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[Medicina do trabalho] INTRODUÇÃO DEFINIÇÕES • SAÚDE: um estado de completo bem estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades • TRABALHO: atividade humana realizada com o objetivo de produzir uma forma de obtenção de subsistência CONTEÚDO DA DISCIPLINA: • ASO (atestado de saúde ocupacional) • Normas regulamentadoras (38 NR’s) • Riscos físicos (ruído, calor, frio, radiações) • Riscos químicos (schilling, metais, pneumoconioses) • Riscos biológicos (bactérias, vírus) • Ergonomia (STC, quervain, epicondilites, sind. Do manguito rotador) • Insalubridade vs periculosidade • Leis trabalhistas (NTEP, BPC, AT, CAT, NC, PCD, Auxílios doença e acidente) • Perícia médica e medicina legal SAÚDE OCUPACIONAL OU SAÚDE NO TRABALHO São 3 objetivos: ➔ A manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e de sua capacidade de trabalho ➔ O melhoramento das condições de trabalho, par que elas sejam compatíveis com a saúde e a segurança ➔ O desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações do trabalho que contribuam com a saúde e segurança e promovam um clima social positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das empresas HISTÓRIA • Bernardinho Ramazzini, médico italiano nascido em Carpi, em 1633, é considerado o pai da medicina do trabalho (MT) • Contribuição do livro “De Morbis Artificun Diatriba” (As doenças dos trabalhadores), publicado em 1700 • Relaciona 54 profissões e descreve os principais problemas de saúde apresentados pelos trabalhadores • Antes da consulta sempre perguntava aos pacientes: qual a sua ocupação? • “melhor prevenir do que curar” • “O êxito de qualquer atividade empresarial é diretamente proporcional ao fato de se manter a sua peça fundamental – o trabalhador – em condições de ótima saúde” NO BRASIL • No Brasil, em 1921, foi criada a Inspeção do Trabalho, circunscrita ao Rio de Janeiro. Com a reforma constitucional de 1926, estabeleceu-se a competência da União para legislar sobre o assunto. E em 1931, durante o governo Getúlio Vargas, foi criado o Departamento Nacional do Trabalho, com a função de fiscalizar o cumprimento de leis sobre acidentes laborais, jornada, férias, organização sindical e trabalho de mulheres e menores. Um ano depois, foram criadas as inspetorias regionais nos estados da federação, posteriormente transformadas em Delegacias Regionais do Trabalho. • A obrigatoriedade de comunicação de acidentes dessa natureza à autoridade policial foi estabelecida por decreto, em 1934, pelo Departamento Nacional do Trabalho, que também previa a imposição de multas administrativas. Decretos-lei de 1940, por exemplo, definiam a competência do Ministério da Agricultura para fiscalizar e estabelecer normas de trabalho nas minas. • O crescimento das indústrias resultou no aumento do número de trabalhadores urbanos, o que, consequentemente, trouxe novas preocupações para o governo brasileiro. É nesse cenário que surge no país, em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, com ela, as primeiras referências à higiene e segurança no trabalho. • Na década de 1940, também emergem as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipas), organizadas pelas empresas. A Portaria do Ministério do Trabalho que criou as Cipas foi estruturada pela Associação Brasileira de Medicina do Trabalho e é considerada uma das medidas mais efetivas no contexto das ações para prevenção dos acidentes do trabalho. As primeiras comissões trouxeram bons resultados e incentivaram a realização de congressos sobre prevenção de acidentes. Os médicos passaram a se dedicar mais às doenças específicas dos trabalhadores, principalmente àquelas que atingiam um grupo maior na época, como era o caso da intoxicação por chumbo. Tal preocupação obrigou os médicos a aprimorar seus estudos e as empresas a investir na Saúde Ocupacional. Em 1947, a OIT adota a Convenção no 81, que estabelece que cada membro da organização deve ter um sistema de inspeção do trabalho nos estabelecimentos industriais e comerciais. A experiência