Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tema 07 – Transtornos Globais do Desenvolvimento: autismo e surdo cegueira Bloco 1 Gleidis Roberta Guerra Legislação e Políticas Públicas de Inclusão e Multiculturalidade W B A 0 1 8 9 _ V 1 _ 0 Introdução Antigamente eram chamados de Distúrbios Globais do Desenvolvimento e hoje são denominados de Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). Esses transtornos são uma condição complexa e de difícil diagnóstico, possuem etiologias múltiplas, correlação com outros distúrbios e são analisadas por diferentes concepções teóricas. TGD Para receber esse diagnóstico, os sintomas devem ter aparecido antes dos 5 anos de idade. As características principais do TGD são: dificuldades nas interações sociais, alteração no padrão de comunicação e interesses restritos. Causas Algumas concepções teóricas indicam que o TGD tem causas orgânicas, enquanto que outras tratam do transtorno como um problema da estruturação psíquica. Ainda há vertentes que atribuem aos dois fatores as dificuldades apresentadas. Abordagens terapêuticas As abordagens terapêuticas geralmente são de ordem comportamental ou psicanalítica. Para cada uma dessas abordagens há uma compreensão diferente do sujeito e da maneira de trabalhar com ele. A forma como entendemos a condição do indivíduo irá determinar a maneira como iremos tratá-lo. Abordagem comportamental Visa o ensino de habilidades sociais por meio da promoção de mudanças no comportamento da criança. Cria estratégias de trabalho que favorecem o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos e uma melhor qualidade de vida. Abordagem comportamental “Qualquer comportamento que esteja deficitário ou em excesso no desenvolvimento de um indivíduo e que prejudique seu bem- estar com o meio é alvo desta intervenção”. (PROJETO AMPLITUDE) Abordagem psicanalítica Nessa abordagem entende-se que houve uma falha na constituição do sujeito e que este aspecto deve ser trabalhado. Nessa visão, devem ser realizadas ações em que o mundo tenha significado para a criança e vice-versa. Respeitar suas escolhas, trabalhar seus limites corporais e realizar outras ações que o levem a compreender-se como sujeito. Abordagem psicanalítica Para que ocorra este reconhecimento da criança, como sujeito, o analista tentará trazê- la para a realidade, retirando-a do seu mundo particular, fazendo com que ela faça parte, interaja e reconheça os outros. (DORIA, MARINHO, PEREIRA-FILHO, 2006) Autismo O termo autismo vem do grego autos, que significa “de si mesmo”. Kanner, em 1943, descreveu um grupo de crianças que apresentavam inabilidade para se relacionar com outras pessoas, tendência ao isolamento, falha no uso da linguagem para a comunicação e uma necessidade extrema de manter-se na “mesmice”. Autismo Hoje, do ponto de vista da neurociência, sabemos que o autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, ou seja, faz parte do indivíduo e de alguma maneira interfere na sua evolução. São quatro as características primordiais para indicar a presença de autismo: problemas de relacionamento social, dificuldade de comunicação, interesses restritos e repetitivos e início precoce (HENRIQUES, 2009, p.1). Autismo Estudos de neuropsicologia têm demonstrado que indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm dificuldades no comportamento executivo, ou seja, na maneira como planejam ações e resolvem problemas. TEA O Transtorno do Espectro Autista (TEA) se refere a um grupo de transtornos caracterizados por um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos na interação social, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos pronunciados. O autismo é um dos transtornos dentro do TEA, temos outros, como a Síndrome de Asperger. Na escola O estabelecimento de rotina é fundamental para que a criança com autismo se sinta tranquila. Isto deve ser feito de maneira concreta (quadro de rotinas). Para isso, use objetos de interesse da criança; tenha sempre atividades extras que ela goste de fazer; observe se há muitos estímulos visuais e se estes estão tirando a atenção dela. Na escola Oriente as outras crianças em como se aproximarem do amigo com autismo, pois muitos deles não gostam de ser tocados. Ajude a criança a realizar as atividades, mas nunca faça por ela. Padronize os limites, minimize os comportamentos indesejados, oferecendo reações mínimas e explicando que essas atitudes não a farão conseguir o que quer. Fale sempre com calma e paciência. Tema 07 – Transtornos Globais do Desenvolvimento: autismo e surdo cegueira Bloco 2 Gleidis Roberta Guerra Legislação e Políticas Públicas de Inclusão e Multiculturalidade Surdo-cegueira A surdo-cegueira caracteriza um indivíduo que apresenta deficiência visual e auditiva, denominado surdo-cego. Como vimos, as deficiências múltiplas não são uma simples somatória de duas deficiências, o indivíduo surdo-cego