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Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL Traqueia Ross: Histologia Texto e Atlas ASPECTOS GERAIS A traqueia é um tubo curto e flexível de aproximadamente 2,5 cm de diâmetro e cerca de 10 cm de comprimento. Serve de conduto para o ar; além disso, a sua parede ajuda na purificação do ar inspirado. Esse tubo fibrocartilaginoso estende-se da laringe até a metade do tórax, em que se divide nos dois brônquios principais (primários). O lúmen da traqueia permanece aberto devido à existência de anéis cartilaginosos A parede da traqueia consiste em quatro camadas bem definidas: A mucosa, composta de um epitélio pseudoestratificado ciliado e uma lâmina própria rica em fibras elásticas. Há lâmina própria de tecido conjuntivo e glândulas mistas (se abrem para o o lúmen da traqueia e junto com células caliciformes produzem muco que reveste a traqueia e deixa o lúmen mais viscoso, diminuindo a resistência do ar na passagem e prendendo corpos estranhos que estão passando por ali) A submucosa, composta de tecido conjuntivo ligeiramente mais denso que o da lâmina própria, glândulas mistas, vasos sanguíneos e tecido linfoide A camada cartilaginosa, composta de cartilagens hialinas em formato de C A adventícia, composta de tecido conjuntivo frouxo que liga a traqueia às estruturas adjacente s. (faz a ligação da traqueia com estruturas adjacentes) CORRELAÇÃO CLÍNICA: METAPLASIA ESCAMOSA NO TRATO RESPIRATÓRIO Na mucosa respiratória humana,o epitélio pseudoestraticado colunar ciliado pode sofrer transformação em epitélio estraticado pavimentoso. Essa mudança de epitélio colunar para pavimentoso é denominada metaplasia pavimentosa ou escamosa. Esses tipos de alterações epiteliais (metaplasias) são reversíveis e caracterizam-se pela transformação de um tipo de célula adulta totalmente diferenciada em um tipo diferente de célula também adulta. Portanto, a proliferação basocelular dá origem a um novo tipo de célula diferenciada. Essas alterações celulares metaplásicas não são caracterizadas como uma neoplasia, e sim como alterações adaptativas. A metaplasia escamosa é uma ocorrência normal das porções arredondas e mais expostas das conchas nasais, pregas vocais e em algumas outras regiões. No entanto, mudanças no caráter do epitélio respiratório podem ocorrer em outros locais de epitélio ciliado, quando o padrão do fluxo de ar é alterado ou quando ocorre fluxo de ar forçado, como na tosse crônica. Em geral, na bronquite crônica e na bronquiectasia, o epitélio respiratório modifica-se em certas regiões para uma forma estratificada pavimentosa. O epitélio estratificado é mais resistente ao estresse físico e à agressão, mas é menos efetivo para a função das vias respiratórias. Nos fumantes, observa-se uma alteração epitelial semelhante. No início, os cílios das células ciliadas perdem o seu padrão de batimento sincrônico em consequência dos elementos nocivos presentes na fumaça. Em consequência, a remoção de muco fica comprometida. Para compensar, o indivíduo começa a tossir, facilitando, assim, a expulsão do muco acumulado nas vias respiratórias, particularmente na traqueia. Com o passar do tempo, o número de células ciliadas diminui, devido à tosse crônica. Essa redução nas células ciliadas compromete ainda mais o epitélio normal e resulta em sua substituição por epitélio estratificado pavimentoso nos locais afetados das vias respiratórias. Se os fatores (i. e., fumaça de tabaco) que predispõem à metaplasia escamosas não forem eliminados, o epitélio metaplásico pode sofrer transformação maligna. Por conseguinte, uma das duas formas mais comuns de câncer no trato respiratório, o carcinoma de células escamosas, tem a origem a partirdas células metaplásicas escamosas Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL Um aspecto característico da traqueia é a existência de uma série de cartilagens hialinas em formato de C, que estão empilhadas umas sobre as outras, formando uma estrutura de sustentação (Figura 19.6). Essas cartilagens, que podem ser descritas como um arcabouço esquelético, impedem o colapso do lúmen da traqueia, particularmente durante a expiração. O tecido fibroelástico e o músculo liso, o músculo traqueal, estabelecem uma ponte entre as extremidades