Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Administrando Conflitos ADMINISTRANDO CONFLITOS Os conflitos são naturais em todas as relações interpessoais, seja em casa, no trabalho, entre amigos, familiares, na comunidade ou em qualquer outro ambiente. Estes desentendimentos são muito difíceis de evitar justamente porque os indivíduos diferem em vários aspectos de suas personalidades e construções de pensamentos ao longo da vida, o que acaba gerando divergências de ideias. Desde o início dos tempos, as divergências existem e fazem parte do progresso da humanidade. Por vezes, pode ser um fator de desestabilização de algumas organizações, mas, se bem analisados e tratados, são forças que movem transformações políticas, econômicas, culturais e sociais positivas ao longo da história. Pela possibilidade de explorar diferentes opiniões e pontos de vista sobre um mesmo cenário, observou-se a necessidade, por parte dos organizadores e líderes de ambientes, analisar e identificar os problemas enfrentados por um indivíduo ou pelo grupo em situações difíceis. Nesse sentido, o escritor Stephen Robbis, autor de Comportamento Organizacional (2002), abordou algumas visões dos conflitos, divididas da seguinte maneira: • Visão tradicional: de acordo com esse entendimento voltado para as décadas de 30 e 40, todo conflito era ruim e deveria ser evitado, porque este era pensado como um problema oriundo de faltas - seja na comunicação, no espaço de liberdade e confiança entre as pessoas ou de fracasso dos líderes. • Visão das relações humanas: essa abordagem já desconsidera o conflito como ruim, mas o enxerga como uma consequência natural e de existência inevitável nas relações entre indivíduos. Além disso, o entendimento a partir dessa perspectiva que gerenciou as teorias do final dos anos 40 até a metade da década de 70, considera-o como potencial de ser uma força positiva no desenvolvimento dos grupos. • Visão interacionista: esse modo de compreensão é o mais recente e, além de propor o conflito como algo positivo, defende a ideia de que este é necessário para o rendimento válido de um grupo, fazendo-o criativo e autocrítico. O conflito, ainda, pode acontecer em suas diversas conformações. Sendo a divergência de duas ou mais opiniões em um único indivíduo, denomina-se conflito interno. Já aqueles envolvendo duas ou mais pessoas em uma mesma organização, geralmente por questões de personalidade, é definido como conflito entre indivíduos. Já em situações como aquelas em que o indivíduo não compactua com as normas de comportamento ou com os valores culturais e organizacionais e, assim, está em conflito com o grupo de trabalho ou com toda a instituição, chama-se conflitos entre indivíduos e grupos. Os conflitos entre grupos, por sua vez, são aqueles gerados devido a fatores básicos, como competição ou pela diferença nas formas de gerir a operação de diferentes departamentos. Estas divergências são, portanto, inevitáveis e estarão presentes em qualquer organização. Fazendo uma leitura breve deste panorama geral, é plausível considerar que, apesar de serem muito comuns e inevitáveis, os conflitos podem ser redirecionados ou até mesmo resolvidos, e é neste momento que entra a importância de uma administração eficaz, a qual deverá organizar formas de lidar com situações conflitantes e evitar os prejuízos de uma relação mal resolvida. A administração de conflitos pode ser definida, também, como a arte de lidar tanto com situações divergentes nos relacionamentos entre duas ou mais pessoas, como no relacionamento da pessoa consigo mesma. Portanto, mesmo que não seja tão simples agir nessas ocorrências, administrar conflitos de formas adequadas, pautando sempre o respeito com todos os lados pode ser uma atitude transformadora, no sentido de extrair aprendizados, fortalecimento e oportunidades de crescimento tanto no âmbito pessoal como no profissional. Para entender como funciona a administração de conflitos, é necessário, antes, saber identificar essas situações, qual a dimensão do problema e quais ferramentas utilizar para agir da maneira mais pertinente. Tratando desse tema, Eunice Maria Nascimento e Kassem Mohamed El Sayed consideram como forma de separar situações conflitantes as denominações que se seguem. Conflito latente: neste caso, não é explicitado uma consciência de sua existência, nem mesmo através das partes envolvidas. Assim, a resolução desse tipo de conflito é dificultada, uma vez que é importante conhecê-lo para trabalhar com ele. Conflito percebido: os indivíduos ou grupos envolvidos percebem a existência da situação conflitante, mesmo que essa percepção não seja aberta e dada. Conflito sentido: este atinge ambos os elementos envolvidos, tem forma consciente e já é capaz de provocar emoções sobre a situação. Conflito manifesto: este é referente ao que já atingiu ambas as partes, já é, explícito até mesmo para terceiros e pode interferir na dinâmica da organização. A forma como se lida com cada um desses conflitos e, dependendo de suas origens, as ações do líder ou da pessoa que tem a responsabilidade de amenizá-los poderão piorar ou melhorar as situações. Numa analogia muito oportuna, a Terceira Lei de Newton, também conhecida por Lei da Ação e Reação, a qual diz que “Se um corpo A exerce uma força em um corpo B, o corpo B simultaneamente exerce uma força de mesma magnitude no corpo A”, se conecta com os relacionamentos interpessoais. Isto é, cada indivíduo tem como responsabilidade entender que cada ação que ele pratica terá um efeito semelhante, de mesmo sentido. Por esse motivo, é tão importante pensar nas formas como se comunica e posiciona frente às variadas situações, estas podem gerar ou evitar conflitos. Outra analogia, o princípio 90/10 de Stephen Covey, pode ser usado para comparar os efeitos das respostas faladas ou praticadas que o indivíduo assume ao que tem potencial para ser uma situação conflitante. Este princípio diz: “os 10% da vida estão relacionados com o que se passa com você e os 90% restantes estão relacionados com a forma como você reage ao que se passa com você”. Pensando dessa forma, a maior parte da vida das pessoas está relacionada com o comportamento que se adota frente às situações de adversidade, o que pode ser analisado tanto dentro de uma perspectiva interpessoal como intrapessoal. Isso, também, muito diz respeito à diferença que faz a maneira de agir e reagir sobre os conflitos, tanto na posição dos envolvidos como de quem está para saná-los. Quando os indivíduos sabem gerir essas situações de maneira eficiente, os conflitos existirão, mas também haverá busca por soluções, satisfação, crescimento e melhoria nas relações. Não é incomum ver pessoas insatisfeitas com o convívio no local de trabalho, por exemplo. No entanto, o posicionamento da liderança e dos próprios indivíduos em questão não contribui para o encaminhamento da solução das questões conflitantes, o que indica falha na administração destas. Referente a esse cenário profissional, uma pesquisa recente com diretores de RH realizada pela Robert Half, a primeira empresa e líder mundial em recrutamento especializado de profissionais, apontou que a maior preocupação desses condutores é o conflito entre suas equipes. O que também é preocupante é que apenas metade deles se diz apta para solucionar esses conflitos, enquanto esta função é, principalmente, de responsabilidade do líder. O grande desafio é que muitos profissionais que estão nos cargos de liderança não foram preparados para mediar conflitos. No entanto, é imprescindível que as empresas e organizações saibam identificar características e competências relacionadas à personalidade e comportamento dos gestores, como atenção ao ambiente organizacional, acompanhamento do trabalho da equipe, comunicação, maturidade para gerir,empatia, saber separar questões pessoais das profissionais. Principalmente para esses cargos de liderança e mediação de conflitos, não são apenas habilidades técnicas que importam. É importante lembrar que a administração eficaz de conflitos é uma habilidade essencial para a vida de qualquer pessoa, uma vez que diz respeito à condução de relações de diferentes naturezas, não só profissionais. Sendo assim, algumas atitudes fundamentais podem ser adotadas, a fim de promover o fortalecimento dos vínculos, e não o enfraquecimento ou rompimento destes. Seguem: • Olhando-se no espelho: evitar colocar a culpa no outro sem antes fazer uma análise do próprio comportamento. Para empresas e organizações, tentar saber por que o outro lado não está tendo atitudes colaborativas, se há vantagem pessoal em ocupar aquele espaço, uma vez que ninguém faz qualquer coisa sem algum tipo de reciprocidade, é natural do ser humano. • Ser duro com o problema, não com a pessoa: normalmente, alguma situação de divergência faz o indivíduo enxergar o outro como o problema e passa a analisá-lo, a partir daí, sempre por uma perspectiva negativa, o que apenas agrava o problema. O melhor a se fazer é tentar extrair a raiz do problema, e não projetar a culpa sobre o outro. • Uma boa forma de administrar um conflito é, também, mudar a sua própria maneira de observar as pessoas, buscando sempre os dois lados – qualidades e defeitos, e buscar ver o que também vê em si mesmo. • Fazer-se alguns questionamentos, como: - “De que se trata esse conflito? ” - “Existem interesses, desejos ou necessidades subjacentes que não estão sendo atendidos? ” - “Que fatores podem ter contribuído para que a outra pessoa entrasse em conflito? ” - “Quais as necessidades e interesses da outra parte? ” - “Tenho algum preconceito sobre as intenções e ações da outra pessoa que