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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: CUSTOS AUTORIA: PROF. Msc. HÉRCULES VANDER DE LIMA FREIRE Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Custos Autoria: Hércules Vander De Lima Freire Primeira edição: 2009 CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação O desenvolvimento e consequentemente crescimento, provocam mudanças no ambiente industrial, antes estável, passa a ser mais turbulento. Devido ao surgimento de novas unidades produtivas, associadas aos avanços tecnológicos, esta tecnologia exige novo aprendizado, e a necessidade de capacitação constante. Além disso, é importante destacar também que a Gestão de Custos é um sistema de informações contábeis para melhorar o controle gerencial e administrativo das empresas e para auxiliar na tomada de decisões. Com a nova forma de usar a contabilidade de custos, várias empresas acabaram aderindo ao sistema, inclusive as prestadoras de serviços, onde seu uso era de fato irrelevante, tendo em vista a ausência do estoque, mesmo assim essas empresas faziam uso eventualmente de custos para avaliação dos “estoques de serviços em andamento”, ou seja, para avaliar os custos com projetos inacabados. Atualmente, uma das principais preocupações das empresas é a eficiência no controle de seus custos. Essas empresas vêm buscando identificar como e onde os custos estão ocorrendo, ou seja, suas causas e seus efeitos, de modo a permitir a manutenção da competitividade empresarial. Os custos de uma empresa foram, ao longo do tempo, sendo tão importantes, que para saber se um produto é rentável ou não, a contabilidade desenvolveu métodos de custeio. Alguns deles são: Custeio Direto ou Variável, Custeio Pleno ou por Absorção e Custeio Baseado em Atividades ou ABC (Activity Based Costing). Que serão estudados neste módulo. Portanto, este módulo evidencia os conceitos e ferramentas necessários para que o usuário entenda os processos produtivos, independentemente do parque industrial, comercial ou de serviços, que venha a trabalhar. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 Objetivo O objetivo de Custos é o de gerar informações úteis para a tomada de decisão, por meio da contabilidade e suas ferramentas, proporcionando assim que a administração receba informações atualizadas e exatas para subsidiar tais decisões. Ementa Conceito e divisão da Contabilidade de Custos. Terminologia empregada na Contabilidade de Custos. Estudo dos diferentes Sistemas e Métodos de Custeio. Aplicação por meio exemplificativo dos Métodos de Custos. Análise de CustoxVolumexLucro. Cálculo do Ponto de Equilíbrio nas suas diversas acepções. Apuração de Custos e Formação de Preço de Venda. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 Sobre o Autor Hércules Vander de Lima Freire, brasileiro, casado, professor, contador e breve bacharel em direito, residente e domiciliado em Vila Velha – Estado do Espírito Santo – Brasil. Graduado em Ciências Contábeis pela UVV, concluído em 1996. Especialista em Gerência Contábil (UVV) concluído em 1998. Mestre em Controladoria e Finanças (FUCAPE) concluído em 2004. Atualmente estou cursando a graduação em Direito (indo para o último período) conclusão em 12/2009. Ministro aulas para graduação num Centro Universitário e em Cursos Preparatórios para Concursos e nos cursos de pós-graduação da ESAB, bem como pós-graduação de outras instituições de ensino (presenciais). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 SUMÁRIO UNIDADE 1 ........................................................................................................... 9 Considerações Iniciais ....................................................................................... 9 UNIDADE 2 ......................................................................................................... 13 Principais Terminologias .................................................................................. 13 UNIDADE 3 ......................................................................................................... 18 UNIDADE 4 ......................................................................................................... 22 Continuação da unidade 3. .............................................................................. 22 Custo Padrão: .................................................................................................. 22 UNIDADE 5 ......................................................................................................... 27 Princípio da Realização da Receita ................................................................. 27 UNIDADE 6 ......................................................................................................... 32 A apuração de custo ........................................................................................ 32 UNIDADE 7 ......................................................................................................... 36 Continuação do exemplo da unidade 6. .......................................................... 36 Segunda forma de fazer o rateio ..................................................................... 36 UNIDADE 8 ......................................................................................................... 40 Sistema de Custeio .......................................................................................... 40 UNIDADE 9 ......................................................................................................... 42 Método de Custeio ........................................................................................... 42 UNIDADE 10 ....................................................................................................... 46 Método de Custeio Real por Absorção ............................................................ 46 UNIDADE 11 ....................................................................................................... 50 Continuação da unidade 10, ............................................................................ 50 Exemplo ........................................................................................................... 50 UNIDADE 12 ....................................................................................................... 54 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 Continuação da unidade 11. ............................................................................ 54 Rateio dos Custos Indiretos emrelação aos Custos Diretos .......................... 54 UNIDADE 13 ....................................................................................................... 58 Método de Custeio Variável ou Direto ............................................................. 58 UNIDADE 14 ....................................................................................................... 63 Comparação do método de custeio direto ou variável com o custeio por absorção. .......................................................................................................... 63 UNIDADE 15 ....................................................................................................... 67 Continuação da Unidade 14. ........................................................................... 67 Continuação da comparação dos métodos de custeio da unidade 14 ........... 67 UNIDADE 16 ....................................................................................................... 71 Continuação das Unidades 14 e 15. ................................................................ 71 Continuação da comparação ........................................................................... 71 UNIDADE 17 ....................................................................................................... 73 Método do Custeio-Padrão .............................................................................. 73 UNIDADE 18 ....................................................................................................... 77 Continuação da unidade 17. ............................................................................ 77 Utilização do Método de Custo-Padrão. .......................................................... 77 UNIDADE 19 ....................................................................................................... 82 Método do Custeio Baseado em Atividades Abc (Activity-Based-Costing) .... 82 UNIDADE 20 ....................................................................................................... 86 Continuação da Unidade 19. ........................................................................... 86 UNIDADE 21 ....................................................................................................... 90 Continuação da Unidade 19 e 20. ..................... Erro! Indicador não definido. Conceitos inerentes ao método ABC ............................................................... 90 UNIDADE 22 ....................................................................................................... 95 Continuação da Unidade 19 a 21 .................................................................... 