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Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 3 Disciplina: Saúde e Segurança no Trabalho ============================================================ Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Enfermagem das Escolas Estaduais de Educação Profissional – EEEP Material elaborado/organizado pela professora Rafaelle Alves Diógenes Pontes - 2018 ============================================================ Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 4 Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 5 Apresentação Este Manual pedagógico compõe uma série que aborda temas específicos da formação do Técnico em Enfermagem Integrado ao Ensino Médio. Cada Manual corresponde a Disciplina, sendo este referente à disciplina Saúde e Segurança no Trabalho, com carga horária de 40 horas/aula. O tema Saúde do Trabalhador coloca em pauta a discussão sobre o trabalho e as condições para sua realização. Essa é uma discussão que tem adquirido relevância e pertinência no contexto atual. Este Manual contém os objetivos de aprendizagem referentes ao tema acompanhado do conteúdo no intuito de deixar claro o que é esperado do aluno ao final da disciplina. Propõe atividades pedagógicas que focam o eixo cognitivo e sócio afetivo do processo de aprendizagem. Disponibilizamos também uma bibliografia de referência do Manual. Elaborado no intuito de qualificar o processo de ensino-aprendizagem, este Manual é um instrumento pedagógico que se constitui como um mediador para facilitar o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula embasado em um método problematizador e dialógico que aborda os conteúdos enfocando a formação participativa do aluno, fazendo do mesmo o protagonista do seu aprendizado facilitando a apropriação dos conceitos de forma crítica e responsável. Esperamos contribuir com a consolidação do compromisso e envolvimento de todos (professores e alunos) na formação desse profissional tão importante para o quadro da saúde. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 6 Objetivos de Aprendizagem Ao final da disciplina os alunos devem ser capazes de... 1. Identificar os Direitos do trabalhador relacionados aos Direitos Humanos; 2. Identificar os riscos, acidentes de trabalho e doenças relacionadas ao trabalho; 3. Identificar os riscos, acidentes de trabalho e doenças relacionadas ao trabalho do técnico de enfermagem; 4. Discutir a Norma Regulamentadora nº 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde; Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 7 Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 8 SUMÁRIO 1.DIREITOS HUMANOS E DIREITOS DO TRABALHADOR........................................9 1.1.O que são Direitos Humanos..............................................................................................9 1.2.Origem dos direitos humanos..........................................................................................10 1.3.Declaração Universal dos Direitos Humanos.................................................................11 1.4.Características dos direitos humanos..............................................................................12 1.5.Leis sobre os direitos humanos........................................................................................12 1.6.Direitos humanos, cidadania e democracia....................................................................13 1.7.Artigos 1º ao 10º da Declaração Universal dos Direitos Humanos...............................13 2.DIREITOS DO TRABALHADOR.....................................................................................15 2.1.Percurso histórico.............................................................................................................15 2.2. Direitos e regras para a aplicação da CLT....................................................................16 2.3.Direitos do trabalhador ao se desligar do emprego.......................................................20 3.RISCOS OCUPACIONAIS NO TRABALHO: O QUE SÃO E COMO CLASSIFICÁ- LOS?.........................................................................................................................................23 3.1.Tipos de riscos...................................................................................................................24 3.2.O que é mapa de riscos ocupacionais?............................................................................27 3.3.Como evitar riscos ocupacionais no ambiente de trabalho?.........................................27 3.4.Riscos Ambientais – Identificação e Prevenção.............................................................28 3.5.Causas................................................................................................................................28 3.6.Tipos...................................................................................................................................29 4.ACIDENTES DE TRABALHO..........................................................................................31 4.1.Os direitos do trabalhador decorrentes do acidente de trabalho.................................32 4.2.Programas de segurança do trabalho no controle dos acidentes..................................34 4.3.Quais são os benefícios da redução do número de acidentes de trabalho?..................35 4.4.Quais são as responsabilidades do empregador?...........................................................35 4.5.Implicações diversas para as empresas que têm acidentes de trabalho frequentemente........................................................................................................................35 5.DOENÇAS PROFISSIONAIS E/OU OCUPACIONAIS.................................................37 5.1.Principais doenças relacionadas ao trabalho..................................................................37 5.2.Causas/prevenção das principais doenças ocupacionais...............................................40 5.3.Como evitar as principais doenças relacionadas ao trabalho?.....................................43 6.Norma Reulamentadora-32 (NR-32): O QUE É?.............................................................44 6.1.O que a NR-32 diz sobre o trabalho com quimioterápicos antineoplásicos?..............46 6.2.A NR-32 prevê algo para a questão dos resíduos?.........................................................51 6.3.A NR-32 trata da questão do refeitórioe refeições?......................................................53 6.4.A NR-32 garante ao trabalhador a capacitação em relação ao processo de trabalho?..................................................................................................................................53 6.5.A NR-32 normatiza algo em relação à ergonomia ocupacional?.................................56 REFERÊNCIAS......................................................................................................................57 Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 9 1.Direitos Humanos e Direitos do Trabalhador 1.1.O que são Direitos Humanos Direitos humanos são todos os direitos relacionados à garantia de uma vida digna a todas as pessoas, são garantidos à pessoa pelo simples fato de ser humana, ou seja, são direitos inerentes a todos os seres humanos. Assim, os direitos humanos são todos direitos e liberdades básicas, considerados fundamentais para a dignidade. Eles devem ser garantidos a todos os cidadãos, de qualquer parte do mundo e sem qualquer tipo de discriminação, como cor, religião, nacionalidade, gênero, orientação sexual e política. É o conjunto de garantias e valores universais que tem como objetivo garantir a dignidade, que pode ser definida com um conjunto mínimo de condições de uma vida digna. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) os direitos humanos são garantias de proteção das pessoas contra ações ou falta de ações dos governos que possam colocar em risco a dignidade humana. O Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos. Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos, são direitos civis e políticos (exemplos: direitos à vida, à propriedade privada, liberdade de pensamento, de expressão, de crença, igualdade formal, ou seja, de todos perante a lei, direitos à nacionalidade, de participar do governo do seu Estado, podendo votar e ser votado, entre outros fundamentados no valor liberdade). Direitos econômicos, sociais e culturais (exemplos: direitos ao trabalho, à educação, à saúde, à previdência social, à moradia, à distribuição de renda, entre outros, fundamentados no valor igualdade de oportunidades); direitos difusos e coletivos (exemplos: direito à paz, direito ao progresso, autodeterminação dos povos, direito ambiental, direitos do consumidor, inclusão digital, entre outros, fundamentados no valor fraternidade). A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirma que "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade." https://nacoesunidas.org/acao/direito-internacional/ Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 10 1.2.Origem dos direitos humanos A ideia de "direitos humanos" tem origem no conceito filosófico de direitos naturais que seriam atribuídos por Deus; alguns sustentam que não haveria nenhuma diferença entre os direitos humanos e os direitos naturais e veem na distinta nomenclatura para uma mesma ideia. Outros argumentam ser necessário manter estes termos separados para eliminar a associação com características normalmente relacionadas com os direitos naturais, sendo John Locke talvez o mais importante filósofo a desenvolver esta teoria. O conceito de direitos humanos mudou ao longo da história, mas há alguns acontecimentos que foram muito importantes na evolução desses direitos. O primeiro registro histórico de direitos humanos é de aproximadamente 500 anos antes de Cristo, quando Ciro, rei da Pérsia, que ao conquistar a cidade da Babilônia, em 539 a.C. libertou todos os escravos da cidade, declarou que as pessoas poderiam escolher a sua própria religião e estabeleceu a igualdade racial. Esses direitos foram gravados em uma peça chamada Cilindro de Ciro, uma peça de argila contendo os princípios de Ciro, rei da antiga Pérsia Também são acontecimentos importantes na proteção dos direitos humanos a criação da Declaração de Direitos de Virgínia, nos Estados Unidos (1776) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) na França. A criação da Organização das Nações Unidas em 1945 também faz parte da história da evolução dos direitos humanos. É importante porque um dos objetivos da ONU é trabalhar para garantir a dignidade de todos os povos e para diminuir as desigualdades mundiais. Desde o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945 – em meio ao forte lembrete sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial –, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, conforme estipulado na Carta das Nações Unidas: “Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, … a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações…” (Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948). Logo em seguida, no dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral da ONU adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em 1950, o dia 10 de dezembro foi estabelecido pela ONU como Dia Internacional dos Direitos Humanos. E em https://www.youtube.com/watch?v=frae04L0k7M https://www.youtube.com/watch?v=frae04L0k7M https://nacoesunidas.org/carta/ http://www.un.org/en/universal-declaration-human-rights/index.html Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 11 1966 foram criados mais dois documentos: o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Hoje existem várias organizações e movimentos que têm como objetivo defender os direitos humanos, como por exemplo: Anistia Internacional, Serviço Paz e Justiça na América Latina, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Human Rights Watch, Gabinete de Instituições Democráticas e Direitos Humanos da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa. Os direitos humanos são garantias históricas, que mudam através do tempo, adaptando-se às necessidades específicas de cada momento. Por isso, ainda que a forma com que atualmente conhecemos os direitos humanos tenha surgido com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em 1948, antes disso, princípios de garantia de proteção aos direitos básicos do indivíduo já apareciam em algumas situações ao longo da história. Atualmente, a Declaração Universal é assinada pelos 192 países que compõem as Nações Unidas e, ainda que não tenha força de lei, o documento serve como base para constituições e tratados internacionais. 1.3.Declaração Universal dos Direitos Humanos Em 1948 a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Esse documento é um dos mais importantes na base dos direitos humanos e contém os princípiosbásicos relacionados à garantia desses direitos. A DUDH é importante no mundo todo porque é considerada o documento que marca o início da conscientização e preocupação mundial com a proteção dos direitos humanos. A Assembléia Geral da ONU considera essa Declaração como um modelo ideal para todos os povos para atingir o respeito a esses direitos e liberdades humanas. A DUDH afirma que todos os seres humanos nascem livres e que são iguais em dignidade e em direitos. Além disso, a adoção da Declaração pela ONU também tem o objetivo de evitar guerras entre países, promover a paz mundial e de fortalecer a proteção aos direitos humanitários. Cada país é responsável por garantir os direitos humanos dentro de seu território. Mas na fiscalização destes direitos atuam também instituições de direitos humanos, organizações profissionais, instituições acadêmicas, grupos religiosos, organizações não governamentais, entre outros. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 12 Contudo, os direitos humanos são desrespeitados em todas as regiões do mundo. Um caso bastante notável é o da Síria, que, após anos em guerra civil, enfrenta uma grave crise de refugiados, metade deles crianças sem acesso à educação, sem documentos e que muitas vezes são os responsáveis pelo sustento da família. 1.4.Características dos direitos humanos Algumas das características mais importantes dos direitos humanos são: o Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa; o Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas; o Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal; o Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros; o Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada pessoa. 1.5.Leis sobre os direitos humanos Os direitos humanos são tratados em várias leis, convenções, acordos e tratados internacionais. Além da existência de leis sobre o assunto, é dever de cada Estado ter as suas próprias leis que garantam que os direitos humanos serão respeitados e colocados em prática. Conheça algumas leis que tratam dos direitos humanos: Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (1966) Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966). A Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, define quais são os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. Veja alguns: igualdade de direitos e deveres entre mulheres e homens; proibição de tortura e tratamento desumano; liberdade de pensamento, de crença e de religião; proibição de censura; proteção da intimidade, vida privada, honra e imagem; Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 13 sigilo telefônico e de correspondências; liberdade de escolha de profissão; liberdade de locomoção dentro do país; direito de propriedade e de herança; acesso garantido à justiça; racismo, tortura e tráfico de drogas são crimes inafiançáveis; proibição de pena de morte; nenhum brasileiro pode ser extraditado. Ainda que existam várias leis que tratem dos direitos humanos, é importante saber que eles não são limitados ao que é previsto na lei. Outros direitos podem ser incluídos como direitos humanos com o passar do tempo e de acordo com as necessidades, com as transformações sociais e com o modo de vida da sociedade. 1.6.Direitos humanos, cidadania e democracia Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais que estão previstos na Constituição. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e de suas obrigações para poder lutar e cobrar para que eles sejam colocados em prática e garantidos pelo Estado. Para exercer a cidadania plenamente os membros de uma sociedade devem usufruir dos direitos humanos e dos direitos fundamentais, tanto no âmbito individual quanto no coletivo. Ter plena cidadania e igualdade entre os cidadãos faz parte do conceito de democracia, que prevê a participação de todos na sociedade em condições de igualdade. Assim, a igualdade, a preservação dos direitos humanos, a dignidade e a cidadania são fundamentais para garantir a democracia em qualquer nação. 