preciso rever? ” - “Quais são as minhas alternativas e quais são as alternativas da outra pessoa para resolver o problema? ” Para todas as questões, é sempre importante não personalizar o problema, não culpar o outro envolvido, e sim tentar buscar soluções colaborativas. Evitar generalizações e acusações também é um ponto chave para impedir que o problema se agrave. Lembrar que conflitos fazem parte do convívio social e da própria relação consigo mesmo é tão importante quanto buscar formas de saná- los, atentando sempre para a necessidade de contemplar todas as partes envolvidas com a solução, gerando resultados positivos a todos. Nesse sentido, existem, também, algumas outras estratégias e táticas para administração de conflitos, conforme a situação. • Se a fonte da ocorrência conflitante for cognitiva, isto é, por informações divergentes, a tática a ser usada é provocar esclarecimentos, definições e interpretações, fazer escutar e falar. A estratégia, nesse caso, é examinar as semelhanças para uma resolução também cognitiva. • Se a origem for por valores divergentes ou interesses incompatíveis, a tática é buscar valor comum para resolução (critério, julgamentos e necessidades combinantes), promovendo a resolução também é pelas semelhanças, através do valor comum. • Se a fonte é por estados emocionais exacerbados (personalidade, descontrole, autoafirmação, defesas e afins), a tática é provocar o desabafo e mostrar compreensão, chegando numa estratégia de apaziguamento e liberação das tensões emocionais. • Numa situação gerada por assimetria de poder (hierarquização na ocupação dos lugares), a tática é estabelecer regras, definir estruturas. Neste caso, a estratégia já está mais voltada para certo tipo de imposição, a fim de eliminar termos controvertidos. CAUSAS E ORIGENS DE CONFLITOS O conflito, como já foi visto, é um produto inevitável em qualquer grupo ou organização, uma vez que ele surge da desigualdade existente entre pessoas que possuem ideais diversos. Sendo resultado de diferenças, este não é bom ou ruim em si, mas o que se faz a partir dele é que torna a situação positiva ou negativa. As origens e formações dos conflitos podem ser influenciadas por quatro grupos de causas: organizacional e de gestão, por verdades objetivas, pessoais e sócio psicológicas. Sendo os dois primeiros grupos por razões objetivas e os outros por caminhos subjetivos. Primeiramente, as razões objetivas envolvem as condições da interação social dos indivíduos, geralmente há um evento pré-conflito motivado por divergências de opiniões, interesses, crenças. As razões subjetivas provocam confrontos que mais estão relacionados com as características individuais das personalidades dos envolvidos. Não existe uma classificação bem delimitada de causas objetivas, porque estas são diversas, mas as causas de conflitos entre seres humanos encontradas com mais frequência são: divergência natural de valores espirituais significativos e ambições materiais; pouca orientação no que diz respeito aos procedimentos ou habilidades necessárias para resolver de forma adequada as adversidades que surgem na trajetória de vida; estilos de vida das pessoas; estereótipo estabelecido de interação interpessoal e relações que podem provocar choque. Já quando uma situação pré-conflito acontece, as razões psicológicas (e subjetivas) das pessoas começam o processo de interferência no estabelecimento do conflito, embora se acredite que todos os indivíduos possam escolher as formas de enfrentamento às situações de tensões, sendo conflituosas ou não-conflituosas, construtivas ou destrutivas. A escolha dessa forma também está ligada ao seu estilo comportamental, baseado no caráter e temperamento da personalidade da pessoa. Mas, nestes casos, é importante lembrar que não existe vilão ou inocente nos conflitos, são apenas partes opostas de uma situação. A característica basilar na existência de um conflito é a divergência, a dificuldade de satisfazer todas as necessidades de todos os elementos de um grupo simultaneamente. No entanto, para cada campo de vivência (social, organizacional, cultural), há condições para que haja um conflito. No meio social, o confronto é um aspecto necessário para o desenvolvimento em sociedade, sendo ele motivado pela incongruência das crenças das pessoas. As discordâncias deixam a possibilidade de expor problemas da sociedade, o que contribui para encontrar soluções cabíveis. O próprio fato de a sociedade ser heterogênea, ser diversa em culturas, sistemas comportamentais, interesses de valor, status e em perspectivas de bem-estar leva ao surgimento de conflitos sociais. O grande fator que motiva o confronto social tem fundamento num sistema de valor ideológico, o qual determina, por imposição, a prevalência de alguns interesses e ideias. Assim, as opiniões das pessoas acabam por divergir, há uma discordância natural. A variedade de instrução de valores também é uma causa comum de confrontos sociais, porque cada indivíduo de um grupo carrega consigo um conjunto próprio de valores. Geralmente esse conjunto de princípios é precisamente subjetivo e o oposto do conjunto do outro lado envolvido, e o conflito é estabelecido justamente pelo interesse das partes em satisfazer apenas os próprios anseios e necessidades. Ainda nesse mesmo tema, contradições sociais que dizem respeito à economia também são causas comuns, uma vez que a separação de riqueza e poder causa a insatisfação da parte que se sente desfavorecida. Assim, os conflitos sociais podem ser classificados conforme os elementos divergência, sendo: pelo número de partes envolvidas no conflito (interpessoal e intergrupo); pela orientação de origem (subjetiva e objetiva), pelos campos da vida social (cultura, economia, comunidade). Como foi possível observar, cada tipo de conflito é motivado por uma ou mais razões individuais que contribuem de formaintensa em seu estabelecimento. Pensando dessa mesma forma, é pertinente considerar que as principais causas de conflitos familiares, por exemplo, são estereótipos pré-estabelecidos, ciúmes, a dificuldade de enxergar as necessidades do outro enquanto a preocupação é somente com as suas próprias, egoísmos, problemas cotidianos mal resolvidos ou ignorados. Tudo isso por tornar inviável os anseios da outra parte ou atribuir maior grau de prioridade aos próprios desejos, o que desencadeia em grandes conflitos. É válido ressaltar que essas são causas comuns, e não as únicas, visto que cada núcleo familiar e cada célula individual da sociedade têm questões específicas e motivações individuais. Partindo para outro parâmetro, é de conhecimento geral que os conflitos étnicos são vigentes e de ocorrência cada vez mais frequente no mundo moderno, o que é agravado pelas formas de manipulação usadas pelas pessoas, sendo muitas vezes por meio de armas e força bruta. Estes confrontos étnicos são definidos pela rivalidade entre indivíduos ou grupos de nacionalidades (e culturas) diferentes que disputam espaço e poder em nome da prevalência de seus próprios interesses, em desfavor de outros. Nas situações que dizem respeito às relações e trocas entre etnias diferentes, as partes, pretendendo defender os seus próprios pontos de vista e alcançar objetivos pessoais, entram em conflito. Quando não há disparidade de características, a resolução costuma ser feita por um viés mais pacífico, porque há identificação de alguns aspectos culturais e nacionais. Já quando se trata de nacionalidades diferentes, há um lado superior em alguns quesitos e outro desfavorecido, gerando confronto étnico. As razões mais comuns desses conflitos étnicos podem ser listadas: - Insatisfação e/ou vulnerabilidade das pessoas dentro de um estado diferente; - Expansão de fronteiras para além dos limites permitidos a um país, em nome de interesses comerciais; - Superioridade e exploração econômica de uma das partes; - Desentendimento sobre questões relacionadas às delimitações de espaço geográfico, e questões culturais, religiosas, políticas e linguísticas dos povos; - Disputa por recursos naturais e as possibilidades de seu uso para benefício de uma nação e desfavorecer outra. Além do acontecimento desses confrontos citados individualmente, existe a possibilidade de várias razões ao mesmo tempo, o que é um fenômeno frequentes nas relações entre vários países do mundo. As causas dos conflitos inter-étnicos podem variar com relação à significância social que lhes é atribuída, a escala, o tempo, a tensão. No entanto, todos eles têm fundações escondidas e camufladas por trás da negação de direitos de um grupo étnico, o que aponta para a desigualdade e injustiça nas relações entre povos de diferentes etnias. Na perspectiva, agora, dos conflitos organizacionais, que é outra forma de manifestação dos confrontos interpessoais, é possível fazer uma análise diferente das causas e origens, mas estas terão sempre como base as diferenças entre indivíduos e grupos. As organizações são muito diversas em termos de personalidades e características individuais de seus membros, o que abre espaço para a divergência de valores e estes acabam gerando conflitos entre as pessoas. Muitos acreditam que as divergências existentes nos ambientes organizacionais são oriundas da falta ou do mau funcionamento da comunicação na corporação. No entanto, o escritor Robbins (2004) sustenta a ideia de que nestes locais os conflitos são ocasionados principalmente pelos relacionamentos estruturais e diferenças pessoais, muito mais do que pela falha na comunicação. De forma prática, quando as organizações se mobilizam de maneira que os objetivos e características são muito peculiares, isso