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Dedico esse livro à... 
 
Deus, a razão da minha música e o epicentro do meu afã 
por essa arte, e a razão de minha precoce imersão... 
Bendito seja o Seu nome eternamente. (O macaco) 
 
Minha mãe Valdelice Araújo (In memoriam), minha 
incentivadora primeira e incansável defensora dos meus 
sonhos, e fã incondicional das minhas primeiras 
composições. Meu exemplo de carácter, coragem, amizade, 
trabalho, e sobre tudo exemplo de vida Cristã. Um silêncio 
que engoliria Hydra... (O emissário) 
 
Minha esposa Lídia Araújo, pelo afinco com que se 
apropriou desse meu sonho, não me deixando desistir 
mesmo em momentos de raro ânimo. Passando ela 
mesma, a sonhar o sonho que eu, na minha ingenuidade, 
pensei ser apenas meu... Obrigado “B”. Sem você ainda 
 
4 
 
seria apenas uma ideia em um papel. Até desabarem... (O 
menestrel) 
 
Meu filho Daniel Araújo, minha mais importante 
composição... Minha inspiração e principal alvo do meu 
legado. Herdeiro da paz, amigo fiel, dono da alegria. Desejo 
que sejas amigo do bem, coerdeiro com Cristo, amante da 
música e sobre tudo o mais leal dos homens, mas se não 
conseguires de tudo ser leal, e surgir a oportunidade... 
Que enganes somente a morte. Eu te amo. (Tipapai) 
 
Todos meus alunos online ou não, e quantos incentivaram 
a feitura desta obra, o meu mais sincero muito obrigado. 
 
Aproveitem a leitura e boa músicaaaaaa!!! 
 
Ed Araújo 
 
 
 
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“A harmonia é uma 
incrível ferramenta. 
E como toda 
ferramenta, precisa 
de um artista.” 
Ed Araújo. 
 CAP I – Caro leitor seja muito 
bem vindo ao incrível mundo dos 
estudos musicais. Espero que 
sua estadia por aqui possa ser 
tanto prazerosa quanto 
esclarecedora. 
 
 
E vamos começar falando de música... 
 
Nesse capítulo introdutório eu vou fazer duas coisas 
especificamente. 
 
Vou explicar como a música chegou à forma como nós a 
conhecemos e como a harmonia se modernizou até o ponto 
que a encontramos hoje. 
 
Bem, e para isso eu vou ter que contar um pouco da 
história de alguns personagens muito importantes. Então 
senta que lá vem a história… 
 
 
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O período Barroco 
(cerca de 1600 a 
1750) 
Vou começar pelo 
ano de 1600, a 1750 
d.c., durante o 
período barroco, 
quando a nossa 
harmonia teve um 
grande avanço. 
 
 
Ela se desenvolveu demais na seguinte ideia: uma melodia 
principal com um acorde apoiando e uma linha de baixo. 
 
Aí você fala: poxa, mas, isso aí é normal… Na verdade não 
era não. É normal hoje, mas na época era muito 
revolucionário pensar assim. E um dos precursores dessa 
ideia foi ninguém menos que Johann Sebastian Bach. 
 
 
7 
 
 
 
Sim o velho João Sebastião acreditava 
nessa ideia revolucionária, de que a 
melodia principal precisava de um 
acorde de apoio (base), e os baixos 
soando para completar todo o espectro 
musical. 
 
Outra coisa que é muito comum hoje, 
mas que não era na época é a música 
ter seu tom (campo harmônico), na época não era, e as 
músicas eram compostas em cima de modos. Isso também 
é uma coisa que Johann Sebastian Bach começou a 
mudar. 
Johann 
Christian Bach 
(Leipzig, 5 de 
setembro de 
1735 – 
Londres, 1 de 
janeiro de 
1782) foi um 
compositor 
alemão, o filho 
mais jovem de 
Johann 
Sebastian 
Bach. Viveu 
um bom 
tempo de sua 
vida na 
Inglaterra, 
motivo pelo 
qual ficou 
conhecido 
como "Bach 
Londrino" ou o 
Bach Inglês. 
 
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A música modal começou a se tornar tonal, e isso começou 
a revolucionar a forma de pensar as harmonias e 
progressões harmônicas. Era o nosso agora tão conhecido 
campo harmônico começando a fazer escola. 
 
Outra coisa muito fácil de pensar, porque conhecemos 
muitas músicas assim, são as modulações que começaram 
a surgir, ou seja, uma mesma música existir em tons 
diferentes. A estrofe em um tom, o refrão em outro. Ex: 
Estrofe em G e o refrão em Bb = Above All | Michael W. 
Smith. 
 
Até isso de estrofe e refrão, quando pensamos em músicas 
daquela época, as estruturas não eram exatamente assim 
não. “O ciclo” de Wagner, por exemplo, durava 18 horas. 
Você passava quase um dia inteiro escutando uma única 
música. 
 
O período Romântico (séc. XIX) 
 
O período romântico que já era no final do século XIX e 
nesse tempo, muito da música como conhecemos hoje 
começou a se evidenciar. 
 
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No final do século XIX os 
autores buscavam uma 
música muito mais 
passional, emocionalmente 
expressiva, por isso 
precisavam também de 
uma harmonia que 
concordasse com isso. 
 
Então aconteceu algo que você nunca vai imaginar fazer 
em uma música. Eles começaram a usar sétimas e nonas. 
Imagina fazer um acorde de Dó com uma sétima maior!? 
Eu sei que é engraçado porque a gente usa muito isso, 
mas é para você ver como a música era diferente. 
 
Eles começaram a usar sétimas maiores, nonas, e isso 
para eles, significou uma mudança harmônica muito 
grande, porque não era muito comum até então, esse 
emprego de sétimas e nonas nos acordes. 
 
Começou então, a ficar mais rica a harmonia daquele 
tempo. Você sabe que soa bem mais sofisticado. Você faz 
um “dózão cara de pau” na função tônica, em seguida você 
faz um Dó com sétima maior, fica diferente. Ele dá aquele 
 
10 
 
ar mais sofisticado e triste, ainda mais para música 
romântica. 
 
Eles também começaram a usar modulações e 
cromatismos, que já vinham sendo usados no período 
barroco, por compositores que pensavam fora da caixinha. 
Isso começou a se intensificar durante o período 
romântico. 
 
No séc. XX 
 
No século passado, começaram a surgir uma série de 
mudanças bem interessantes. 
 
Se o pessoal do período barroco considerou um avanço 
incrível alguns autores romperem com o sistema modal e 
adotarem o tonalismo, imagina no século XX?! 
 
Alguns compositores já vinham desde o século XIX fazendo 
modulações. As canções entravam num tom, mudavam 
para outro, voltavam para o primeiro. Era de deixar os 
mais conservadores de cabelo em pé. 
 
 
11 
 
Nessa época surgiram 
compositores com coragem de 
romper como o óbvio, e posso 
citar dentre eles, o compositor 
Claude Debussy, 
 
 
Richard Wagner e muitos 
outros, que tiveram 
coragem de fazer essas 
loucuras. 
 
Debussy estudou muito, 
ganhou bolsa para 
estudar em Roma, era um cara que conhecia muito a 
metodologia e a forma convencional. 
 
E é esse cara, com formação convencional, que começou a 
pensar fora da caixinha e falou: “Eu vou fazer música com 
liberdade”. 
 
Quando Debussy volta de Roma para Paris, ele conhece a 
vanguarda artística e literária. O compositor francês junto 
com Maurice Ravel foram as figuras mais proeminentes 
 
12 
 
associadas com a música impressionista, embora Debussy 
não tenha gostado do termo quando aplicado a suas 
composições. 
Ele foi feito Chevalier da Legião de Honra em 1903. 
Debussy foi um dos compositores mais influentes do final 
do século 19 e início do século 20, e seu uso de escalas 
não tradicionais e cromatismo influenciou muitos 
compositores que se seguiram. 
 
Durante suas visitas a Bayreuth em 1888-9, Debussy foi 
exposto a musica de Wagner, o que teria um impacto 
duradouro sobre o seu trabalho. Debussy, como muitos 
jovens músicos da época, respondeu positivamente à 
sensualidade de Richard Wagner e às harmonias 
marcantes. O emocionalismo extrovertido de Wagner não 
era para a “pegada” de Debussy, mas a influência do 
compositor alemão é evidente em La damoiselle Élue de 
1889. 
 
Não dá para fazer uma coisa linda como a música caber 
num conceito. A música é maior que conceitos. Os 
conceitos sim servem à música. 
 
 
13 
 
Os músicos impressionistas começaram a usar acordes 
alterados, clusters, quartais, cromatismos, e todas as 
formas possíveis... Alguns começaram a usar até mesmo 
politonalismos. 
 
Imaginem oscompositores da época fazendo aquelas peças 
“super-redondinhas” para orquestra, e de repente surgem 
os impressionistas com acordes que eram tudo menos 
triádicos!? Vamos tratar dessa disciplina mais a frente. 
 
Acordes construídos em uma estrutura de quartas 
superpostas. Aquilo desafiava o óbvio. 
 
Essas obras surgiram a partir do que foi descrito como a 
"crise da tonalidade" entre o final do século XIX e início do 
século XX na música erudita europeia. 
Cabeças explodiram. 
 
Chegou ao ponto em que Igor 
Stravinsky (foto ao lado) achou 
que politonalidade não bastava. 
Ele começou a trabalhar com 
atonalismos extremos. 
 
 
14 
 
O que seria atonalismos extremos? 
 
Penso que seja um desafio à compor sem a âncora de um 
modo, ou de um tom que pudesse tornar as progressões e 
os acordes mais previsíveis, e consequentemente mais 
diatônicos. 
 
Foi então que o Jazz 
herdou essa herança 
visionária. 
 
E através de seus 
grandes e 
inesquecíveis vultos, 
dentre eles cito aqui: 
Charlie Parker, John Coltrane, Miles Davis, Bill Evans, 
etc... 
 
Esses nomes fizeram uma música que fez o mundo prestar 
atenção no que estava acontecendo. 
 
Todos esses grandes autores do Jazz mundial, acabaram 
sendo influenciados pelos impressionistas do início do 
século. 
 
15 
 
Isso impactou diretamente a música que viria. O mais 
afetado por essa “reação em cadeia”, pelo menos no inicio, 
talvez tenha sido o Jazz. 
 
Quem conhece o Real Book e toca alguns Standards de 
Jazz, sabe do que eu estou falando. Músicas que eram 
completamente incríveis. Progressões que propunham 
caminhos diferentes dos convencionais. A criatividade era 
a palavra de ordem. 
 
Quando a gente fala de Debussy e lembra que ele tinha 
aquelas “viagens” de fazer uma quinta seguida de outra 
quinta seguida e de mais outra… uma harmonia composta 
por um ciclo de dominantes… 
 
Hoje quando você vê alguém fazendo um tema com uma 
sequência de dominantes, que chamamos de quinto 
cadencial, progressões muito estudadas hoje em dia, você 
diz: Nossa, o cara inovou! 
 