dos países industrializados transformou-se na Recomendação no 112, de 1959, estabelecida pela OIT, que tratava dos “Serviços de Medicina do Trabalho”. Posteriormente, ela foi substituída pela Convenção no 161 da OIT, de 1985, e sua respectiva Recomendação, de no 171. • No Brasil, esse desenvolvimento ocorreu tardiamente e reproduziu o processo dos países do Primeiro Mundo. No campo das instituições, destaca-se também a criação da Fundacentro (1966), versão nacional dos modelos de institutos desenvolvidos no exterior a partir da década de 1950. • No fim da década de 1960, a MT já contava com uma legislação específica, o que melhorou a fiscalização. O setor estava se ampliando, e os médicos brasileiros relacionados à área que compareciam aos congressos internacionais sentiram a necessidade de uma associação onde pudessem se reunir para atualizar e trocar conhecimentos. É nesse cenário que surge, em 26 de março de 1968, por iniciativa do médico Oswaldo Paulino, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho -ANAMT. • Formalmente, a MT foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2003, por meio da resolução CFM 1643. DRT – DELEGACIA REGIONAL DO TRABALHO • D.R.T. - Com o intuito de manter a segurança e medicina do trabalho, incumbe às Delegacias Regionais do Trabalho a fiscalização do local de trabalho, podendo, inclusive, caso a empresa desrespeite as normas vigentes, embargar obra ou impor autuação e multa. NORMAS REGULAMENTADORAS – NRS • Ministério do Trabalho em 8 de junho de 1978 lei 6516 • Peculiaridade de cada atividade ou setor do trabalho • 37 NRs (38 em breve) • NR 4 – SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) • NR 5 CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) • NR 6 EPI (Equipamento de Proteção Individual) • NR 7 PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) • NR 9 PPRA ( Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). NR 4 SESMT (SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO) • O SESMT (Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho), conforme o grau de risco da atividade e o número de empregados, a empresa deve contar com um ou mais médicos, engenheiros, auxiliares de enfermagem e inspetores de segurança. • NR 4 da Portaria 3.214/78 NR 5 CIPA (COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES) • A partir de 20 empregados • Representantes do empregador e dos empregados • Eleições • Função: Elaborar mapas de riscos, com a assessoria do SESMT • A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), será integrada de epresentantes dos empregados que terão estabilidade no emprego durante o mandato e do empregador, os mandatos serão de 1 ano, sendo admitida uma reeleição. • Art. 163 da CLT – NR 5 da Portaria 3.214/78 • Objetivos da CIPA: observar e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar as medidas para reduzir até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizá-los; • Orientar os trabalhadores quanto à prevenção de acidentes na empresa NR 6 – EPI (EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL) • Quando medidas de ordem geral não oferecer proteção completa • Situações de emergência • Enquanto medidas de proteção coletiva estão sendo implantadas • CA (Certificado de Aprovação) • Empregador fornece *O EPI não é a primeira medida de prevenção, é sempre a segunda! Por exemplo: o ruído está causando danos, você tenta reduzir o barulho, se não der certo e não adiantar, aí você entra com os fones de ouvido... NR 7 – PCMSO (PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL) • Objetivo: Promoção e preservação da saúde do conjunto de trabalhadoresem uma empresa. • Exames médicos OBRIGATÓRIOS (ASO): 1 – Admissional 2 – Periódico 3 – De retorno ao trabalho 4 – De mudança de função (“mudança de risco”) 5 – Demissional NR 9 – PPRA (PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS) Riscos Ambientais: 1: Agentes Físicos (ruídos, vibrações, frio) 2: Agentes Químicos (Neblinas, névoas, fumos metálicos) 3: Agentes Biológicos (bactérias, fungos, vírus) INSALUBRIDADE • São consideradas