ver, julgar, agir”, sua descrição com relação á prática é mais or-
gânica, ela possue uma lógica de ação concreta, profética e propulsora. O lugar em que é de-
senvolvida são os Institutos Pastorais e os centros de formação, os seus produtores são pastores 
e agentes pastorais: leigos, irmãs, etc .A produção oral é em foram de palestras e relatórios e 
a produção escrita em documentos pastorais e mimeografados vários (BOFF, 2010, p. 26). 
São dois os aspectos que a expressão libertação integral presente na conclusão da 
Conferência de Puebla apresenta: o aspecto interior e pessoal referendo-se a libertação do 
pecado pessoal e o aspecto histórico demonstrado pela necessidade de libertação da situa-
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ção político-econômico-social-cultural denominado de pecado social (GIBELLINI, 1988, p. 
349). Este segundo aspecto, o pecado social é o assunto preferido da Conferência. 
4) O quarto período na história da T.d.L é o da revisão e do novo impulso, que 
se inicia após 1989, época em que a Teologia da Libertação tem o seu horizonte alargado, 
passando a se preocupar também com a ecologia. Alguns teólogos, sobretudo Leonardo Boff 
percebe que a agressão a Terra “desestrutura o equilíbrio do planeta, ameaçado pelas socieda-
des contemporâneas e hoje mundializadas” (BOFF, 1996, p. 114). A nova visão da T.d.L par-
te do entendimento de que é preciso existir entre o ser humano e a Terra um relacionamento 
fraterno que possibilite o desenvolvimento sustentável, para que as gerações atuais e futuras 
possam ter qualidade de vida.
O crescimento econômico acompanhado do desenvolvimento industrial tem por 
objetivo produzir riquezas e serviços sem limites utilizando-se da Terra para isso. A Teologia 
da Libertação nessa fase mostra que é necessário ser solidário com o pobre, mas sobretudo 
com a natureza e o planeta Terra por que se nada for feito mais cedo ou mais se tornará im-
possível a vida. Precisamos cuidar do planeta Terra pois ele é o nosso único lar. 
Conteúdo da Teologia da Libertação
Para a Teologia da Libertação, o compromisso com os pobres é o ato segundo de 
sua teologia, tendo a experiência de fé como o seu ato primeiro, estando portanto classificada 
como uma autêntica teologia, já que é característica de toda autêntica teologia a experiência 
de fé como ato primeiro (GIBELLINI,1998, p. 350).
Ainda segundo Gibellini, o discurso da Teologia da Libertação é estruturado por 
quatro elementos, sendo que três deles são mediações e um deles é uma opção existêncial pré-
via. A opção feita por esta linha de pensamento teológico é uma opção política, ética e evangélica. 
Ela é política por que o teólogo, não é neutro politicamente, ele está situado ao lado dos opri-
midos; A opção é ética por que o seu nascimento se dá através de um questionamento ético; A 
opção é evangélica por estar respaldada e motivada pelo Evangelho, conforme Mateus 25,35-41:
Pois tive fome e me deste de comer. Tive sede e me deste de beber. Era forasteiro e me 
acolheste. Estive nu e me vestiste doente e me visitaste, preso e vieste ver-me. Então os 
justos lhe responderão: Senhor, quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou 
nu e te vestimos? Quando foi que ti vimos doente ou preso e fomos te ver? Ao que lhes 
responderá o rei: ‘Em verdade em verdade vos digo: cada vez que o fizeste a um desses 
meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizeste’. 
A Teologia da Libertação percebe que amar a Deus não significa somente contem-
pla-ló. O amor a Deus é demonstrado através do serviço aos pobres. “O serviço solidário ao 
oprimido significa então um ato de amor ao Cristo sofredor, uma liturgia que agrada a Deus” 
(BOFF, 2010, p. 15). Este entendimento é extraído das próprias escrituras bíblicas, notamos 
como o texto citado acima afirma esta colocação.
Segundo Gibellini (1998, p. 353), para Paulo Freire, que é uma figura de grande 
expressão no campo pedagógico e que influenciou muito a prática pastoral da Teologia da 
Libertação, a educação tem um papel superior ao da alfabetização. Este papel é o de promover 
a libertação através do conhecimento, despertando a consciência das pessoas para a realidade 
em que vivem. 
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A forma mais adequada encontrada pela Teologia da Libertação de ajudar os opri-
midos é entende-lós como sujeitos ou agentes de sua própria libertação. Aqui o assistencia-
lismo é substituído pelo entendimento que o pobre tem força, consciência capacidade de 
transformar asrelações sócias, descobrindo as causas que geraram a situação opressora em que 
se encontram. A articulação de movimentos que reivindicam melhores condições salariais 
ou de moradia, são exemplos de como os pobres atuam promovendo sua própria libertação, 
utilizado-se de instrumentos, como por exemplo os sindicatos.