Se você imaginar que um cara que viveu nos idos de 1880, 
só para citar Debussy, Ravel, Wagner dentre outros, que já 
naquela época faziam isso. Veja bem... Eu estou falando 
do final do século XIX começo dos XX, percebemos o 
 
16 
 
quanto algumas novidades são antigas. Não é mesmo?! A 
gente tem que saber de onde vem a música que nos 
influenciou. As harmonias que tocamos hoje, boa parte 
delas vêm sendo estudadas e pesquisadas há quase 300 
anos. 
 
Se você pensa que elementos chaves como quartais, 
trítonos, cromatismos, acordes de estrutura alterada são 
coisa do nosso tempo, de Neo Soul, de Harmony Urban e 
estilos contemporâneos, caro leitor você não poderia estar 
mais perdido na história da música. 
 
Se considerarmos desde Bach, nós estamos falando de 
quase 500 anos de evolução a se considerar. 
 
E, é óbvio que toda essa revolução causada pelo jazz, 
acabou se desdobrando em um movimento muito 
responsável pela música que a gente conhece hoje, pelo 
menos a música instrumental, que foi o Fusion. 
 
Muito do que chamamos de Jazz hoje, nem é Jazz, é 
Fusion. 
 
 
17 
 
O fusion mais primitivo teve um 
“boom” naquele movimento da 
Mahavishnu Orchestra. Banda 
criada em 1970 por John 
McLaughlin (guitarra), e composta 
em sua primeira formação por 
McLaughlin, Billy Cobham (bateria), Rick Laird (baixo), 
Jerry Goodman (violinos elétrico e acústico) e Jan Hammer 
(piano elétrico, sintetizadores). 
 
Esse movimento muito 
importante continuou 
fazendo escola e se 
popularizando graças a 
influência de nomes 
como: Armando 
Anthony "Chick" Corea, 
Herbie Hancock, Josef 
Erich "Joe” Zawinul (De 7 Julho, 1932 – a 11 Setembro, 
2007) e eu estou falando só de tecladistas. 
 
Tem muitos outros grandes músicos desse cenário e que 
fizeram muita coisa pela música desse tempo. Assim como 
 
18 
 
surgiram muitos outros estilos igualmente influenciados 
por essas vertentes já citadas. 
Posso citar como exemplo a Bossa 
Nova. Você pega uma música de 
Bossa Nova e logo percebe que não 
tem um acorde triádico naquela 
harmonia. 
 
Aquelas progressões super 
sofisticadas da bossa nova, 
inegavelmente apresentavam sintomas claros da influência 
de estilos precursores. 
 
Eu quero destacar aqui entre tanto autores do estilo, Tom 
Jobim. Antônio Carlos Jobim foi um expoente do estilo e 
um representante da música brasileira, cuja colaboração 
ímpar sobre tudo no cenário internacional, imortalizou-o e 
não apenas ele, mas todo um estilo de fazer música. 
 
João Donato de Oliveira Neto, mais 
conhecido apenas como João Donato, é 
um pianista, acordeonista, arranjador, 
cantor e compositor brasileiro. 
Recomendo a pesquisa da obra. Donato 
 
19 
 
foi amigo de todos os expoentes do movimento 
bossanovista. 
 
 Marcos Kostenbader Valle é um 
compositor, cantor, instrumentista e 
arranjador brasileiro. Começou a 
estudar piano clássico aos seis anos de 
idade e formou-se em piano e teoria 
musical em 1956. Em 1964, sua canção Samba de Verão 
atingiu o segundo lugar nas paradas de sucesso 
estadunidenses, e teve pelo menos 80 versões gravadas 
nos EUA. 
 
A música daquele tempo ficou muito, muito rica, afinal 
havia uma cultura de se estudar harmonia por conta do 
estilo musical em destaque na época. 
 
É raro achar, mesmo hoje em dia, um músico de Bossa 
Nova ou MPB que não tenha estudado seriamente um 
pouco de harmonia funcional. 
 
Tente imaginar um músico de Jazz, Gospel, Harmony 
Urban, Neo Soul ou qualquer outro estilo do gênero, que 
 
20 
 
não tenha estudado seriamente harmonia funcional. E é 
por isso, que iremos falar de harmonia agora. 
 
Harmonia tradicional X harmonia funcional 
 
Eu quero falar mais um pouco sobre a diferença da 
harmonia tradicional e a harmonia funcional. 
 
É importante você entender que não é harmonia clássica, é 
um erro chamar até música de música clássica. É música 
erudita. É música do período clássico? É. Mas tem música 
erudita que é do período barroco, então seria música 
barroca e não clássica... Entendeu?! Então chama-se 
música erudita. A harmonia tradicional também não é 
diferente. Ela existe por um motivo, assim como o seu 
nome. 
 
A harmonia tradicional consiste basicamente em uma 
harmonia que tem como preocupação, a construção de 
cada acorde prezando pela condução das vozes. Ou seja, a 
forma como eu monto o meu acorde, vai estar mais 
preocupada com a condução das vozes (intervalos) para 
que todos os instrumentos possam soar de forma mais 
orgânica, mais harmônica, mais conjunta. 
 
21 
 
Lembrando que esse pensamento vem muito do período 
barroco, por causa da escrita do canto coral. Arranjos para 
um quarteto de vozes, um sexteto de cordas, um octeto de 
metais… era muito importante as vozes estarem em 
consonância. 
 
A harmonia funcional é mais preocupada e orientada pela 
função harmônica que cada acorde deve desempenhar 
dentro da progressão, dentro do diálogo harmônico. 
 
Sabe aquelas funções que estudamos no campo 
harmônico? Tônica, Subdominante, Dominante, 
Supertônica, etc... Essas funções são o que preocupam 
mais a harmonia funcional. Ela é mais preocupada com a 
função de cada acorde dentro do campo harmônico, do que 
com condução de vozes. 
 
E o que isso muda? 
 
Dá-nos uma liberdade enorme para construir o acorde. Por 
exemplo, eu não preciso me preocupar em usar um acorde 
triádico em terça superposta, Dó, Mi Sol, e na sequência, 
usar um acorde quartal. Por quê? Porque eu não preciso 
me preocupar em como o encadeamento de uma voz, vai 
 
22 
 
conectar na outra dentro da progressão. Eu estou mais 
preocupado em como a harmonia vai soar como um todo, e 
em como aquele acorde está funcionando dentro do papel 
dele no campo harmônico. 
 
É muito maisfácil montar alguma progressão com o clima 
esperado, como eu citei aqui do período romântico, quando 
eu tenho essa liberdade para construir o meu acorde. 
 
Vale a pena lembrar que a harmonia funcional é apenas 
uma evolução da harmonia tradicional. Ela não é uma 
coisa que surgiu sozinha, ela evoluiu da outra. 
 
Então, como eu contei aqui um pouquinho para você, a 
gente vai vendo que uma descoberta vai favorecendo outra, 
que vai favorecendo outra, e a música vai mudando, vai 
evoluindo. Na verdade eu queria colocar aqui que a música 
não evolui. Somos nós que ao longo dos anos evoluímos 
para entender a grandeza da música. 
 
Falando um pouquinho do estudo da harmonia. 
 
Qual a importância do estudo da harmonia para o músico 
em geral? 
 
23 
 
É complicado… Antigamente não se pensava um músico 
que não conhecia, ou não estudasse harmonia. Mesmo que 
fosse a harmonia tradicional, você tinha que conhecer. 
Então eu vou falar um pouco disso para você. 
 
Compositores e estudantes de composição, gente que 
pretende compor ou que pretende estudar e entender uma 
composição, mesmo que você não seja um compositor… 
você precisa de um conhecimento vasto de harmonia. 
 
Imagine criar qualquer linha de melodia, seja para um 
instrumento, seja para um cantor, sem imaginar a 
harmonia?! É como se você criasse uma linha melódica, 
sem ter ideia do efeito que ela vai causar em alguém. 
Preocupando-se só com a letra e com a melodia. 
 
Você se lembra daquelas músicas antigas de cinema? 
Aquelas trilhas épicas com tambores que dava uma 
sensação de grandeza e heroísmo?! Pesquisem trilhas 
memoráveis de filmes como Tubarão (Main Title) que 
provoca medo e ou suspense, Ben-hur (Overture) passa 
uma sensação de grandeza, essas duas trilhas são do 
grande mestre John Willians, ou mesmo o tema principal 
do filme Carruagens de Fogo, esse último é realmente 
 
24 
 
genial, dá uma sensação de que o Olimpo está realmente 
representado no filme, uma obra prima do incrível músico 
e compositor grego Vangelis. 
 
Hoje em dia muitas músicas Gospel têm se utilizado de 
tambores também, dando um clima de guerra, porque a 
música tem esse poder. Para você conseguir causar isso na 
sua audiência, nos seus expectadores, você precisa 
entender de harmonia, saber como uma harmonia afeta as 
pessoas. Até um acorde, um acorde maior ou menor, pode 
ser alegre ou triste. 
 
Imagine o seguinte... 
 
Um contratante procura por você e dispara: “Aqui, faz um 
arranjo para essa música. Re-harmonize, faça um arranjo 
novo para ela”. Como se você não sabe nada de harmonia? 
 
Você pode sair inventando? Pode. Pode copiar ideias que 
ouviu em trabalhos de outras pessoas? Pode. Pode apenas 
dar um sofisticada na ideia inicial que lhe foi apresentada? 
Pode. Mas sejamos francos. Em todas as hipóteses acima 
você estará voando as cegas. Você não conhece os 
elementos necessários para o trabalho. Logo, sua 
 
25 
 
ignorância a respeito de um assunto tão necessário será 
um peso a ser carregado. Isto é um fato. 
 
E agora isto... 
 
Como improvisar sem conhecer acordes? “Alguém faz um 
acorde com estrutura alterada”, ou seja, um acorde que 
tenha uma quinta aumentada, por exemplo. 
 
Um músico sem conhecimento de harmonia pode fazer 
uma escala que tenha uma quinta justa; quando ele tocar 
a quinta o acorde vai parecer errado. “Ué, eu errei?” 
 
Conhecer a estrutura de um acorde é boa parte de saber 
improvisar. Como é que você improvisa em cima de uma 
coisa que você não conhece? 
 
O cara fez uma diminuta para fazer um 2-5-1, você vai 
improvisar em cima, a quinta é bemol, a terça é menor, a 
sétima não é sétima, é sexta. Então, que escala você faz? 
 
 
 
 
 
26 
 
Análise harmônica. 
 
Você sabe o que é uma análise harmônica? É por exemplo 
pegar a música de um artista que você admira, e fazer a 
análise harmônica da música inteira. 
 
Para que eu iria fazer isso? 
 