livres das cartilagens em formato de C na borda posterior da traqueia, adjacente ao esôfago EPITÉLIO DA TRAQUEIA O epitélio da traqueia assemelha-se ao epitélio respiratório em outras partes das vias respiratórias condutoras. As células colunares ciliadas, as células mucosas (caliciformes) e as células basais constituem os principais tipos de células encontrados no epitélio da traqueia (Figuras 19.7 e 19.8). Observa-se também pequena quantidade de células em escova, bem como pequenas células granulares. As células ciliadas constituem o tipo mais numeroso de células da traqueia. Em cortes histológicos, os cílios aparecem como perfis piliformes curtos, que se projetam da superfície apical da célula (Prancha 71, página 697). Cada célula tem aproximadamente 250 cílios. Imediatamente abaixo dos cílios, observa-se uma linha escura formada por agregados de corpúsculos basais (Figura 19.9). Os cílios executam um movimento de varredura coordenado de toda a extensão da camada mucosa das vias respiratórias em direção à faringe. De fato, as células ciliadas atuam como “escada rolante mucociliar”, que desempenha importante mecanismo protetor do pulmão pela remoção de pequenas partículas inaladas As células mucosas assemelham-se morfologicamente às células caliciformes intestinais e, portanto, são frequentemente designadas pelo mesmo nome. As células mucosas estão intercaladas entre as células ciliadas ao longo de toda a extensão do epitélio (Figura 19.9). São facilmente vistas no microscópio óptico pela existência de grânulos de mucinogênio em seu citoplasma. Embora o mucinogênio seja eliminado nas preparações rotineiras, a identidade das células torna-se aparente em amostras coradas pela hematoxilina e eosina (H&E), pela área c • • citoplasma e pela ausência de cílios na superfície apical. Diferentemente das células ciliadas, o número de células mucosas aumenta durante a irritação crônica das vias respiratórias As células em escova apresentam as mesmas características gerais daquelas descritas para o epitélio respiratório da cavidade nasal (Figura 19.10). Trata- se de células colunares que apresentam microvilosidades com extremidades arredondadas. A superfície basal das células faz contato sináptico com uma terminação nervosa aferente (sinapse epiteliodendrítica), razão pela qual a célula em escova é considerada uma célula receptora Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL As células de pequenos grânulos (células de Kulchitsky) são as representantes respiratórias de células enteroendócrinas do intestino e derivados do intestino (Figura 19.10). A sua existência nas vias respiratórias decorre do fato de que o desenvolvimento do trato respiratório e dos pulmões ocorre a partir de uma evaginação do intestino anterior primitivo. As células de pequenos grânulos geralmente ocorrem na traqueia como unidades isoladas e estão dispersas entre os outros tipos de células. É difícil distingui-las das células basais na microscopia óptica sem o auxílio de técnicas especiais, como a impregnação por prata, que reage com os grânulos. Seu núcleo está localizado próximo da membrana basal; o citoplasma é um pouco mais extenso que o das células basais menores. Com o microscópio eletrônico de transmissão (MET), observa-se, algumas vezes, um prolongamento citoplasmáticoafilado que se estende até o lúmen da traqueia. Além disso, ao MET, o citoplasma exibe numerosos grânulos contendo um centro denso e envolvidos por membrana. Em um dos tipos de células de pequenos grânulos, a secreção é uma catecolamina; um segundo tipo produz hormônios polipeptídicos, tais como serotonina, calcitonina e peptídio de liberação da gastrina (bombesina). Algumas células de pequenos grânulos parecem ser inervadas. A função dessas células não está bem elucidada. Algumas são encontradas em grupos, em associação a fibras nervosas, formando corpos neuroepiteliais, que se acredita que possam funcionar nos reflexos que regulam o calibre das vias respiratórias ou vasculares As células basais representam uma população de células de reserva que mantém uma reposição das células do epitélio. As células basais se destacam por seus núcleos proeminentes, que formam uma fileira em íntima proximidade à lâmina basal. Embora os núcleos de outras células se localizem