possui características próprias a sua condição e requer métodos especiais para desenvolver sua comunicação e suas funções cotidianas. Surdo-cegueira A surdo-cegueira é uma deficiência única, singular, com características próprias e específicas. A área de suporte a essa deficiência é limitada, poucos profissionais dominam os instrumentos de comunicação para trabalhar com essa população. Tipos e causas O grau de perda auditiva e visual pode variar para cada pessoa e situação, podendo chegar a uma perda total dos dois sentidos ou ter um menos comprometido do que o outro. Tipos e causas Em relação ao tipo, surdo-cedo pode ter: • Cegueira congênita e surdez adquirida. • Surdez congênita e cegueira adquirida. • Cegueira e surdez congênita. • Cegueira e surdez adquirida. • Baixa visão com surdez congênita. • Baixa visão com surdez adquirida. Tipos e causas Assim como em outras deficiências, a surdo- cegueira pode ocorrer em diferentes momentos: • Pré-natal. • Perinatal. • Pós-natal. Nível de linguagem Lembramos que nos casos de deficiência adquirida, esta pode ter ocorrido em dois períodos: • Pré-linguístico: antes do desenvolvimento da linguagem. • Pós-linguístico: após o desenvolvimento da linguagem. Comunicação No desenvolvimento da criança surdo-cega a maior ênfase deve ser dada a sua comunicação, visto que esse é o ponto de partida para a aprendizagem. Comunicação Lembramos que o principal sentido a ser desenvolvido é o tato, ele também será utilizado para a comunicação. Comunicação “As mãos tornam-se elemento chave para que o ato de comunicar seja concretizado de forma plena e eficaz. É inegável que as mãos exercem para o surdo-cego o relevante papel de transmissor de informações, possibilitando a construção do conhecimento e seu desenvolvimento enquanto cidadãos”. (REIS, 2013) Formas de comunicação Algumas pessoas surdo-cegas desenvolvem sistemas de comunicação, como a Libras Tátil ou o Tadoma. Dependendo de cada caso, ainda podem ser utilizados sistemas de comunicação, como o Braille, Braille digital, Alfabeto Manual dos Surdos, soletrado na mão da pessoa, ou a escrita alfabética na palma da mão. Libras Tátil A Libras Tátil é uma forma de comunicação que adapta o uso da língua de sinais ao tato, ou seja, ele é realizado com a mão do surdo- cego sobre as mãos do interlocutor. Braille e Braille digital O sistema Braille utilizado para o surdo-cego é o mesmo utilizado pelos cegos. No Braille digital o próprio corpo da pessoa determina os pontos na palma da mão (dedo indicador e médio). Alfabeto digital e escrita na palma da mão O alfabeto dos surdos e a escrita alfabética na palma da mão registram as letras na palma da mão da pessoa, que poderá interpretar a palavra a partir da soletração. Tadoma É um método que utiliza a percepção das vibrações produzidas no ato de falar, a pessoa surdo-cega coloca sua mão nos lábios, bochecha, mandíbula e garganta do interlocutor. Comunicação Serpa (2004) descreve uma série de estratégias que podem ser utilizadas para auxiliar o desenvolvimento da comunicação em surdo-cegos. Vamosver algumas: Estratégias de comunicação • Respeito aos interesses individuais e interação física. • Contato corporal com o interlocutor, manipulação do ambiente com pequenos movimentos e reconhecimento das pessoas por meio da exploração tátil. • Responder às pequenas tentativas de comunicação, como movimentos musculares ou de olhos. Estratégias de comunicação • Rotinas e interações consistentes. • Criar situações em que a criança tenha que interagir e participar. • Estabelecer cooperação e interação entre as pessoas próximas. Na escola... Pensando no aluno surdo-cego na sala de aula, mais uma vez, iremos nos reportar à necessidade de adaptações, tecnologias assistivas e de professor e gestor terem um olhar diferenciado para as necessidades desse aluno. Na escola Um ambiente físico adequado, posturas e atitudes positivas frente ao aluno e formas diferenciadas de comunicação irão auxiliar o desenvolvimento integral da criança e proporcionar sua aprendizagem. História de Hellen Keller Hellen Keller nasceu em 1880 e antes dos dois anos, por causa de uma doença, ficou surdo- cega. Até os 6 anos de idade vivia aprisionada em seu próprio mundo, quando seus pais foram buscar ajuda. Receberam auxílio de uma professora também cega, Anne Sullivan. Assim nasceu uma amizade de 49 anos. Aos 20 anos Helen escreveu uma autobiografia à mão, ingressou no estudo formal e foi a primeira cega-surda a se formar em uma universidade. Virou ativista política. História de Hellen Keller Helen publicou 12 livros e foi condecorada pelo presidente dos Estados Unidos com a medalha da liberdade, o maior reconhecimento que um civil pode receber. Em 1965 entrou para o National Women’s Hall of Fame. Tudo isso aconteceu porque ela teve uma professora que fez a diferença, por isso, é importante que sejamos também a diferença.
Compartilhar