Para aprender os conceitos que nortearam aquela ideia. 
Saber o que tal músico pensou quando compôs a música 
que você tanto gosta. Analisar a harmonia de uma música 
é aprender, absorver, é ver pelos olhos do seu ídolo, o seu 
músico de referência, a música que você irá fazer no 
futuro. 
 
Vamos dizer que você adore os Beatles. Você é fã dos 
Beatles. Então, pegue todas as músicas dos Beatles e faça 
uma análise harmônica. 
 
Quando for compor uma música, vai poder compor com 
harmonias similares a dos seus ídolos, e o mais 
importante, as sacadas que os músicos tiveram. 
 
 
27 
 
É claro que no caso dos Beatles, eles são uma grande 
escola de acorde perfeito maior, mas não é uma grande 
escola de harmonias difíceis. 
Vamos dar uns exemplos do nosso país: Djavan. Tom 
Jobim. Ivan Lins. João Bosco. Esses são grandes 
harmonizadores. Se fizer uma análise harmônica da obra 
desses autores, você entrará em uma viagem armado 
apenas com sua criatividade, porém do outro lado da 
análise, você vai se tornar um músico extremamente 
sofisticado. 
 
Esses músicos, para se tornarem os músicos que foram, 
também fizeram análises harmônicas de músicos antes 
deles. 
 
Então se o cara é um maestro, escreve para um grupo, ele 
não vai conseguir, porque ele fez um acorde superdifícil, 
mas não sabe como colocá-lo numa cifra. Porque ele não 
sabe se tem sétima, se tem nona, se é com décima terceira, 
não sabe nada. Fica complicado transcrever peças 
musicais dessa maneira. 
 
O estudo de harmonia funcional é uma indispensável 
ferramenta, porém cabe aqui um importante lembrete. 
 
28 
 
 
Não deixe a harmonia limitar você. Use-a como uma 
ferramenta. Componha seus arranjos, suas ideias 
musicais, sempre usando a harmonia a seu favor e nunca 
como uma regra, que vai limitar sua criatividade. 
 
Vai chegar um tempo em que a música que você está 
fazendo, será um avanço incrível. Então não menospreze a 
importância dessa ferramenta, mas também não deixe que 
ela seja o centro da sua criatividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
“Agarre-se ao 
conhecimento como 
um apaixonado… se 
você amar a música, 
ela vai amar você” 
Ed Araújo. 
 CAP II - Nesse segundo 
capítulo nós vamos falar um 
pouco sobre notas e sobre 
frequências. Como surgiram, 
ou como foram descobertas. 
Tudo sobre notas, porque são 
as notas que compõem o acorde, 
que compõem as progressões e nós 
precisamos entender tudo sobre esse assunto que é 
fantástico. 
 
Pitágoras 
 
Eu queria falar para você a princípio 
sobre um filósofo e matemático. Na 
verdade o pai da matemática, Pitágoras 
de Samos. 
 
 “Espere, o que é isso cara? Pitágoras? 
Filósofo? Eu vim aqui aprender 
harmonia.” 
 
30 
 
Seja paciente caro leitor e, você vai entender. 
 
Pitágoras era de 570 a.c., ele nasceu na ilha grega de 
Samos, por isso Pitágoras de Samos (não era um 
sobrenome, era referência à ilha de onde ele veio). 
 
Ele viajou bastante com seu pai, eles tinham recursos. 
Estudou com os melhores professores, e alguns desses 
professores eram filósofos. Tocava 
lira. Ele era músico, não era um 
alguém curioso apenas. 
 
Aprendeu aritmética, geometria, 
astronomia, poesia, era um jovem 
que estudou demais. Acabou sendo o pai da matemática 
por desenvolver o pensamento matemático e a escola 
pitagórica. Foi também o precursor do estudo de teoria 
musical. 
 
Lenda 
 
Tem uma lenda muito legal, que conta que Pitágoras 
estava passando em uma rua e ouviu na oficina de um 
 
31 
 
ferreiro, homens batendo o martelo, forjando ferro, e cada 
batida de martelo tinha um som diferente na cabeça dele. 
 
Ele ficou intrigado com aquilo e percebeu que dependendo 
do tamanho ou peso do martelo, o som saía diferente. 
 
Um resumo da história é que Pitágoras criou um 
instrumento chamado monocórdio. E como o nome diz, 
era um instrumento de uma corda. Ele marcou doze 
espaços iguaisentre as pontas que prendiam a corda no 
instrumento e percebeu que cada espaço desse tinha um 
som. 
 
Assim ele foi descobrindo intervalos entre essas notas. Ele 
achou uma oitava, uma quinta, uma quarta… intervalos 
interessantes, ele percebeu que um som, era o mesmo do 
outro, porem mais agudo. 
 
Foi talvez o primeiro a registrar essas notas com seus 
respectivos intervalos. 
 
 
32 
 
Os pitagóricos, que foram os seguidores de Pitágoras mais 
tarde, foram um dos poucos movimentos, senão o único, a 
estudar a música de 
forma científica. A 
estudar a teoria 
musical, até o advento 
de Aristóteles. 
 
Estamos falando aqui 
de quase 600 a.c. 
Naquele tempo já 
haviam pessoas estudando música de forma científica. E 
nós vamos estudar no próximo capítulo esses intervalos 
musicais também. 
 
Este é um estudo muito importante, porque o estudo dos 
intervalos musicais é uma coisa vital para a compreensão 
da música. 
 
Não é legal saber que quase 600 a.c. já tinha alguém num 
“instrumentozinho” de uma corda, pesquisando a relação 
das notas e seus intervalos, e nós estamos hoje, aqui 
estudando a mesma coisa?! Pensar que tinha um músico, 
lá na Grécia com uma corda amarrada a um pedaço de 
 
33 
 
pau estudando a mesma coisa da qual trata este livro. Isto 
com certeza é uma inspiração. 
 
Vemos então que não é uma questão de oportunidade ou 
tecnologia. O estudo da música é uma questão de vocação. 
E, isso é uma primeira coisa a se identificar. 
 
Guido D'Arezzo 
 
Existiu um homem chamado Guido D’Arezzo, ele era um 
monge, regente do coral da catedral de Arezzo, na Toscana, 
Itália. 
 
 
 
34 
 
Guido D’Arezzo sentiu uma necessidade, 
aproximadamente 900 anos depois de Cristo de registrar 
as ideias musicais dele, os arranjos que fazia. 
 
Lembrando que as notas ainda não tinham nome. 
 
Você consegue imaginar, que quase 100 anos depois de 
Pitágoras ter registrado os intervalos e descoberto a 
relação entre as notas, ninguém sequer havia colocado 
nome nas notas?! 
 
O estudo da música era uma tradição muito oral. Você 
passava para seu filho e ele para o filho dele. Ou você ia a 
um mosteiro estudar, e era uma música religiosa. 
 
A música ia passando de geração em geração de maneira 
muito pessoal. Obviamente, a música ia sendo alterada a 
cada novo intérprete que tocasse essa música, porque 
cada um que toca uma música coloca um pouco de si 
nessa música. 
 
Muitas dessas músicas, nós nunca vamos saber como de 
fato foram compostas. 
 
 
35 
 
Quem é cristão sabe que muitos dos salmos que lemos, até 
hoje ninguém sabe qual eram as suas melodias. Afinal, 
não havia um sistema de registro até 990 anos depois de 
Cristo, quando um monge chamado Guido D’Arezzo, 
sentiu uma necessidade de criar um registro, que ficasse 
conhecido para todo mundo. Um registro com o qual os 
músicos tivessem a oportunidade de guardar as suas 
músicas com altura e tempo de duração de nota, que é o 
que chamamos de partitura hoje. 
 
Uma das primeiras medidas que Guido tomou logo no 
começo foi a de nomear as notas. 
 
Naquela época São João Batista era considerado o 
padroeiro dos músicos. 
 
 Guido D’Arezzo, como você 
deve saber era um monge 
católico. 
Até hoje, se você pensar, a 
linguagem musical é em 
italiano... Da capo, ritornelo 
fortíssimo, pianíssimo… 
 
 
36 
 
Guido batizou as notas 
musicais da seguinte 
maneira. Ele pegou as 7 
notas musicais e as batizou 
com o nome de cada sílaba 
inicial, de cada linha de um 
hino conhecido como 
Oração a São João Batista, 
onde ele pegou a primeira: 
Ut, segunda: Re, terceira: 
Mi, quarta: Fa, quinta: Sol, 
sexta: La e sétima: San. 
 
Mais tarde, ele acabou por 
uma questão puramente 
vocálica, uma questão de 
pronúncia, porque ele trabalhava com música cantada 
obviamente, mudando isso. O Ut passou a ser Do, e o San 
passou a ser Si. Então ficamos com Do, Re, Mi, Fa, Sol, 
La, Si. 
 
Guido criou um sistema de anotação musical, baseado em 
um sistema de quatro pautas: o tetragrama. 
 
Ut queant laxis 
Resonare fibris 
Mira gestorum 
Famuli tuorum 
Solve polluti 
Labii reatum 
Sancte Ioannes 
 
Que significa: 
"Para que teus grandes 
servos, possam ressoar 
claramente a maravilha 
dos teus feitos, limpe 
nossos lábios impuros, ó 
São João." 
 
37 
 
Hoje não utilizamos esse sistema. Hoje, usamos um com 
cinco pautas, que é o pentagrama. 
 
Guido D’Arezzo criou algumas partituras nesse sistema, e 
mais tarde, ele mesmo teve a ideia de acrescentar uma 
quinta pauta para aumentar a extensão da escrita. 
 
Quem já lê partitura sabe do que eu estou falando. Quanto 
mais grave ou aguda é uma nota, se faz necessário o uso 
de linhas suplementares, e isso facilitou que a extensão 
fosse mudada por Guido. 
 
Notas 
 
Falando sobre notas musicais, sabemos que a nota é o 
menor elemento de um som. 
 
Um acorde são várias notas soando ao mesmo tempo, mas 
se formos subdividir, não é o intervalo, e sim a nota que é 
o menor elemento de um som. 
 
Eu queria explicar um pouco sobre o som, porque quando 
falamos de notas, sempre estamos falando sobre som. 
 
 
38 
 
Quando um instrumento gera uma nota, sobretudo um 
instrumento de corda, como um violão, ou um violino ou 
piano (instrumentos onde uma corda vai tanger), quando 
aquela corda é ferida, o atrito do seu dedo naquela corda 
faz com que as moléculas de ar sejam movimentadas, e 
esse movimento tem uma frequência. 
 
Frequência 
 
A frequência dessa nota vai ser a frequência do seu 
instrumento. Se você colocar o dedo em lugares diferentes 
no seu violão, ele vai ter sons diferentes, e o seu teclado 
também, porque imita um piano. 
 
Cada vez que você bate em uma tecla do piano, ela vai 
bater em cordas de tamanhos diferentes, então o princípio 
de Pitágoras está aí: O tamanho da corda definindo a 
altura da nota e o intervalo entre as notas. 
 
