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Isabela Didier – 144 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA · Doença infecciosa crônica, não-contagiosa, causada por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania. · Acomete pele e mucosas. · Infecção zoonótica primária: afeta os humanos secundariamente. · Fatores relacionados ao hospedeiro e ao parasita influenciam a forma e clínica e a resposta ao tratamento -> Lesão típica: única e ulcerada. · Epidemiologia: · 1-1.5 milhões de casos/ano · Regiões tropicais e subtropicais · 90%: Br+Peru+Bolívia · Br: 45% Norte e 25% NE · 3 perfis epidemiológicos: a) Ciclo silvestre (homem entra na mata) b) Ciclo periurbano/urbano/rural (inseto se adapta ao crescimento desordenado da ocupação urbana) c) Ciclo ocupacional ou lazer (trabalho em usinas ou ecoturismo) · Ambos os sexos, mas homem 74% -> maior exposição a áreas endêmicas. · Qualquer faixa etária · Agente etiológico: · Parasita intracelular obrigatório das células do sistema macrofágico. · Duas formas: a) Promastigota -> flagelada, encontrada nos insetos, forma infectante. b) Amastigota -> não flagelada, encontra na lesão clínica dentro de citoplasma de macrófagos. · Etiologia: Leishmania a) Subgênero Viannia (desenvolve no intestino ant., med. e post.). · Leishmania (V.) brasiliensis -> NE · Leishmania (V.) guyanensis b) Subgênero Leishmania (desenvolve no intestino médio e ant.). · Leishmania (L.) amazonensis · Ciclo evolutivo: · Transmissão pelos flebotomíneos Lutzomya e Psychodopygus. · Reservatórios silvestres -> roedores, marsupiais, desdentados e canídeos silvestres ou animais domésticos. · Patogênese: · Período de incubação: 2 semanas-2 anos (média de 2-3 meses). · Lesão inicial: · Local de inoculação/picada · Áreas expostas · Pápula eritematosa · Única ou múltiplas. · Evolução: Obs. Nem sempre o padrão úlcera acontece. Lesão exulberante, mas não dói. Entretanto não é raro infecção bacteriana secundária. · Lesão clássica (Localizada) · Úlcera em moldura · Bordas elevadas, infiltradas, eritematovioláceas · Fundo granuloso · Secreção sero-purulenta · Indolor · Pode haver involução espontânea · Cicatriz atrófica Obs, Casos na mucosa, genital: avaliar pele do paciente em busca de cicatrizes, pois geralmente ocorre disseminação por casos de involução espontânea da úlcera ou subtratados. · Outras formas clínicas: Obs. Formas ectimatosa: lembra ectima, crosta escurecida e intensa. Obs. Disseminação linfática, confusão com esporotricose. · Leishmaniose Cutânea recidivada Cutis · Consiste no aparecimento de nódulos ou tumorações em torno ou sobre as lesões cicatriciais. · Reativação causada por parasitas que ficam confinados pelo processo cicatricial. · Polimorfismo dos quadros devido a diferença de agentes e a resposta imunológica do hospedeiro: · Pacte com Leishmaniose cutânea tem como principal resposta imunológica a TH1, com produção de INFalfa e IL10. Esse tipo de resposta é responsável pela formação de úlcera e IL10 faz o controle, havendo lesão contida e auto-limitada. · Na Leishamniose mucosa há uma exacerbação da resposta Th1, promovendo a lesão tecidual. Uma grande resposta celular, com grande produção de INFalfa, que ativa o macrófago para a produção de radicais superóxidos e óxido nítrico para a destruição do tecido parasitado. (Polo hiperégico: grande resposta inflamatória) · Na leishamaniose cutânea difusa (polo anérgico) não há resposta imune celular o produção de INFalfa, clinicamente não se observa destruição tecidual ou úlcera. Padrão nodular e tuberoso com riqueza de parasitas. · Leishmaniose Cutânea Disseminada · Múltiplas lesões acneiformes em 2 regiões corporais + sintomas gerais. · QC ocorre após algumas semanas de lesão inicial · 30% atinge mucosas · Imunodeprimidos (ainda com grau de resposta TH1) · Aspecto clínico: várias lesões crostosas e ulcerosas espalhadas por rosto e corpo. · Disseminação hematológica · Leishmaniose Cutânea Difusa · Caracteriza-se por evolução crônica e por apresentar difusão de lesões por toda a pele, de aspecto predominantemente infiltrativo e tuberoso. (DD: Tb Virchowiana, Doença de Jorge Lobo, Xantoma) · Montenegro (Reação imunológica) sempre negativo - > sem resposta celular (pode ter muito Ac mas não é eficaz no controle da doença). · Ocorre comprometimento discreto ou ausente de mucosas, ausência