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OBESIDADE – PARTE 3 Avaliação da obesidade A prevalência da obesidade entre adultos vem aumentando rapidamente na maioria dos países industrializados. Crianças e adolescentes também estão ficando mais obesos, o que indica que as tendências atuais vão se acelerar com o tempo. A obesidade está associada a um maior risco de múltiplos problemas de saúde, como hipertensão, diabetes tipo 2, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono, doença hepática gordurosa não alcoólica, doença articular degenerativa e algumas malignidades. Assim é importante que os médicos identifiquem, avaliem e tratem os pacientes com obesidade e condições associadas de comorbidade. Os médicos deverão proceder ao rastreamento para obesidade de todos os pacientes adultos, bem como oferecer aconselhamento intensivo e intervenções comportamentais para promover uma perda de peso sustentada. As cinco etapas principais na avaliação da obesidade, conforme descrito a seguir, são: (1) Uma anamnese voltada para a obesidade; (2) Um exame físico para determinar o grau e o tipo de obesidade; (3) Avaliação de condições de comorbidade; (4) Determinação do nível de aptidão e (5) Avaliação da disposição do paciente em alterar seu estilo de vida. ➔ Anamnese voltada para a obesidade: as informações obtidas com a anamnese devem ser baseadas nas sete perguntas seguintes: 1. Que fatores contribuem para a obesidade do paciente? 2. De que forma a obesidade está afetando a saúde do paciente? 3. Qual o nível de risco da obesidade para o paciente; 4. Qual a dificuldade encontrada pelo paciente em controlar o peso? 5. Quais as metas e as expectativas do paciente? 6. O paciente está motivado para começar um programa de controle de peso? 7. De que tipo de ajuda o paciente precisa? Embora a grande maioria dos casos de obesidade possa ser atribuída a fatores comportamentais que afetam a dieta e os padrões de atividade física, a anamnese pode sugerir causas secundárias que requeiram maior avaliação. Os distúrbios a considerar são síndrome do ovário policístico, hipotireoidismo, síndrome de Cushing e doença hipotalâmica. O ganho de peso induzido por fármacos também deve ser considerado. São causas comuns os medicamentos para diabetes (insulina, sulfonilureias, tiazolidinedionas), os hormônios esteroides, os agentes psicotrópicos, os estabilizadores do humor (lítio), os antidepressivos (tricíclicos, inibidores da monoaminoxidase, paroxetina, mirtazapina) e os antiepiléticos (valproato, gabapentina, carbamazepina). Outras medicações, como os anti-inflamatórios não esteroides e os bloqueadores dos canais de cálcio, podem causar edema periférico, mas não aumentam a gordura corporal. A alimentação e os padrões de atividade física atuais do paciente podem revelar fatores que contribuem para o desenvolvimento de obesidade e podem identificar comportamentos com vistas ao tratamento. É mais fácil obter esse tipo de informação histórica pela combinação de um questionário com uma entrevista. ➔ Índice de massa corporal (IMC) e circunferência da cintura: há três medidas antropométricas importantes para se avaliar o grau de obesidade que é o peso, a estatura e a circunferência da cintura. O IMC, calculado como peso/altura é usado para classificar a condição do peso e o risco de doença. O IMC fornece uma estimativa da gordura corporal e está relacionado com o risco de doença. O excesso de gordura abdominal, avaliado pela medida da circunferência da cintura ou pela proporção entre a cintura e os quadris, é associado de forma independente a um maior risco de diabetes melito e doença cardiovascular. A medição da circunferência da cintura é um indicador do tecido adiposo visceral e deverá ser feita no plano horizontal, acima da crista ilíaca. ➔ Aptidão física: é um previsor importante da taxa de mortalidade por qualquer causa, independentemente do IMC e da composição corporal. Tais observações esclarecem a importância de se obter uma história de exercício e atividade física durante o exame, bem como de enfatizar a atividade física como uma abordagem terapêutica. ➔ Condições de morbidade associadas à obesidade: a avaliação das condições mórbidas concomitantes deve basear-se na manifestação de sintomas, nos fatores de risco e no índice de suspeita. Para todos os pacientes, deverá ser realizado um painel de jejum de lipídeos (níveis totais, lipoproteínas de baixa densidade, lipoproteínas de alta densidade, colesterol e triglicerídeos) e a determinação do nível de glicose sanguínea no jejum e da pressão sanguínea. O número e a gravidade das condições específicas de comorbidade em geral aumentam com níveis maiores de obesidade. Os pacientes sobre risco absoluto muito alto incluem aqueles com doença arterial coronariana (DAC), outras doenças ateroscleróticas, como a arterial periférica, aneurisma da aorta abdominal e doença sintomática da artéria carótida, diabetes tipo 2 e apneia do sono. ➔ Avaliação da disposição do paciente em alterar seu estilo de vida: uma tentativa de iniciar modificações no estilo de vida quando o paciente ainda não está pronto em geral acarreta frustração e pode prejudicar esforços futuros para emagrecer. A avaliação inclui motivação e apoio ao paciente, eventos estressantes da vida, estado psiquiátrico, disponibilidade e limitações de tempo, além de estabelecimento de metas e expectativas apropriadas. A disposição do paciente pode ser vista como o equilíbrio entre duas forças opostas: (1) A motivação ou a vontade do paciente de mudar, e (2) A resistência ou a relutância do paciente à mudança. Um método útil para começar uma avaliação é o uso de uma técnica de entrevista motivacional para “amarrar” o interesse e o compromisso do paciente a uma escala numérica. Nessa técnica, pede-se ao paciente que classifique – em uma escala de 0 a 10, com o 0 significando um fato não tão importante (ou confiável) e o 10 significando um fato muito importante (ou confiável) – seu nível de interesse e de confiança sobre perder peso neste momento. Tal exercício ajuda a estabelecer a disposição do paciente para mudar e serve como base para o diálogo seguinte.
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