O que eu estou querendo dizer com frequência? Se eu 
perguntar para você com que frequência vai ao colégio ou 
igreja, ou assiste a um filme, ou vai ao cinema, eu estou 
querendo saber quantas vezes você faz determinada coisa 
em um determinado espaço de tempo. Se eu pergunto para 
 
39 
 
você, com que frequência soa essa nota, significa que 
existe uma quantidade de vezes em que ela vibra por 
segundo, e isso vai determinar se essa nota é alta ou 
baixa, dentro do intervalo das notas. Se ela vai ser mais 
aguda ou mais grave, como falamos em português. Se ela 
vibra mais ou menos vezes. 
 
O nosso ouvido capta essa frequência, ou seja, quantidade 
de vezes em que as moléculas de ar estão sendo 
movimentadas, e o nosso ouvido atribui um som ao nosso 
cérebro. 
 
Tem gente que tem um ouvido absoluto, e ao escutar um 
som, sabe identificar se é um Do 3, um Do 4. Cada nota 
tem seu som característico, diferente. Isso está 
estabelecido pelo número de vezes em que ela vibra. 
 
Quando a gente fala em frequência, tem muita gente que 
pensa em um equalizador, e está certo, todo som tem 
frequência. 
 
A frequência não tem a ver com agudo ou grave, e sim com 
a quantidade de vezes em que uma coisa se repete, a 
quantidade de vezes que está vibrando. 
 
40 
 
Toda frequência tem nota. Quando você escutar o barulho 
de um cachorro latindo, tem nota. 
 
Pesquise sobre um 
músico brasileiro 
chamado Hermeto 
Pascoal. Vai 
descobrir que ele é um 
músico que percebeu 
isso, e ficou 
mundialmente 
conhecido por usar sons de animais nas suas músicas. 
 
Hermeto Pascoal tem um ouvido absoluto, é um músico 
incrível e percebeu quando garoto, que quando um 
passarinho cantava, era uma melodia. 
 
Hermeto conseguia tirar no cavaquinho, no acordeom, um 
som igualzinho. 
 
Tem pessoas que demoram a entender que todo som tem 
sua nota respectiva. 
 
 
 
41 
 
Existiu um físico alemão, que se chamavaHertz. 
 
Heinrich Rudolf Hertz. Ele fez 
muitas descobertas importantes 
para física mundial, e acabou 
tendo o seu nome, como 
homenagem, colocado a essa 
unidade de medidas que mede as 
frequências. Então hoje dizemos 
400 Hertz, 2 Kilohertz ou 2000 
Hertz. 
 
Antes do nome de 
Hertz ser 
atribuído à 
unidade de 
medidas que mede 
as frequências, o nome utilizado era Ciclos 
por Segundo - CPS. 
 
Acho que essa nomenclatura era mais amigável. Nada 
contra Hertz, a homenagem é válida e mais que merecida, 
mas quando você diz que uma nota está em 400 ciclos por 
segundo, o músico possivelmente entende melhor. Agora 
Heinrich 
Rudolf Hertz 
(Hamburgo, 22 
de fevereiro de 
1857 — Bonn, 
1 de janeiro de 
1894[1]) foi 
um físico 
alemão. Hertz 
demonstrou a 
existência da 
radiação 
eletromagnétic
a, criando 
aparelhos 
emissores e 
detectores de 
ondas de rádio. 
 
42 
 
Hertz é um sobrenome alemão, e quando você diz que uma 
nota tem 400 Hertz, muitos não associam a frequência de 
vezes que essa nota está se movimentando, e acabam não 
entendendo. 
 
Você sabia que o Do central do piano, é o Do 3, e que tem 
261 Hertz? Ou seja, ele vibra 261 vezes por segundo? E, 
para quem toca violão ou guitarra, sabia que o violão 
afinado em 440 Hertz é a frequência da quinta corda que 
seria de um La 3? Vibra 440 vezes por segundo? 
 
Cada frequência é uma nota. Você sabia que aquele 
barulho de microfonia na hora do culto, é uma nota? Tente 
encontrar na sua guitarra ou teclado o mesmo som... (Isso 
seria o que o Hermeto Pascoal faria). 
 
As notas estão aí o tempo todo. Você pode usar sons do 
ambiente para criar arranjos, mas sobretudo, entenda que 
não se cria harmonia sem acordes, e não se cria acordes 
sem notas. 
 
Vamos estudar sobre diversas formações de acordes, mas 
entenda primeiro que a nota talvez seja a coisa mais 
importante para um músico. 
 
43 
 
Imagina se você conseguir identificar uma nota de longe. 
Talvez você tenha uma maior facilidade para tirar 
melodias, e talvez você consiga encontrar acordes de forma 
mais rápida. Porque você passou a prestar atenção nas 
notas. 
 
Você que é tecladista, você sabe identificar se o Do que 
você está tocando é um Dó 3, Dó 1, Dó 2, Dó 4? Não fale 
apenas Dó. Não quando for nota. 
 
Você que gosta de usar cifra para denominar uma nota, 
saiba que toda vez que você coloca uma cifra, o músico 
pensa em acorde. 
 
Uma partitura é uma representação escrita de música 
padronizada mundialmente. Tal como qualquer outro 
sistema de escrita, dispõe de símbolos próprios (notas 
musicais) que se associam a sons. 
 
Não é comum no Brasil usarmos cifras para denominar 
notas. Para notas costumamos usar partitura. 
 
Para aqueles que não leem partitura porque acham 
complicado, acreditem em mim... É muito fácil aprender a 
 
44 
 
ler. O que é necessário? Só ler. Fique lendo. Eu sugiro que 
você leia partitura todo dia. A prática da leitura levará a 
um reconhecimento imediato quando for tocar uma 
canção. 
 
Agora, mesmo que você saiba ler partitura, se ficar um ano 
sem colocar a mão em uma partitura, vai ler de forma 
mais lenta e defasada. Partitura tem a ver com treino. É só 
praticar todo dia. 
 
Procure pegar todas as suas ideias musicais e escrever 
partitura. 
 
Tablatura (ou tabulatura) é uma forma de notação 
musical, que diz ao intérprete onde colocar os dedos em 
um determinado instrumento, em vez de informar quais 
notas tocar. 
 
Mas se começar a colocar tablaturas e um monte de coisas 
para substituir a leitura convencional, nunca vai 
conseguir ler. 
 
O que eu tenho percebido hoje em dia, que atrapalha 
muito os músicos de avançarem em suas performances, é 
 
45 
 
a falta de dedicação. Muitos músicos hoje tem muita 
preguiça para estudar. 
 
Tenho falado sempre: se você amar a música, se apaixonar 
por ela, ela vai amar você. O teclado vai te amar, o violão 
vai te amar. 
 
Aquele músico que faz um acorde que você não faz, é 
porque ele estuda mais tempo ou há mais tempo do que 
você. Então ele está melhor que você por uma questão de 
justiça simples: quem estuda e treina mais, aprende mais 
e executa melhor... 
 
Um amigo meu, quando alguém lhe desejava boa sorte, ele 
sempre respondia assim: “Não preciso de sorte, eu 
ensaiei.”. É uma coisa que parece arrogante, mas não é 
não. 
 
Quem ensaia, conhece a música. Está preparado. Fica 
tranquilo. Esse negócio de boa sorte, frio na barriga, é 
para quem não estudou. 
 
 
46 
 
Nunca desista de 
aprender… se você 
abandonar os seus 
sonhos, eles 
abandonarão você; 
Ed Araújo. 
CAP III – Bem-vindo ao nosso 
terceiro capítulo. 
 
Aqui nós vamos tratar sobre 
intervalos. 
 
Já falamos sobre notas, fizemos 
uma pequena introdução à música e 
harmonia, agora vamos falar sobre intervalos, esses que 
são os amigos do peito de todo músico. 
 
Todo tecladista, violonista, músicos de um instrumento 
harmônico em geral, precisa muito deles. São os intervalos 
que nos dão essa percepção de como a distância entre as 
notas são importantes para construção dos acordes, para 
sua sonoridade e para harmonia de um modo geral. 
 
Bom, eu vou começar falando para você o seguinte. O 
intervalo é a diferença de altura entre uma e outra nota. 
 
 
47 
 
Quando eu toco, por exemplo, um Do, depois eu toco um 
Mi, esse Mi está 3 graus e dois tons acima do Dó. Claro 
que quando eu falo três graus eu estou considerando o 
campo harmônico da escala maior diatônica. 
 
Numa construção triádica comum, a próxima nota seria o 
Sol, e depois o Si fechando a tétrade. E aí você pode 
estudar a distância entre elas. De Dó a Mi, terças. De Dó a 
Sol, quintas. De Dó a Si, sétimas. Você vai perceber todos 
que a ligação entre esses intervalos produz. Sensações 
diferentes. 
 
Experimente tocar uma sequência de notas em intervalo 
de terças, depois em intervalo de quintas e depois intervalo 
 
48 
 
de sétimas. Sinta como causam sensações e produzem 
sons bem característicos. 
 
Cada intervalo nos dá uma sensação característica, a 
harmonia tem esse poder. 
 
Na unidade de medida da música ocidental, que se baseia 
na escala logarítmica, as menores unidades de medida são 
o tom e o semitom. 
 
De Dó para Ré tem um tom. De Ré para Mi bemol tem 
meio tom. Quando eu pulo três teclas no piano eu tenho 
um tom de distância. Quando eu pulo só duas, tenho meio 
tom. Então se você pensar Dó/Mi, temos dois tons. 
 
 
 
 
49 
 
O próximo intervalo, que seria o quarto grau do campo 
harmônico, seria o Fá. Então do Dó para o Ré, tenho um 
tom. Do Ré para o 
Mi, um tom. Do Mi 
para o Fá, meio tom. 
Toque esse intervalos 
e tente percebê-los. 
É diferente o som, 
não é?! Muita gente não considera esses importantes 
detalhes na hora de formar os acordes e talvez seja por 
isso que não criam acordes mais interessante. 
 
Os intervalos são importantes para te fazer perceber essas 
coisas. Alguns intervalos, você vai ver que soam muito 
diferentes de outros. 
Você pode classificar os intervalos em basicamente quatro 
categorias: Se são melódicos ou harmônicos, se são 
simples ou compostos. 
 
Intervalo melódico ou harmônico: Se ele soar simultâneo 
(ao mesmo tempo) é harmônico. Se as notas soarem em 
sequência (uma após a outra), é melódico. 
 
 
50 
 
Quem já viu as aulas gratuitas no meu canal 
(https://www.youtube.com/edaraujo) deve ter me visto 
fazendo ataques com intervalos de sextas. 
 
 
 
E como seria isso? Começaremos com um Lá. Qual a sexta 
de Lá? Fá sustenido. Mantenha essa distância entre as 
notas, e comece a tocar outras notas do CH (Campo 
harmônico) criando assim, uma melodia a duas vozes. 
 
 
 
No contexto certo, essa ideia pode gerar um arranjo 
musical muito bacana. Para isso precisaremos praticar um 
pouco. 
 