também na camada basal, eles estão relativamente esparsos. Desse modo, a maioria dos núcleos próximo à membrana basal pertence às células basais. MEMBRANA BASAL, LÂMINA PRÓPRIA E SUBMUCOSA Uma “membrana basal” espessa caracteriza o epitélio da traqueia. Abaixo do epitélio da traqueia, há uma camada distinta típica de membrana basal (Figura 19.9) que, em geral, é vista como uma camada fracamente corada, homogênea Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL ou vítrea, com espessura de eletrônica revela que essa membrana consiste em fibras colágenas densamente compactadas, que se localizam imediatamente abaixo da lâmina basal epitelial. Do ponto de vista estrutural, pode ser considerada como uma lâmina reticular incomumente espessa e densa, que faz parte da lâmina própria. Nos fumantes, particularmente naqueles que apresentam tosse crônica, essa camada pode estar consideravelmente mais espessa em resposta à irritação da mucosa. Nos indivíduos com asma, a membrana basal também é mais espessa e mais pronunciada, particularmente nos bronquíolos. O limite entre a mucosa e a submucosa é definido por uma membrana elástica. A lâmina própria, excluindo a membrana basal, é formada por um tecido conjuntivo frouxo típico. É muito celularizada e contém numerosos linfócitos, muitos dos quais infiltram o epitélio. Os plasmócitos, os mastócitos, os eosinófilos e os fibroblastos são os outros tipos de células facilmente observados nessa camada. O tecido linfático, tanto o difuso quanto o nodular, é abundante na lâmina própria e na submucosa da parede traqueal. É também encontrado nas porções condutoras de ar do sistema respiratório. Esse sistema linfático é o equivalente, em termos de desenvolvimento e funcionalidade, ao tecido linfático associado aos brônquios (BALT). Intercaladas com as fibras colágenas, encontram-se numerosas fibras elásticas. Amostras coradas por corantes específicos (Weigerth) mostram a membrana de tecido elástico como uma faixa distinta. Essa membrana elástica marca o limite entre a lâmina própria e a submucosa. No entanto, em preparações coradas pela H&E, esse limite não é evidente A submucosa difere daquela observada na maioria dos outros órgãos, pois é formada por tecido conjuntivo denso. Na traqueia, a submucosa é constituída por um tecido conjuntivo relativamente frouxo, semelhante à lâmina própria, o que dificulta a identificação de seus limites. O tecido linfático difuso e os nódulos linfáticos penetram na submucosa a partir da lâmina própria. A submucosa contém os maiores vasos distribuidores e linfáticos da parede traqueal. Na submucosa, também observa-se a existência de glândulas compostas de ácinos secretores de muco (predominantemente composto por glicoproteínas) com meias luas serosas. Seus ductos são formados por epitélio simples cuboide. Os ductos estendem-se pela lâmina própria e liberam seu produto na superfície epitelial. As glândulas são particularmente numerosas nos espaços intercartilaginosos na porção posterior da traqueia. Algumas glândulas penetram na camada muscular e chegam até a camada adventícia. A camada submucosa termina na região em que as fibras de tecido conjuntivo associam-se ao pericôndrio da camada cartilaginosa. As cartilagens traqueais e o músculo traqueal separam a submucosa da adventícia. As cartilagens traqueais, que são em número de aproximadamente 16 a 20 nos humanos, representam a próxima camada da parede traqueal. Conforme já assinalado, os anéis cartilaginosos têm formato em C. Algumas vezes, anastomosam-se com as cartilagens adjacentes, mas o seu arranjo proporciona flexibilidade Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL ao tubo traqueal e também mantém a abertura do lúmen. Com a idade, a cartilagem hialina pode ser parcialmente substituída por tecido ósseo (Figura 19.6), com consequente perda de grande parte de sua flexibilidade. A adventícia, a camada externa, situa-se perifericamente aos anéis cartilaginosos e ao músculo traqueal. Liga a traqueia às estruturas adjacentes situadas no pescoço e no mediastino e contém vasos sanguíneos e nervos de maior calibre que suprem a parede traqueal. Vasos linfáticos de maior calibre também se situam na adventícia e drenam a parede da traqueia Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL