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Prévia do material em texto

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9
Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
 
 
Ficha para identificação da Produção Didático-Pedagógica – Turma 2013 
 
 
Título: Material didático-pedagógico para um trabalho com dois contos de 
Machado de Assis: “A carteira” e “Um apólogo” 
Autora: Márcia Myszynski Cheron 
Disciplina/Área: Português 
Escola de Implementação do 
Projeto e sua localização: 
Colégio Estadual Souza Naves 
Município da escola: Rolândia-PR 
Núcleo Regional de Educação: Londrina-PR 
Professor Orientador: Profª Drª Suzete Silva 
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina 
Relação Interdisciplinar: - 
Resumo: 
 
Este trabalho contém um material didático-
pedagógico elaborado a partir de determinadas 
características de dois contos de Machado de 
Assis: “A carteira” e “Um apólogo”. Para sua 
elaboração foram considerados os 
pressupostos teóricos da leitura enquanto 
processo discursivo, da sequência didática 
(sob a visão dos gêneros discursivos) como 
instrumento metodológico e do conto como o 
gênero textual selecionado. O principal objetivo 
do Projeto de Intervenção consiste em 
aprimorar o nível de leitura dos alunos de um 
primeiro ano do Ensino Médio noturno e 
incentivá-los ao ato de ler. Espera-se que 
durante o tempo de aplicação do projeto, o 
envolvimento dos alunos com este gênero 
textual seja intenso e que todos participem de 
forma espontânea e prazerosa no decorrer de 
todas as atividades propostas. 
Palavras-chave: Sequência didática. Conto. Machado de Assis. 
Formato do Material Didático: Manual didático 
Público: 
 
Alunos de um primeiro ano do Ensino Médio 
noturno 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÁRCIA MYSZYNSKI CHERON 
 
 
 
 
 
MÁRCIA MYSZYNSKI CHERON 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO 
COM OS CONTOS DE MACHADO DE 
ASSIS: “A CARTEIRA” E “UM APÓLOGO” 
 
 
MACHADO DE ASSIS 
 
 
 
 
2013 
3 
 
 
 
CAPA 
SUMARIO 
APRESENTAÇÃO 
Oobjetivos 
Encaminhamentos metodológicos 
Atividades 
referencias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XXX 
 
MÁRCIA MYSZYNSKI CHERON 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO 
COM OS CONTOS DE MACHADO DE 
ASSIS: “A CARTEIRA” E “UM APÓLOGO” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Londrina – PR 
2013 
Este trabalho contém as atividades pedagógicas previstas no 
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola produzido no 
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE-PR, 
mantido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná – 
SEED, em convênio com a Universidade Estadual de 
Londrina – UEL, a ser desenvolvido no Colégio Estadual 
Souza Naves, em Rolândia-PR, na disciplina de Língua 
Portuguesa, com alunos de 1° ano do Ensino Médio noturno. 
 
Orientadora: Profª Drª Suzete Silva 
 
xxx 
4 
 
 
 
 
 
 
 
Caro estudante, 
 
Este material é parte integrante de uma proposta de trabalho que consiste no 
desenvolvimento de uma sequência didática com o gênero conto, no intuito de 
aprimorar sua fluência em leitura, além de possibilitar a apropriação de alguns 
elementos e da estrutura de narrativas e possibilitar seu contato com o trabalho de 
um grande escritor brasileiro, que é Machado de Assis. 
A sequência didática com gêneros textuais prevê o segmento de algumas 
etapas que consistem: 
a) no acesso aos textos do gênero selecionado; 
b) na leitura destes e verificação se há ou não predomínio de determinadas 
características; 
c) na produção inicial de um conto; 
d) na análise de dois deles, com estudos dirigidos; 
e) na produção final de um conto. 
Sua participação na resolução das atividades é fundamental. 
Bom trabalho! 
 