 
51 
 
“Tudo bem, você explicou intervalosharmônicos e 
melódicos. E o simples e composto?”. Esses são mais fáceis 
ainda. São intervalos feitos dentro ou fora da oitava. Por 
exemplo, eu faço um ataque de sexta. 
A sexta está dentro da oitava? Está. Seis, sete, oito. Mas, 
eu poderia, por exemplo, fazer um ataque batendo um Ré e 
um Mi. Fundamental e nona. Ou bater Fá sustenido e Mi, 
um depois do outro. 
 
 
Quando está dentro da oitava, é um intervalo simples. 
 
52 
 
Eu não vou falar de acordes agora, porque logo vou 
ensinar como montar um acorde, criar triádicos, clusters, 
enfim, vem muita coisa bacana por aí... 
 
Mas, eu quero te dizer algo importante. 
 
Se você pensar nos acordes que já conhece, e levar em 
consideração os intervalos desses acordes, poderá 
entender a forma como tais acordes foram criados, e 
quando entender isso, você vai entender a importância que 
tem os intervalos para um músico. 
 
Mesmo você que é violonista, que é guitarrista, você vai 
entender o porquê que alguns músicos criam umas 
harmonias tão interessantes e, sobretudo acordes com 
versões tão interessantes. 
 
Tudo tem a ver com intervalo. 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
Veja o exemplo no gráfico: 
 
Não é impressionante que mesmo com tão poucos acordes 
certas canções sejam tão lindas. E como é legal ver certos 
acordes simples soarem tão bem em uma canção. O 
estudo dos intervalos tem tudo a ver com isso. Recomendo 
que você ouça o arranjo acústico dessa canção. Poucos 
acordes e um show de beleza. 
 
Segue a cifra pra você estudar em seu respectivo 
instrumento. 
 
|BM7 |ADD9 |A9/C# |D9 |A9 |F#m67 |G67M | 
 
 
54 
 
Alguns intervalos por ficarem próximos uns dos outros 
causam essa sensação de diferença, de tensão. A maioria 
das pessoas não percebe isso. 
 
Quando você pega esses ensinamentos e não testa, não 
escuta no seu instrumento, a sua vida não muda em nada. 
A teoria sem prática é vazia. 
 
Exemplo: Isso é um acorde G7 9 11. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mão esquerda com estrutura de quinta justa. Mão direita 
com intervalos de quartas justas e aumentadas. A partir 
da quarta do Sol. 
 
 
55 
 
G7add9-11. Dominante suspenso. Com uma estrutura 
mista. Eu peguei um acorde de estrutura de quintas e 
quartas e mesclei. 
 
Eu vou formar esse mesmo acorde em Ré. 
 
 
 
Mão esquerda de quinta justa. 
D A E 
 
Mão direita. 
G C F# 
 
A mesma estrutura de quintas e quartas aplicadas de 
forma mesclada. 
 
56 
 
Vamos fazer em Fá agora. 
 
 
 
Mão esquerda. 
F C G 
 
Mão direita. 
Bb Eb A 
 
Você entendeu que eu peguei um acorde de estrutura 
relativamente complicada, e repliquei para vários tons 
diferentes? 
 
Então eu pergunto: eu posso fazer em Si bemol? Posso. 
Porque eu vou pensar sempre na mesma estrutura. 
 
57 
 
Quintas na mão esquerda, quartas justas e aumentadas 
na direita. 
 
Significa que se eu te passar um acorde quartal com um 
trítono na mão esquerda... 
 
 
 
Você irá analisar os intervalos do acorde e poderá replicá-
lo em qualquer tom, porque já entendeu a estrutura do 
acorde. 
 
Comece a pensar nos acordes pelos graus e não pelo nome 
das notas. Comece a decorar os intervalos, a estudar isso, 
a altura que tem de uma nota para outra. 
 
 
58 
 
É preciso entender que as notas tem uma diferença tanto 
de altura, quanto de relação dentro da própria estrutura 
do campo harmônico, e o porquê. 
 
Tem gente que até hoje confunde terceiro grau com três 
tons. Você fala: pula três graus. E o cara pula três tons. 
 
Tem gente que se tocar em um tom que tenha muito 
sustenido, o cara fica doido e não consegue tocar… por 
quê? Não estudou intervalos. 
 
Nada do que eu disser aqui vai mudar a sua vida, se após 
ler sobre isso, você não se der uma chance para assimilar 
o conhecimento. Se você não praticar o conhecimento ele 
estará adormecido dentro de você. 
 
Sabe aquela pessoa que compra um livro e quer ler todos 
os capítulos em um dia? Pode fazer, o livro é seu. Mas, 
depois volte e releia cada capítulo com carinho. 
 
Você precisa assimilar esse conhecimento. E tudo em um 
só dia, não vai entrar na sua cabeça. 
 
 
59 
 
Estabeleça para você uma meta. “Eu vou aprender isso em 
tanto tempo” e, que seja uma meta honesta, algo que você 
realmente possa cumprir, sem sacrificar o seu 
aprendizado. 
 
Entendeu como intervalo é uma coisa importante e pode 
ser usado de forma muito criativa? Não pule as etapas. 
Confie na pessoa que escreveu esse livro para você. 
 
Estou querendo levar um conhecimento para você que não 
seja muito cansativo, mas o mínimo de informação é 
necessário. Se você estivesse fazendo um curso numa 
instituição convencional, acredite em mim, você passaria 
anos estudando isso. Porque um músico tem que saber de 
onde vem o que ele faz! 
 
Você não pode trabalhar a vida inteira com uma coisa 
desconhecendo até o porquê de ela existir. Então tenha 
paciência. 
 
Eu costumo dizer que existe um motivo para Jesus ter dito 
que os mansos herdarão a Terra. É porque os afoitos vão 
acabar se matando. Vão brigar no trânsito, se jogar de um 
 
60 
 
prédio... Não consigo imaginar uma pessoa ansiosa 
sentada num canto estudando violão, piano, guitarra. 
 
Quanto tempo leva para um guitarrista/tecladista 
desenvolver uma autonomia legal no seu instrumento? Se 
você não tem paciência para estudar, não importa quantos 
cursos compre, quantos livros leia, você não vai aprender. 
 
Não tem como alguém que desistiu de estudar virar um 
grande músico. O cara que não desistiu, tem chance. Aí 
você fala “Ed, eu não sei, eu tenho pouca chance de me 
tornar um grande músico.” Mas tem! E quem desistiu, não 
tem mais. 
 
Há uma grande diferença entre ter chance de falhar e ter 
certeza que falhou. Certeza que falhou, é só quando a 
gente desiste. 
 
Coloque em prática o que aprendemos nesse capítulo, que 
daqui para frente vamos estudar muito. 
 
 
 
 
61 
 
“O bonito é legal… o 
funcional é muito 
mais legal. O belo e 
o funcional são 
perfeitos.” Ed 
Araújo. 
 CAP IV - E aí galera? 
Finalmente chegou nosso 
capítulo sobre acordes. 
 
Uma coisa que realmente, eu 
acho que mesmo para quem é 
iniciante, é algo muito, muito 
importante. São os acordes. 
 
A base de toda progressão. Tudo que nós vimos até 
agora, é muito importante. 
 
Saber a história da música, da harmonia, porque a 
harmonia está como está, de onde vieram essas 
influências para esses acordes tão diferentes terem 
surgido. 
 
Conhecer o que são notas, tanto na concepção física, 
quanto na concepção histórica… tudo isso é muito 
importante. 
 
 
62 
 
Mas com certeza, mesmo para pessoa mais leiga no 
assunto os acordes são extremamente importantes. Porque 
são com eles que nós montamos as nossas tão amadas 
progressões harmônicas. 
 
Eu quero falar um pouco sobre as mais conhecidas formas 
de formar acordes, e você vai entender o porquê que 
aqueles músicos que eu citei no primeiro capítulo, 
buscaram novos conceitos harmônicos. 
 
As coisas vão sendo criadas, e chega um ponto que não é 
mais uma questão de bom gosto e criatividade, mas a 
própria estrutura já começou a ficar cansada. 
 
Imaginem... Nós estamos falando de centenas e centenas 
de anos, do ser humano criando acordes, por exemplo, 
com a estrutura triádica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
63 
 
Acordes formados numa estrutura de terças superpostas. 
 
Chega uma hora, em que esse tipo de abertura acaba se 
esgotando, mesmo nas suas muitas possibilidades, por 
mais que o ser humano seja criativo. 
 
Surgiram então, outras formas de acordes. Vamos falar 
disso hoje. 
 
Primeiro vamos estabelecer um senso comum do que seja 
acorde de um modo geral. 
 
64 
 
Um acorde é a combinação de três ou mais sons 
formados por notas diferentes, com um intervalo fixo 
entre si e a partir de uma nota tônica. 
 
Porexemplo, eu estou aqui em Dó maior. As três notas são 
Dó, Mi, e Sol. São notas diferentes, a partir de uma tônica, 
no caso o Dó e com um intervalo fixo, ou seja, terças. 
 
A cada intervalo de terças superpostas, a gente vai 
colocando... Dó, Mi, Sol, Si, Ré, Fá, Lá e etc... 
 
Enfim, onde eu quero chegar com isso? Gente, 
estabelecendo-se isso, você sabe o que é um acorde. São 
três ou mais notas diferentes, a partir de uma tônica 
principal, com intervalo fixo entre si. 
 
Terça, quarta, segunda, segunda menor, quarta justa, 
quarta aumentada, e aí vai depender muito da estrutura 
de acorde que se pretende. 
 
Vamos falar especificamente de três acordes aqui, se bem 
que vou citar um quarto depois... 
 
 
65 
 
Os acordes de clusters, que são acordes montados sobre 
uma estrutura de segunda ou segunda menor (Dó-Ré ou 
Dó-Dó#). 
 
Eu usarei como exemplo o Bm7 add9, que tem um cluster 
bem no meio do acorde. 
 
 
 
Esse acorde, apesar de possuir um cluster muito bacana, 
é uma acorde majoritariamente triádico. 
 
Vamos retornar a esses acordes com um cluster em sua 
estrutura daqui a pouco. 
 
Seguindo o raciocínio, esses acordes de cluster, na verdade 
tem uma característica de notas agrupadas, coladinhas. 
 
Muito legal para essa “onda” que estamos usando agora de 
Neo Soul. 
 
 
 
66 
 
Olha esse Dó maior, é um C cluster: 
 
 
 
Outros exemplos para C Cluster: 
1 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
67 
 
3 
 
Então, os clusters são o que? Acordes com intervalo fixo de 
segunda ou segunda menor, podem ter três ou mais vozes 
e por ter uma estrutura fixa dessa forma. 
 
Ele tem a característica de ficar com as notas bem 
próximas. E dá para fazer muita coisa com esse acorde. 
 
É muito comum que ele seja usado em músicas que 
permitam um pouco mais de complexidade harmônica. 
Não sofisticação, mas complexidade. 
 
Por exemplo, em um Jazz, um Fusion, ou mesmo em 
trilhas de cinema, Bossa Nova. 
EXEMPLO DE 
DÓ CLUSTER 
 
68 
 
Alguns acordes clusters são usados, por conta da sua 
sonoridade e intervalos característicos, para provocar 
suspense e às vezes medo em uma audiência, por exemplo, 
em trilhas de cinema. 
 
Vamos conferir um exemplo? 
 
Estude o exemplo a seguir: 
 
Cm7 (9 13) 
 
 
 
Eu queria demonstrar um pouco de estrutura cluster 
também para violão. 
 
Não é complicado, se você mantiver em mente que as 
notas têm que estar próximas uma da outra, e 
considerando que cada corda está afinada de um jeito. 
 
69 
 
 
Dedo no Si (4ª casa 3ª corda), Ré (3ª casa 2ªcorda), Mi(1ª 
corda solta). Baixo em Dó. Cluster de C7M (add9). 
 
Se você procurar na internet, vai encontrar muito shape 
legal de cluster. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
70 
 
Vamos a um exemplo de Am9: 
 
Mi (2ª Casa 4ª corda), Dó (5ª casa 3ª corda), Si (2ª corda 
solta). Baixo na quinta corda solta. 
 
Como você pode ver, essas informações são importantes 
para qualquer músico e podem ser usadas em qualquer 
instrumento melódico. 
 
Melódico? Sim, imagine você escrevendo para um quarteto 
de cordas, e no meio da peça você faz um acorde que 
tocado por esse quarteto forme um cluster. Tem noção de 
como isso fica legal?! 
 
 
71 
 
Isso faz com que a sua harmonia tenha uma característica 
mais moderna, mais sofisticada. 
 
Importante levar em consideração que você pode ficar na 
liberdade de usar um acorde cluster, uma formação de 
cluster como você quiser. 
 
Às vezes a pessoa fica preocupada pensando “Ah, vou fazer 
um acorde cluster” e faz um monte de nota pertinho uma 
da outra... 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não precisa. Pode usar o conceito do cluster. Não fique 
preso a nada que não possa trabalhar a seu favor. 
 
 
 
 
 
72 
 
Olha esse Dó com sétima maior e nona... 
 
 
 
E esse F7M (13): 
 
 
 
Agora, é claro que esses acordes, que parecem vir de “filme 
de terror”, não é toda hora que podemos usá-los. São 
ferramentas incríveis. 
 
Use os acordes clusters sem moderação, mas fique atento 
ao sabor de cada acorde, e como ele tempera a sua música 
quando utilizado. 
 
 
73 
 
Vamos falar dos triádicos agora? De todos que vamos 
estudar nesse capítulo hoje, acho que esses são os que 
você conhece melhor. 
 
Triádicos são aqueles com um intervalo fixo de terça 
superposta. 
 
Exemplo Dó maior: Dó Mi Sol. 
 
 
 
 
74 
 
Tanto no violão, quanto no teclado, esses acordes não 
precisam de uma apresentação muito extensa, pois como 
eu disse, são os mais usados desde sempre. 
 
É a formação mais comum, por isso que é bom que se 
tenha domínio deles. 
 
É certamente o tipo de acorde que você vai usar mais vezes 
ao longo da sua carreira, e eu sempre costumo dizer que 
vale muito a pena a gente temperar esses acordes com um 
pouquinho de intervalos diferentes, clusters, vozes 
misturadas, porque é um acorde muito comum. 
 
Então, quando ele soa simples, deixa a música com uma 
cara muito simplória. 
 
São acordes muito marcados. E é aí que entram o estudo 
das vozes. Tríades e tétrades. 
 
Um acorde triádico soa muito mais simplório quando em 
tríade (Dó maior: Dó-Mi-Sol). 
 
 
75 
 
Eu vou falar de campo harmônico mais a frente, mas por 
hora, só vou ensinar o seguinte: nem todo acorde de três 
vozes, é um acorde tríade. Existem regras para isso. 
 
Este livro não se destina a isso de forma nenhuma. Ficar 
explicando regras de quando é tétrade, quando não é… 
 
Este livro se destina a informar a você de forma prática o 
básico sobre harmonia funcional, e como se dá o estudo 
dela. 
 
Se você tem aspirações a um estudo mais acadêmico do 
tema, eu recomendo a você que procure uma instituição de 
ensino convencional, onde você possa aprender de forma 
assistida e continuada questões teóricas e acadêmicas. 
Creio não haver substituição para algo desse tipo, por 
tanto se você, caro leitor, tem chance de fazê-lo... Faça-o. 
 
Nosso livro pretende uma abordagem mais informal, 
singela e rápida sobre harmonia funcional, por isso eu 
digo que é um “HACK MUSICAL”. 
 
Talvez, mais para frente, a gente desenvolva um material 
intermediário/avançado de harmonia. Aqui eu vou ensinar 
 
76 
 
para você tríades e tétrades com relação a suas respectivas 
utilizações e não a regras. 
 
Lembrete importante: 
Não confunda acorde triádico com acorde tríade. 
 
É tríade porque tem uma formação de três vozes, e triádico 
porque está com intervalo de terças superpostas. 
 
Daqui a pouco eu vou falar sobre formações de acordes 
legais e você vai pensar: “Tudo isso são acordes triádicos?” 
Se você for ver a música tocada hoje, eu acho difícil você 
encontrar uma música moderna, com uma boa harmonia, 
em que essa harmonia esteja engessada em uma única 
formação de acorde. 
 
Vamos falar de um outro acorde muito procurado hoje em 
dia: 
 
Os acordes quartais. 
 
Os acordes quartais, assim como os clusters e os acordes 
triádicos, são construídos com um intervalo fixo a partir 
da nota principal. A diferença é que ao invés de terças 
 
77 
 
superpostas como no caso dos triádicos, são quartas 
justas ou aumentadas. 
 
Exemplo C 7 (11) em estrutura Quartal: 
 
 
Agora se eu estiver no Sol, e ao invés do Dó, fizer um Dó 
sustenido uma quarta aumentada, vai gerar um trítono. 
 
É claro que o acorde quartal tem uma porção de 
características interessantes que vale a pena ressaltar 
aqui. 
 
Eu não vou dar mil exemplos de acordes quartais, porque 
a ideia é passar para você parte do que eu sei sobre 
harmonia e acordes, para que entendam o conceito e 
saibam reconhecê-los. 
 
 
78 
 
É claro que o estudo nunca acaba e sempre há algo novo 
para saber. 
 
No entanto, o principal a ser dito é que o estudo de 
harmonia é para que você entenda a harmonia. 
 
A princípio, esse estudo servirá para que a próxima 
música bacana que você tirar, vocêvai poder analisar de 
forma a entender o conceito harmônico que o autor usou. 
 
Você poderá desenvolver a sua harmonia com o mesmo 
conceito, e não apenas copiar os acordes. 
 
É claro que agora, sem saber nada disso, você pega uma 
ideia e fica repetindo. Isso não é evolução. 
 
Você precisa ter conhecimento suficiente para assimilar o 
que o outro músico fez e poder desenvolver a sua própria 
musicalidade, suas ideias. 
 
Mas, voltemos ao tema... 
 
Então se você parar para pensar, os acordes quartais por 
pularem as terças, pelo menos os de três vozes, não dá 
 
79 
 
para saber se são acordes maiores ou menores, já que eles 
não têm o terceiro grau em sua estrutura. 
 
 
 
Os de quatro vozes quando iniciados a partir do primeiro 
grau, e em quartas justas superpostas, são menores e com 
sétima menor. 
 
Estrutura do acorde: |C F Bb Eb| 
 
 
 
Porém, quando são tétrades e começados no quinto grau, 
são obrigatoriamente dominantes porque vem com uma 
sétima em sua estrutura. Isso em se tratando de quartas 
justas, claro. 
 
80 
 
Estrutura do acorde: |C G C F Bb| 
 
 
 
Se você não quiser um acorde dominante, ou um acorde 
menor, pode usar uma quarta aumentada na terceira nota, 
e o acorde não vai ser menor e ou dominante. 
 
Veja no exemplo a seguir. 
 
Estrutura do acorde: |C F B E| 
 
 
 
Tudo isso te da uma série de possibilidades. 
 
 
81 
 
A tríade no quartal soa como um acorde menor por ter a 
sétima menor. 
 
Só tem dois acordes que naturalmente carregam a sétima 
menor. São os acordes dominantes e os acordes menores. 
 
Os acordes quartais têm essas duas sonoridades e são 
verdadeiros canivetes suíços. São muito versáteis. 
 
Quando você usa a sétima menor, você geralmente dá um 
ar de menor para o acorde. 
 
Mas, se você quiser colocar uma sétima aumentada, como 
eu sugeri na primeira formação, vai soar como acorde 
maior. Mesmo que seja tríade. Bem legal né? E dá um ar 
bem Fusion para a progressão. 
 
Vamos demonstrar então um acorde quartal no violão para 
você entender a formação. 
 
 
 
 
 
 
82 
 
Veja na foto a seguir. 
 
 
 
Dó (5ª corda 3ª casa), assim a quarta de Dó é Fá (4ª corda 
3ªcasa), a sétima seria Si que é a quarta aumentada de Fá, 
então Si (3ª corda 4ª casa), e o Mi quarta de Si, porque é 
um acorde maior, então tem que ter a terça maior, logo Mi 
(2ª corda 5ª casa). 
 
Aqui no caso estamos fazendo um shape de acorde quartal 
tétrade. 
 
O objetivo aqui não é, nem nunca foi, ficar passando 
shape de acorde. “Ed, mas aí eu não aprendo.” Aprende 
sim. 
 
83 
 
Acabei de ensinar como o quartal é formado. Se eu quiser 
fazer o quartal do Ré? Ré, a quarta de Ré é Sol, e aí você 
diz: “Ed, eu não sei que a quarta de Ré é Sol”. Sim, e é por 
isso que nós vamos estudar campo harmônico no próximo 
capítulo. 
 
Eu vou ensinar para você, os intervalos de cada campo 
harmônico, porque isso aqui é chamado de quarta, de 
onde veio o campo harmônico, as escalas e etc… 
 
Você vai entender, por exemplo, que a escala diatônica de 
Dó, originou campo harmônico maior como a gente 
conhece. 
 
Retomando a pauta... 
 
Se analisarmos estilos como Jazz, Neo Soul, Gospel, 
Harmony Urban, Sertanejo e Rock, veremos que em todos 
os estilos já se percebe uma sofisticação harmônica, em 
alguns mais que outros. 
 
Alguns estilos estão começando a usar acordes com 
estruturas mais rebuscadas. O pagode, por exemplo, está 
cada vez mais difícil de tocar. Samba sempre foi. Então, 
 
84 
 
percebemos que hoje em dia não tem muito espaço para 
músicos despreparados, e que sejam leigos em harmonia 
funcional. 
 