gera um afastamento e separação das pessoas, que já são diversas pela própria natureza. Assim, os grupos trabalham numa mesma organização, mas com objetivos e metas que muitas vezes são diferentes, o que provoca atrito. Há algum tempo, as organizações têm uma tendência a diversificar seu capital humano a fim de auxiliar na busca por novas soluções nas tarefas destinadas aos cargos. O ponto é que essa diversificação de pessoas, positiva, traz consigo gatilhos para o estabelecimento de conflitos no ambiente, estes podendo ser tanto funcionais quanto disfuncionais. Os conflitos funcionais ocorrem quando o resultado dos atritos é positivo, trazendo atenção para as necessidades da organização. Estes promovem maiores níveis de desempenho, porque, através das resoluções os saldos são aumento da motivação, desenvolvimento de habilidades para resolver problemas, criatividade e mudança construtiva. Já os conflitos disfuncionais são destrutivos e, diferentemente dos funcionais, atrapalham o desenvolvimento do membro e da equipe; os saldos são negativos, pois estes confrontos geram desmotivação, desgaste físico, psicológico e emocional dos envolvidos e insatisfação nos envolvidos. Isso porque os esforços estão focados no problema, e não na causa e resolução. De acordo com o reconhecido autor da área administrativa e de recursos humanos, Idalberto Chiavenato, as causas desses conflitos estão para além das diferenças naturais entre as pessoas. Para ele, dentro das empresas, os conflitos caracterizam muito mais do que divergências de ideais, pois um simples desacordo poderá desencadear uma interferência direta ou indireta, que fará com que os sujeitos, grupos ou até mesmo corporações tentem impedir a outra parte de atingir seus objetivos. Já Robert Vecchio, autor do livro Comportamento Organizacional, defende que a má comunicação é um potencial fator para a existência de conflitos numa corporação, mas não num sentido intencional, e sim por conta das situações que não são extraordinárias, aquelas do próprio dia a dia. Isso pode ser exemplificado com base no fato de que os grandes conflitos ocorrem mais frequentemente em grandes organizações. È muito provável que a deficiência na comunicação em ambientes como este esteja relacionada à maior possibilidade de distorção das informações, uma vez que estas circularão por outros espaços até que chegue ao destino. Dessa maneira, as particularidades da mensagem, que seriam essenciais, geram mau entendimento, informações incorretas, incompletas ou ambíguas, o que faz com que a boa comunicação seja um evento raro. Segundo Chiavenato, existem três condições especiais que provocam o conflito dentro das organizações: • Diferenciação de atividades ou maior especialização: com a diversificação de capital humano, já citado, motivada pelo crescimento das organizações, acabam-se criando grupos com especificidades muito pontuadas, que passam a observar os mesmos elementos de formas diferentes, com linguagens e objetivos próprios, o que resulta num distanciamento conflituoso. • Recursos compartilhados: este é para o caso em que os recursos são limitados e escassos e, quando uma área ou setor de uma organização faz uso além do estabelecido, a outra equipe sai desfavorecida e isso gera desavenças entre os grupos. • Atividades interdependentes: numa organização, como todo trabalho em equipe, todos dependem uns dos outros. Se um setor só pode realizar suas funções depois que outro cumpra a sua parte, e este não o faz, há uma situação conflitante. A falta de compromisso de um grupo pode afetar direta ou indiretamente no trabalho de outro. Para Hitt, existem, ainda, outros fatores que podem desencadear desavenças numa organização. A disposição física do ambiente é um deles: este ocorre quando os colaboradores precisam dividir um local limitado de trabalho, a privacidade e o espaço pessoal acabam por ficar comprometidos, gerando o que o autor chama de interdependência estressante. Isso pode ainda ser agravadopelos maus hábitos pessoais de convivência. Há, também, a centralização da autoridade, quando os funcionários criam atritos com o supervisor imediato por considerarem que este não é apto para assumir o cargo, não tem o controle da situação de trabalho. Além disso, a comunicação deficitária, a partir da perspectiva de que uns colaboradores conversam uns com os outros, mas ninguém se ouve também é uma problemática, já que a ausência de medidas nesse quesito provoca uma extensão do conflito, criando uma situação insustentável no ambiente de trabalho. PROCURANDO SOLUÇÕES Como visto até aqui, os conflitos podem ser negativos ou positivos conforme a posição que os envolvidos na situação ou o líder, no caso de uma organização, irão assumir. Se bem administrados e conduzidos para a solução mais adequada, estes atritos podem ser até mesmo benéficos. Nesse sentido, para encontrar a melhor trajetória a se fazer até a resolução do conflito, é necessário conhecer a situação, definir o estilo a ser adotado e tomar algumas ações estratégicas. Os estilos de atuação numa administração para solucionar conflitos são estratégias básicas usadas quando as partes conflitantes consideram seus interesses incompatíveis, mas ambas dependem uma da outra para chegar a um acordo. Existem cinco modelos que podem ser base para a postura que o indivíduo ou o grupo poderá assumir perante o conflito para chegar a um denominador comum com o lado oposto. Blake e Mouton, em 1964, apresentaram essas cinco possibilidades de estilos. Algum tempo depois, Thomas e Kilmann reinterpretaram e por Rahim, em 1979 também fez adaptações. Estes dois últimos modelos têm muita semelhança entre si. Na proposta de Rahim,a preocupação consigo próprio e a preocupação com os outros são pensadas numa combinação que produzem os seguintes estilos de lidar com os conflitos: - Evitamento: neste modelo, há uma baixa preocupação tanto consigo como com os outros e, a princípio, as causas do conflito parecem não ter relevância suficiente. A atitude tomada é a de tentar evitar oproblema até que a situação se mostre ameaçadora, geralmente porque a possibilidade de tirar proveito é quase nula ou muito distante. Nenhuma das partes obteria resultado de seu interesse, então o conflito perde a razão de ser. No entanto, a ideia chama a atenção para a falsa sensação de que as desavenças desaparecerão. O que ocorre é que elas tornarão a surgir no futuro. - Acomodação: neste caso, há uma baixa preocupação consigo próprio e uma alta preocupação com os outros. A resolução do problema é baseada nos aspectos comuns aos envolvidos, para atender às necessidades da outra pessoa. Esse estilo é adotado quando a solução pacífica e harmônica é uma saída viável, quando há reconhecimento sobre as falhas de cada lado e quando alguma questão é muito importante para a outra parte envolvida. Aqui, destaca-se o auto-sacrifício, já que visa atender principalmente os interesses do outro, incluindo generosidade, bondade ou obediência, dependendo da condição de que se trata. - Dominação: esse outro modelo caracteriza-se pela alta preocupação consigo próprio e uma baixa preocupação com os outros, e tem a ver com a ambição em satisfazer os próprios interesses, impondo- os e usando da autoridade contra a outra parte. Para isso, o sujeito usa de todos os artifícios que pode para sair em vantagem, o que pode significar reivindicar os seus direitos ou tentar impor uma situação que ele considera correta, ignorando as necessidades do outro. A utilização desse estilo por parte da pessoa que está gerindo a situação aponta para um cenário de aproveitamento da posição de poder para forçar uma vitória no conflito, através da imposição de vontades e obediência. Essa forma de fazer pode trazer complicações futuras por não atingir a origem do problema, e sim acentuá-lo. - Concessão Mútua: aqui, há uma equivalência na preocupação consigo próprio e com os outros, de modo que ambas as partes realizam concessões em alguns aspectos que podem ser recompensadas. É comum que se faça uso desse estilo quando as duas partes têm poderes numa proporção parecida e têm tempo para fluidez do processo diminuindo as diferenças que impulsionaram o conflito. A desvantagem é que nenhum dos lados tem seus interesses totalmente atendidos, o que pode ser uma brecha para que o atrito volte a acontecer. - Integração: neste estilo, há uma alta preocupação tanto consigo mesmo quanto com os outros, e expressa uma segurança por envolver uma colaboração entre as partes com a finalidade de chegar a um acordo aceitável, fazendo uso da exposição aberta e honesta das diferenças, a fim de aproximá-las. Por ser muito focado na resolução assertiva do problema, esse modelo é considerado o mais adequado na solução de conflitos. Envolve, ainda, propostas criativas para chegar a um denominador comum, em que os assuntos são abordados, confrontados e as partes estão empenhadas em reconhecer quais são as falhas. È uma forma na qual ninguém sai em prejuízo. É válido deixar destacado que não existe uma única forma certa de abordagem para solucionar os conflitos, uma vez que cada estilo se encaixa em uma situação diferente. A utilidade de cada um deles dependerá de uma análise detalhada para o atrito. Mas, o que se pode dizer é que para a condução pacífica e sem muitos danos no processo, a motivação e o alinhamento de propósitos de todas as partes envolvidas é de fundamental importância. Se um dos lados faz uso de todos os recursos, inclusive os inadequados, para atingir o objetivo, dificilmente haverá uma condução aberta e facilitada para uma solução eficaz. Existem dois fatores que exercem grande influência na adoção do