Sobre o Marxismo e a Teologia da Libertação
A Teologia da Libertação teve uma participação especial no que diz respeito ao 
rompimento das barreiras existentes entre os fiéis da Igreja e os movimentos políticos de 
orientação marxista. A convergência entre a Teologia da Libertação e o marxismo ocorreu 
por causa da pobreza existente na América Latina. Esta convergência não é resultado de uma 
descoberta intelectual apenas, sua origem está na própria cultura e tradição da Igreja (LÖWY, 
2000, p. 144).
Michel Löwy apresenta alguns pontos comuns entre o cristianismo e o socialismo 
para esclarecer por que a Igreja Católica e alguns grupos protestantes na América Latina foram 
conquistados pelos “modelos de esperança” de orientação marxista (LÖWY, 2000, p. 116). 
Os pontos comuns apresentados por Löwy entre o cristianismo e o socialismo são: 
A crítica oferecida ao sistema capitalista, às doutrinas liberais e às visões individualistas de 
mundo. O grande valor dado à comunidade, à divisão dos bens de maneira comunitária. 
Rejeição à afirmação de que o indivíduo é a base da ética. A visão a respeito dos pobres, como 
vítimas da injustiça. O universalismo, quer dizer ver a humanidade como um todo. Esperan-
ça de um reino futuro que possua justiça, liberdade, fraternidade entre a humanidade toda 
(LÖWY, 2000, p. 116).
Para a Teologia da Libertação assim como para o marxismo os pobres são os respon-
sáveis por sua própria emancipação, tendo eles capacidade de produzi-la com o seu próprio 
trabalho. Este é segundo o marxismo o papel do proletariado. Neste ponto ocorre uma ruptu-
ra da Teologia da Libertação com a Igreja tradicional, já que de acordo com a visão da Igreja 
os pobres precisam ser ajudados de maneira paternalista.
Para o marxismo o proletariado é o sujeito de emancipação, a visão da Teologia da 
Libertação a este respeito é mais ampla, pois ela inclui como sujeito de emancipação as classes, 
raças e culturas oprimidas (LÖWY, 2000, p. 110).
O contexto histórico que proporcionou o relacionamento entre o cristianismo 
e o marxismo foi a vitória da Revolução Cubana e o surgimento dos golpes militares na 
América-Latina nos anos 60 e 70. A instauração dos golpes militares junto com a vitória da 
Revolução Cubana, foram os responsáveis por gerar na história da América-Latina uma época 
de lutas sociais. 
CONCLUSÃO
A Teologia da Libertação tem como base o próprio evangelho, ela é fruto do con-
fronto existente entre a fé e a realidade de milhões de pessoas que vivem em uma situação de 
miséria profunda. Ela é uma teologia popular, realizada a partir do povo e de sua realidade 
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e suas necessidades. O seu grito por libertação de todo e qualquer tipo de opressão seja ela 
racial que é a sofrida pelos negros, étnica que é sofrida pelos índios ou sexual que é a sofrida 
pelas mulheres. 
O Concílio Vaticano II é um marco para a Teologia da Libertação pois ele inau-
gurou um momento de abertura da consciência da Igreja, compreendendo melhor a realida-
de vivida pelos pobres. A mensagem difundida no Concílio foi fortalecida pelas Segunda e 
Terceira Conferências do Episcopado- Latino Americano, pois essas alargaram ainda mais a 
compreensão da Igreja a respeito dos pobres.
A Teologia da Libertação vê o pobre como sujeito de sua própria libertação, sabe 
portanto que ele é capaz de se organizar e de lutar em busca de melhores condições de vida. 
Ela entende também que estar ao lado dos pobres é solidarizar-se com ele, é então lutar sua 
própria luta. Este é o seu significado e sua essência, estar com Deus é estra com os pobres. 
A fé deve ser uma fé salvadora e libertadora, capaz de produzir mudança para aqueles que 
precisam.
LIBERATION THEOLOGY,ABRIEF NCOMMENT ON ITS ORIGIN AND DEVE-
LOPMEN
Abstract: this work aims show what is the theology of liberation, what is its origin and how it 
developed. To use this season stories that have been defined by Rosino Gibellini and Leonardo Boff. 
Contained in this text are also the foundations of liberation theology and its true meaning.
Keywords: Theology. Faith. Poverty. Liberation. The Church.
Referências
BOFF, Leonardo (Org). A Teologia da Libertação Balanços e Perspectivas. São Paulo: Ática, 
1996.
BOFF, Leonardo; BOFF Clovis, Como fazer teologia da libertação. Petrópolis: Vozes, 2010.
GIBELLINI, Rosino. A Teologia no século XX. São Paulo: Loyola, 1988.
LÖWY, Michel. .A guerra dos deuses: religião e política na América Latina. Petrópolis: Vozes, 
2000.
REIMER, Ivoni Richeter.Trabalhos acadêmicos: modelos, normas e conteúdos São Leopoldo: 
Oikos, 2012.
SUSIN, Luiz Carlos (Org.). O mar se abriu. Trinta anos de teologia na América-Latina. São 
Paulo: Soter; Loyola, 2000.

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