Qual é o segredo? O segredo não é você fazer bastante 
acorde cluster, nem bastante acorde triádico ou quartal. 
Eu diria que o segredo é apostar em acordes de estrutura 
mista. 
 
Pense bem. Vamos dizer que você tenha uma ideia 
harmônica específica. Você não pode se limitar 
musicalmente por causa da formação de um acorde. Como 
eu falei a harmonia não pode te limitar, assim como as 
formações de acordes também não podem te limitar. 
 
Se você quiser fazer uma coisa, ousar, e achar que a tua 
ideia ficaria com harmonia melhor usando um acorde 
quartal, cluster, ou misto porque vai servir melhor para 
tua ideia… Você deve fazer o acorde que servir melhor a 
tua música! 
 
Você não vai sacrificar a tua ideia musical por causa de 
moldes, e parâmetros. Isso aqui ainda é arte! 
 
85 
 
Como nós estamos falando de harmonia funcional e não 
tradicional, eu não estou preso a nada. Se eu achar que 
um cluster vai ficar legal eu ponho, se eu achar que um 
acorde quartal vai acrescentar, eu coloco, eu não preciso 
ficar estagnado em um tipo de estrutura de acorde. 
 
Estrutura do acorde: |E B E B Eb F# G# B| 
 
E7M add9 
 
 
“Tá Ed, mas como que eu sei quando eu vou poder usar 
isso?” 
 
Bom, primeiro vamos ter em vista a formação dos acordes 
no campo harmônico, como cada um é colocado, tanto no 
campo harmônico menor, quanto no maior. 
 
No caso do campo harmônico menor, temos o menor 
natural, o menor harmônico e o menor melódico. No caso 
do maior, o campo harmônico maior. 
 
 
86 
 
Então quando você vê o campo harmônico, você já vê, por 
exemplo, cada acorde como é, se é maior, se é meio 
diminuto, sétima maior, sétima menor, isso você já está 
definido no próprio CH. Mas, o que vai definir o que você 
quer usar, é o som que você quer tirar da tua cabeça e 
colocar no seu instrumento. 
 
 Daí alguém me diz... 
“Ed, mas pode um acorde de quarto grau, um acorde lidio 
ter quarta aumentada?” É. Não pode. Até um cara famoso, 
ou um músico sinistro fazer e, você ficar babando. 
 
Agora, o que falta em você? 
 
Você saber todas essas formações de acordes então, 
comece a brincar com elas. Porque não adianta só ter as 
informações. Você não vai se tornar um bom músico se 
não arrumar um tempo para brincar com os acordes, 
brincar com os seu instrumento, fazer seus testes. A final 
é isso o que um músico faz. Um músico toca! 
 
Não fique muito engessado nessas formações de acorde 
que eu ensinei. Pode usar no primeiro um acorde triádico, 
 
87 
 
depois um cluster, um quartal, o que você achar que vai 
enriquecer sua harmonia. 
 
Use sempre a harmonia que soar mais bonita. 
 
Tem gente por aí fazendo acorde difícil, achando que 
acorde difícil é bonito. E não necessariamente. 
 
Não faça nada que não for para servir a música. No final 
da história, é ela quem tem que aparecer e não nós. 
 
Agora, pegue tudo isso e transforme em música. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
88 
 
“Muitos homens 
deixam de fazer 
grandes coisas por 
menosprezarem 
coisas pequenas.” Ed 
Araújo. 
CAP V - Esse é o 
capítulo sobre campo 
harmônico maior. 
 
Eu queria chamar a sua 
atenção para a importância 
dessa disciplina. Se você tem 
pulado capítulos, eu entendo às vezes o 
tempo voa, mas eu quero lhe dizer que você deve voltar e 
ler cada lição com muito cuidado. E, se perceber depois, 
que não lembra tudo dessa aula, leia novamente, leia 
quantas vezes for necessário. 
 
Desde que nós começamos a tocar no sistema tonal, 
precisamos de uma percepção muito mais apurada do 
campo harmônico. 
 
Quando você entende o campo harmônico, você entende o 
que pode estar acontecendo com a música, a partir das 
funções harmônicas. 
 
 
89 
 
Quando você não entende, fica aquela situação em que o 
músico sabe os acordes, sabe o que é uma diminuta, sabe 
qual é a sétima, qual é a nona, mas não sabe quando pode 
usar. Ou escuta uma peça musical e não tem ideia do que 
está acontecendo, para onde a harmonia está indo. 
Consequentemente não sabe tirar uma música de ouvido. 
 
Isso acontece, porque a pessoa não entende o campo 
harmônico. 
 
Não dá para ficar adivinhando cada acorde só com os 
ouvidos. Esse nãoé o caminho mais rápido, nem o mais 
prático, tão pouco o mais intuitivo. A música não espera... 
 
A minha intenção aqui hoje, é mostrar para você a real 
importância do campo harmônico. 
 
Então vamos ao básico. 
 
O que é um campo harmônico? Um campo harmônico, 
independente se é maior, menor, são conjuntos de acordes 
formados a partir de uma escala ou modo. 
 
 
90 
 
Também podemos chamá-lo de estrutura tonal visto que o 
desenvolvimento da harmonia está inteiramente ligado ao 
aparecimento e desenvolvimento do conceito de tonalidade. 
 
Vamos estudar aqui o campo harmônico que se forma a 
partir da escala maior natural. A escala diatônica. 
 
Vamos começar a aprender um monte de regrinhas. 
 
Você vai descobrir a regra para se formar um campo 
harmônico. Podendo depois desenvolver até seus próprios 
campos harmônicos a partir de escalas da sua preferência. 
 
Podendo então, compor músicas baseadas nessas escalas 
e nos seus respectivos campos harmônicos. 
 
Bom, falando de campo harmônico maior, o que eu vou 
explicar aqui no tom de Dó maior, serve para todos os 
campos harmônicos de tonalidade maior. 
 
Quero dizer primeiro, o seguinte: Sabe aquela expressão 
em que dizemos assim: E que tom está essa música? Isso é 
uma coisa muito nossa. 
 
 
91 
 
Muita gente foi criada ouvindo música tonal, música que 
foi escrita e arranjada em um tom específico. 
 
Ainda no nosso tempo, existe muita música com 
politonalidade, músicas compostas e arranjadas em mais 
de uma tonalidade específica. É meio confuso eu sei, mas 
vamos continuar... 
 
E, também temos as músicas que são atonais, que não 
tem obrigatoriamente uma estrutura tonal para respeitar. 
Elas vão para a direção que o compositor, que concebeu 
tais músicas, quiser. 
 
Outra coisa muito interessante, é que houve um tempo em 
que se compunha música em cima de pequenos modos, 
especificamente, e não de uma escala. 
 
Mas, por enquanto vamos falar do que nos interessa: 
campo harmônico maior. 
 
Partindo da escala que nós escolhemos para o primeiro 
exemplo. 
 
 
 
92 
 
A escala diatônica de Dó Maior: 
 
|Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si| 
 
Temos aqui uma escala de sete sons, e temos que 
desenvolver um acorde para cada nota dessa escala, e 
para tanto a princípio, temos duas regras a seguir. 
 
Primeira: essa escala vai ser formada por acordes triádicos 
(Depois vamos considerar a possibilidade de usar acordes 
quartais. Não é comum, mas é possível). 
 
E segunda: só podemos usar notas que constam na escala 
de origem, no nosso caso, a escala de Dó maior. 
 
Primeiro acorde: o acorde fundamental. 
 
Geralmente a gente chama de fundamental ou de primeiro 
acorde, o acorde que dá nome a escala. 
 
Por exemplo, a escala é de Dó, então geralmente começa 
em Dó. Você pode argumentar dizendo: “Eu posso executar 
a escala de Dó, a partir de qualquer intervalo da escala?” 
 
93 
 
Correto. Mas, a escala continua sendo a escala de Dó 
maior, por isto iremos tocar a partir de Dó maior. 
 
O primeiro intervalo da escala, o primeiro grau, que é Dó 
maior, vai formar um acorde que dará nome a esse campo 
harmônico, o campo harmônico de Dó maior. 
 
Uma vez que estou trabalhando com a formação de 
acordes triádicos, eu sei que esses acordes tem que 
respeitar uma distância (ou intervalo) de três graus (não 
três tons). Ao que chamamos de terças. 
 
 
 
 
 
94 
 
Então Dó maior seria: Dó-Mi-Sol-Si 
 
Trabalhando com tétrades, porque a tríade já é presumida 
(Dó-Mi-Sol). Temos então o acorde de C7M 
 
 
Temos assim o primeiro grau da escala de Dó maior. É um 
C7M. “Qual é o segundo grau Ed?” 
 
 
Então o segundo grau é um Dm7. 
 
95 
 
Terceiro grau: 
 
 
Lembrando que não podemos usar intervalos que não 
estejam na escala. 
 
Eu posso fazer um Dó com sétima menor? Não. 
 
No campo harmônico de Dó maior não temos o Bb que é a 
sétima menor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
96 
 
Vamos para o quarto grau. 
 
 
Então o quarto grau é F7M. 
 
O quinto grau, é o único acorde maior com sétima menor 
do campo harmônico maior. O G7. 
 
 
 
 
 
97 
 
O sexto grau é menor e com sétima menor. O nosso bom e 
velho Am7. 
 
 
 
O sétimo e último grau é um B°. 
 
 
Antes de falarmos de funções harmônicas, vejamos que 
temos sete acordes nesse campo harmônico. Derivados das 
sete notas da escala diatônica. 
 
 
98 
 
Esses sete acordes, vão me dar basicamente tudo o que eu 
preciso para tocar uma música. Isso mesmo. Sete acordes 
e eu tenho tudo que preciso para executar uma canção de 
harmonia comum ou popular. 
 
Duvidando? Então que tal um exemplo? 
 
Usarei como exemplo a canção “Sonda-me, Usa-me”. Por 
ser no tom de Dó maior. 
 
Veja que apesar de surgirem acordes com intervalos que 
enriqueçam a harmonia, todos os acordes envolvidos estão 
previstos no Campo Harmônico de Dó maior. 
 
 C9 G/B Am Am7/G 
Sonda-me, Senhor e me conheces 
 F C/E Dm G/B 
Quebranta o meu coração 
 C9 G/B Am7 
Transforma-me conforme a Tua Palavra 
 F G/F 
E enche-me, até que em mim 
 Em7 Am Am7/G F 
Se ache só a Ti, en---------tão 
 
99 
 
G F/A G4 
Usa-me Senhor, Usa-me 
 
 C G/B 
Como um farol que brilha à noite 
 Am Am7/G 
Como ponte sobre as águas 
 F C/G 
Como abrigo no deserto 
 F/A G/B 
Como Flecha que acerta o alvo 
 
 C G/B Am Am7/G 
Eu Quero ser usado da maneira que te agrade 
 F C/E 
Em qualquer hora e em qualquer lugar 
 Dm7 G Am9 F G 
Eis aqui a minha vida, usa-me Senhor Usa-me 
 
Uma música muito bonita, com um arranjo bonito, que 
usa apenas acordes do campo harmônico de Dó maior. 
 
 
100 
 
Tirando as inversões dos baixos, não tem nada demais. 
Um Dó com nona aqui, um Sol com quarta ali, e de resto 
só acordes diatônicos. 
 
Uma música relativamente nova, não é nenhum hino da 
harpa, toda feita no campo harmônico. E se você analisar 
muitas outras músicas verá que a história se repete. 
 
A gente não costuma tocar a harmonia de forma tão 
diatônica como estou mostrando para você, mas se você 
não entende como a harmonia foi concebida, você não 
consegue sofisticar essa harmonia. Por isso a importância 
de começar com exemplos que o aluno consiga entender. 
 
O desenvolvimento de um raciocínio musical/lógico é 
primordial para sua musicalidade amadurecer de forma 
correta. 
 
Tente absorver o campo harmônico, para usar esse 
conhecimento a seu favor. 
 
Tente começar entendendo a harmonia de forma simples. 
E então, sabendo o que cada acorde faz você saberá como 
substituir. 
 
101 
 
Você vê que não tem nada demais. É campo harmônico 
puro. 
 
Eu posso usar um Dó maior (I), Ré menor (IIm), Mi menor 
(IIIm), Fá maior (IV), Sol maior (V), Lá menor (VIm), Si meio 
diminuto (VIIº). Em cima desses sete acordes, muitos 
autores criaram coisas geniais! 
 
Vamos usar como exemplo a canção Deus de Promessas, 
também no tom de Dó maior. 
 
Veja como uma canção lindíssima, com melodia ímpar e 
letra maravilhosa passeia pelo campo harmônico de Do´ 
maior não precisando de nenhum subterfúgio em sua 
harmonia a não ser uma simples passagem de bVII (Bb). 
 
Então colocaremos os graus sobre os acordes, para 
sabermos exatamente em que grau do campo harmônico 
(CH) de dó maior cada acorde se encaixa. Certo?! 
 
Muito bem. Agora vamos avançar um pouco mais em 
nossos estudos. 
 
 
 
102 
 
Vamos analisar: Deus De Promessas / Toque No Altar 
 
IIm7 V/VII 
Dm7 G/B 
Sei que osTeus olhos 
 I/III IV 
 C/E F 
Sempre atentos permanecem em mim 
 
 IIm7 V/VII 
Dm7 G/B 
E os Teus ouvidos 
 I/III IV 
 C/E F 
Estão sensíveis para ouvir meu clamor 
 
I/III IIm7 V/VII 
C/E Dm7 G/B 
Posso até chorar a... 
 
 I V/VII VIm7 
 C9 G/B Am7 
Mas alegria vem de manhã. 
 
 
103 
 
IV I/III IIm7 V 
F C/E Dm G 
És Deus de perto e não de longe 
 
IV I/III 
F C/E 
Nunca mudastes 
 
IIm7 bVII IV/VI V4 
Dm Bb F/A G4 
Tu és fiel! 
 
V/IV I/III 
G/F C/E 
Deus de aliança, 
 
 VIm 
 Am 
Deus de promessas 
 
 IIm7 V4 V 
 Dm7 G4 G 
Deus que não é homem pra mentir 
 
 
104 
 
V/IV I/III VIm 
G/F C/E Am 
Tudo pode passar, tudo pode mudar, 
 
 IIm7 V4 V 
 Dm7 G4 G 
Mas tua palavra vai se cumprir. 
 
Exercício: 
Experimente pegar várias canções que você toca 
comumente, e faça uma análise harmônica como eu fiz 
acima, identificando em que grau do CH os acordes estão. 
 
Você começa a entender porque em algumas progressões 
predominam os acordes DIATÔNICOS, ou seja, aqueles 
pertencentes ao CH no qual a música foi composta. 
 
O mais importante é você entender que em cima desses 
sete acordes, “quase” tudo que você conhece da música 
moderna se formou. 
 
O que não está no campo harmônico maior, com certeza se 
enquadra em algum dos campos harmônicos menores. 
 
 
105 
 
Eu vou ensinar três dos mais usados nesse livro. Então é 
importante você ter essa percepção, é imperativo que você 
aprenda as funções harmônicas, pois é nisso que se baseia 
o estudo de harmonia funcional. Em funções. 
 
Cada acorde tem uma função no campo harmônico e nós 
precisamos estudar isso. 
 
Por exemplo, o acorde de Dó maior, cumpre uma função 
chamada de Tônica. Que também pode ser feita de forma 
um pouco mais tímida pelo acorde de terceiro grau, Em7 e 
o acorde de sexto grau menor, Am7, que é aquela função 
no qual a melodia relaxa, repousa. 
 
Exemplo: 
 
A melodia repousa no C/E: 
G/F C/E 
Deus de aliança 
 
E depois no Am: 
 Am 
Deus de promessas 
 
 
106 
 
Temos acordes que são para levantar, para repousar, para 
preparar para tencionar… e essas funções são o que você 
precisa estudar com afinco. Começar a fazer estudo de 
percepção musical. Isso significa perceber no campo 
harmônico, quais acordes tem qual característica. 
 
Eu ensinei acima uma coisa chamada cifra analítica, que 
é uma coisa que ajuda muito o músico a desenvolver a sua 
percepção. Por quê? Porque quando você cifra uma música 
numa cifra analítica, você determina que ela não tenha um 
tom específico. E, quando você vai tocar em qualquer tom, 
aquela cifra está na sua cabeça. 
 
A cifra analítica nada mais é do que você começar a pensar 
a música em graus ao invés de acordes. 
 
“Tá Ed, mas você tá falando em grau e eu em acorde. Qual 
é a diferença?” A diferença é que como eu estudei o campo 
harmônico em vários tons, como eu sempre penso em 
graus e não em acordes, quando a pessoa vai cantar essa 
música em Mi bemol eu sei tocar. 
 
 
107 
 
Porque sei, por exemplo, que essa música (Deus de 
promessas) começa no segundo grau menor. Que seria 
Dm7 em C, e Am7 em G e Fm7 em Eb e assim por diante. 
 
Nós músicos estamos aqui para acompanhar os cantores, 
as bandas, outros músicos, e eu preciso saber tocar essa 
música em qualquer tom. Mas, e se eu só decoro os 
acordes? Como fazer uma transposição de tom na hora de 
show? 
 
Hoje em dia a galera está decorando tudo. Acho que 
muitas vezes isso até ajuda, mas o funcional mesmo é o 
músico saber como e não apenas onde. 
 
Conhecimento é poder. É legal você ver um cara que 
entende do assunto. Você pergunta uma coisa e ele explica 
cada detalhe. Aí você fala: “Mas Ed, eu não quero ser 
professor eu quero ser músico”. Sim cara, mas uma hora 
você vai precisar entender as músicas que você toca pra 
avançar nos seus estudos. 
 
Quantas vezes eu tirei música para alguém cantar e 
pensei: “Olha só que interessante. Esse cara foi subir desse 
tom pro outro, usou um 2-5 e foi direto.” E eu aprendi aquilo 
 
108 
 
e usei em arranjos meus, que gravei em CDs depois. 
Igualzinho? Não. Eu coloquei uma pegada mais minha, 
mas aprendi muita coisa analisando o trabalho de outros 
músicos! 
 
Tem gente que tira 40 músicas numa semana para tocar 
na noite e não aprende nada. Por quê? Porque não sabe 
nada. Só sabe decorar e tocar. Ele não consegue absorver 
o conhecimento que o outro músico colocou naquele 
arranjo e usar aquilo em favor dele. Isso é perigoso. 
 
Você perde tempo e tempo é um bem inestimável. 
 
Faça uma análise assim que você tiver tempo nas músicas 
que você mais toca, e tente determinar se acordes de cada 
musica pertence ao CH em que foram compostas. 
 
Isso vai fazer com que você comece a ver a música de outro 
jeito. 
 
Vamos falar de função harmônica. Vamos destacar três 
especificamente, que são as mais presentes na música do 
nosso tempo. Elas são: Tônica, Subdominante e 
Dominante. 
 
109 
 
Quando você vai estudar percepção musical e tenta 
descobrir as funções harmônicas de cada acorde numa 
música, mesmo sem saber em que tom a música está, a 
mais fácil de perceber é a Tônica. Quando a música 
repousa. 
 
A segunda mais fácil é a Dominante, porque ela tem a 
função de tensionar a harmonia. 
 
E essas funções Dominante e Tônica, já vão te nortear 
dentro de uma música. 
 
Ou seja, a música (Deus de promessas) começa numa 
Subdominante (Dm7), vai para Dominante com baixo na 
terça (G/B) e resolve numa Fundamental também com 
baixo invertido (C/E). 
 
A compressão do que seja essas duas funções, abre muito 
a cabeça da gente. 
 
Você vai ouvir várias músicas, com várias formas, e a 
maioria delas vai passar por essa progressão quase que 
obrigatoriamente. 
 
110 
 
Uma subdominante vai para uma dominante e resolve 
numa tônica, o famoso 2-5-1. E assim você vai perceber 
tudo o que acontece. 
 
Eu vou sair do Dó e vou para o Lá menor. Do primeiro 
para o sexto grau. 
 
Vou fazer isso usando a seguinte progressão: Bm7/5- 
seguido por um E7b9 e, vou resolver num Am7/9. E vou 
mostrar para você como isso tudo está dentro do campo 
harmônico: 
 
| C | Bm7(5b) | E7(9b)/G# | Am7(9) | 
 
Tônica: C (I Grau) 
 
 
 
 
 
 
111 
 
Subdominante Secundário: Bº (VIIº) 
 
 
 
Dominante secundário: E7 9b/G# (III7 9b) 
 
 
 
Tônica secundário (Acorde alvo): Am79 (VIIm79) 
 
 
 
 
 
112 
 
Esse Bm7/5- que eu usei já tá previsto no campo 
harmônico. 
 
E esse E7b9? Isso é o que a gente chama de dominante 
secundário. (Observação: analise os voicings dos acordes, 
bem como os baixos modificados.) 
 
O dominante primário é o dominante do campo 
harmônico. 
 
Os secundários são aqueles que eu uso para acordes 
alvos. 
 
Por exemplo, quando eu penso em ir de C para o Am ( I 
grau para o VI grau), eu sei que a dominante de Lá é Mi, 
que é o quinto grau de Lá. 
 
Vamos pensar nisso. Analisemos primeiro o CH de Dó 
maior. 
 
Qual o dominante de quinto grau de C, o quinto grau é G. 
E o quinto grau de A. Contemos o CH de Lá: A, Bm7, 
C#m7, D, E, ou seja, o Mi é o quinto grau, é a dominante 
de Lá. 
 
113 
 
Então o que eu fiz? Eu usei Bm7/5b

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