estilo a ser utilizado na resolução de conflitos: as diferenças individuais e as personalidades, as quais são características que também fazem parte do desenvolvimento do conflito. Alguns atributos da personalidade do indivíduo contribuem para a tendência de dificultar (pessoas com baixa autoestima, por exemplo) ou facilitar os conflitos (pessoas autoritárias, por exemplo). Rotter (1996) afirmou que “as pessoas com um “locus” de controle interno acreditam que são elas próprias que influenciam as suas ações e comportamentos. As pessoas com um “locus” de controle externo acreditariam que os acontecimentos nas suas vidas são influenciados pelas pessoas ou acontecimentos fora do seu controle”. Partindo dessa ideia, aqueles que têm como traço o “locus” interno seriam mais propensos a evitar conflitos, enquanto os opostos tenderiam a vivenciar conflitos. Existe outra vertente, que faz uso da relação entre as características/ variáveis de personalidades e os estilos adotados para resolver os conflitos. McIntyre (1991) fez um estudo com pessoas em diferentes hierarquizações de poder, como chefes e subordinados, concluindo que uma pessoa com personalidade mais voltada para fazer julgamentos tende a usar os estilos de integração e concessão mútua. Kilman e Tomas já concluem que pessoas mais extrovertidas procuram fazer mais uso do estilo integração ou colaborativo do que pessoas introvertidas. Chanin e Schneer (1984) entendem que pessoas mais emotivas têm maior tendência a resolver os conflitos através dos estilos acomodação e concessão mútua, enquanto que pessoas mais racionais preferem fazer uso dos estilos de dominação e integração. Partindo para ações mais práticas de resoluções de conflitos, após identificar o estilo, alguns passos podem ser adotados, como: - Criar um ambiente mais acolhedor, de cuidado e preocupação com o outro; - Permitir que todos exponham seus pontos de vistas e percepções acerca dos assuntos em jogo; - Agir pensando em necessidades também do coletivo, e não apenas do indivíduo; - Fazer uso de formas de poder compartilhado, evitando muitas hierarquizaçõese abuso das posições de privilégio; - Projetar o futuro usando experiências e conhecimentos colhidos no passado; - Gerar possibilidades de vantagens e ganhos de todos os grupos e membros, para que ninguém se sinta prejudicado; - Estabelecer acordos em que as necessidades de todos sejam assistidas, não utilizar de preferências pessoais e/ou profissionais; - Procurar soluções, não culpados. Assim, as atenções são voltadas para a resolução do problema em questão, e não para um ciclo de acusações; - Implantar e manter uma cultura de respeito entre todas as pessoas da organização ou da relação; Mas, para que tudo isso seja possível, é preciso, ainda, que as partes saibam fazer uso eficaz da comunicação, ouvir e perguntar. Isso evita que as informações sejam passadas de forma errônea, evita atrasos, aborrecimentos, omissões; leva a uma compreensão, demonstração de interesse pelo que o outro tem a acrescentar e posição afirmativa, mostrando respeito por todos. Algo que também pode ser adotado tanto pelas pessoas de forma individual, como pelas organizações é o processo de comunicação não violenta (CNV), desenvolvido pelo psicólogo Marshall Rosenberg, o qual foca em promover a assertividade e empatia nos diálogos e interações, evitando constrangimento e humilhação. Este modelo já foi usado em programas de paz em alguns lugares do mundo, como em Ruanda, Burundi, Nigéria e Malásia. O método consiste em adotar quatro atitudes: observar os fatos sem julgar, nomear os sentimentos, identificar e expressar necessidades e formular perdidos ao fazer algum tipo de comunicação em situações que têm potencial para gerar algum conflito ou pré-conflito. Observar os fatos de maneira descritiva, sem julgamentos e evitando generalizações faz com que as chances de cometer alguma injustiça ou repulsa por parte de quem vai receber a informação sejam menores. O segundo passo, que é o ato de nomear os sentimentos, como tristeza, medo, irritação auxilia no entendimento do outro sobre o que você está sentindo e gere empatia. O terceiro passo, de analisar quais necessidades impulsionaram o surgimento dos sentimentos que incomodam, ajuda na autopercepção e permite que o outro acesse o que está se passando e possa valorizar o que o indivíduo sente. O último passo diz respeito à formulação de pedidos claros, evitando imposições que causam distanciamento, para que a necessidade de quem está comunicando seja atendida sem ofender e oprimir a outra pessoa. Com essas atitudes e adaptações no comportamento, é possível criar um ambiente em que os conflitos existam, já que é uma condição natural de convivência social, mas que estes não sejam impossíveis de serem solucionados, promovendo o desenvolvimento de todos os indivíduos e grupos envolvidos nos processos. Depois de solucionados, os conflitos podem deixar marcas positivas ou negativas para a organização e para os envolvidos. Então, é muito importante que todos saibam gerir os conflitos da maneira mais adequada. Analisar o cenário, pensar nas necessidades de todas as partes, agir de maneira racional, permitir que todos se expressem sem repressões e fazer uso da comunicação não violenta são adaptações que têm potencial para gerar grandes resultados positivos. ANALISANDO SITUAÇÕES DE CONFLITO Todos os espaços de convivência são propícios para a ocorrência de conflitos, porque são ocupados por pessoas diferentes e com perspectivas diversas acerca da vida. A escola, sendo também um local de multiplicidades, de sujeitos variados, com muitas questões heterogêneas, produzirá atritos provocados pelas divergências. Nesses ambientes, isso é ainda mais acentuado por conta da estrutura pedagógica da maioria delas, baseada num padrão social que considera a diferença como algo negativo e que deve ser tratado a fim de atingir uma normalidade produzida pela ideologia dominante. Num contexto de sala de aula de educação infantil, por exemplo, em que várias crianças disputam espaço e atenção dos colegas e da professora, os conflitos são sempre presentes: daquela que quer uma cadeira já ocupada por outro aluno ou que está em uma posição específica, a criança que disputa o brinquedo com outras até as dificuldades encontradas em realizar atividades pedagógicas, como a hora da leitura em círculo. Pensando uma situação fictícia, mas comum de se ver nas escolas: há divergência entre duas crianças que querem ocupar uma mesma cadeira, despertando emoções tanto nelas, quanto na professora que busca estabelecer o fim do conflito e precisa fazer algumas tentativas de contê-las que causam estresse emocional. Geralmente, o tom de voz e as formas de fazer o pedido para que terminem o atrito nas primeiras vezes expressa certo controle emocional e paciência. No entanto, ao ver a situação se agravando e não melhorando, as reações da professora começam a variar, apontando para certa irritação e rigidez na fala. É comum observar que a professora ou qualquer indivíduo que esteja sobre responsabilidade de uma criança tem maior facilidade em lidar com situações conflituosas em que se compreendem as razões da criança, as reações, quando tem domínio sobre as maneiras de lidar ou quando suas formas de lidar com o conflito surtem efeito. Em outros casos, o conflito se agrava e gera desgaste para todas as partes. Isso indica para a necessidade se entender o cenário de um conflito, pensar no estilo adequado para administrá-lo e adotar ações que tenham como retorno resultados positivos para os envolvidos. Segundo Robert McKee os conflitos podem ter três níveis: interno, pessoal e extra pessoal. Analisando conflitos familiares, temos: O conflito parental, geralmente entre pais e filhos. A maioria dos conflitos parentais envolvem a falta de dinheiro ou infidelidade. Temos como exemplo um marido que traiu sua esposa. A traída descobre e expõe tudo em uma briga com proporção muito grande. Esse caso de traição é uma grande mostra de conflito. A comunicação familiar pobre consiste na comunicação, que superficial que gera conflitos. Aqui tem muita presença de gritos, pragas, atribuição de culpa, insultos. Um pai que grita com um filho, pois não fez o que queria. Exemplo, uma mãe que pediu ao filho para deixar a casa arrumada antes de sair para trabalhar e quando chega, encontra a casa bagunçada e sem, ao menos, conversar com o filho o grita e chama de imprestável. Luta de poder entre pais e filhos, ter um filho que quer controlar os pais é um grande gerador de conflitos. Com essa situação, a frustração dos pais se elevam e a tolerância diminui. Os pais que se encontram nessa situação apresentam menos paciência e com isso alta chance de comportamentos violentos e destrutivos. Diferentes culturas e pontos de vista, ocorre quando pessoas muito divergentes se relacionam e não estão dispostas alguns pontos é muito a ceder em provável que haja conflito. Um exemplo disso é um casal que mora junto a pouco tempo. O homem acredita que apenas a mulher deve lavar os pratos e arrumar a casa. Entretanto, a criação da mulher foi completamente diferente e em sua percepção ambos devem realizar os afazeres. Com certeza haverá um grande conflito nessa situação. Temos também: O conflito de comportamento, tem referência com os dilemas que as pessoas desenvolvem acerca das suas próprias atitudes. Um exemplo claro disso é um homem que a esposa chama para ir ao mercado fazer a compra do mês no dia do futebol com os amigos. Ele se encontra em um dilema, não sabe se vai ao mercado ou ao futebol. O conflito de habilidades, essa situação é muito comum no cotidiano. Ocorre quando