de comprometimento visceral e resistência terapêutica (pela deficiência imunológica do pacte). · Leishmaniose Mucosa · Lesões mucosas surgem após 1-2anos -> Disseminação hematogênica. · Por falta de tratamento ou ineficiente, ou por contiguidade dependendo do local de picada. · Dano funcional (alimentação e respiração). · Diagnóstico Diferenciado: · Leishmaniose cutânea · Piodermites · Úlceras traumáticas · Micoses profundas · Carcinomas · Pioderma gangrenoso · Tb cutânea · Leishmaniose Cutaneomucosa · Rinofima · Paracoccidiomicose · Carcinomas · Rinoescleroma · Linfomas · Granulomatose de Wegener · Diagnóstico Laboratorial · Exames parasitológicos · Exame direto -> tende a ser positivo em lesões recentes clássicas (pouco combate imunológico) e lesões mucosas tem tendência de negativar. · Raspado da lesão (linfa dérmica) · Escarificação da face externa da borda da lesão · Corado com Glemsa ou Leisman -> obs forma amastigotas intra e extracelulares · Cultura · Caracterização da espécie · Meio NNN (Novy-McNeal-Nicolle) · Baixa sensibilidade (40%) · Exames Imunológicos: Intradermorreação de Montenegro · Reflete imunidade celular TH1 do pacte, não é método diagnóstico. · Inocula suspensão de Ag de Leishmania (0.1-0.3 Ml) na face interna do antebraço direito -> leitura em 48-72h · Pápula/nódulo de >0.5mm -> positivo (pode ser infecção presente ou passada) · Negativa -> pacte anérgico (LC Difusa, Leishmaniose dérmica pós-calazar, infecções recentes -> 4-6 semanas após surgimento da lesão cutânea) · Bom para a correlação clínica do paciente. · Testes sorológicos: outros · Imunofluorescência indireta (S 75%): >1:80, acompanhamento pós tratamento -> não é sempre necessário, só observar clínica da lesão cutânea. · ELISA (pesquisa) · Reação de fixação do complemento · Exames moleculares · PCR (o que é usado na prática) · Reatividade de ACs monoclonais · Cariotipagem molecular · Inoculação em animais de laboratório · Histopatológico · Observar os amastigotas. · Tratamento · Pelo SUS · Cuidados locais em úlceras: Limpeza com água e sabão, compressas antissépticas. · Primeira linha (exceto L. guyanensis): · Antimoniato de Meglumina (EV ou IM) · 10-20 mg/Sb/kg/dia por 20d (LCL) · 20 mg/Sb/kg/dia por 30d (LD); como segunda linha (LCD) · 20 mg/Sb/kg/dia por 30d (LM), associado ou não a Pentoxifilina 400mg 3x dia por 30 dias. · Se após 3 meses não responder, repetir mais 1 ciclo, aguardar 3 meses, se persistir a resposta, trocar o esquema. · Como calcular a dose? 81mg/Sb por Ml · Intralesional: lesão única com até 3 cm de diâmetro em maior diâmetro, em qualquer localização, exceto cabeça e regiões periarticulares, incluindo leishmaniose recidiva cútis e sem imunossupressão. -> menor desconforto e menor efeito sistêmico. · Dose SC: uma a três aplicações de aproximadamente de 5mL, por sessão a cada 15d. · Avaliação antes do tratamento: hemograma, função renal (ureia, creatinina), pancreática (amilase, lípase), hepática (bilirrubinas, FA, transaminases), ECG. -> EC: alt cardíacas (arritmias), artralgia, mialgia, vômitos, pancreatite, febre, prurido, fraqueza,edema , IRA. · Efeito Adverso prinicpal do Glucantime é dose e tempo-dependente -> distribuição de repolarização -> inversão e achatamento de onda T e aumento do espaço QT · CI: Gestantes e pacte com muitas comorbidades (acima de 50anos, cardiopatas, nefropatas, hepatopatas, e Doença de Chagas) -> Uso de Anfotericina B · Segunda Linha: · Desoxicolato de Anfotericina B · Dose: 0.7-1mg/kg/dia diariamente ou em dias alternados, EV,dose máxima diária de 50mg. Dose total de 25-40mg/kg · Pode ser usado em gestantes · Falha do antimonial (pós 2 ciclos) ou intolerância · Avaliar função renal, hepática, cardíaca e ionograma. · EA: febre, náuseas, vômitos, hipopotassemia,flebite. · Segunda Linha (exceto LD) E Primeira linha (LCL por L. guyanensis e LCD): · Pentamidina · 4mg/kg/dia, em 3 doses, com intervalo de 72h (IM) ou 48h (EV) na LCL · 3-4mg/kg/dia, IM ou EV, em dias alternados por 7-10 meses. · Dose máxima diária 300mg. · Avaliação hepática, renal, cardíaca e glicemia. · Profilaxia: · Combate de animais reservatórios · Combate ao flebótomo “mosquito palha” doméstico ou semidoméstico, proteção do sadio por vários métodos (inseto-repelente, mosquiteiro). · Vacinas -> ainda falta mais pesquisa.
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