A autora. 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
4 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 3 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 6 
CONTOS – Primeiros contatos com o conto .............................................................. 8 
ATIVIDADE 1 – visita à biblioteca escolar ............................................................. 8 
ATIVIDADE 2 – primeira produção de um conto ................................................... 8 
ATIVIDADE 3 – contato com teorias sobre a estrutura e os elementos da narrativa .... 8 
CARACTERÍSTICAS DOS CONTOS – os elementos e a estrutura da narrativa .......... 9 
DEFINIÇÃO DE CONTO ........................................................................................ 9 
ELEMENTOS DA NARRATIVA ............................................................................. 9 
ESTRUTURA DA NARRATIVA ............................................................................ 12 
ATIVIDADE 4 – estudos sobre o surgimento do conto no Brasil e sobre Machado 
de Assis ................................................................................................................ 12 
O SURGIMENTO DO CONTO NO BRASIL E SEU MAIOR REPRESENTANTE – 
 MACHADO DE ASSIS E O CONTO.................................................................... 13 
Origem do conto no Brasil .................................................................................... 13 
A importância de Machado de Assis na instituição do conto no Brasil e as 
características desse gênero textual .................................................................... 14 
Breve biografia de Machado de Assis .................................................................. 17 
ATIVIDADE 5 – Leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis .................. 17 
“A carteira” (texto para leitura) ............................................................................. 17 
ATIVIDADE 6 – Exploração de aspectos formais do conto “A carteira”, de 
Machado de Assis ................................................................................................ 19 
ATIVIDADE 7 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e 
resolução de exercícios que envolvem interpretação/compreensão ................... 20 
ATIVIDADES COM O CONTO “A CARTEIRA”, DE MACHADO DE ASSIS ......... 21 
ATIVIDADE 8 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e 
resolução de exercícios que envolvem os elementos da narrativa (narrador, 
personagem, tempo, espaço, enredo) ................................................................. 32 
Atividades sobre o narrador ................................................................................ 33 
Atividades sobre os personagens ...................................................................... 34 
Atividades sobre o tempo .................................................................................... 39 
aaaaa 
5 
 
Atividades sobre o espaço .................................................................................. 41 
Atividades sobre o enredo ................................................................................... 42 
ATIVIDADE 9 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e 
resolução de exercícios que envolvem a estrutura da narrativa (situação inicial, 
conflito, desenvolvimento, clímax, desfecho) ....................................................... 43 
Exercícios após a releitura do conto .................................................................... 46 
ATIVIDADE 10 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e 
resolução de exercícios que envolvem o tema .................................................... 48 
ATIVIDADE 11 – Reflexões a partir do conto “A carteira” ................................... 50 
ATIVIDADE 12 – Leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis ............ 55 
“Um apólogo” (texto para leitura) .........................................................................55 
ATIVIDADES COM O CONTO “UM APÓLOGO”, DE MACHADO DE ASSIS ..... 57 
ATIVIDADE 13 – Observação de aspectos formais do conto “Um apólogo”, de 
Machado de Assis ................................................................................................ 57 
ATIVIDADE 14 – Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e 
resolução de exercícios que envolvem interpretação/compreensão ................... 61 
ATIVIDADE 15 – Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e 
resolução de exercícios que envolvem os elementos da narrativa (narrador, 
personagem, tempo, espaço, enredo) ................................................................. 70 
Atividades sobre o narrador ................................................................................ 71 
Atividades sobre os personagens ...................................................................... 72 
Atividades sobre o tempo .................................................................................... 75 
Atividades sobre o espaço .................................................................................. 76 
Atividades sobre o enredo ................................................................................... 77 
ATIVIDADE 16 - Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e 
 resolução de exercícios que envolvem a estrutura da narrativa (situação inicial, 
conflito, desenvolvimento, clímax, desfecho) ....................................................... 78 
ATIVIDADE 17 - Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e 
resolução de exercícios que envolvem o tema. ................................................... 79 
ATIVIDADE 18 – Reflexões a partir do conto “Um apólogo” ............................... 82 
ATIVIDADE 19 – Produção escrita de um conto ................................................ 84 
CRONOGRAMA ....................................................................................................... 86 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 88 
 
Xxxxxxx 
xxxxxxx
x 
6 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho foi elaborado a partir de alguns pressupostos teóricos que 
envolvem concepções de leitura, de produções didáticas, gêneros textuais ou 
discursivos e de conto. 
A leitura é um processo discursivo, no qual autor e leitor são sujeitos 
produtores de sentido, ambos sócio-historicamente determinados e ideologicamente 
constituídos (CORACINI, 1995; ORLANDI, 1993). 
Produções didáticas são aquelas desenvolvidas de modo que o aluno se 
aproprie de determinadas características do gênero textual que estiver sendo 
utilizado como objeto de estudo para que possa produzi-lo, da melhor maneira 
possível, quando necessitar ou preferir. Conforme Schneuwly, Noverraz e Dolz 
(2004), a estrutura de base de uma sequência didática segue um esquema: 
primeiramente, há apresentação da situação; em seguida, há uma produção inicial; 
depois disso, há resolução de módulos (tantos quantos forem necessários); e, por 
fim, chega-se à produção final. Por isso, este material contempla essa maneira de 
trabalho pedagógico. 
 Os gêneros textuais ou discursivos não podem ser definidos apenas e tão 
somente por aspectos formais, sejam eles estruturais ou linguísticos, devem-se levar 
em consideração, principalmente, os aspectos sócio-comunicativos e funcionais 
(MARCUSCHI, 2005). Cada um dos envolvidos no processo de leitura atribui 
sentidos de acordo com sua trajetória de vida. O homem, mesmo fazendo história, 
não tem consciência de que é perpassado por formações ideológicas que permitem 
extrair este ou aquele sentido de determinado texto. Por isso, tanto quem ensina 
quanto quem aprende a ler deve procurar os mecanismos que levam à produção de 
sentidos (ORLANDI, 1993). 
 O conto, gênero textual escolhido para compor este material pedagógico, 
pertence à ordem do narrar, conforme classificação de Schneuwly e Dolz (1997), 
contém muitas características comuns a outras narrativas, como o conto 
maravilhoso, conto de fadas, fábula, lenda, narrativa de aventura, narrativa de ficção 
científica, narrativa de enigma, narrativa mítica, anedota, biografia romanceada, 
romance, romance histórico, novela fantástica, paródia, adivinha, piada, etc. O 
conto, normalmente, é breve, condensado, apresenta um, dois ou três episódios, 
7 
 
apresenta elementos e estrutura próprios de narrativas (ABDALA JUNIOR, 1995; 
PARRINE, 2009). 
 Ao escrever um conto, a preocupação do autor reside no tamanho (na 
extensão do texto final), no conteúdo (na história a ser contada) e na forma por meio 
da qual a história será exposta. Por isso, o autor busca enfatizar a profundidade, 
verticalmente, já que não dispõe de espaço e tempo maiores horizontalmente, como 
no caso de romances (PARRINE, 2009). 
 Este trabalho utiliza dois contos de Machado de Assis e é importante dizer 
que, além das características comuns de seus contos em relação aos de outros 
autores, como os elementos e a estrutura da narrativa, haverá preocupação, 
principalmente, com a leitura minuciosa dos textos. 
 Sintetizando, cabe-nos enfatizar que este material apresentará um pouco de 
teoria sobre contos, análise de dois deles e haverá preocupação em tentar fazer 
com que os alunos se apropriem das características desse gênero textual e, acima 
de tudo, aprimorem sua fluência em leitura, objetivo principal a ser alcançado no 
final de todo o processo. Por isso, houve preocupação com um trabalho voltado à 
análise dos contos selecionados, que são apenas dois, e não com a quantidade 
deles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 Primeiros contatos com o conto 
 
 
ATIVIDADE 1 
 
 
Visita à biblioteca escolar. 
� Você irá à biblioteca, juntamente com seus colegas e professor para escolher 
um livro de contos para leitura; 
� Dentre os contos do livro que você escolheu e leu, selecione um para contar 
oralmente na sala de aula. 
 
 
ATIVIDADE 2 
 
 
Primeira produção de um conto. 
� Você fará sua primeira produção textual escrita: um conto. 
� O professor solicitará que você escreva um conto que seja de sua criação, 
com tema de sua escolha. 
 
 
ATIVIDADE 3 
 
 
Contato com teorias sobre a estrutura e os elementos da narrativa. 
� A parte seguinte contém um pouco de teoria sobre a estrutura e sobre os 
elementos da narrativa. Ela será útil para a análise de alguns contos que 
ainda será feita e também para sua produção futura. O professor conduzirá 
um trabalho a partir das informações dadas. 
CONTOS 
9 
 
 
 
 
OS ELEMENTOS E A ESTRUTURA DA NARRATIVA 
 
 
 