nós nos pegamos em dúvida sobre opostos, pois não tem como exercer os dois aos mesmo tempo. Exemplo, criatividade ou conservadorismo, ser cauteloso ou correr riscos. Podemos situar da seguinte forma,uma pessoa que recém começou a investir em ações. Ela fica em dúvida se investe em ações com um alto risco que pode gerar um maior retorno em pouco tempo ou uma ação com um baixo risco, porém com o retorno mais lento. O conflito de crenças e valores, ocorre quando a ação que se pretende tomar entra em conflito com o conjunto de crenças e valores dessa pessoa. Um exemplo simples é uma pessoa que visa mudar de emprego, consegue uma excelente oportunidade de uma empresa que testa em animais, porém a pessoa é vegana. Esse emprego conflita diretamente com os pensamentos e estilo de vida da pessoa. O conflito de identidade, acontece quando há um conflito que se relaciona com o nosso papel no mundo. Acontece quando a pessoa se vê em uma situação que exige muito dela e se questiona sobre o rumo da sua vida. Um exemplo notável é uma mãe que acaba de ter um filho e tem que conciliar a vida materna com a volta ao emprego. Essa mulher vai passar por um momento de autoquestionamentos que a farão definir qual rumo deve tomar. APERFEIÇOANDO A HABILIDADE DE OUVIR O modo como que devemos nos expressar para ter uma boa comunicação é muito claro, porém para uma boa comunicação não basta apenas saber como ou o que falar. Saber ouvir também é importante e garante uma comunicação mais eficiente. É muito presente na sociedade atual a dificuldade em ouvir o outro. Acontece que, simplesmente olhar para o rosto interlocutor não garante que a pessoa esteja escutando está sendo dito. As dificuldades mais comuns nesse processo incluem não querer ouvir uma crítica ou feedback negativo e não ouvir as pessoas que se encontram numa posição hierárquica menor que ele. Na maioria dos casos, as pessoas acabam não percebendo que não estão ouvindo e elas acabam se distanciando do mundo real por só enxergar a sua realidade. As pessoas que têm dificuldade em ouvir apresentam grande dificuldade para liderar uma equipe e se precipitam em suas decisões, pois não apresentam uma sensibilidade ao ouvir outras opiniões. Qualquer que seja o relacionamento pode ser melhorado com o aperfeiçoamento da habilidade de ouvir. Algumas dicas que valem a pena são: • Dê verdadeiramente atenção a pessoa que fala Se a pessoa escolheu você para conversar sobre esse assunto é devido ao fato de haver um motivo. Ela pode confiar em você ou simplesmente querer resolver alguma questão. Caso seja uma conversa que você tenha que explicar algo ou mostrar o seu ponto, o melhor momento é esperar até que a pessoa acabe de falar. Anotar é muito importante para que não se esqueça do que quer falar. Essa tática é fundamental quando se trata de conflitos. Quando todos falam ao mesmo tempo, não há dialogo. • Não imponha seu ponto de vista Qualquer situação pode apresentar mais de uma visão sobre p assunto. O diálogo supõe uma discussão incluindo vários aspectos. Nem sempre há algo totalmente certo ou errado. Uma passagem pode ter inúmeras variáveis. Em algumas podemos aplicar o que é mais adequado. O outro sempre pode trazer um ponto de vista o qual você não tinha pensado antes. É necessário demonstrar respeito ao que a outra pessoa fala. • Fique atento a mensagem que está sendo passada O que outra pessoa da conversa fala é preciso ser escutado. Para que haja a transmissão de uma mensagem, precisamos que uma pessoa fale e pelo menos uma pessoa escute. É necessário ter a sensibilidade capaz de perceber detalhes em quem fala. A escolha de palavras, voz e até mesmo o tom em que se fala na maioria das vezes expressa um recado. Existem coisas que não são ditas se não estivermos completamente atentos a situação. O desinteresse faz com que perdemos as sutilezas e o que a pessoa realmente quer passar. • Não julgue precipitadamente o que está sendo dito Você nunca vai saber ou ter cem por cento de certeza sobre tudo o que se passa. Logo, não é justo julgar. Não atribua valor a coisas superficiais. Não permita que a imagem ou jeito de falar do outro seja mais importante do que a mensagem que ele deseja passar. • Saiba como e quando fazer perguntas As perguntas são extremamente importantes para que haja a compreensão completa das coisas. Questionamentos são importantes para entender a situação de verdade. Dependendo do acontecimento, as perguntas podem guiar o rumo da tomada de decisões. • Liberte-se do imediatismo Preste atenção no locutor ao invés de tentar achar respostas imediatas. É muito importante ouvir atentamente e buscar compreender o contexto completo, para daí analisar as informações adquiridas. O bom ouvinte, nesse caso, entende o quão importante o processo é para o emissor. • Seja empático A empatia é uma das principais características de um bom ouvinte. Ao evitar conclusão precipitadas e se basear somente em suas experiências pessoais, a pessoa se torna mais receptível ao ouvir. É preciso abrir mãos das nossas próprias referências e tentar se colocar no lugar do outro respeitando vivencias, valores, conhecimento e particularidade dele. • Não compare Comparar não é o melhor caminho. Quando você compara, está desprezando as experiências que cada um possui e são únicas. Elas são vistas como uma tentativa de encerrar a conversa e menosprezar o problema. • Mostre que está envolvido Aparentar estar inteirado na conversa permite um diálogo melhor. É possível demonstrar envolvimento através da sua linguagem corporal, por exemplo, expressões faciais e movimento das mãos. Mostrar envolvimento é muito importante, pois o emissor consegue sentir que entregou efetivamente a mensagem. Existem diferentes tipos de escuta. Entende-las é muito importante para melhorar a sua comunicação e tornar que as domina um excelente líder. Esses níveis são: • Desprezar o emissor Nesse estágio, não há a escuta. Nenhuma atenção é voltada ao portador da mensagem, seja para a mensagem ou para os sentimentos que estão sendo expostos. Nitidamente esse nível não se encaixa no comportamento de um líder, pois esse perfil geralmente frustra e desmotiva a pessoa que fala. • Escuta seletiva Esse tipo de escuta ocorre quando apenas trechos da conversa são absorvidos. Nesse nível de escuta só as coisas que são interessantes para o ouvinte são levadas em consideração. Essa é uma atitude muito egoísta, pois demonstra que a pessoa não nutre interesse em assuntos que fogem da sua realidade acerca das coisas. Líderes não devem adotar essa postura, uma vez que é presente um individualismo do ouvinte e negativamente o senso de coletividade é afetado negativamente. Nesse cenário, os resultados esperados não serão positivos. É desanimador, afinal ninguém gosta de conversar com quem demostra interesse apenas no que lhe convém. • Escuta concentrada Esse nível é caracterizado pela atenção do ouvinte as palavras, conteúdo e mensagem principal da fala. Aqui o receptor evita interrupções e distrações. Não existem um pré-julgamento ou respostas clichês. Essa característica é perceptível em Líderes que busca o desenvolvimento. É muito presente em pessoas que almejam o aperfeiçoamento tanto pessoal quanto profissional. • Escuta na essência Esse nível de escuta consiste em ouvir com empatia e isso vai muito além da atenção. Nessa escuta o ouvinte se coloca no lugar do outro e se esforça para entender os sentimentos e vivências do outro. Um líder bem preparado exerce muito bem essa escuta. A pessoa que atinge esse nível tem um padrão de comunicação muito elevado e se apresenta muito eficiente e capaz de construir relacionamentos produtivos, duradouros e honestos. É importante que todo e qualquer profissional se dedique a desenvolver essa capacidade. Nesse nível é visto como uma grande forma de aprendizado, pois há trocade experiências e ideais. Essa competência é atribuída a uma liderança efetiva, que se baseia na identificação das reais necessidades da equipe. O primeiro passo para desenvolver a persuasão, por incrível que pareça, é saber ouvir. Para exercer a persuasão é necessário ouvir com uma intenção sincera em compreender o que é falado. Conversas sinceras possibilitam um ambiente colaborativo e com isso as pessoas se tornam suscetíveis as suas sugestões. É necessário praticar a sensibilidade para ouvir o que o outro tem a dizer, pois quando se estar disposto a ouvir, a possibilidade de aprender e ter entendimento sobre novas coisas é imensa. Com tanta tecnologia é ainda mais difícil conseguir estabelecer uma conversa efetiva. Existe tanta distração que acaba permitindo um afastamento do real e, por muitas vezes, dificultando ainda mais uma boa escuta. As pessoas se perdem em meio a tenta tecnologia e se torna cada vez mais comum digitar e ler do que falar e escutar. Com o contato pessoal limitado, a escuta ativa é reduzida significativamente. Com isso. As pessoas se tornam menos aptas a ouvir e compreender a mensagem. O aprendizado e o desenvolvimento de habilidades comportamentais essenciais estão sendo cada vez mais limitadas e a falta de convívio social pode gerar uma percepção precipitada sobre inúmeras coisas. Faz-se necessário a dosagem correta. É preciso saber e impor o equilíbrio entre o real e o virtual. Isso fará com que os relacionamentos de fortaleçam. A importância da escuta ativa se torna mais evidente a cada dia. A capacidade e disposição de compreender ao locutor é necessária para o sucesso dos relacionamentos, sendo eles pessoais ou profissionais. Um bom líder precisa ser antes de tudo um bom ouvinte. Pessoas assertivas exercitam a capacidade de ouvir e isso as permite estabelecerem boas