insalubres as atividades ou operações que exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. • Incumbe às Delegacias Regionais do Trabalho exercer a fiscalização e notificar as empresas quanto às operações insalubres. • O exercício de atividades insalubres acima dos limites fixados no quadro do MTE, garante ao empregado o direito ao adicional de insalubridade que será de 40%, 20% ou 10% do salário mínimo regional. PERICULOSIDADE • São consideradas perigosas as atividades ou operações que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos, em condições de risco acentuado. • As atividades consideradas perigosas estão previstas na portaria baixada pelo MTE. • O trabalho em condições perigosas dá ao trabalhador o direito ao adicional de 30% sobre o seu salário contratual. • Caso a empresa não pague o adicional, poderá o empregado ingressar com dissídio individual ou coletivo, ocasião em que o juiz deverá designar perito para emitir um laudo a respeito da existência de periculosidade na atividade desenvolvida pelo empregado. CAT (COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO) • Acidente de trabalho (AT) é o que ocorre pel exercício de trabalho a serviço da empresa provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho permanente ou temporária nos termos dos artigos 138 a 177 do regulamento dos benefícios da previdência social. • Pode ser emitido pelo MT, Médico responsável pelo atendimento, Sindicato ou pelo próprio empregado. • Todo acidente de Trabalho = Abrir CAT EXEMPLO 1 Adalberto é recepcionista na faculdade UniABCDE. Trabalha das 08 às 17h, com 1h de almoço. Após um dia de trabalho normal, sem qualquer intercorrência, entra em seu carro às 17:02h, percorre seu caminho corriqueiro, contudo ao desviar de um cachorro, colide com outro veículo (horário 17:19h). É atendido no PAM da cidade, com escoriações leves em antebraço e mão direita (sem fraturas ao exame RX), além de corte em supercílio direito, com necessidade de 3 pontos. • Atestado? CAT? → Foi um acidente de locomoção do trabalho, que aparentemente não causou nenhum prejuízo funcional, podendo ele trabalhar no outro dia! EXEMPLO 2 Josemar, 49 anos, executivo de alto escalão da empresa Odebras (empresa esta investigada pela PF na operação “ Leva Jeito”), após reunião de duração superior a duas horas, vai ao estacionamento e ao acionar o alarme de seu carro, cai inconsciente, com quadro compatível com PCR. Outros funcionários, vão prestar assistência, e logo o colocam em carro particular (de outro funcionário) conduzindo-o para o “melhor hospital particular” da cidade (tempo de 30min.). Havia um hospital público cerca de 5 minutos da empresa. Josemar teve um IAM e sobreviveu sem sequelas aparentes. • Culpa da empresa ? CAT? → nesse caso tem que abrir um CAT, pois foi um acidente saindo do trabalho!! DOENÇA PROFISSIONAL • É uma doença inerente ou peculiar a determinado ramo de atividade, dispensando a comprovação de nexo causal. O Nexo causal é elemento necessário para se configurar a responsabilidade civil do agente causador do dano. • Exemplo: um trabalhador que trabalha numa cerâmica onde é utilizado a sílica, vindo a adquirir silicose, bastará comprovar que trabalhou na cerâmica, para ficar comprovado a doença profissional. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE SCHILLING • I – Doenças nas quais o trabalho é uma causa necessária (p. ex., envenenamento por chumbo, silicose, asbestose) • II – Doenças nas quais o trabalho é um fator causal contributivo, mas não necessário (p. ex., doença coronariana) • III – Situações nas quais o trabalho provoca uma desordem latente ou agrava uma doença estabelecida, como os casos de asma, dermatites. ATO INSEGURO • Acontece no ambiente de trabalho • Deficiência, negligência, situação de perigo, manutenção precária. ➔ IMPERÍCIA: inabilidade ou incompetência, desconhecimento da função. ➔ IMPRUDÊNCIA: medidas de precaução e segurança não observada. ➔ NEGLIGÊNCIA ou omissão: trabalhar sem a devida proteção pessoal.
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