95 A estrutura de funcionamento do custeio ABC ................................................ 95 UNIDADE 23 ....................................................................................................... 98 Continuação da Unidade 19 a 22. .................... Erro! Indicador não definido. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 Primeiro estágio: custeamento das atividades ................................................ 98 UNIDADE 24 ..................................................................................................... 104 Método de Custeio RKW................................................................................ 104 UNIDADE 25 ..................................................................................................... 106 Departamentalização ..................................................................................... 106 UNIDADE 26 ..................................................................................................... 111 Análise do custo, volume e lucro ................................................................... 111 UNIDADE 27 ..................................................................................................... 114 Continuação da unidade 26.. ......................................................................... 114 Ponto de Equilíbrio ......................................................................................... 114 UNIDADE 28 ..................................................................................................... 118 Da Formação do Preço de Venda ................................................................. 118 UNIDADE 29 ..................................................................................................... 123 Continuação da unidade 28. .......................................................................... 123 Mark-up .......................................................................................................... 123 UNIDADE 30 ..................................................................................................... 132 Fórmulas aplicadas na Contabilidade de Custos .......................................... 132 GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 138 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 139 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 UNIDADE 1 Objetivo: Conhecer os aspectos históricos da Contabilidade de Custos, bem como identificar os conceitos da Contabilidade de Custos. Considerações Iniciais Com a Revolução Industrial no século XVIII, as unidades de produção passaram a exigir uma utilização mais apurada dos recursos produtivos. Por isso, havia a necessidade de criar novas formas organizacionais para buscar maior produtividade com a máxima eficiência e criar formas de definir os custos dos produtos, que eram simplificados. Naquela época, as empresas apresentavam processos de produção muito semelhantes aos processos artesanais. Os custos mais relevantes eram basicamente com matérias-primas e mão de obra. Com a necessidade de saber onde os recursos estavam sendo aplicados, nasce a contabilidade de custos juntamente com a revolução industrial, com a finalidade de auxiliar o controle e ajudar nas tomadas de decisões (MARTINS, 2006). Segundo Martins (2006, p. 21) “devido ao crescimento das empresas, e com o consequente aumento da distância entre administrador, ativos e pessoas administradas, passou a Contabilidade de Custos a ser encarada como uma eficiente forma de auxílio no desempenho dessa nova missão, a gerencial.” Com esse crescimento ocorrem mudanças no ambiente industrial, que antes era estável e passa a ser mais turbulento, devido ao surgimento de novas unidades produtivas associadas aos avanços tecnológicos, onde a tecnologia exige novo aprendizado, com a necessidade de capacitação constante. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 Custos são medidas monetárias dos sacrifícios financeiros com os quais uma organização, uma pessoa ou um governo, têm de arcar a fim de atingir seus objetivos, sendo considerados esses ditos objetivos, a utilização de um produto ou serviço qualquer, utilizados na obtenção de outros bens ou serviços. Antecedentes históricos 1O nascimento da contabilidade de custos decorreu da necessidade de maiores e mais precisas informações, que permitissem uma tomada de decisão correta após o advento da Revolução Industrial. Anteriormente à Revolução Industrial, a contabilidade de custos praticamente não existia, já que as operações resumiam-se basicamente em comercialização de mercadorias. Nessa época, os estoques eram registrados e avaliados por seu custo real de aquisição. A contabilidade de custos nasceu da contabilidade financeira (ou geral), que dominava até a Revolução industrial (século XVIII), quando houve a necessidade de avaliar os estoques das indústrias. De acordo com Bornia (2002), de mero apêndice da Contabilidade Financeira a Contabilidade de Custospassou a desempenhar em importante papel como sistema de informações gerenciais, ocupando um lugar de destaque nas empresas. Segundo Horngren, Foster e Datar (2000, p. 2) a “contabilidade de custo mensura e relata informações financeiras e não financeiras relacionadas à aquisição e ao consumo de recursos pela organização. Ela fornece informações tanto para a contabilidade gerencial quanto para a contabilidade financeira.” Segundo Priberam: “Custo significa importância por que se adquiriu uma coisa, dificuldade, esforço”. 1 BRUNI; FAMÁ (2007, p. 22). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 11 O custo também é um gasto, só que reconhecido como custo, no momento da utilização para criação de novos bens e serviços. Seus princípios derivam da finalidade de apuração dos estoques e, portanto, nem sempre, conseguiam atender as outras duas finalidades: controle e decisão. Segundo Martins (2003, p.21), “Nesse novo campo, a contabilidade de custos tem duas finalidades: o auxílio ao controle e a ajuda às tomadas de decisões”. Da Contabilidade de Custos Segundo Devincenzi (2004 apud LAWRENCE, 1975, p. 1), a “Contabilidade de Custos é o processo ordenado de usar os princípios da contabilidade geral, para registrar os custos de operação de um negócio, de tal maneira que, com os dados da produção e das vendas, se torne possível à administração utilizar as contas para estabelecer os custos de produção e de distribuição, tanto por unidade como pelo total, para um ou para todos os produtos do negócio, com a finalidade de obter operação eficiente, econômica e lucrativa.” Para Iudícibus (1989), a contabilidade de custos pode ser conceituada como o método para identificar, mensurar e comunicar a informação econômica, buscando permitir a tomada de decisões e julgamentos adequados por parte dos usuários da informação. Segundo Martins (2003, p.22) “Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, sejam industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisões em uma empresa. Isto ocorre pois, devido a alta competição existente, as empresas já não podem mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos, e sim, também, com base nos preços praticados no mercado em que atuam.” O conhecimento de custos é vital para saber se determinado produto é rentável ou não, e se é possível reduzir os custos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 Com a nova forma de usar a contabilidade de custos várias empresas acabaram aderindo ao sistema, inclusive as prestadoras de serviços, onde seu uso era de fato irrelevante, tendo em vista a ausência do estoque, mesmo assim essas empresas faziam uso eventualmente de custos para avaliação dos “estoques de serviços em andamento”, ou seja, para avaliar os custos com projetos inacabados. A contabilidade de custos não é neutra; ela não fica parada refletindo de forma imparcial o que está acontecendo na empresa. Ao invés disso, um sistema de contabilidade de custos molda a empresa. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 UNIDADE 2 Objetivo: Conhecer e Identificar as terminologias da Contabilidade de Custos. Principais Terminologias Para entender a Contabilidade de Custo é importante a familiarização com os termos usuais da área. Na sequência serão apresentados alguns conceitos entendidos como fundamentais. a) Gastos: De modo geral, gastos são sacrifícios que a entidade arca para realização de um bem e/ou serviço. Para Martins (2003, p. 24), gasto é a “Compra de um produto ou serviço qualquer, que gere sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”. Para Padoveze (2004), gastos são todas as ocorrências de pagamentos ou recebimentos de ativos, custos ou despesas. Significa receber os serviços e produtos para consumo para todo o processo operacional, bem como, os pagamentos efetuados e recebimentos de ativos. Como se pode verificar, gastos são ocorrências de grande abrangência e generalização. b) Investimentos: Martins (2003) conclui, que investimentos são gastos com bem ou serviços que são ativados em função da sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. Investimentos segundo Malmegrin apud Wernke (2004), “são os gastos que irão beneficiar a empresa em períodos futuros, como, por exemplo, a aquisição de ativos como estoques e máquinas; o desgaste das máquinas e o consumo dos estoques serão considerados, posteriormente, como custos de produção”. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 c) Desembolso: Segundo Martins (2003, p.25), é o “pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço, podendo ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada, portanto defasada ou não do momento do gasto”. d) Custo: Gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços: são todos os gastos relativos à atividade de produção, como: matérias primas; salários empregados da linha de produção; e a depreciação das máquinas, dos móveis, utilizadas no processo produtivo. Segundo Martins (2003), o custo é também um gasto, só que reconhecido como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço. e) Custo Direto: Custos que podem ser diretamente apropriado aos produtos, bastando haver uma medida (MARTINS, 2003). f) Custo Indireto: Quando os custos não podem ser alocados de maneira objetiva a determinado objeto, ou esta alocação é economicamente inviável (MARTINS, 2003). g) Custo Variável: Está relacionado diretamente com o volume de produção ou matéria- prima, por exemplo. Varia proporcionalmente com a produtividade. São todos os custos de natureza variável, em relação aos volumes produzidos ou vendidos (comércio), usualmente identificados diretamente, ou seja, sem rateios, no produto, mercadoria ou serviço, portanto inexistentes quando não há volume (BERNARDI, 1998). h) Custo fixo: Não varia de acordo com o volume de produção. É aquele que não varia com o volume de uma atividade qualquer tomada como medida de referência. São custos de natureza fixa que não têm relação com os volumes produzidos ou vendidos. São normalmente indiretos aos produtos, mercadorias ou serviços, incorrendo mesmo a volume zero (BERNARDI, 1998). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 i) Margem de Contribuição: é, pois, “a diferença”, para mais, entre o preço de venda e as despesas variáveis referentes às unidades vendidas” (COGAN, 1999). É a contribuição dada a cada unidade vendida para a cobertura dos custos e despesas fixas da empresa. Empresas que tenham muitos produtos em linha de negócio terão maior dificuldade de apurar o ponto de equilíbrio operacional. Assim, calcule a margem de contribuição média ponderada dos principais produtos, que representem em torno de 70% a 80% de suas receitas, pois o grau de aproximação será bastante realista. (ASSEF, 1999). j) Ponto de Equilíbrio: Refere-se ao volume de atividades de uma empresa no qual não existe lucro ou prejuízo, isto é, em que os custos e despesas são iguais às receitas. Corresponde à quantidade produzida/volume de operações para a qual a receita iguala o custo total. É, pois, o ponto onde o lucro líquido iguala a zero, podendo ser expresso em unidades físicas ou monetárias. (COGAN, 1999). k) Perda: Martins (2003, p.26), define perda como Bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. Não se confunde com a despesa (muito menos com o custo), exatamente por sua característica de anormalidade e involuntariedade; não é umsacrifício feito com a obtenção de receita. Exemplos comuns: perdas com incêndios, obsoletismo de estoques, etc. Temos dois casos para tratamento das perdas. No 1° caso, a perda é considerada da mesma natureza como despesa é lançadas diretamente contra o resultado do período. Exemplos: incêndio, enchente, furto/roubo, etc. No 2° caso, por exemplo, as perdas normais de matérias-primas na produção, integram o custo de produção. A Figura 1 representa a associação entre gastos e os demais conceitos apresentados. Já a Figura 2 mostra etapas da transformação de gastos em despesas ou custos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 Figura 1: Associação entre gastos e os demais conceitos Fonte: Malmegrim (p. 3, apud WERNKE, 2004) Figura 2: Conceituação da conversibilidade de gastos em despesas e custos Fonte: Malmegrin (p. 3, apud LEONE, 2000) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 Para diferenciar CUSTOS e DESPESAS, faça um raciocínio por exclusão para entender o seu conceito. Ou seja, custos são gastos envolvidos na produção, portanto, todos os demais gastos serão classificados como despesas. Por exemplo, imaginemos que uma empresa que funcione em um prédio de três andares, da seguinte forma: no primeiro andar funciona a área de vendas, no segundo andar a área de produção e no terceiro andar a área administrativa. Os gastos do primeiro e do terceiro andar serão classificados como despesas, e os gastos do segundo andar serão classificados como custos. Isto porque, no primeiro e terceiro andar funcionam as áreas de vendas e administrativas respectivamente e no segundo andar funciona a área de produção, motivo pelo qual os gastos dessa área foram classificados como custos. Então para exemplificarmos melhor, vamos visualizar da seguinte forma: nos três andares há gastos com energia elétrica, salário, dentre outros gastos. Como classificar tais gastos? Os gastos de energia elétrica do primeiro e terceiro andar serão classificados como despesas, pois se trata de gastos das áreas administrativas e de vendas. Enquanto os gastos com energia elétrica do segundo andar, por se tratar da área de produção, esses gastos com energia elétrica serão classificados como custos. Assim deve-se fazer o mesmo raciocínio para todos os gastos dessa empresa, para fazer uma correta classificação e consequentemente um correto direcionamento dos custos e despesas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 UNIDADE 3 Objetivo: Conhecer os Custos de forma objetiva dentre as suas diferentes concepções e tipologias2. Custos Diretos e Indiretos: A classificação dos custos da empresa, dos produtos, das operações, enfim, do objeto que está sendo examinado e analisado, em diretos e indiretos destina-se a fornecer informações para a determinação do montante mais realístico do custo desse objeto, bem como para o controle dos custos dos centros de responsabilidade e, de modo geral, de todos os segmentos que tiveram seus custos identificados e acumulados. Em resumo, o que se quer dizer é que a diferenciação entre custos diretos e indiretos é necessária para o cálculo mais realístico do custo de qualquer objeto, para a verificação da rentabilidade e da eficiência das várias atividades da empresa. Todo o item de custo que é identificado naturalmente ao objeto do custeio é denominado de custo direto. Por outro lado, todo o item de custo que precisa de um parâmetro para ser identificado e debitado ao produto ou objeto do custeio é considerado um custo indireto. São debitados indiretamente por meio de taxas de rateio ou critérios de alocação. Assim, podemos generalizar identificando o custo indireto como aquele item que precisa de um critério de rateio para sua identificação ao produto ou objeto cujo custeio é desejado. Portanto, só podemos afirmar que um custo é direto ou indireto, quando relacionamos essas ideias ao objeto que está sendo custeado. Adicionalmente, o custo só é direto quando, para 2 Essas classificações/tipos de custos foram extraídos os seus conceitos de: LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo : Atlas, 2000. Isto tanto na Unidade 3 quanto na Unidade 4. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 o trabalho de sua identificação ao objeto do custeio, não é necessário o emprego de nenhum recurso, de nenhuma “medida de consumo” e de nenhum parâmetro. Outras vezes, o custo é considerado indireto apenas porque seu valor não é significativo, isto é, não seria econômico nos valermos do emprego de recursos dispendiosos, em termos burocráticos, para a sua identificação direta como objeto que está sendo custeado. Custos Imputados: São custos que não aparecem nas demonstrações contábeis convencionais, isto é, não estão registrados na Contabilidade tradicional. São custos assumidos, decorrentes da medida do valor de uso de um recurso. Os custos imputados não envolvem desembolsos de caixa. Eles constam de estudos comparativos de custos quando há a necessidade de se tomar uma decisão ou de se proceder a planejamento e projetos. Exemplos de custos imputados: custo do capital social aplicado às operações, aluguel de instalações próprias e salários dos proprietários da empresa. Custos Rateados: Para Leone (2000, p. 61) “ [...] Os custos rateados são sempre custos indiretos, pois o rateio é realizado mediante o emprego de critérios e taxas que resultam na divisão proporcional de um montante global e comum”. A ação de ratear também pode ser denominada, e muitas vezes o é, de apropriação, alocação, distribuição e atribuição. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 Custos Controláveis e Não Controláveis: A distinção entre custos controláveis e não controláveis é básica para o estabelecimento do sistema de custos pela responsabilidade. Diz-se que todos os custos da empresa são controláveis em algum nível gerencial. Constatou-se que a controlabilidade dos custos é mais ampla à medida que se caminha nos níveis hierárquicos mais inferiores da administração para os níveis mais superiores. Existe a controlabilidade dos custos quando os tipos de custos (por unidade organizacional) são previstos, autorizados, realizados, comparados os seus montantes reais com os previstos e, em seguida, analisados os desvios resultantes. Custos funcionais: Custos funcionais são os custos identificados com as diversas funções da Empresa. Podemos dividi-los em custos operacionais e não operacionais. Esses tipos de custos constituem o resultado do emprego do custeio pela responsabilidade. Os Custos funcionais são aqueles custos apresentados nas Demonstrações do Resultado logo abaixo do Resultado Bruto (Lucro Bruto). São referentes aos custos de várias funções: os custos de administração, os custos comerciais, os custos financeiros e os custos tributáveis. Essa, na realidade, é a classificação secundária dos custos. Muitas vezes o administrador deseja conhecer, para a tomada de decisão, o custo de uma função administrativa ou operacional. São denominadas operacionais as funções que dizem respeito ao próprio objeto da empresa. De modo geral, as funções operacionais são a função industrial e a função comercial, que são as duas únicas atividades-fim das empresas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 Custos Estimados: Muitas vezes, o contador de custos se depara com certas operações ou atividades cujos parâmetros, causadores dos custos ou que com eles mantém uma relação definida, não se encontram disponíveis. Nessas ocasiões, se o contador deseja prever os custos, terá de optar por um exercício de estimação, contando com as relações e osindicadores à sua disposição, não precisando, portanto, contar com dispendiosos recursos burocráticos, técnicos e de tempo. Os custos estimados são custos predeterminados e se destinam a resolver certos problemas de controle e planejamento em situações especiais. Os custos estimados são preparados para determinadas operações, levando-se em conta o “preceito contábil geralmente aceito da relevância”. Os custos constantes dos projetos de viabilidade econômica são sempre custos estimados. Também os orçamentos de produtos preparados pelas empresas que trabalham dentro do regime de produção por encomenda, sejam fabricantes ou firmas de prestação de serviços, são constituídos por custos estimados. Os orçamentos empresariais, do mesmo modo, têm receitas, despesas e custos estimados. Quando a empresa pretende realizar alguma operação ou atividade e deseja prever sua rentabilidade ou a relação custo-benefício, solicita ao contador de custos a estimação dos custos relacionados. Suponha que a empresa esteja querendo realizar uma grande promoção de venda. Certamente os especialistas do departamento comercial farão as previsões do trabalho, das dificuldades, dos eventos e das fases de execução, definindo as quantidades e os parâmetros relacionados. Neste momento, articula-se com o pessoal da controladoria ou do departamento de finanças, para a estimação das possíveis receitas e dos gastos. Esses gastos serão definidos como custos estimados. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 UNIDADE 4 Objetivo: Conhecer os custos de forma objetiva dentre os suas diferentes concepções e tipologias3 Continuação da unidade 3. Custo-padrão: “Os Custos-Padrão são custos predeterminados. Entretanto, diferentemente dos custos estimados e apesar de servirem para o controle, planejamento e tomada de decisões, são calculados com base nos parâmetros operacionais”. Os Custos-Padrão são aplicados, sobretudo em operações repetitivas, quando os parâmetros ou indicadores físicos estão perfeitamente definidos e quando os custos mantêm uma relação íntima com a variabilidade daqueles dados quantitativos, segundo nos ensina Leone (2000). Custos Periódicos: São custos relacionados ao período de tempo. Ao mesmo tempo são custos repetitivos. Também chamados custos não aplicados. 3 Essas classificações/tipos de custos foram extraídos dos conceitos de: LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo : Atlas, 2000. Isto tanto na Unidade 3 quanto na Unidade 4. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 Os custos periódicos se repetem no período seguinte e não guardam nenhuma relação de variabilidade com o parâmetro operacional de referência. Exemplo: Aluguel, Seguro de Equipamentos, Salários do Pessoal Administrativo, Impostos sobre a Propriedade. Custos Históricos: Os custos históricos são os custos registrados contabilmente. São custos realmente incorridos. Em outras palavras, são os custos objetivos, porque não sofrem nenhuma influência de julgamentos subjetivos. De acordo com o “preceito contábil geralmente aceito do custo histórico”, a Contabilidade somente considera os custos que constam de documentos hábeis e cujos valores foram determinados com objetividade. Custo Primário: Custo primário é a soma do material direto e da mão de obra direta. Não sabemos por que se chamou de custo primário ao conjunto desses dois tipos de custos. Podemos supor que tanto o material direto quanto a mão de obra direta foram os dois primeiros itens de custo de produção a serem identificados e contabilizados. Custo de Fabricação: O custo de fabricação é a soma algébrica dos seguintes itens, extraídos da conta representativa do estoque de produtos em processo: o estoque inicial, o custo fabril e o estoque final. É a mesma coisa que o custo das mercadorias fabricadas. O custo de fabricação apresenta o valor da produção de determinado período. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 Custo das Mercadorias (Produtos) Vendidas: O custo das mercadorias vendidas é a soma dos itens vendidos pela entidade em determinado período, extraídos da conta de Estoque de mercadorias (ou Produtos Acabados). Em empresas industriais, o Estoque de Produtos Acabados representa o custo de produção dos produtos prontos. O custo das mercadorias vendidas (em empresas comerciais) ou de produtos acabados (em empresas industriais) pode ser apurado através da soma algébrica do Estoque Inicial (EI), de Compras de Mercadorias ou Custo dos Produtos Fabricados (CPF) e do Estoque Final (EF). Custos Totais: São todos os custos (diretos e indiretos) de determinado objeto ou atividade. Caso se deseje determinar o custo de um programa especial (uma promoção comercial, uma campanha social ou um curso) calcularemos o custo total quando todos os custos forem imputados a esse programa. No caso de um produto ou processo, o critério será o mesmo: o custo total será a soma de todos os seus custos, diretos e indiretos. Poderemos, também, determinar o custo da empresa; nesse caso, é claro, só teremos a presença de custos diretos. Entretanto, todos os custos serão computados. Essa é uma orientação conservadora. Os empresários e administradores tendem a compreender melhor a rentabilidade do objeto que está sendo analisado, quando sobre esse objeto recaem todos os seus custos diretos e indiretos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 Custos Unitários: Poderemos ter vários custos unitários. O custo unitário é um indicador representado por uma fração, onde o denominador será a quantidade dos produtos fabricados em determinado período ou num processo produtivo. O numerador será o custo. Todavia, dependendo da necessidade gerencial que se deseja atender, o custo poderá tomar várias formas. Poderemos calcular o custo total unitário de um processo. Esse custo servirá para a determinação do lucro ou para a avaliação de estoques. O custo poderá ser parcial, por exemplo, somente sendo computados os custos variáveis. Nesse caso, teremos a figura do custo variável unitário que é um indicador muito empregado para finalidades gerenciais de planejamento empresarial. Custos Fixos e Variáveis: A análise da variabilidade dos custos, diante de parâmetros selecionados (bases de volume, pontos de referência, medidas físicas, unidades quantitativas), resulta no aparecimento de alguns comportamentos que podem ser bem definidos em termos matemáticos, constituindo relações inteligíveis e perfeitamente utilizáveis em modelos de planejamento, controle e tomada de decisões. Constatação importante é aquela que afirma que todo custo, dentro da empresa, instituição, atividade ou processo, observa um comportamento definido diante de uma base de volume (parâmetro). Alguns custos já possuem parâmetros tradicionais que definem seu comportamento. É o caso do material direto que possui comportamento muito bem definido em relação às unidades produzidas. Há uma correlação positiva e significativa entre o montante das unidades produzidas e o volume monetário do material direto. Por isso mesmo, o material direto é um custo variável, em relação ao parâmetro “unidades produzidas”, tomando como referência. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 Custos Semivariáveis: “Os custos semivariáveis são aqueles que dispõem de uma parcela fixa e de uma parcela variável. São tipos de custos muito encontrados na prática”. O custo de manutenção é, normalmente, um custo semivariável, pois sempre é constituído de uma parte fixa (os custos da atividade quando o volume de serviços é igual a zero) e uma parte variável (que deve variar de acordo com o parâmetroda atividade, que serve como referencial). O custo semivariável deverá ser sempre analisado para se determinar essas duas partes. Existem vários métodos estatísticos e matemáticos usados para essa determinação. Atividade Dissertativa Aproveitando os conceitos e terminologias da contabilidade de custos, estudados nas unidades 3 e 4, faça uma breve pesquisa descrevendo sobre custos fixos, custos variáveis, custos diretos e custos indiretos, numa resenha de, pelo menos, 15 a 30 linhas, com citação de, no mínimo, três autores, citando exemplos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 UNIDADE 5 Objetivo: Identificar os princípios4 relacionados a contabilidade de custos. Princípio da Realização da Receita Permite este princípio o reconhecimento contábil do resultado (lucro ou prejuízo) apenas quando da realização da receita. E, ocorre a realização da receita, em regra, quando da transferência do bem ou do serviço para terceiros. Portanto, normalmente as indústrias só reconhecem o resultado obtido em sua atividade quando da realização da receita, ou seja, no momento em que há a transferência do bem elaborado para o adquirente. Com isso, a Contabilidade de custos também não pode apurar resultado antes desse instante e, no máximo, pode servir como ferramenta para provisão de crédito. Do ponto de vista econômico, o lucro já surge durante a elaboração do produto, pois há agregação de valores nessa fase, inclusive do próprio resultado, mesmo que ainda numa forma potencial, sem se concretizar em dinheiro, direitos a recebimento futuro ou outros ativos. Princípio da Competência ou da Confrontação Entre Despesas e Receitas Esse aspecto da Teoria Contábil é de extrema importância para Custos e diz respeito basicamente ao momento do reconhecimento da despesa. 4 Princípios extraídos do livro do Prof. Eliseu Martins. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 Pela realização, fica definido o momento do reconhecimento da receita. Após isso, pela competência ou confrontação temos o reconhecimento das despesas. A regra é teoricamente simples: após o reconhecimento da receita, deduz-se dela todos os valores representativos dos esforços para sua consecução (despesas). Como esses esforços podem ser subdivididos em dois grupos, também existem praticamente dois grandes grupos de despesas: a) despesas especificamente incorridas para a consecução daquelas receitas que estão sendo reconhecidas; e b) despesas incorridas para a obtenção de receitas genéricas, e não necessariamente daquelas que agora estão sendo contabilizadas. Um exemplo das despesas do primeiro grupo é a própria despesa relativa a quanto foi o custo de produção do bem ora vendido, ou então a despesa de comissão relativa à sua venda, etc. E, como exemplo das do segundo grupo encontramos as despesas de administração, as de propaganda, etc., que representam gastos com finalidade de obtenção de receitas, mas não só ou especificamente das apropriadas ao período. São estas despesas relativas muito mais a gastos para a manutenção da capacidade de obtenção de receitas do que para a venda deste ou daquele produto). Ou, então, referem-se a promoções de vendas de determinados itens que, despendidos em determinado período, podem trazer efeitos benéficos para vários outros, porém tem essa distribuição por diversos exercícios realizada de forma relativamente arbitrária. Princípio do Custo Histórico como Base de Valor Desse princípio decorrem sequências várias. Os ativos são registrados contabilmente por seu valor original de entrada, ou seja, histórico. E, em alguns países, como o nosso, admite- se a atualização de alguns deles em função de um índice geral de preços. Raríssimas vezes (como na Holanda) é admitido trabalhar-se com valores que não os históricos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 Quando há problema de inflação, o uso de valores históricos deixa muito a desejar. Ao somarmos todos os custos de produção de determinado item, estocá-lo e levá-lo a balanço pelo valor original, acabamos por ter um ativo que diz quanto custou produzi-lo na época em que foi elaborado; pode nada ter a ver com o valor atual de reposição no estoque, nem com o valor histórico inflacionado (deflacionado) e muito menos ainda com seu valor de venda. Consistência ou Uniformidade Quando existem diversas alternativas para o registro contábil de um mesmo evento, todas válidas dentro dos princípios geralmente aceitos, deve a empresa adotar uma delas de forma consistente. Isto significa que a alternativa adotada deve ser utilizada sempre, não podendo a entidade mudar o critério em cada exercício. Quando houver interesse ou necessidade dessa mudança de procedimento, deve a empresa reportar o fato e o valor da diferença no lucro com relação ao que será obtido se não houvesse a quebra de consistência. Assim, para a apropriação de inúmeros custos de industrialização, há a necessidade de adoção de critérios escolhidos entre várias alternativas diferentes. Por exemplo, a empresa pode distribuir os custos de manutenção em função de horas-máquina, valor do equipamento, média passada, etc. Todos são métodos aceitos, mas não podem ser utilizados indiscriminadamente em cada período. Após a adoção de um deles, deve haver consistência em seu uso, já que a mudança pode provocar alterações nos valores dos estoques e, consequentemente, nos resultados. Esse é um dos aspectos que a Auditoria Independente mais procura verificar, já que tem interferência direta e às vezes relevante nas peças de sua maior preocupação: Balanço e Demonstração do Resultado. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 Conservadorismo ou Prudência Quase que uma regra comportamental, o Conservadorismo obriga a adoção de um espírito de precaução por parte do contador. Quando ele tiver dúvida sobre tratar um determinado gasto como Ativo ou Redução de Patrimônio Líquido (básica e normalmente despesa), deve optar pela forma de maior precaução, ou seja, pela segunda. Por Exemplo, sendo duvidoso o recebimento de um direito ativado, este deve ser baixado para o resultado (diretamente ou por meio de constituição de uma provisão). Ou, então, se um estoque, avaliado pelo custo de aquisição (mercadoria) ou de fabricação (produto), estiver ativado por um valor que exceda seu valor de venda, deve ser reduzido ao montante deste último (Custo ou Mercado – dos dois o menor). Como consequências principais dessa regra contábil têm-se a avaliação final dos estoques e o tratamento de certos custos de produção. Para a avaliação dos inventários, haverá a fuga ao Princípio do Custo Histórico como Base de valor no momento em que os produtos elaborados tiverem um valor líquido de venda menos todas as despesas necessárias a venda, tais como comissões, transporte para entrega, impostos, etc. (Apesar de muitas vezes ser incluídas nas reduções uma parcela razoável de lucro, achamos isso já um extremo aplicável apenas em alguns casos). No que diz respeito à relação entre certos custos de produção e o Conservadorismo, podem ser mencionados certos tipos de gastos que provocam dúvida quanto a sua verdadeira classificação entre custo ou despesa; na dúvida, deve prevalecer a hipótese mais pessimista, que não vai provocar o estoque desse valor, e sim sua transformação imediata em despesa. Materialidade ou relevância Essa outra regra contábil é de extrema importância para Custos. Ela desobriga de um tratamento mais rigoroso aqueles itens cujo valor monetário é pequeno dentro dos gastos totais. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 Alguns pequenos materiais de consumo industrial, por exemplo, precisariam ir sendo tratados como custona proporção de sua efetiva utilização; mas, por se tratarem de valores irrisórios, costumeiramente são englobados e totalmente considerados como custo no período de sua aquisição, simplificando o procedimento por se evitar seu controle e baixa por diversos períodos. É necessário lembrar, entretanto, que a soma de diversos itens irrelevantes pode ser material, e, nesse caso, um tratamento mais rigoroso precisa ser utilizado. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 UNIDADE 6 Objetivo: Compreender e entender como apurar os custos e consequentemente como rateá- los. A Apuração de Custo Consiste da acumulação de todos os custos incidentes sobre uma função específica. Deve ser entendido como função de custos um centro sobre o qual os custos são acumulados. Assim, podem ser funções de custos tanto um Setor, uma Divisão, um Departamento ou uma Gerência, ou seja, qualquer órgão do organograma de uma empresa. Da mesma forma, um produto específico, uma ordem de produção, uma ordem de serviço ou um processo produtivo são funções de custos. A acumulação de todos os custos em cada função específica necessita da apropriação dos custos diretos e da acumulação dos custos indiretos para o posterior rateio em cada uma das funções. Na apuração de custos é importante o conhecimento dos custos diretos e dos custos indiretos, razão pela qual estes custos pertencerem à classificação de custos quanto à apuração. A Apropriação do Custo O termo apropriação dá ideia de exclusividade, isto é, consiste na alocação de um custo a determinada função. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33 O Rateio dos Custos O termo rateio dá ideia de generalidade, ou seja, o custo é comum a várias funções, sem possibilidade, no momento da sua ocorrência, de saber que parcela do mesmo pertence a uma ou a outra função de custos. Neste caso o custo é genérico e ocorre por necessidade de várias funções de custos, ao mesmo tempo. O rateio é uma divisão proporcional de alguma coisa integral por diversos itens aos quais ela está indiretamente ligada. Isto é, o custo indireto é necessário e consumido indiretamente pelos diversos tipos de produtos. Portanto, é necessário saber que a parcela dele pertence a cada produto diferente para que se possa chegar ao custo total (diretos mais indiretos) acumulado em cada tipo diferente de produto ou em cada função diferente de custo. Capaldi (1.998) diz que rateio representa a alocação de custos indiretos aos produtos em fabricação, segundo critérios racionais. Exemplo: depreciação de máquinas rateada segundo o tempo de utilização (h/m) por produto etc. Contudo, dada a dificuldade de fixação de critérios de rateio, tais alocações carregam consigo certo grau de arbitrariedade. A aplicação de uma metodologia de rateio deve ser de forma uniforme. A mudança de um critério de rateio afeta o custo de produção e consequentemente afetará o resultado da empresa. Uma forma que Capaldi (1.998) sugere para os GGF — Gastos Gerais de Fabricação é a utilização de uma regra de três simples. Exemplo: Os gastos devem ser rateados com material indireto que totalizaram R$ 30.000,00 entre três produtos, Calças, Blusas e Saias. A base de rateio será o gasto de matéria-prima incorrido em cada um. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 PRODUTO GASTO COM MP Calça 40.000,00 Blusa 90.000,00 Saia 80.000,00 TOTAL 210.000,00 O rateio do Material Indireto para o Produto Calça será: R$ 30.000 ---------- R$ 210.000 X ---------- R$ 40.000 X = 30.000 x 40.000 = 5.714,30 210.000 X = 5.714,30 Então, os Custos Indiretos com a CALÇA será de R$ 5.714,30 O rateio do Material Indireto para o Produto Blusa será: 30.000 ---------- 210.000 X ---------- 90.000 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 X = 30.000 x 90.000 = 12.857,10 210.000 X = 12.857,10 Então, os Custos Indiretos com a BLUSA será de R$ 12.857,10 O rateio do Material Indireto para o Produto Saia será: 30.000 ----------- 210.000 X ----------- 80.000 X = 30.000 x 80.000 = 11.428,60 210.000 X = 11.428,60 Então, os Custos Indiretos com a SAIA será de R$ 11.428,60. Logo: PRODUTO GASTO COM MP CUSTOS INDIRETOS Calça 40.000,00 5.714,30 Blusa 90.000,00 12.857,10 Saia 80.000,00 11.428,60 TOTAL 210.000,00 30.000,00 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 UNIDADE 7 Objetivo: : Compreender e entender como apurar os custos e consequentemente como rateá-los. Continuação do exemplo da unidade 6. Segunda forma de fazer o rateio Outra forma de efetuar o rateio seria estabelecer a porcentagem de cada produto em relação ao critério de rateio e multiplicar a porcentagem pelo valor a ser rateado. 1) Para CALÇA: 210.000 ----------- 100% 40.000 ---------- X X = 40.000 x 100 = 19, 047625% 210.000 X = 19,05% Então: 30.000,00 x 19,05% = 5.715,00 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 2) Para a BLUSA: 210.000 ----------- 100% 90.000 ---------- X X = 90.000 x 100 = 42,85714% 210.000 X = 42,86% Então: 30.000,00 x 42,86% = 12.858,00 3) Para a SAIA: 210.000 ----------- 100% 80.000 ---------- X X = 80.000 x 100 = 38,09524% 210.000 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 X = 38,09% Então: 30.000,00 x 38,09% = 11.427,00 Quadro 2. Rateio de gastos com material PRODUTO GASTO COM MP % CUSTOS INDIRETOS (30.000 x %) Calça 40.000,00 19,05% 5.715,00 Blusa 90.000,00 42,86% 12.858,00 Saia 80.000,00 38,09% 11.427,00 TOTAL 210.000,00 100% 30.000,00 Terceira forma de fazer o rateio Há mais uma maneira de efetuar a distribuição dos custos indiretos. Toma-se o valor do mesmo e divide-se pelo valor total do parâmetro de rateio. Multiplica-se a seguir pelo valor do parâmetro correspondente a cada produto. Ou seja, encontra-se um fator multiplicador. Assim: Valor do Custo Indireto: R$ 30.000 (/) Valor total do gasto com Matéria-prima: R$ 210.000 (=) relação R$ de Custo indireto por R$ de MP 0,142857 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 PRODUTO A — R$ 40.000 X 0,142857 = R$ 5.714,28 PRODUTO B — R$ 90.000 X 0,142857 = R$ 12.857,16 PRODUTO C — R$ 80.000 X 0,142857 = R$ 11.428,56 PRODUTO GASTO COM MP Fator CUSTOS INDIRETOS Calça 40.000,00 0,142857 5.714,28 Blusa 90.000,00 0,142857 12.857,16 Saia 80.000,00 0,142857 11.428,56 TOTAL 210.000,00 0,142857143 30.000,00 Como se percebe, qualquer que seja a forma de efetuar o rateio, chega-se sempre ao mesmo resultado, ou muito próximo um critério de outro. Cabe decidir qual deles lhe é mais conveniente. Lembrando-se sempre do princípio da materialidade e relevância, principalmente no que diz respeito aos centavos, ou seja, ao número de casas decimais a serem utilizadas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 UNIDADE 8 Objetivo: Conhecer o sistema de Custeio. Sistema de Custeio Entende-se por sistemas de custeios o modo como os custos são registrados e transferidos internamente dentro da entidade. A utilização do sistema de acumulação de custos que a empresa deverá adotar depende das características do processo produtivo existentes na entidade. [...] Sendo sistema de acumulação de custos o modo como são acumulados e apropriados aos produtos ou serviços; o mecanismo utilizado nas transferências de valores.Os mais utilizados são: o sistema de custos por processo e o sistema de custos por ordem específica ou ordem de produção ou serviço (BRUNI ; FAMÁ, 2004). Vejamos a seguir as diferentes classificações existentes para o sistema de custeio, especificadas no Quadro 1: Características Classificação Mecânica de acumulação Ordem específica: quando são transferidos para determinadas solicitações de fabricação. Adequações para empresas que produzem bens ou serviços sob encomenda apresentam demanda indeterminada ou fabricação de lotes com características próprias. Processo: quando a empresa é caracterizada por apresentar produção contínua, com produtos apresentados em unidades idênticas, produção em massa e demanda constante. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 Grau de absorção Por absorção: quando os custos indiretos são transferidos aos produtos ou serviços. Direto: quando, no cálculo do custo dos produtos ou serviços produzidos, apenas os custos diretos – isto é, os que estão associados de forma clara aos produtos. Custos indiretos são considerados periódicos e lançados diretamente no Demonstrativo de Resultado do Exercício, não sendo incorporados ao cálculo dos custos dos produtos e serviços. Momento de apuração Pós-calculados: equivalem aos custos reais apurados no final do período. Pré-calculados: representam o custo alocado ao produto mediante taxas predeterminadas de CIF, elaboradas com base na média dos CIFs passados, em possíveis mudanças futuras e no volume de produção. Padrão: custo cientificamente predeterminado, constituindo base para avaliação do desempenho efetivo. Representa o quanto o produto deveria custar. Quadro 1: Classificação dos sistemas de custeio. Fonte: BRUNI; FAMÁ (2007, p.35). Os sistemas de custeio visam à identificação dos custos dos estoques de produção em andamento e de produtos acabados. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 UNIDADE 9 Objetivo: Conhecer e identificar os métodos de custeio. Método de Custeio Os métodos de custeio são técnicas que têm por objetivo a apropriação dos diversos itens de custo aos produtos e, entre esses, de acordo com Martins (2001), existem o custeio por absorção, o custeio variável, o ABC, o RKW, etc. O conhecimento e o controle dos custos tornaram-se de grande importância para as entidades e, para isso, saber selecionar dentre os diversos métodos de custeio o que melhor supre, com informações de qualidade, as necessidades de gestão dos negócios pode ser determinante para uma vantagem competitiva (BORNIA, 2002). Custeio por absorção Obrigatório no âmbito fiscal do setor industrial. Neste critério de rateio os produtos absorvem todos os custos fixos, como a Mão de obra Indireta (MOI) e as demais Despesas Indiretas de Fabricação (DIFs). Assef (2003) diz que esse método essencialmente contábil, obrigatório para finalidades fiscais no setor industrial, tem como objetivo principal a mensuração dos resultados da empresa, considerando os custos das mercadorias ou matérias-primas a partir de dados históricos de estoque. Para tanto, são empregados os métodos do custo médio ponderado ou do PEPS (Primeiro item que Entra é o Primeiro que Sai). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 Ainda para Assef (2003), [...] por esse método, todos os custos indiretos da empresa são rateados aos produtos, de modo que as suas margens são oneradas por custos e despesas inerentes a todo o processo produtivo. As empresas que utilizam esta sistemática na precificação costumam ratear todos os seus custos fixos, não apenas os de produção, mas também os administrativos, a cada produto, adotando algum método aleatório de distribuição, normalmente o percentual de faturamento de cada um, sobre o total da empresa. Método de Custeio direto Proibido no âmbito fiscal, este método de apropriação dos custos considera apenas os custos ligados diretamente ao produto, mercadoria ou serviço. Devido à vasta quantidade de informações gerenciais que este sistema oferece, este será o método de custeio utilizado na pesquisa para encontrar o ponto de equilíbrio econômico. Segundo Assef (2003), trata-se de um método de apropriação de custos essencialmente gerencial, proibido em termos fiscais, que considera apenas aqueles diretamente ligados aos produtos vendidos, ou seja, os custos variáveis. Por esse critério, podemos apurar a margem de contribuição, que indica de maneira imediata qual é a contribuição direta de cada produto/serviço aos resultados finais da empresa. Por identificar a margem de contribuição de cada produto, é possível saber a lucratividade de cada um. O rateio de despesas administrativas, como profissionais terceirizados (advogado, contador), pode prejudicar a competitividade dos produtos, devido à tendência no aumento do preço. Essas despesas devem ser cobertas pelo somatório das margens de contribuição de todos os produtos comercializados. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 44 Custeio ABC Martins (2003, p. 87), informa que o custeio baseado em atividades “é uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”. Este sistema tem como fundamento básico à busca do princípio da causa, ou seja, procura identificar de forma clara, por meio de rastreamento, o agente causador do custo, para lhe imputar o valor. Para Hansen (2003), um sistema de contabilidade de custos baseado em atividade enfatiza o rastreamento sobre a alocação. O papel do rastreamento de direcionadores é significativamente expandido ao identificarem-se direcionadores não relacionados com o volume do produto produzido (chamados de direcionadores de atividade não baseados em unidades). O uso de direcionadores de atividade baseados em unidade e não baseados em unidade aumenta a precisão das atribuições de custos e a qualidade e relevância global das informações de custos. Um sistema de contabilidade de custos que usa direcionadores de atividade baseados em unidade e não baseados em unidade para atribuir custos aos objetos de custos é chamado de sistema de custo baseado em atividade (ABC). CAM-1 – The Consortium for Advanced Manufacturing-International (1991, apud COGAN, 1999) […] definiu o Custeio Baseado em Atividades (Activity-Based Costing – ABC) como um método que reconhece o relacionamento causal dos direcionadores de custos para custear as atividades através da mensuração do custo e do desempenho do processo relativos às atividades e aos objetos dos custos. Os custos são atribuídos às atividades baseado no uso dos recursos, depois atribuídos aos objetos dos custos, tais como, produtos ou serviços, baseados no uso das atividades. O preço que cobre os custos de produção e de comercialização do produto ou serviço, e contêm ainda o percentual de lucro esperado, considera-se como preço ideal. Para Cogan (1999), um dos benefícios obtidos com o ABC é o de permitir uma melhoria nas decisões gerenciais, pois se deixa de ter produtos subcusteados ou supercusteados permitindo-se a transparência exigida na tomada da decisão empresarial, que busca em última análise, otimizar a rentabilidade do negócio. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 45 Porém, o ABC, em sua forma mais detalhada, pode não ser aplicável na prática, em virtude de exigir um número excessivo de informações gerenciais que podem inviabilizar sua aplicação. O custo da coleta e manipulação detalhada teria que justificar o seu benefício (COGAN, 1999). Método dos Centros de Custos ou RKW: De acordo com Martins (2003), o modelo original do RKW considera o custo de oportunidade, referindo-se à remuneração do capital próprio. O referido autor destaca a utilidadedo método em considerar o rateio dos custos e despesas totais, expressando que dessa forma é possível chegar ao valor de “produzir e vender”, bastando então acrescentar o lucro desejado para se obter o preço de venda final. Conforme Devincenzi (2004), [...] o método dos centros de custos ou RKW consiste em dividir a empresa em centros de custos, aos quais se alocam os custos incorridos em determinado período, por meio de bases de rateio previamente definidas. Sua sistemática representa os procedimentos da contabilidade de custos tradicional. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 46 UNIDADE 10 Objetivo: Compreender o método de custeio por absorção. Método de Custeio Real por Absorção O sistema de custo por absorção, perante sua simplicidade, provê base para o conhecimento do lucro total da empresa após fechamento da Demonstração do Resultado do Exercício e, consequentemente, do Balanço Patrimonial. Martins (2003) explica a metodologia de aplicação do custeamento por absorção por meio de três passos básicos: 1º passo - Separação entre custos e despesas, uma vez que despesas não podem ser alocadas aos produtos, pois pertencem ao período em que incorrem. 2º passo - Apropriação dos custos diretos, por meio da identificação dos custos que estão diretamente relacionados com os produtos. 3° passo - Apropriação dos custos indiretos, por meio de bases de rateio, já que estes custos não são identificáveis diretamente aos produtos. Segundo o CRC-SP(1.995), o custeio por absorção ou integral é aquele que faz debitar ao custo dos produtos, todos os custos de fabricação, sejam esses diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. Características: Instrumento básico para Avaliação dos Estoques, elaboração do Balanço Patrimonial e Demonstrativos de Resultados. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 47 Método aceito dentro dos princípios contábeis e fiscais. É limitado como instrumento gerencial à medida que os critérios de rateio não refletem a realidade. Figura 2 : Esquema básico do método de custeio por absorção em hotelaria Fonte: Martins (2000 apud LUNKES, 2004, p.116) Existem vários sistemas de custos e critérios de avaliação da produção e dos estoques, contudo dentre os princípios fundamentais de contabilidade, especificados pela lei nº 6.404/76, o método de custeio real por absorção é o indicado. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 48 Sendo assim, devem ser adicionados ao custo da produção os custos reais incorridos, obtidos através da contabilidade geral e pelo sistema por absorção, ou seja, a inclusão de gastos relativos à produção sejam eles diretos ou indiretos. Aplicação do Método Absorção O primeiro passo consiste em separar os custos de produto dos custos de período. No segundo passo, os custos diretos de produto são atribuídos aos produtos específicos, enquanto os custos indiretos são atribuídos a centros de custos. Os custos diretos são despesas que são incorridas unicamente para determinado produto. No terceiro passo, os custos indiretos são distribuídos do centro aos produtos de acordo com seu uso. É o passo mais importante para se obter precisão. Todos os custos também são referidos como indiretos de fabricação; são atribuídos inicialmente a centros de custos. A soma de custos diretos e custos indiretos distribuídos forma o custo do produto. Na aplicação do sistema em uma máquina que é usada para a manufatura de diversos produtos, a depreciação da máquina é registrada primeiro como custo indireto. Esse custo indireto precisa agora ser atribuído com precisão aos vários produtos. Isto é feito mediante: 1) a medição de quantos serviços foram prestados a todos os produtos a que custo total, 2) a quantificação dos produtos específicos que usaram esses serviços e, 3) a multiplicação da medida de atividades para um produto pelo custo de uma medida de atividade. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 49 O custo dos serviços prestados é o valor de depreciação. No passo seguinte, constaria que a máquina funcionou 60% do tempo para o produto A e 40% do tempo para o produto B. Normalmente, estudos de atividade ou estimativas de engenharia fornecem esses dados. Dada uma produção diária (ou semanal, mensal ou qualquer outra) de X para o produto A e de Y para o produto B, pode-se encontrar o percentual de atribuição por minuto, por exemplo, se a máquina funciona por 5 minutos quando uma unidade de produto A é produzida; e por 3 minutos para uma unidade de produto B. Esta é a medida de atividade (minutos por unidades de produto), que é então multiplicada pelo custo por medida de atividade (depreciação por dia dividida pelo total de horas diárias de máquina). Então, o custo é atribuído ao produto; a soma de todas as despesas indiretas constitui o custo total de produto. Antes de dar continuidades aos seus estudos é fundamental que você acesse sua SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES. Na unidades 2, 3 e 4 há o estudo das terminologias empregadas na contabilidade de custos, verificar as principais diferenças existentes entre os Custos fixos e variáveis. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 50 UNIDADE 11 Objetivo: Compreender o método de custeio por absorção. Continuação da unidade 10, Exemplo Uma empresa que fabrica apenas dois produtos (A e B). Suponha que a empresa tenha tido os seguintes gastos durante determinado período: No quadro abaixo se tem os Gastos de uma empresa: GASTOS R$ Salários de fábrica 140.000,00 Comissão de vendedores 70.000,00 Matéria-prima Consumida 290.000,00 Salários da administração 70.000,00 Honorários da diretoria 30.000,00 Depreciação 30.000,00 Seguros de fábrica 20.000,00 Materiais diversos — fábrica 30.000,00 Manutenção 30.000,00 Despesas de entrega 10.000,00 Material de expediente 20.000,00 TOTAL 740.000,00 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 51 O primeiro passo é a separação dos custos de produção e das despesas do período. Tem- se, então, a seguinte distribuição: CUSTOS R$ Salários de fábrica 140.000,00 Matéria-prima Consumida 290.000,00 Depreciação 30.000,00 Seguros de fábrica 20.000,00 Materiais diversos — fábrica 30.000,00 Manutenção 30.000,00 TOTAL 540.000,00 DESPESAS R$ Comissão de vendedores 70.000,00 Salários da administração 70.000,00 Honorários da diretoria 30.000,00 Despesas de entrega 10.000,00 Material de expediente 20.000,00 TOTAL 200.000,00 Observa-se que os gastos, no valor de $ 740.000,00, ficaram assim distribuídos: GASTOS R$ Custos 540.000,00 Despesas 200.000,00 TOTAL 740.000,00 As despesas não integram o custo dos produtos e, como consequência, serão lançadas diretamente contra os resultados do exercício. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 52 São apenas dois produtos, deve-se, então, fazer a apropriação dos custos diretos. Para o consumo de matérias-primas a empresa deverá dispor de um sistema de controle de materiais que lhe possibilita identificar quanto cada produto consumiu de matéria-prima. E, por esse sistema, pode-se saber quanto de matéria-prima foi consumida por produto: CUSTOS DIRETOS R$ Produto A 110.000,00 Produto B 180.000,00 TOTAL 290.000,00 Com relação aos salários de fábrica, há a necessidade de se separar a mão de obra direta e a indireta. A empresa mantém apontamentos que permitem a apuração das horas gastas em cada produto e as horas de mão de obra indireta. Apuração de Custos Diretos e Indiretos da empresa: CUSTOS DIRETOS R$ Mão de obra direta do Produto A 60.000,00 Mão de obra direta do Produto B 40.000,00 Total Mão de obradireta 100.000,00 Mão de obra indireta 40.000,00 TOTAL DE MÃO DE OBRA 140.000,00 Dessa forma, os R$ 100.000 são apropriados diretamente aos produtos A e B, enquanto R$ 40.000 serão incorporados aos gastos gerais de fabricação para posterior distribuição. Supondo que os demais custos sejam considerados indiretos, pode-se montar o seguinte quadro: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 53 CUSTOS CUSTOS DIRETOS CUSTOS INDIRETOS CUSTO TOTAL PRODUTO A PRODUTO B Matéria-prima 110.000,00 180.000,00 290.000,00 Mão de obra direta 60.000,00 40.000,00 100.000,00 Depreciação 30.000,00 30.000,00 Seguro da Fábrica 20.000,00 20.000,00 Materiais Diversos 30.000,00 30.000,00 Mão de obra Indireta 40.000,00 40.000,00 Manutenção 30.000,00 30.000,00 TOTAL 170.000,00 220.000,00 150.000,00 540.000,00 Do total de custos, R$ 390.000 já estão alocados aos produtos A e B, e os gastos gerais de fabricação, ou custos indiretos de fabricação, no montante de R$ 150.000, precisam, por algum critério, ser rateados aos dois produtos. Na próxima unidade veremos duas formas desses rateios. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 54 UNIDADE 12 Objetivo: Compreender o método de custeio por absorção. Continuação da unidade 11. Rateio dos Custos Indiretos em relação aos Custos Diretos Uma maneira bastante simples é a distribuição proporcional dos custos indiretos em relação ao total de custos diretos. Tem-se, então: Proporcionalidade dos Custos Indiretos em relação aos Custos Diretos da empresa Ou seja, para o Produto “A” têm-se os seguintes cálculos: 390.000 ----------- 100% 170.000 ---------- X X = 170.000 x 100 = 43,589744% 390.000 X = 43,59% Então: 150.000,00 x 43,59% = 65.385,00 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 55 Ou seja, para o Produto “B” têm-se os seguintes cálculos: 390.000 ----------- 100% 220.000 ---------- X X = 220.000 x 100 = 56,410256% 390.000 X = 56,41% Então: 150.000,00 x 56,41% = 84.615,00 PRODUTO CUSTOS DIRETOS PROPORÇÃO CUSTOS INDIRETOS CUSTO TOTAL A 170.000,00 43,59% 65.385,00 235.385,00 B 220.000,00 56,41% 84.615,00 304.615,00 TOTAL 390.000,00 100% 150.000,00 540.000,00 A última coluna indica o custo total de cada produto e a penúltima o montante de custos indiretos de fabricação distribuídos segundo os custos diretos de cada produto. Rateio dos Custos Indiretos em relação à mão de obra Outra alternativa de rateio seria de acordo com o gasto de mão de obra direta. Os custos de cada produto seriam: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 56 Proporcionalidade dos Custos Indiretos em relação à mão de obra da empresa Ou seja, para o Produto “A” têm-se os seguintes cálculos: 100.000 ----------- 100% 60.000 ---------- X X = 60.000 x 100 = 60,00% 100.000 X = 60% Então: 150.000,00 x 60% = 90.000,00 Ou seja, para o Produto “B” têm-se os seguintes cálculos: 100.000 ----------- 100% 40.000 ---------- X X = 40.000 x 100 = 40,00% 100.000 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 57 X = 40% Então: 150.000,00 x 40% = 60.000,00 Quadro do Total dos Custos Diretos e Indiretos da empresa: PRODUTO MP MÃO DE OBRA PROPORÇÃO CUSTOS INDIRETOS CUSTO TOTAL A 110.000,00 60.000,00 60% 90.000,00 260.000,00 B 180.000,00 40.000,00 40% 60.000,00 280.000,00 TOTAL 290.000,00 100.000,00 100% 150.000,00 540.000,00 Existem outros critérios de rateio, tal como distribuição do aluguel, por m2, materiais auxiliares de acordo com o consumo de matéria-prima, depreciação de máquinas de acordo com horas trabalhadas, etc. O nível de detalhamento a ser usado depende da relevância dos valores envolvidos e do bom-senso de cada um, visando a eliminar as arbitrariedades. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 58 UNIDADE 13 Objetivo: Compreender o método de custeio variável ou custeio direto. Método de Custeio Variável ou Direto A metodologia do Custeio Variável teve surgimento para prover as necessidades gerenciais em termos de tomada de decisões. O método de custo variável é utilizado pelos gestores internamente nas entidades com o objetivo de facilitar o processo de tomada de decisões, baseadas em dados de custos sem realização de rateio dos custos indiretos de fabricação. Segundo Martins (2003) e Leone (1989), o custeamento marginal destina-se a auxiliar a gerência no processo de planejamento e, consequentemente, na tomada de decisões. Martins (2003) destaca que distorções geradas pela apropriação dos custos indiretos, principalmente os fixos, reside em dois pontos: O fato de serem no total independentes dos produtos e volumes, o que faz com que seu valor por unidade dependa diretamente da quantidade elaborada, e também o critério de rateio, já que, dependendo do que for escolhido, pode ser apropriado um valor diferente para cada unidade de cada produto. Em processo de tomada de decisão, os custos fixos rateados de forma imprecisa podem levar a decisões equivocadas, como o corte de produtos lucrativos ou de produtos deficitários. Para facilitar este processo de decisões, pode ser empregando o método de custeio variável. O custeio direto ou variável é um método de apuração que atribui aos produtos somente os custos que variam diretamente com o volume de produção. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 59 Diz Capaldi (1.998) que consiste em considerar como custo de produção do período apenas os Custos Variáveis incorridos. Os Custos Fixos não são considerados como custo de produção e sim como despesas, sendo lançadas diretamente contra o resultado do período. Os Custos fixos ficam separados e são apropriados diretamente ao custo das vendas. Desse modo, o custo dos produtos vendidos e os estoques finais de produtos em elaboração e produtos acabados só conterão custos variáveis. Se os custos da produção são apurados criteriosamente então a aplicação deste sistema depende do uso de um sistema contábil eficiente, na forma de um plano de contas que separe, já no estágio de registro dos gastos, os custos variáveis e os custos fixos de produção. Características: Implica a separação dos custos variáveis e fixos. Dispensa os rateios. Permite definir o Ponto de Equilíbrio. Revela o desempenho individual dos produtos, por meio da margem de contribuição. As vantagens da sua utilização residem no fato de que os custos fixos independem do volume de produção e eles estão sempre presentes, independentemente das atividades da fábrica. Não estão diretamente relacionados com um produto específico. Os custos fixos são rateados entre os produtos fabricados. Por essas razões e por sua grande utilidade para otimizar decisões, o custeio direto (ou variável) tende a ser cada vez mais utilizado. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 60 Todavia, tendo em vista que esse sistema não atende aos princípios fundamentais de contabilidade e não é aceito pelas autoridades fiscais, sua utilização é limitada à contabilidade para efeitos internos da empresa. Exemplo: Os dados que seguem, se referem ao volume de produção, às vendas e ao estoque final de uma determinada empresa, bem como os seus custos variáveis e fixos para a apuração segundo o método de custeio direto. Tem os seguintes volumes de produção, de vendas e estoque final: MÊS PRODUÇÃO VENDAS ESTOQUE FINAL Janeiro 4.000 2.500 1.500 Fevereiro 3.000 3.000 1.500 Março 2.500 2.000 2.000 Abril 2.000 3.500 500
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