relações. Para manutenção de um bom convívio é essencial que hajam pessoas dispostas a ouvir ativamente e serem empáticas, sempre descontruindo a visão de que não há apenas um ponto de vista e sua opinião não é absoluta. CRÍTICAS CONSTRUTIVAS A crítica é definida como sendo uma ideia a qual refere-se ao desempenho de uma pessoa em determinado comportamento ou atividade. O objetivo da crítica nada mais é que levar ao outro uma avaliação a fim de que ele melhore ou mantenha os padrões alcançados. Por isso ela deve ser feita de forma construtiva. A chamada crítica destrutiva é justamente o oposto. Seus comentários não são objetivos e não são focados em um determinado comportamento. Esse tipo de crítica é generalizada e não avalia o desempenho seguindo algum padrão. A crítica ela deve fazer parte de um processo de aprendizado e evolução. Afinal, é a partir dela que o indivíduo irá saber onde ele deve se aperfeiçoar e onde deve manter os mesmos desempenhos. Por isso, ao realizar uma crítica apresente a sua avaliação de forma objetiva e segundo padrões, não sua opinião. Desta forma a pessoa se sentirá motivada a melhorar o seu desempenho e a se comprometer com o trabalho. Quando fazer uma crítica A crítica sobre determinado comportamento ou trabalho deve ser realizada o mais breve possível. Isso evitará que a pessoa receba uma carga negativa de acontecimentos que ela se quer lembra. Com isso, a pessoa criticada saberá exatamente o que é o alvo da crítica e o que deve ser mudado. E a pessoa que realizou a crítica terá em mente o evento e conseguirá ser clara e específica. Além disso, é necessário escolher o momento certo em relação a como está a pessoa que irá receber a crítica. Por exemplo, se ela tiver muito sensível e pressionada por outras críticas, é melhor você aguardar, afinal mais uma avaliação fará com que ela se sinta desmotivada. O local mais adequado para se ter esse tipo de conversa no ambiente de trabalho é uma sala reservada. Assim, além da pessoa não se sentir constrangida, o seu superior terá a chance de pontuar uma questão específica dela que deve ser mudada, sempre falando com clareza. 10 ferramentas para realizar uma crítica Roland e Frances Bee são dois autores e diretores da “Time for People”, que é uma empresa da Inglaterra de consultoria em Recursos Humanos e Treinamentos. Com as suas experiências pessoais, eles escreveram vários livros. Com relação ao tema de críticas construtivas, eles desenvolveram 10 ferramentas para se realizar uma crítica concreta. 1. Analisar a situação Saiba claramente qual é o problema da situação. Identifique-o de forma clara, listando não somente os problemas, mas como suas consequências. Tenha em mente o motivo de aquilo ter de ser mudado. 2. Determinar o(s) efeito(s) e objetivo(s) Para se elaborar uma crítica é essencial deixar claro qual o seu desejo para a pessoa. Assim, você poderá elaborar a sua tática com base no objetivo pré-estabelecido. Esse objetivo tem que seguir as seguintes regras: • A sua fala deve ser sempre positiva, sem apontar o lado negativo. Por exemplo, em vez de dizer “Lúcio, para de fazer as coisas em cima da hora” diga “Lucio, faça as coisas antecipadamente”. • Seja claro e objetivo em sua fala. Não deixe espaço para dúvidas ou incoerência. • Dê exemplos do resultado esperado. Mostre como deve ser o resultado das atividades assim como a necessidade de se cumprir os prazos solicitados. • Apoie. Mesmo que a pessoa esteja encarregada de determinada atividade e seja ela quem deverá cumpri-la, mostre que você está disposto a ajudá-lo. • Seja realista. Não determine prazos que sejam impossíveis de serem cumpridos, ou ofereça ajuda que não possa de fato ser ofertada. Ter em mente o tempo certo ajudará a preservar as energias e se obter um bom resultado. • Conte experiências ou apresente imagens do objetivo do trabalho. A visualização ajudará na motivação para que trabalho seja realizado. • Apresente também os obstáculos que poderão ser enfrentados. Além dos resultados positivos, é essencial que a pessoa tenha em mente contratempos que poderão acontecer. Isso ajudará a manter uma boa relação entre você e o seu empregado/subordinado. • Tenha em mente se aquele trabalho vale realmente a pena. Não pense somente no dinheiro final, mas no processo como um todo. 3. Recepção de críticas A recepção de críticas varia de pessoa em pessoa ou mesmo dia a dia, a depender do humor ou situações diversas. Por isso essa é uma característica que deve ter atenção no momento de se realizar uma crítica. Você pode encontrar três classificações de pessoas a depender de sua reação ao receber uma crítica. Elas podem ser: cálices, copos ou baldes. • Cálices São pessoas que não suportam mais de uma crítica, devido a diversos fatores como insegurança ou dúvidas acerca de sua própria capacidade. É preciso, portanto certo cuidado em relação a esse tipo de pessoa. Afinal, se eles forem bombardeados de críticas ficarão parados no mesmo lugar sem conseguir evoluir. • Copos As pessoas desse tipo de classificação encontram-se no meio termo. Ou seja, elas suportam quantidades moderadas de críticas. Por isso, não necessitam da mesma atenção das do tipo cálice, mas ainda é necessário tomar cuidado para não exagerar. • Baldes Essa classificação refere-se às pessoas que são bastante abertas as críticas. Elas consideram essa análise construtiva e uma forma de buscar o próprio aperfeiçoamento. Algumas, inclusive, buscam pessoas que construam uma crítica sobre seu desempenho ou trabalho. Porém, é preciso ter cuidado com as pessoas do tipo “balde furado”. Mesmo aparentando serem do tipo balde, na verdade não são capazes de absorver as críticas de forma positiva. 4. Criar um ambiente adequado Para que o respeito e um clima agradável continuem é preciso avaliar o ambiente que será realizado a crítica. Para determiná-lo é necessário avaliar a pessoa a quem vocêirá se dirigir, pensando nas outras ocasiões entre vocês. Algumas dicas para criar um local apropriado: • Primeiramente escolha um espaço calmo e que não haja interrupções; • É necessário avaliar se ambas as partes estão com tempo suficiente para essa conversa. Outro fator também é o estresse. Realizar uma crítica ou recebê-la em momentos de nervosismo não são favoráveis para um ambiente agradável. Mas tenha sempre em mente a necessidade da crítica ser realizada o mais breve possível do acontecimento que a motivou; • Crie uma espécie de contrato de crítica. Esteja aberto a também recebê-las, fazendo do diálogo um fator presente durante a conversa. Deixe claro que não é um momento que tem como objetivo deixar o outro para baixo e sim para motivá-lo a melhorar. • Tenha empatia. Procure colocar-se no lugar do outro sempre, assim como busque seguir o mesmo tom e jeitos da pessoa. Por exemplo, se ela for uma pessoa tranquila, busque um diálogo que se adapte a ela. Assim, a comunicação será melhor. 5. Comunicação efetiva Atente-se a comunicação corporal e o tom de voz que você utiliza ao apresentar uma crítica. Muitas vezes uma mensagem pode ser entendida de forma errada se a comunicação não for assertiva em todos os fatores. Durante a transmissão de uma mensagem, somente 7% dela referem-se às palavras, os outros 93% estão relacionados ao tom de voz (volume e ritmo) e postura (expressões e contato visual) utilizadas durante a conversa. Por isso busque sempre concentrar-se ao que está sendo dito, manter-se calmo durante a conversa, manter o olhar sobre a pessoa, ter a mente aberta sem preconceitos e reflita sobre suas próprias palavras. 6. Descreva o comportamento que deseja mudar Tenha certeza que o foco da crítica seja recebida de forma clara pela pessoa. Além do mais, é preciso que ela aceite que há o problema e que é preciso mudá-lo. • Não busque adivinhar o que o outro está pensando; • Seja claro e objetivo no comportamento que não agradou. • Ilustre esse comportamento; • Foque no que pode ser mudado; • Exponha as consequências resultantes do comportamento; • Não ofenda a pessoa ou utilize de linguagem depreciativa; • Evite julgamentos; • Quando for expor uma opinião, deixe claro que aquilo não se trata de um fato e sim um comentário pessoal. 7. Descreva o comportamento desejado Além de descrever o que precisa ser mudado é necessário deixar claro qual é o comportamento esperado. Muitas vezes o desempenho é abaixo das expectativas devido ao empregado não ter em mente qual padrão deve ser alcançado. Então seja claro e busque seguir as dicas apresentadas acima. 8. Procurar soluções conjuntamente Esteja preparado para ajudar. Não basta somente sobrecarregar as pessoas de críticas sem ajudá-las a melhorar. Dê sugestões, encoraje as pessoas a encontrar as soluções necessárias ou ajude a verificar se as ideias que ela possui são realmente eficientes. Porém modere na ajuda. É preciso que a pessoa se torne capaz de terminar suas obrigações sozinha. Portanto, não termine nenhuma atividade dela que está atrasada. 