1.7.Artigos 1º ao 10º da Declaração Universal dos Direitos Humanos Documento Oficial DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM: Artigo 1.º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Artigo 2.º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou outro estatuto. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 14 ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. Artigo 3.º Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 4.º Ninguém pode ser mantido em escravidão ou em servidão; a escravatura e o comércio de escravos, sob qualquer forma, são proibidos. Artigo 5.º Ninguém será submetido a tortura nem a punição ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Artigo 6.º Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento como pessoa perante a lei. Artigo 7.º Todos são iguais perante a lei e, sem qualquer discriminação, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8.º Todas as pessoas têm direito a um recurso efetivo dado pelos tribunais nacionais competentes contra os atos que violem os seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. Artigo 9.º Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10.º Todas as pessoas têm direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública julgada por um tribunal independente e imparcial em determinação dos seus direitos e obrigações e de qualquer acusação criminal contra elas. Sugestões de leituras: - Significado de Cidadania e Direitos sociais. - Declaração Universal dos Direitos Humanos. - Os 10 princípios dos Direitos da Criança. - Principais documentos da ONU sobre direitos humanos. https://www.significados.com.br/cidadania/ https://www.significados.com.br/direitos-sociais/ https://www.significados.com.br/declaracao-universal-dos-direitos-humanos/ https://www.significados.com.br/principios-direitos-da-crianca/Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 15 2.DIREITOS DO TRABALHADOR 2.1.Percurso histórico Na Grécia Antiga, o trabalho estava voltado a resolver as questões relativas à sobrevivência e revelava a dependência das pessoas às necessidades de ordem biológica e aos constrangimentos ligados à própria existência humana. Naquela época, a condição de ser do trabalho evidenciava a não cidadania. Durante muito tempo o trabalho humano não foi pensado como parte do conjunto de aspectos significativos da vida das pessoas, de modo a ser considerado também um fator importante na constituição de sofrimento psíquico. Em setembro de 1990, a Lei nº 8.080/90 , a Lei Orgânica da Saúde, estabelece no seu Art. 5.º, inciso 3º.: Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta Lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim, como visa à recuperação e reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo: I – assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; II – participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde – SUS, em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos à saúde existentes no processo de trabalho; III – participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde – SUS, da normatização, fiscalização e controle de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; IV – avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; V – informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética médica; VI – participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas; VII – revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 16 VIII – a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo o ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. 2.2. Direitos e regras para a aplicação da CLT O trabalhador brasileiro com Carteira assinada tem alguns direitos que são garantidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e pela Constituição Federal. Quem é contratado no sistema da CLT tem direito a: 13° salário, férias remuneradas, FGTS, assistência médica, vale transporte, seguro desemprego, licença maternidade, entre outros benefícios. Carteira de trabalho É um documento obrigatório para qualquer pessoa que presta algum serviço. Nesse documento é registrada toda a vida profissional do indivíduo, servindo como base para que o trabalhador tenha acesso aos seus direitos. A carteira de trabalho deve ser assinada obrigatoriamente ao iniciar os trabalhos. A mesma pode ficar retida na empresa para ser feitas anotações, como por exemplo, no momento de rescisão de contrato, mas deve ser devolvida no período máximo de 48 horas. Exame médicos Todo trabalhador tem direito a fazer exames no ato da admissão e também na demissão, objetivando avaliar sua condição de saúde antes de iniciar o trabalho e depois, intencionando, também, saber se o mesmo adquiriu alguma doença relacionada ao trabalho. Repouso semanal remunerado Todo trabalhador tem direito assegurado por Lei a ter pelo menos uma folga por semana. Salário pago em dia Por Lei, todo trabalhador tem direito a receber o seu salário até o 5º dia útil de cada mês. Jornada de trabalho e hora extra Pela Constituição Federal a Jornada de trabalho deve ser de 8 horas por dia e de, no máximo, 44 horas semanais. Se passar disso, é considerada hora extra. Importante informar que hora extra não é obrigatória, aceitar ou não fica a critério do trabalhador, a não ser em caso de força maior. Essa deverá ser paga no valor de 50% em dias úteis e 100% aos domingos e feriados. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 17 13° salário É um valor pago no final do ano, e deve ser no mesmo valor que a remuneração do trabalhador, sempre fazendo referência ao mês de dezembro. Há empresas que optam por fracionar esse pagamento em dois, sendo que a primeira parcela do 13º salário deve ser paga até o dia 30 de novembro e a segunda parcela até o dia 20 de dezembro. Férias As férias também devem ser remuneradas. Depois de um ano de trabalho com carteira assinada, o trabalhador tem direito a 30 dias de férias, que pode ser 30 dias corridos ou em dois períodos, nunca inferiores a 10 dias. Ainda deve haver o benefício de referente a 1/3 do salário do empregado Fundo de Garantia por Tempo de Serviço Depósito pela empresa no valor de 8% do salário bruto do trabalhador e tem como objetivo garantir uma reserva de dinheiro em momentos em que o trabalhador se encontrar em dificuldade, como demissão, diagnóstico de câncer, Aids, ou outras eventualidades. Seguro-desemprego É uma assistência em dinheiro dado ao trabalhador em caso de demissão sem justa causa. Vale-transporte Deve receber adiantado para que possa propiciar a locomoção entre o emprego e a sua casa. Esse benefício acarreta no desconto de 6% no salário do funcionário. Vale-Cultura Por meio da lei 12.761, de 27 de dezembro de 2012 foi instituído o Programa de Cultura do Trabalhador e criado o vale-cultura, um benefício concedido a milhões de trabalhadores. Por meio dele, o empregado adquire um cartão pré-pago no valor de R$ 50,00, que será depositado mensalmente. Esse valor poderá ser gasto para diversos eventos culturais tais como circo, teatro, cinema, etc. Além disso, há a possibilidade de comprar revistas, jornais, CDs e até alugar filmes ou mesmo fazer o pagamento de cursos em áreas culturais. Para ter direito ao benefício, o empregador deverá fazer o cadastramento junto ao Ministério da Cultura. Abono salarial É um benefício de salário mínimo a cada ano para quem possui uma renda mensal de até dois salários mínimos. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 18 Licença-maternidade Benefício que concede licença de 120 dias remunerados às mulheres no pós-parto. Contudo, algumas empresas já aplicam a ampliação do prazo para 180 dias. Com garantia de retorno ao emprego. Licença paternidade O período é de 2 dias, havendo a possibilidade da empresa ampliar esse período para 20 dias. Acidentes de trabalho É assegurado o período de 12 meses em casos de acidentes, e se for acidente de trabalho, o trabalhador tem direito assegurado a mais um ano sem ser demitido. Assistência médica e alimentação Não são obrigatórios pela empresa.Aviso prévio Em caso de quebra de contrato, a outra parte deve ser avisada com 30 dias de antecedência. Para quem tem mais de um ano na empresa, deve ser acrescentado 3 dias por cada ano trabalhado. Adicional noturno A remuneração deve ser 20% maior para pessoas que trabalham entre 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do próximo dia. Atualmente existe um grande debate em torno da reforma trabalhista. Faltas É um direito em alguns casos: casamento (3 dias), doação de sangue (1 dia por ano), alistamento eleitoral (2 dias), morte de parente próximo (2 dias), testemunha da justiça do trabalho (no dia), doença comprovada por atestado médico. Organização sindical Os sindicatos estão destinados à defender os trabalhadores de determinada categoria no que diz respeito a suas atividades ou serviços. Eles podem ser classificados como sindicatos patronais, quando representam empresas ou entidades, ou profissionais, representado pelos empregados. Na CLT existem todas as regras e deveres que estes sindicatos devem cumprir, além disso, há também a contribuição sindical, a ser paga todos os anos, conforme a atividade que o trabalhador realiza. Essa contribuição é uma das principais formas de manter essas associações. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 19 São os sindicatos que organizam as greves dos trabalhadores ou reivindicações relacionadas à melhoria das condições de trabalho ou salário de determinada categoria. Todo trabalhador é livre para participar dos sindicatos, bem como organizá-los, sendo um direito garantido pela CLT. Direito de greve O direito de greve está previsto na Constituição Federal e é regulamentado pela Lei nº 7.783. Ela é uma ferramenta utilizada pelos trabalhadores para lutar pelos seus direitos e interesses. É permitido até suspender coletivamente à prestação de serviços por tempo determinado e de modo pacífico. Há proibições: Não se deve violar ou constranger os direitos e garantias dos empregados ou empregadores; A empresa não pode proibir a divulgação da greve, nem coagir o empregado para cumprir seu horário de trabalho; A manifestação não deverá prejudicar o acesso ao trabalho; Não deverá haver danos ao patrimônio ou ameaça às pessoas. Empregados domésticos Desde 2015 os empregados domésticos têm os mesmos direitos que já eram garantidos aos outros trabalhadores. São trabalhadores domésticos: quem faz serviço doméstico em geral, cozinheiros e auxiliares, cuidadores, vigilantes e motoristas. Os empregados têm direito ao registro na carteira de trabalho, pagamento de adicional noturno, fundo de garantia, férias, seguro desemprego e contra acidente de trabalho, salário mínimo, 13º e salário-família. Também é garantida a jornada de trabalho máxima de 44 horas por semana, horas extras, descanso semanal e períodos de intervalo de alimentação e de descanso. Cargo comissionado Os direitos trabalhistas de quem ocupa um cargo comissionado podem variar de acordo com o cargo e o tipo de contrato de trabalho. O cargo comissionado não tem garantias, mas o trabalhador pode ter direito a algumas proteções, como recebimento do fundo de garantia, 13º salário e abono de férias. Quais os direitos na demissão? Os direitos trabalhistas na demissão podem variar de acordo com a situação. É preciso saber se foi o trabalhador ou o empregado que terminou o contrato e se houve justa causa na demissão. Em regra o trabalhador deve receber o pagamento de férias vencidas, saldo do salário, 13º salário proporcional e horas extras. A demissão pode ocorrer a pedido do trabalhador, ou por iniciativa do empregador, com ou sem justa causa. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 20 2.3.Direitos do trabalhador ao se desligar do emprego Há duas maneiras de se encerrar um contrato de trabalho. A chamada demissão pode ocorrer por iniciativa do empregado (a pedido), ou por iniciativa do empregador. Neste segundo caso, ela pode acontecer por justa causa, ou seja, quando o empregador tem um motivo previsto em lei para efetuar o desligamento do funcionário; ou sem justa causa, quando o motivo não está previsto em lei. Se um trabalhador pedir demissão, ele terá direito às seguintes verbas rescisórias: - saldo de salários, ou seja, os dias que trabalhou e que tem a receber; - décimo terceiro salário proporcional aos meses que trabalhou; - férias proporcionais aos meses que trabalhou; - 1/3 de férias calculado sobre o valor das férias proporcionais; - aviso prévio, caso ele trabalhe o mês do aviso. O empregado deverá avisar seu empregador com antecedência mínima de 30 dias. Ele não precisa trabalhar estes 30 dias, mas, se optar por não trabalhar, poderá ter seu salário descontado. Importante ressaltar que ao pedir demissão o trabalhador perde o direito de sacar seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Os valores depositados na conta vinculada do trabalhador continuam rendendo juros e correção monetária, mas só poderão ser sacados quando a situação se enquadrar às regras do fundo. Demissão sem justa causa Se o trabalhador for demitido sem justa causa, ele terá direito às seguintes verbas rescisórias: - saldo de salários; - aviso prévio no valor de sua última remuneração; - décimo terceiro salário proporcional; - férias proporcionais; - 1/3 de férias; - saque do FGTS depositado na Caixa Econômica Federal; - Indenização de 40%, calculada sobre o total dos depósitos realizados na conta do FGTS durante o contrato de trabalho, devidamente corrigido, inclusive sobre os depósitos sacados durante a vigência do contrato; - seguro desemprego, se o funcionário tiver trabalhado por, no mínimo, seis meses. Ao ser demitido sem justa causa, o empregador deverá avisar o trabalhador com, no mínimo, 30 dias de antecedência. É o chamado aviso prévio. Ao conceder esse aviso, o empregador poderá indenizá-lo, não exigindo que o trabalhador cumpra o serviço nestes dias. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 21 Caso queira que o trabalhador cumpra o serviço neste período, o empregado pode optar por reduzir em duas horas suas jornada de trabalho diária ou ficar os últimos sete dias corridos sem trabalhar. O aviso prévio tem por finalidade garantir ao empregado a possibilidade de obter novo emprego. Demissão por justa causa É considerada justa causa para demissão quando o empregado comete algum ato faltoso que faz desaparecer a confiança e a boa-fé entre as partes, tornando necessário o encerramento da relação empregatícia. Estes atos faltosos que justificam a demissão por justa causa podem se referir às obrigações contratuais ou à conduta pessoal do empregado e estão previstos no artigo 482 da CLT. Neste caso, o empregador não pode demitir sem especificar a falta cometida. Na demissão por justa causa, o empregado deve receber o saldo de salário e as férias vencidas com acréscimo de 1/3 referente ao abono constitucional, caso tenha mais de um ano de empresa. Perde, portanto, o direito ao saque do FGTS e ao décimo terceiro salário proporcional. Direitos São diversos os direitos e deveres do trabalhador. Em relação aos direitos, alguns são de extrema importância, pois garantem outros direitos, como os direitos previdenciários. A carteira de trabalho (CTPS), por exemplo, deve ser assinada pelo empregador desde o primeiro dia de trabalho e com todos os dados preenchidoscorretamente. A carteira de trabalho permite que o trabalhador contribua com a previdência social e tenha direito à aposentadoria posteriormente. Ao contratar o empregado, a empresa também deve providenciar o exame médico para avaliar a saúde do trabalhador. Ao fim do contrato de trabalho, um exame médico de demissão também deve ser realizado. Outro direito é receber o salário até o quinto dia útil do mês seguinte ao mês trabalhado. Assim, um trabalhador deve receber seu salário do mês de março, por exemplo, até o quinto dia útil do mês de abril. Atrasos no pagamento devem ser evitados ao máximo, pois podem levar a processos trabalhistas. Ainda em relação ao pagamento, todo trabalhador tem direito a um dia de descanso semanal e este deve ser remunerado. Ou seja, o fato de o trabalhador descansar no domingo não deve levar o empregador a descontar esse dia do seu salário. Além disso, é importante saber que o descanso pode ocorrer em outros dias da semana, embora o domingo seja o mais comum. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 22 Essas são os principais direitos do trabalhador e que devem ser respeitados sempre, para evitar que outros direitos sejam comprometidos. O trabalhador deve estar sempre atento, pois caso esses direitos sejam desrespeitados, ele deverá buscar auxílio por meios jurídicos. Deveres Assim como os direitos, são diversos os deveres do trabalhador em uma relação de emprego. A maioria desses deveres está relacionada a ter um bom comportamento e colaborar para o bem-estar da empresa. O trabalhador deve agir sempre com probidade e integridade, ou seja, ter um comportamento adequado de acordo com os costumes da empresa e da sociedade. Todos devem priorizar o bom relacionamento não apenas com o empregador, mas com todos os colegas de trabalho e pessoas que convivem no dia-a-dia da empresa. Além disso, o trabalhador deve agir com prudência, evitando ser negligente ou imprudente em suas tarefas de trabalho. Deve pensar sempre no bem da empresa e do serviço que está prestando. A indisciplina do trabalhador ao descumprir ordens e recomendações do empregador pode levar à demissão por justa causa. Outro dever essencial é não divulgar informações de caráter sigiloso da empresa. O trabalhador deve sempre agir em prol do sucesso da empresa e de seu crescimento, não agindo de forma a prejudicar a reputação e imagem de seu empregador. Cuidados Como é possível perceber, são muitos os direitos e deveres do trabalhador protegidos pela legislação trabalhista brasileira. Não conhecer as regras da relação de trabalho pode levar a diversos problemas no futuro, como demissão e processos trabalhistas. Além das leis trabalhistas, também é necessário estar atento às normas estabelecidas pelos sindicatos e convenções coletivas de cada categoria dos trabalhadores. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 23 3.RISCOS OCUPACIONAIS NO TRABALHO: O QUE SÃO E COMO CLASSIFICÁ- LOS? Muitas funções são compostas por riscos e muitos deles não podem ser eliminados completamente, porém, os gestores da empresa precisam ter em mente a necessidade de se trabalhar no limite para conseguirem minimizar ao máximo qualquer exposição do seu colaborador ao perigo. Riscos ocupacionais no trabalho são situações delicadas e que podem levar a graves acidentes, doenças e até mesmo a morte. Boa parte dos riscos podem ser evitados se as empresas se comprometerem com o bem-estar e a saúde do funcionário. É necessário se planejar estrategicamente com itens de segurança no trabalho e formações para equipes no uso de equipamento de proteção e na prevenção de acidentes. Se comprometer com as necessidades do funcionário e mostrar o quão ele é importante é o primeiro passo para atender as necessidades dos riscos ocupacionais no trabalho. Infelizmente, o cotidiano operacional de empresas como indústrias, fábricas, estoques e todo o tipo de negócio que lida diariamente com trabalhos manuais não está isento de situações de risco, já que seus colaboradores estão expostos aos mais variados perigos que a atividade profissional oferece. O que são riscos ocupacionais? A probabilidade, por menor que seja, de o trabalhador sofrer algum tipo de dano relacionado às suas atividades laborais, é denominada como risco ocupacional. Em outras palavras, são as doenças e acidentes em potencial aos quais estão expostos os colaboradores no exercício da profissão, ou por causa da atividade da ocupação profissional. Em geral, os riscos ocupacionais estão relacionados ao ambiente laboral no qual o trabalhador está sujeito. Entre tantos outros fatores que colocam a integridade física — e a própria vida dos funcionários em risco — os principais são: vibrações; gases; vapores; fumaças tóxicas; ruídos; iluminação inadequada. Vale ressaltar, ainda, que o nível e o tipo do risco ocupacional varia de acordo com a atividade exercida pela empresa e a ocupação do trabalhador, já que a exposição do profissional ao risco depende do processo de produção. http://materiais.xerpa.com.br/como-fazer-planejamento-financeiro-rh http://contuflexepi.com.br/os-6-principais-acidentes-de-trabalho-em-industrias/ Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 24 Em cada tipo de empresa e ocupação a característica do risco é diferente, porque a exposição do profissional ao risco depende do processo produtivo. Por exemplo, em empresas que usam máquinas e equipamentos em parte do processo produtivo, os perigos mais comuns, de uma forma geral, estão ligados ao manuseio dessas ferramentas. Nesse contexto, a empresa tem por obrigação dar o suporte, conforme às normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, oferecendo a maior segurança possível para que o colaborador exerça sua função e não esteja exposto a riscos que podem ser evitados por equipamentos de segurança, e treinamentos constantes. O Ministério do Trabalho tem uma classificação para cada um dos riscos ocupacionais: físico, químico, biológico, ergonômico ou acidental, que são divididos em dois grupos, operacionais (riscos relacionados a acidentes), comportamentais ou ambientais (físicos, ergonômicos, químicos e biológicos). Os riscos ocupacionais no trabalho têm completa influência no dia a dia da empresa e em resultados satisfatórios, já que um trabalhador que se sente seguro e apoiado tende a se sentir mais seguro e eficaz ao desempenhar sua função. Com isso, é possível diminuir as causas dos acidentes, propondo novas medidas de prevenção e que depende completamente da atuação do gestor de equipe e de pessoas para conseguir resolver os problemas e mapear qualquer tipo de ocorrência. Geralmente, os riscos ocupacionais estão relacionados ao ambiente em que o trabalhador fica sujeito a ruídos, vibrações, gases, vapores, iluminação inadequada, entre outras inúmeras situações que podem gerar danos à saúde ou à integridade física do profissional. 3.1.Tipos de riscos Os riscos no ambiente laboral podem ser classificados em cinco tipos, de acordo com a Portaria n° 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de 1978. Esta Portaria contém uma série de normas regulamentadoras que consolidam a legislação trabalhista, relativas à segurança e medicina do trabalho. Encontramos a classificação dos riscos na sua Norma Regulamentadora n° 5 (NR-5): Cadatipo é identificado por uma cor, o que acarreta a facilidade de realizar a sinalização, a qual contribui, portanto, para a segurança do trabalhador. O grupo 1 é denominado de verde e se refere aos riscos físicos, consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração, etc. Para os colaboradores que sofrem exposição constante a ruídos, por exemplo, é http://trabalho.gov.br/portal-mte/ http://trabalho.gov.br/portal-mte/ Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 25 preciso avaliar a intensidade do som (medida em decibéis) e o tempo ao qual ele está exposto. Esse conjunto servirá para determinar o tipo de equipamento de proteção individual (EPI) que ele deverá adotar a fim de minimizar potenciais problemas em sua saúde auditiva. Enquanto no caso das radiações não ionizantes (laser, micro-ondas, ultravioleta etc.), ou vibrações, é obrigatória a utilização de EPIs para qualquer índice de exposição. O grupo 2 corresponde à cor vermelha, que são os riscos químicos. Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que seja, pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. Antes de expor o colaborador a materiais tóxicos ou qualquer agente que possa de alguma forma atingir sua saúde, é preciso estar atento a cuidados especiais como formas de contato, tempo de exposição as substâncias, toxicidade e outras questões. Assim, é possível calcular os perigos e oferecer equipamentos que neutralizem e deem todo suporte para que os riscos ocupacionais dessa determinada função não prejudiquem o bem-estar do colaborador. Nesse caso, é o nível de toxicidade do agente químico que determina o período máximo que o colaborador pode ter contato com o mesmo. Por exemplo, alguns produtos químicos podem ser manuseados por poucos minutos, outros precisam de cuidados especiais, como medidas protetivas em caso de misturas tóxicas ou inflamáveis e até mesmo a neutralização dos agentes. Os trabalhadores expostos a esse tipo de risco ocupacional devem utilizar equipamentos de proteção individuais focados na contenção de gases, como máscaras faciais e respiradores, além de usar capelas de fluxo laminar, entre outras recomendações. O grupo 3 é titulado com a cor marrom, que abrange os riscos biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos e qualquer outro extrato biológico. Quando se fala em risco biológico o universo precisa ser ainda mais amplo, não se utilizando de medidas de segurança apenas individual, mas também coletiva. Esse critério se dá, pois, os grupos expostos a esse tipo de risco precisam ser preservados de qualquer tipo de contaminação ou manejar qualquer agente que se prolifere e seja nocivo a saúde e ao meio ambiente. Qualquer tipo de função de risco requer um alto grau de insalubridade, e podemos levar em conta trabalhos com pacientes que vivem isolados, contato e exposição a materiais que não foram esterilizados ou que são rejeitos orgânicos. As medidas de prevenção, EPIs e tempo de exposição variam de acordo com o índice de patogenicidade ao qual o trabalhador está exposto em sua atividade laboral. Lembrando que, nesse contexto, a empresa também deve implementar medidas de segurança coletiva. Os equipamentos de proteção http://contuflexepi.com.br/%E2%80%8Bem-quais-situacoes-os-epis-sao-obrigatorios-por-lei/ http://contuflexepi.com.br/quais-protetores-faciais-utilizar-para-cada-segmento/ http://contuflexepi.com.br/voce-sabe-como-surgiu-os-epis/ Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 26 individual são utilizados a fim de evitar a contaminação do colaborador ou a proliferação dos agentes nocivos ao ambiente. As atividades que envolvem o grau máximo de insalubridade são aquelas que lidam com o contato com objetos não esterilizados, pacientes em isolamento ou exposição a rejeitos orgânicos sem EPIs adequados. Já o grupo 4 recebe a cor amarela, qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. que engloba os riscos ergonômicos, tais como esforço físico excessivo, levantamento e transporte de peso exagerados, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, trabalho noturno, jornadas de trabalho extensas, monotonia e repetitividade, entre outras situações que se ligam ao estresse físico ou psicológico do trabalhador. Riscos ergonômicos. Um laudo ergonômico, que consiste em um documento com medidas e situações que oferecem conforto e bem-estar aos colaboradores que exercem as atividades laborais propostas, pode ser uma forma de corrigir e adequar o funcionário a uma situação em que ele execute sua função, de forma que minimize os riscos ocupacionais no trabalho. Ressaltando que as vantagens da ergonomia devem ser consideradas no ato da proposição de medidas corretivas. Os profissionais envolvidos na gestão das pessoas precisam sempre medir os benefícios de ajustes e correções que a ergonomia pode trazer à realidade do colaborador. Por fim, há o grupo 5, que é definido como azul, qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade, e seu bem estar físico e psíquico. E se compõe de riscos de acidentes causados por conjuntos físicos inadequados, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inapropriadas, iluminação incorreta, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, entre outras incontáveis situações de risco que poderão contribuir para ocorrência de acidentes no ambiente de trabalho. Acidentes acontecem, mas a maioria deles podem ser evitados. Os riscos de acidentes entram em uma categoria de riscos ocupacionais no trabalho, que se relacionam a fios e tomadas expostas e abertas, iluminação completamente inadequada ao trabalho, ferramentas improvisadas ou inadequadas e muitas outras situações perigosas e que podem trazer problemas sérios ao bem-estar dos colaboradores. Nesse caso, o empregador tem algumas responsabilidades obrigatórias como corrigir o colaborador que tiver sido orientado, mas que ainda assim estiver seguindo com atividades perigosas e também com medidas preventivas através de treinamentos constantes que façam com que o colaborador esteja bem orientado e siga uma boa conduta diante da sua função. http://www.marcoprojetos.com.br/noticias_ler.php?id=21&PHPSESSID=f1f17105ce4171a0097714a96a362da1 Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 27 3.2.O que é mapa de riscos ocupacionais? O mapa de riscos ocupacionais é uma representação dos riscos à saúde assinalados em cada um dos diversos locais de trabalho dentro de uma empresa e visa reunir dados para geração de diagnósticos, viabilização da troca de informações entre os trabalhadores, bem como incentivo à sua participação nas atividades de precaução. Por fim, é crucial destacar que o trabalhador tem direito ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), para garantir sua segurança durante toda sua jornada de trabalho, bem como é obrigaçãoda empresa contratante fornecer os dispositivos adequados para cada tipo de risco ocupacional. 3.3.Como evitar riscos ocupacionais no ambiente de trabalho? Reforçando a importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual, por mais simples que seja a atividade profissional, ela sempre pode oferecer determinados riscos à saúde dos colaboradores de uma empresa. Dado esse contexto, os EPIs são ferramentas indispensáveis em uma estratégia de prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais. Além de protegerem os funcionários, evitam que a organização sofra com perdas de produtividade causadas pela ocorrência de acidentes. Cada função dentro da empresa exige um Equipamento de Proteção Individual específico. Por isso, é importante obter conhecimento aprofundado a respeito da equipe de colaboradores, linha de produção e rotina operacional, para implementar a utilização dos EPIs adequados de acordo com cada atividade laboral. Lembrando, ainda, que oferecê-los em perfeito estado de funcionamento e conservação é uma obrigação da empresa. Jamais exite em trocar EPI’s desatualizados ou danificados. Proporcionar capacitação para os trabalhadores: colaboradores capacitados são fundamentais para o sucesso de qualquer empreendimento, independentemente de qual seja seu porte ou setor de atuação. Afinal, eles são responsáveis pela maioria das atividades em um ambiente de produção. Capacitar os funcionários adequadamente é mais do que uma forma de garantir bons resultados. É, também, uma importante medida de segurança para a organização como um todo. Os trabalhadores precisam saber manusear suas máquinas e ferramentas de trabalho de forma correta e segura. Promover o bem-estar no ambiente de trabalho, ou seja, a importância de um ambiente de trabalho em que o colaborador se sinta bem, principalmente se considerarmos que o trabalho em si já é uma atividade cansativa e, em determinadas ocasiões, pode ser altamente http://mundodoepi.blogspot.com.br/2011/07/dicas-de-como-melhorar-seu.html http://mundodoepi.blogspot.com.br/2011/07/dicas-de-como-melhorar-seu.html http://segurancadotrabalhonwn.com/ Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 28 estressante. Um funcionário que trabalha se sentindo confortável na empresa exerce suas funções com mais eficiência, segurança e qualidade. 3.4.Riscos Ambientais – Identificação e Prevenção Independente do ramo de atividade laboral, os colaboradores podem estar expostos a uma série de riscos ambientais, ou seja, um conjunto de elementos, substâncias ou materiais que colocam em risco sua saúde e sua integridade física. Também chamados de agentes ambientais, esses elementos devem ser levados em consideração quanto a sua natureza, intensidade, concentração e tempo de exposição do trabalhador, para que se assegurem as condições ideais para o desenvolvimento das atividades. Os acidentes do trabalho não podem ser caracterizados como um fenômeno ambiental já que, ao contrário dos demais temas abordados até aqui, não extrapolam os limites físicos da empresa, ou seja, afetam apenas o homem e não a Natureza. Fazem exceção os acidentes em que produtos químicos extravasam para o meio ambiente; produtos biológicos são misturados aos efluentes das indústrias; e raios destroem árvores em tempestades. Entretanto, como este assunto é o tema principal do nosso site, incluímos este mapa mental para fechar a série. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e as Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e emprego (MTE) são instruções normativas que devem ser seguidas pelas empresas regidas pela CLT. Os equipamentos de proteção individual (EPIs) e os equipamentos de proteção coletiva (EPCs), como dizem os nomes, servem para proteger os operários dos riscos de acidentes iminentes. Sinalização: Foi desenvolvida vasta gama de sinais gráficos para alertar os trabalhadores e visitantes dos perigos de acidentes; desde faixas coloridas e reflexivas, até pictogramas em embalagens de agrotóxicos. Ginástica laboral: Uma série de exercícios podem ser praticados antes, durante e após a jornada de trabalho, com vistas à melhor disposição para o trabalho, alívio das tensões e relaxamento muscular. Análise de causas. Existe uma série de procedimentos investigativos das causas de acidentes, que objetivam evitar que ocorram novamente essas interrupções indesejáveis do trabalho, perdas materiais e até de vidas humanas. 3.5.Causas Praticamente todas as causas dos acidentes de trabalho estão relacionadas ao homem, às máquinas e ao ambiente. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 29 Homem: a) capacitação/treinamento inadequados; b) antropometria (medidas do corpo incompatíveis com máquina ou tarefa); c) vícios (álcool, drogas e tabagismo) interferindo nas tarefas e atitudes; d) EPIs e EPCs ausentes ou inadequados à tarefa que está sendo executada; e e) Assédio moral/sexual no ambiente de trabalho pode levar ao estresse. Máquinas e equipamentos: a) utilizados sem a devida proteção contra possíveis acidentes ou quebra; b) inadequadas ao tipo de tarefa que está sendo executada; c) com defeito(s); e d) operadas sem autorização. Ambiente laboral: a) arranjo físico ou lay out incompatível com a tarefa; b) iluminação deficiente; c) insolação excessiva ou por tempo prolongado; d) umidade elevada ou frio intenso; e) armazenamento dos produtos inadequado; f) propício a incêndio e explosão; g) espaços confinados (tanques, silos, bueiros e assemelhados); h) não sinalizado ou feito de forma imprópria; e i) ocorrência de raios (trabalho ao ar livre, sob tempestade). 3.6.Tipos Para que não ocorra confusão, o acidente de trabalho pode ser dividido em três categorias: típico, atípico ou de trajeto. Entenda como a legislação os diferencia: Acidente típico Acontece no local de trabalho ou em seus arredores e dentro do expediente de trabalho. Eles costumam ocorrer em decorrência de imprudência, negligência, ou ainda por causas naturais, como deslizamentos, enchentes ou raios. Esse tipo de acidente inclui os períodos em que o funcionário está viajando a serviço do empregador. Acidente atípico Específico para quando acontece por conta da repetição de atividades do trabalho ou doença que tenha ligação com o ofício. A LER é sempre o melhor exemplo. Outros acidentes que podem ser considerados atípicos são: ato de agressão ou sabotagem; Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 30 contaminação acidental durante o trabalho; acidente durante os períodos destinados a alimentação e descanso. Acidente de trajeto Ocorre durante o percurso da pessoa entre o trabalho e sua casa e vice-versa, tanto em veículo próprio ou no transporte da empresa quanto no transporte público. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 31 4.ACIDENTES DE TRABALHO A Lei n. 8.213/1991 definiu acidente de trabalho em seu artigo 19: […] é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporalou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Além do ato acidental, a legislação também considera como acidente de trabalho as doenças profissionais, que são as patologias existentes em virtude do exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e que constam na respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Também são consideradas as doenças do trabalho, que são patologias adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacionem diretamente. Os dados são preocupantes sob todos os aspectos. Em primeiro lugar, a questão individual do trabalhador acidentado que sofre as consequências físicas e psicológicas. Segundo, a questão dos prejuízos do INSS e, em terceiro lugar, os prejuízos possivelmente suportados pela empresa. Como afirmamos anteriormente, em síntese, acidente de trabalho é ato que ocorre durante o trabalho e que traz lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Em decorrência desse ato, o trabalhador terá alguns direitos relacionados a esse acontecimento com implicações jurídicas importantes. A lei tratou da definição e das consequências do acidente de trabalho, principalmente atribuindo direitos à vitima. Existem situações em que não se trata de acidente típico, porém, para efeitos de direitos, existe uma equiparação. O artigo 21 da Lei n. 8.213/1991 dispõe quais as situações que se equiparam também ao acidente de trabalho: 1. O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a redução ou a perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação. 2. O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 32 c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior. 3. A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade. 4. O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. O que podemos observar nas situações apresentadas é que a legislação brasileira atribuiu grande responsabilidade aos empregadores e equiparação de direitos a diversas situações em que não se verifica acidente típico de trabalho. A mais comum das situações são acidentes de percurso, em que a vítima está se deslocando para o trabalho e sofre um acidente, como, por exemplo, um acidente de trânsito ou um atropelamento. Nessa situação, independentemente da falta de culpa da empresa, a lei equipara o acidente de trânsito a um acidente de trabalho e o trabalhador terá todos os direitos como se o acidente tivesse ocorrido dentro da empresa. É obrigação dos empregadores proporcionar um ambiente de trabalho seguro, oferecer equipamentos apropriados à execução das atividades, orientar e instruir os empregados sobre riscos e prevenção de acidentes. Tais obrigações estão dispostas por meio de Normas Regulamentadoras (NR), criadas especialmente para tratar de Segurança e Medicina Trabalho. 4.1.Os direitos do trabalhador decorrentes do acidente de trabalho Inicialmente, devemos estabelecer que a empresa empregadora é responsável pela integridade física do empregado quando em operações e processos sob a sua responsabilidade e deve promover condições justas e favoráveis ao desenvolvimento do trabalho. Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 33 Outra premissa básica é a obrigação legal da empregadora de cumprir e fazer cumprir as normas de saúde e segurança do trabalho, instruindo os empregados quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes, doenças ocupacionais, prestando informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar, nos termos do artigo 157, incisos I e II da CLTe artigo 7o, inciso XXII da Constituição Federal. Tendo como base as regras gerais mencionadas que estabelecem a responsabilidade da empresa para com a integridade física do trabalhador, destaca-se o fato de que o trabalhador acidentado tem direitos decorrentes do acidente. O primeiro direito do trabalhador e dever da empresa se desenvolve na obrigação em comunicar à Previdência Social no primeiro dia útil seguinte ao ocorrido, por meio de um documento chamado Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). Caso o acidente não seja grave e o funcionário fique menos de 15 dias afastado por determinação médica, a empresa arcará com os custos do salário do funcionário. Caso o afastamento tenha mais de 15 dias, o funcionário terá direito ao auxílio-doença acidentário do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). No caso de acidente grave, em que o afastamento para tratamento e recuperação seja superior a 15 dias, o INSS, como segurador, afastará o trabalhador e o contrato de trabalho estará suspenso. Nessa situação, o órgão previdenciário pagará benefício mensal equivalente a 91% do salário contribuição e não poderá ultrapassar o teto de dez salários mínimos. Ainda com relação ao afastamento superior a 15 dias, percebendo o empregado auxílio acidentário, terá direito à chamada estabilidade acidentária de um ano. Vale mencionar que, ainda que o trabalhador tenha adquirido sequela decorrente do acidente de trabalho e, consequentemente, tenha perdido a capacidade laborativa, o empregador, de todo modo, estará obrigado a reintegrar o trabalhador em uma atividade laboral compatível