9. Se concentre nos resultados positivos Durante a crítica aponte também os pontos positivos do comportamento ou desempenho da pessoa. Com isso você não irá desmotivá-la a continuar o processo de melhora. Siga a dica de alternar as mensagens entre boas e ruins. Por exemplo, comece com uma crítica positiva, depois diga uma negativa para finalizar com outra positiva. Assim, a pessoa sairá sabendo que precisa mudar, mas motivada a tal. 10. Chegue a um acordo Somente a pessoa pode de fato decidir se irá ou não mudar. Por isso é necessário que haja um acordo entre as duas partes para que a mudança seja realizada. Logo, a pessoa deve concordar nos seguintes pontos: • O prazo estabelecido para que a mudança ocorra; • A minimização da diferença entre o desempenho atual e o desejado; • O plano de ação feito para que essa diferença seja diminuída; • Que a pessoa aceite a avaliação de seu trabalho. EVITANDO PRECONCEITOS Dentro de um ambiente de trabalho existem diferenças entre os empregados, sejam elas raciais, de gênero, religiosas ou sociais. Infelizmente, essas diferenças vêm acompanhadas pelo preconceito por parte de algumas pessoas. E essa discriminação, que pode surgir de diversas formas, acaba gerando conflitos dentro do ambiente de trabalho. Esse tipo de comportamento preconceituoso pode ter consequências ruins não somente para o empregado que o comete, mas como também para a imagem da empresa como um todo. Por isso a empresa deve trabalhar para combater esse tipo de conduta entre os seus empregados. Além do mais, é direito constitucional do trabalhador de exercer suas funções profissionais em um lugar sem julgamentos. Primeiramente é necessário compreender quais atitudes são classificadas como preconceituosas. O preconceito significa supor saber sobre algo de forma correta e abrangente através de uma pequena informação. Trata-se de uma opinião acerca de algo, que normalmente possui um tom ou classificação negativa. Ou seja, quando julgamos uma pessoa somente ao olhá-la estamos cometendo um tipo de preconceito. Porém quando há diferença no tratamento de pessoas devido a questões como raça, gênero ou sexualidade, obtém então outro significado que é a de discriminação, a qual se trata nesse sentido de uma manifestação do preconceito. No ambiente de trabalho essa forma de manifestação é encontrada facilmente na diferença salarial entre homens e mulheres. Isto porque, homens tendem a ganhar mais que mulheres mesmo estando em cargos semelhantes e com mesmo desempenho. A discriminação possui também um ponto de vista jurídico que engloba exclusão, distinção ou preferência com base na: cor, raça, sexo, opinião política, religião, origem social, idade, etnia, gravidez e muitas outras. Tipos de discriminação Existem dois tipos de como a discriminação pode ocorrer: a indireta e a direta. a) Discriminação indireta Esse tipo de discriminação ocorre em situações implícitas e que muitas vezes parece comum ou neutra (sem adquirir um lado para oferecer vantagem). Elas são bastante camufladas, se tornando até mesmo aceitáveis em nossa sociedade, criando assim determinados padrões, sejam de estética ou comportamento. Esse tipo de discriminação possui impactos ainda maiores justamente devido a essa normalização, fazendo com que o indivíduo se sinta (e realmente seja) excluído do grupo. b) Discriminação direta Diferentemente da outra, esse tipo de discriminação é bastante explícito. Ela acontece quando os critérios de classificação são baseados em conceitos preconceituosos. Ela é visível em tratamentos diferenciados entre homens e mulheres, brancos e negros ou pessoas cis e pessoas trans. Um exemplo de discriminação direta pode ser o mesmo dado anteriormente: a diferença salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função. Essa discriminação é proibida inclusive na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no artigo 5º e no artigo 461. “Art 5º - A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo. ” “Art 461 – Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem discrição de sexo, nacionalidade ou idade. ” Diferença entre discriminação e assédio É importante evidenciar que mesmo esses dois tipos de comportamentos sejam incorretos e tragam a vítima consequências ruins, eles são diferentes. O assédio refere-se a abordagens inapropriadas ou incoerentes com o ambiente ou situação. Elas podem causar desconforto, constrangimento ou intimidação à vítima. O assédio pode se apresentar de várias formas como: • Assédio moral É evidenciado em comportamentos que causam humilhação e vão contra adignidade da pessoa. Infelizmente, ele é bastante comum no ambiente de trabalho, podendo ser manifestado pelo patrão a partir de comentários ofensivos aos funcionários e seus desempenhos, assim como entre os trabalhadores. No Brasil, atualmente, não há leis contra esse tipo de assédio. • Assédio verbal Esse tipo de assédio ocorre quando há falas que envolvem xingamentos, ridicularização, insultos, vaias, provocações e em casos mais extremos ameaças contra a pessoa. No Brasil, quem sofre assédio verbal pode ser indenizado por Danos Morais, já que ele é protegido pela lei de injúria e classificado como um delito. • Assédio psicológico O assédio psicológico se manifesta a partir de comportamentos insultuosos, abusivos, persistentes, ofensivos e intimidadores. Normalmente as vítimas desse tipo de assédio demoram a perceber que aquele comportamento não é certo e a buscar ajuda, que pode ser de uma pessoa próxima ou de um profissional de saúde mental. A depender do caso, o assédio psicológico pode ser tratado com medidas jurídicas, por isso é importante que a vítima busque se informar acerca das providências que devem ser tomadas. • Assédio sexual Esse assédio é caracterizado quando há a manifestação de comportamento de cunho sexual sem que haja o consentimento da vítima. O assédio sexual pode ser desde comentários até contatos físicos. No Brasil, há um Decreto-Lei de número 10.224, acrescentado no artigo número 216-A, em 15 de maio de 2001, contra o assédio sexual. A pessoa, em tese, que infringir essa lei pode pegar de 1 a 2 anos de detenção. Previna a discriminação Para evitar que esse tipo de ação preconceituosa ocorra no ambiente de sua empresa ou no grupo que você coordena existem algumas dicas a serem seguidas. • Construa um ambiente de respeito Procure demonstrar ao máximo o aceitamento das diversidades, deixando claro aos seus funcionários que o preconceito não é bem-vindo naquele local. Trate todos os funcionários igualitariamente independe de gênero, sexualidade ou até mesmo seu cargo na empresa. Ou seja, dê o mesmo tratamento ao funcionário da limpeza e ao seu chefe. • Posicione-se contra o preconceito Não basta falar que é contra atitudes preconceituosas e não demandar atenção caso um dos funcionários dê queixa de uma atitude dessas. É preciso analisar a situação e investigar o caso, assim como acionar a área da empresa de Recursos Humanos, para saber a melhor forma de agir. • Impulsione a diversidade Busque não empregar pessoas de mesmo gênero e raça. É preciso aprender a deixar o preconceito de lado e aceitar as pessoas olhando somente para seus currículos, afinal de contas é o que importa. • Empatia Construa em si mesmo a empatia com seus funcionários. Antes de dirigir-se a alguém ou construir uma crítica pense: “Como eu me sentiria se fosse ele (a)? ”. Com isso você será capaz de se colocar no lugar do outro melhorando a forma como age. Assim, o preconceito será evitado, uma vez que você irá proceder com o outro da mesma forma que quer que seja com você. Adquirindo esses comportamentos, sua equipe passará a se espelhar neles, os difundindo, uma vez que a intolerância só vai aparecer para quem for preconceituoso. No final, o ambiente de trabalho se tornará mais agradável e até mesmo mais produtivo, já que haverá o respeito e assim a satisfação de realizar as devidas atividades. • Crie campanhas contra o preconceito Utilize-se de meios virtuais ou do próprio espaço físico da empresa para essas campanhas, que podem ser cartazes, panfletos ou até mesmo vídeos, conscientizando sobre a importância da diversidade e do respeito no ambiente de trabalho. Abuse da criatividade e invista em formas que chamam a atenção dos funcionários. Palestras ou rodas de conversa são ideias que podem ser postas em prática para abordar o tema do preconceito. Com isso, os funcionários irão refletir sobre seus atos e até mesmo estimular neles a empatia. • Faça uma análise Pare por um momento e observe o comportamento entre os membros de sua equipe. Avalie se há a exclusão de um deles. Por exemplo, observe se algum integrante está sendo excluído de encontros ou rodas de conversa com frequência, ou se ele é constantemente alvo de comentários ofensivos. Além de proteger um empregado de uma situação ruim e desgastante, você irá evitar a geração de conflitos que impossibilita um bom trabalho em equipe e bons resultados. Caso identifique algum comportamento exclusivo, busque conversar com os envolvidos e resolver o problema da melhor forma, investigando e ouvindo os dois lados. RECONHECENDO ERROS PRÓPRIOS Realizar críticas e apontar os erros de outras pessoas é bastante fácil, porém reconhecer seus próprios erros e admitir que errou pode ser uma tarefa bastante difícil, mas essencial para seu próprio crescimento. O motivo de negar o próprio erro pode variar de pessoa em pessoa, seja por medo de rejeição ou reprovação ou simplesmente pelo fato de não conseguir enxergar em si a imperfeição. Por isso é necessário primeiramente entender que não somos perfeitos e que errar faz parte de todo processo de aprendizagem. Crenças criadas no ambiente religioso ou familiar podem tentar convencer-nos de que devemos ser perfeitos a todo o momento. Entretanto, essa convicção evita a aceitação do erro próprio, tornando o indivíduo em uma pessoa fraca, ao contrário do que é imaginado. Isto porque ao aceitarmos nossas falhas somos vistos como pessoas fortes e humildes, pois mostramos que o aprendizado é um processo e devemos estar constantemente procurando nos aperfeiçoar. Buscar o autoconhecimento é importante durante esse processo, pois ele irá nos ensinar quem realmente somos e compreender o que necessita ser melhorado. Negação do erro Ao assumir a postura de negar o erro cometido criamos uma distância fictícia do que ocorreu e das suas respectivas consequências. Inicialmente o indivíduo que se recusa a aceitar que errou pode sentir um alívio, já que o peso da culpa não será jogado sobre ele. Entretanto, quando ele for posto a enfrentar o mesmo desafio verá que aquela foi uma escolha errada. Além disso, rejeitar os próprios erros impede que o processo de autoconhecimento tenha resultados positivos, como o crescimento e a evolução pessoal. Um estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Nova York e Califórnia dividiu as pessoas em três grupos baseados em como elas reagem ao próprio erro. • “Não aconteceu nada” Esse grupo engloba as pessoas que são incapazes de visualizar o erro. Elas não colocam a culpa sobre alguém pelo simples fato de não acreditarem que há algo errado. É um grupo da negação. Consequentemente, essas pessoas serão incapazes de aprender com seus erros e evoluir naquele quesito, já que elas não estão preparadas para identificar a falha em nenhuma situação. • “A culpa não é minha” Neste grupo as pessoas enxergam o erro, mas são incapazes de se responsabilizar por eles. Logo, elas buscam ao máximo culpar outras pessoas por suas próprias falhas. Também é um grupo de negação. Os indivíduos que se encaixam nessa classificação são imaturos por não conseguirem reconhecer que erraram, e, portanto, são incapazes de evoluir. Uma característica dessas pessoas é o vitimismo e a incapacidade de encarar aquele ocorrido como algo construtivo. • “A culpa de tudo é minha” Diferentemente dos outros dois grupos, essas pessoas visualizam o erro e assumem a responsabilidade dele. Logo, esses indivíduos estão sujeitos à auto avaliação e a melhora pessoal. Entretanto, quem está inserido nessa classificação encontra-se no extremo oposto ao grupo anterior: se responsabiliza por todos os erros ocorridos. Isto é um comportamento negativo devido ao fato dessa pessoa assumir a responsabilidade de outro, fazendo com que ele nãoaprenda com o erro e nem tenha as consequências devidas. Pelo contrário, toda a carga de culpa e penalidade cairão sobre o indivíduo que assume toda culpa, em proporções maiores que deveria ser. Portanto, avalie exatamente qual foi o seu erro para que não haja injustiças consigo mesmo. Motivos para a negação Infelizmente o erro e a franqueza são vistos como similares por nossa sociedade, e atualmente aparentar ser fraco é algo que ninguém quer. Como há o desejo social de transmitir ideia de si mesmo como algo perfeito, a fraqueza poderia “sujar” essa imagem criada, o que para muitos pode se tratar de uma vida toda. Além disso, há alguns traços específicos de personalidade que impossibilita algumas pessoas a admitir ou até mesmo visualizar seus próprios erros. • Mecanismo de defesa Ao recusar o erro cometido, pessoas com esse tipo de personalidade tendem a desenvolver um mecanismo de defesa de modo a impedir que a culpa invada suas mentes. Com isso, elas conseguem manter o próprio ego protegido. Essas pessoas passam então a não enxergar seus erros e continuam com os mesmos comportamentos ou desempenhos, já que os considera corretos. Ainda dentro desse grupo, há pessoas que acreditam serem mais fortes ao escolher não assumir as consequências de seus próprios erros. • Narcisismo Pessoas narcisistas são praticamente obcecadas em expor seus resultados positivos, conquistas, qualidades e etc. Portanto, elas tendem a criar de si mesmas uma imagem de perfeição, a qual não permite erros. Logo, pessoas narcisistas fazem de tudo para encobrir seus erros, principalmente evidenciando erros alheios de forma que eles tomem destaque e suas falhas próprias sejam esquecidas. • Irresponsabilidade pessoal Os indivíduos desse grupo normalmente não possuem as chamadas habilidades sociais, não possuindo características para respeitar os outros, criar laços afetivos ou até mesmo conviver em sociedade. Quem não consegue se responsabilizar pelos seus erros vê a si próprio como perfeito, mesmo não sendo. Assim, será praticamente impossível alcançar o sucesso e a felicidade, já que devemos estar em constante evolução. Assumindo o erro Adentrar no processo de assumir os próprios erros nos tornará, aos poucos, pessoas humildes e sinceras, fazendo com que pessoas entrem em nossas vidas por nos encarar como modelo. A partir do autoconhecimento as qualidades e defeitos próprios passam a ser facilmente visualizados, fazendo com que a auto aceitação sobre nós mesmos cresça, assim como a própria confiança. Perceber que a perfeição não é necessária e que “errar é humano” trará alívio e felicidade e bem-estar a vida. Quando nos arriscamos a correr riscos ficamos também sujeitos aos erros, mas é assim que viveremos novas experiências. Por isso é necessário deixar de lado o que pensam sobre nós e se permitir conhecer um novo mundo. Como já foi dito, assumir seus próprios erros e encará-los como uma forma de aprendizado é um sinal de grandeza, diferentemente do que pensam outras pessoas. O mundo está constantemente em mudança e nossa mente deve seguir o mesmo percurso, por isso mudar seu pensamento ou comportamento é completamente normal. O desenvolvimento e o autoquestionamento fazem parte da própria evolução humana. Uma pessoa que não se permite à auto avaliação ou acredita que está sempre certo, não evolui. Aos poucos a resiliência irá ser desenvolvida, o que tornará os desafios mais fáceis de serem enfrentados. Com isso, a adaptação aos imprevistos será mais fácil, evitando grandes frustrações e desenvolvendo uma personalidade forte em todas esferas sociais, seja no trabalho ou na família. Por fim, você se tornará uma pessoa mais grata tanto com os outros e consigo mesmo. Isto porque, ao compreender que ninguém é perfeito passamos a visualizar o esforço de cada um de outra forma, valorizando suas atividades ou gestos. Ajuda psicológica Às vezes o processo de autoconhecimento pode ser muito difícil para algumas pessoas, por isso se torna necessária a ajuda de um profissional. O psicólogo irá auxiliar seu paciente a visualizar seus erros e a se responsabilizar por eles, ultrapassando as barreiras criadas para a sustentação do ego. Esse profissional trabalhará da melhor forma os medos e inseguranças da pessoa, construindo nela o pensamento de que “errar é humano” e que não é algo para se envergonhar. Além do tratamento individual, o indivíduo pode buscar também tratamentos em grupos, assim ele perceberá que não está sozinho e irá compartilhar de vivências, ajudando a melhorar sua própria expressão pessoal. ELIMINANDO CONFLITOS A ocorrência de conflitos dentro de um ambiente de trabalho ou até mesmo no âmbito familiar é bastante comum. Entretanto, é necessário resolvê-lo de forma adequada para que ele não se expanda, tornando o ambiente desagradável, afastando as pessoas. Além disso, ao ignorar a existência de um conflito ou acreditar que ele pode ser resolvido sozinho acarretará em consequências de produtividade, perda de criatividade, rivalidades e má colaboração entre os funcionários. Um estudo feito pela ASTD Workforce Decelopment apresentou que um a cada três colaboradores dizem perder em média cinco horas de trabalho devido a situações de conflitos, gerando uma queda no rendimento de 12% Por isso, cabe ao responsável/líder daquela equipe resolver os conflitos o mais breve possível. Causas do conflito As razões para ocorrerem conflitos dentro de um ambiente de trabalho podem ser diversas: inveja, orgulho, opiniões divergentes, ego, competição ou mau-humor diário. Entretanto, além desses fatores diversos que são bastante variantes, podemos classificar as causas de conflitos em dois grandes grupos. • Falta de controle das emoções Muitas pessoas acabam deixando a emoção falar mais alto que a razão no momento de tomar decisões ou durante uma conversa. Esse é um erro grave no ambiente de trabalho, pois pode ocasionar em conflitos com consequências irreversíveis. Por isso, é preciso o controle das emoções, principalmente a raiva. • Má comunicação Outro fator que ocasiona muitos conflitos dentro de uma empresa é a má comunicação. Seja a falta de entendimento sobre quais as funções de cada funcionário ou sobre como deve ser realizado certas atividades, poderá ocasionar em desentendimentos durante o processo. Por isso é necessário que cada um possua a habilidade da comunicação sucinta, clara e objetiva, evitando erros de interpretação. Resolvendo os conflitos Os responsáveis das equipes ou empresas devem sempre estar atentos, observando o ambiente para verificar como anda as relações interpessoais. Com isso, esse gestor será capaz de encerrar o mais breve possível os conflitos impedindo que as consequências deles interfiram na produtividade e qualidade dos serviços desenvolvidos pela equipe. É necessário obter um ponto de vista profissional e imparcial, de forma a investigar a fundo a questão focando sempre na solução, e não necessariamente nos culpados. Para entender melhor, seguem 10 dicas que irão ajudar a resolver os conflitos dentro de uma empresa. 1. Escute Saiba ouvir os outros, melhorando a sua capacidade de comunicação e aprimorando a habilidade de escutar o outro, respeitando seu direito de expressão. Por isso, escute o que outro diz atentamente, sem expressar críticas, comentários sarcásticos ou interrompê-lo. Quando ele terminar de falar, aí sim você poderá também se expressar. 2. Investigue a origem É necessário antes de tomar qualquer providência, que a origem do conflito seja descoberta. Para isso, converse com todas as partes envolvidas no conflito, de forma a entender quando e porque ele começou. Utilize-se da dica anterior, e ouça com atenção o que cada um tem a dizer. Só interfira quando já tiver uma
Compartilhar