com as suas limitações e respeitar o período estável de um ano após o retorno. Em caso de dispensa, a empresa estará automaticamente obrigada a indenizar os salários e reflexos faltantes do período estável. A legislação trabalhista ainda determina que, em caso de afastamento previdenciário por auxílio-doença decorrente de acidente de trabalho, a empresa estará obrigada a recolher o FGTS como se o trabalhador estivesse trabalhando. Em situações em que o trabalhador tenha sofrido perdas patrimoniais, tenha perdido a capacidade laborativa parcial ou total ou tenha adquirido qualquer dano físico ou psiquiátrico, caberá a possibilidade de se pleitear uma indenização por danos morais e Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 34 materiais contra o empregador,e a situação deverá ser analisada especificamente pela Justiça do Trabalho. De acordo com o último levantamento realizado pelo Ministério da Previdência Social, cerca de sete brasileiros perdem a vida todos os dias em acidentes de trabalho no Brasil, totalizando uma média de 2.500 óbitos a cada ano no país. Esses números alarmantes colocam o Brasil na quarta posição mundial em relação a quantidade de mortes, perdendo apenas para a China, os Estados Unidos e a Rússia, segundo dados divulgados recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O número total de acidentes registrados a cada ano também é considerado extremamente alto e, por mais que novas medidas estejam sendo adotadas para a prevenção desses acidentes, basta apenas observar as estatísticas dos últimos anos para perceber que nenhum resultado significativo de fato aconteceu. A análise desses dados estatísticos é importante pois demonstra que o número de acidentes de trabalho continua bastante elevado, e que o Brasil ainda carece de uma política de prevenção mais abrangente e eficaz, que seja capaz de mobilizar tanto funcionários como também empregadores de todos os estados do país para essa causa. 4.2.Programas de segurança do trabalho no controle dos acidentes Os programas em âmbito nacional que promovem a segurança do trabalho são uma forma de conscientizar os trabalhadores brasileiros sobre o assunto, além de regulamentarem determinadas regras e normas que devem ser seguidas pelos empregadores para que o ambiente de trabalho seja sempre o mais seguro possível. Um bom exemplo disso é o Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA), que consta na Norma Regulamentadora de número 9, emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 1994. Esse programa consiste na busca constante de métodos e ações que possam combater possíveis agentes químicos, físicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho que, devido a sua concentração ou tempo de exposição, possam ser prejudiciais a saúde ou a integridade física dos trabalhadores. O PPRA é obrigatório para qualquer instituição ou empresa que tenha funcionários contratados, não importando qual seja a quantidade de empregados ou o grau de risco da empresa, pois até mesmo lojas e condomínios precisam seguir estas normas, de acordo com as suas características próprias e os riscos presentes nos ambientes de trabalho de cada negócio. Portanto, programas como esse que possuem atuação em nível nacional são uma forma de tentar fazer com que o número de acidentes de trabalho comece a diminuir https://areasst.com/ppra-programa-de-prevencao-de-riscos-ambientais/ https://areasst.com/ppra-programa-de-prevencao-de-riscos-ambientais/ http://acesso.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm http://acesso.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm http://acesso.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm http://temseguranca.com/efeitos-dos-riscos-quimicos-na-saude-do-trabalhador/ https://areasst.com/ppra-programa-de-prevencao-de-riscos-ambientais/ http://segurancadotrabalhonwn.com/o-que-e-grau-de-risco/ http://www.jornalfolhacondominios.com.br/index.php/sindico-profissional/item/266-voc%C3%AA-cumpre-o-ppra-e-pcmso-em-seu-condom%C3%ADnio Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 35 progressivamente através de um controle maior e mais rígido sobre os locais de trabalho. Os programas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) são a principal arma na redução do número de acidentes de trabalho 4.3.Quais são os benefícios da redução do número de acidentes de trabalho? Além de representar um custo estimado de R$ 16 bilhões anuais para a Previdência Social, o alto índice de acidentes de trabalho também resultam em gastos de cerca de R$ 12 bilhões a cada ano para as empresas privadas do país. Esse valor é calculado principalmente pela perda da produtividade das empresas, que deixam de ter um funcionário ativo em casos de acidente de trabalho ou doenças ocupacionais, e também pela instabilidade emocional muitas vezes causada por esses incidentes nos outros trabalhadores. Com a redução do número de acidentes, as empresas teriam ganhos substanciais em produtividade e também gastariam menos com o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), cujo valor é influenciado pelo histórico de acidentes de uma empresa em seus dois últimos anos. Portanto, de acordo com essa metodologia, as empresas que apresentam um número menor de acidentes ou até mesmo nenhum acidente, possuem uma bonificação elevada e pagam uma tarifa bastante reduzida em comparação com as empresas que possuem um número elevado de acidentes em seu histórico. 4.4.Quais são as responsabilidades do empregador? Segundo o artigo 19 da Lei nº 8.213/91, que diz respeito aos acidentes de trabalho, a principal responsabilidade das empresas é oferecer um ambiente seguro e que não apresente riscos a saúde física e mental de seus funcionários. Caso ocorra um acidente de trabalho e seja comprovado que o empregado não obteve o treinamento adequado, esse fator é considerado decisivo para determinar a culpa da empresa. 4.5.Implicações diversas para as empresas que têm acidentes de trabalho frequentemente Quando um empregado sofre um acidente de trabalho, primeiramente a empresa precisa arcar com os custos normais daquele trabalhador, referentes ao pagamento de salário e possíveis benefícios, durante os primeiros quinze dias do afastamento. Mas além disso, segundo o artigo 22 da Lei n. 8212/91 da Constituição Federal, as empresas necessitam custear integralmente um seguro contra acidentes de trabalho, chamado SAT (Seguro de Acidentes de Trabalho), que consistem em taxas de 1% a 3% que ainda http://blog.sst.com.br/como-a-medicina-do-trabalho-pode-aumentar-a-produtividade-nas-empresas/ http://blog.sst.com.br/como-a-medicina-do-trabalho-pode-aumentar-a-produtividade-nas-empresas/ http://blog.sst.com.br/como-a-medicina-do-trabalho-pode-aumentar-a-produtividade-nas-empresas/ http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/negligencia_empresa.htm http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/negligencia_empresa.htm Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Enfermagem-Saúde e Segurança no Trabalho 36 podem ser dobradas dependendo do histórico de acidentes de trabalho - dentre outros fatores - naquela empresa. Porém, não basta custear o SAT, que é repassado para o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), sendo essa a instituição responsável por oferecer auxílios financeiros aos trabalhadores acidentados. As empresas não estão isentas de responderem legalmente por acidentes que ocorram, e de terem que pagar indenizações por danos morais, estéticos e materiais, incluindo despesas médicas e hospitalares, por exemplo. Portanto, quanto maior é a incidência de acidentes de trabalho em uma empresa, maior serão também os gastos com processos trabalhistas, indenizações e pensões determinadas judicialmente caso seja comprovada a culpa da empresa no ocorrido. Desse modo, a redução do número de acidentes de trabalho é uma vantagem não apenas para os empregados, mas também para os empregadores que terão seus custos com processos e outras responsabilidades drasticamente reduzidos, além de ganharem com um aumento contínuo em produtividade. https://guiadaprevencao.wordpress.com/2015/11/04/sera-que-nos-podemos-aprender-alguma-coisa-com-esse-caso/ https://guiadaprevencao.wordpress.com/2015/11/04/sera-que-nos-podemos-aprender-alguma-coisa-com-esse-caso/ Escola Estadual de Educação Profissional (E.E.E.P)