Definir conto é uma tarefa difícil. Há uma grande diversidade de gêneros 
discursivos pertencentes à ordem do narrar, como romance, novela, piada, contos 
(dos mais variados: policiais, de fada, de terror, etc). Em todos esses gêneros há 
elementos comuns: os componentes da estrutura e os elementos da narrativa. 
Para Abdala Junior (1995), o conto consiste numa narrativa relativamente 
curta em que as categorias da narrativa estão condensadas, não significando que 
seja mais simples que o romance. No entanto, a brevidade é a sua marca e isso 
“leva o escritor a hierarquizar os fatos a serem narrados de forma a provocar no 
leitor um efeito marcante” (ABDALA JUNIOR, 1995, p. 17). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NARRADOR 
Narrador (não confundir com autor) é aquele que narra a 
história sob determinado foco narrativo, que pode demonstrar: 
-onisciência do autor-editor (3ª pessoa e com total liberdade); 
-onisciência neutra (sabe de tudo, mas cria a ilusão de que 
não interfere); 
-“eu” como testemunha (1ª pessoa e narra o que houve com o 
protagonista); 
-“eu” como protagonista (narra o que houve consigo próprio, 
foco limitado); 
-onisciência multisseletiva (só ocorre no discurso indireto 
livre); 
-onisciência seletiva (o foco está em apenasuma 
personagem); 
-modo dramático (o narrador desaparece, só há diálogos); 
-câmara (cinematográfica; maior exclusão do narrador; ex: 
“Circuito fechado”). 
CARACTERÍSTICAS 
DOS CONTOS 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERSONAGEM 
As personagens são construídas por palavras, referem-se a 
pessoas no plano ficcional, recebem predicações físicas 
(alto), psicológicas (corajoso), sociais (operário), podem ser 
simples (previsíveis, estáticas, não se transformam, também 
chamadas de planas, construídas de forma mais rápida e 
direta e referem-se, normalmente, a personagens 
secundárias) ou complexas (imprevisíveis, também chamadas 
de redondas, construídas de forma gradual, ambígua, se 
transformam e figuram entre as personagens centrais da 
história) e desempenham funções: 
1)protagonista ou personagem sujeito (personagem central; 
se forem duas: protagonista maior e protagonista menor; se 
tiver predicados éticos positivos é herói, caso contrário, é anti-
herói, se a predicação for ambígua, é um protagonista 
problemático); 
2)Oponente (personagem secundária e coloca obstáculos à 
ação da protagonista; graças a ela temos o conflito; se 
disputar o mesmo objeto (um tesouro, a pessoa amada – 
personagem objeto -, uma ideia) da protagonista, é 
antagonista e se todos os predicados da antagonista forem 
éticos negativos, é chamada de vilão); 
3)Adjuvante (auxilia a protagonista na busca do objeto, 
opondo-se à personagem oponente e pode mudar de função 
– para oponente). O termo “co-adjuvante” é utilizado para a 
personagem adjuvante no cinema, no teatro, na telenovela, 
mas na literatura o termo é “adjuvante”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMPO 
O tempo está relacionado ao período que dura a(s) cena(s) e 
a história. Ele pode ser: 
- tempo externo (é o tempo do escritor, época de sua 
vivência, é o tempo do leitor, época de sua vivência e o tempo 
histórico retratado na narrativa, que pode ou não coincidir 
com a época de vivência do escritor); 
-tempo interno (é o tempo que se localiza dentro da narrativa 
e envolve as relações entre a história e o discurso narrativo); 
-tempo cronológico (tempo da história, marcado por 
segundos, horas, dias, meses, elementos da natureza (sol, 
estações do ano, etc), etc); 
-tempo psicológico (quando há distorção no tempo 
cronológico. Ex: uma personagem está prestes a morrer e, em 
segundos, revive boa parte de acontecimentos essenciais de 
sua vida, em forma de memória.); 
-tempo do discurso (é a representação narrativa do tempo da 
história; é o tempo que o leitor leva para ler uma determinada 
unidade narrativa); 
-tempo de retrocesso (flashback, inserção de fatos ocorridos 
antes do tempo cronológico em que se está na narrativa); 
-tempo de antecipação (inclusão de fatos que ainda 
acontecerão); 
-tempo de encadeamento (quando uma sequência é ligada à 
outra; não é necessário detalhar tudo: ex: alguém saindo do 
11 
 
escritório e, em seguida, aparece em casa. Mas isso pode ter 
sido intencional, para revelar algo mais tarde.); 
-tempo de encaixe (sequência entrecortada. Ex: “As mil e 
uma noites”); 
-alternância (conta-se uma história e depois outra, 
alternadamente). 
Em relação à proporção do tempo, há cinco classificações: 
• escamoteamento (supressão de informações não 
relevantes ou até mesmo relevantes, mas mostradas 
mais tarde); 
• resumo (tempo da história maior que o tempo do 
discurso; ex: cinco anos da vida de uma personagem 
podem ser resumidos em um parágrafo); 
• discurso direto (tempo da história é igual ao tempo do 
discurso, pois o tempo que as personagens levam para 
falar é o mesmo que o leitor leva para ler); 
• análise (o tempo da história é menor que o tempo do 
discurso, é mais lento, mais demorado); 
• digressão (distanciamento do narrador em relação ao 
que estava narrando; permite a inserção de 
comentários). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPAÇO 
Espaço é o local/ambiente em que se passa a história. Ele 
pode ser: 
-espaço físico (o local); 
-espaço social (ambiência social pela qual circulam os 
personagens); 
-espaço psicológico (atmosferas interiores). 
 
Exemplo: uma personagem vítima de uma crise socioeconômica 
(espaço social) que, devido a isso, fecha-se em seu quarto 
(espaço físico), tornando-se introspectiva (espaço psicológico). 
 
-espaço referencial (aquele em que o leitor busca 
correspondências com a realidade); 
-espaço textual (palavras escritas que provocam o efeito do 
real); 
 
Comentário: sob o ponto de vista do espaço referencial, apenas, 
não seria possível que um indivíduo se transformasse numa 
borboleta, mas sob a ótica textual, isso pode acontecer graças 
às estratégias discursivas que garantem a coerência interna. 
 
O espaço pode ser apresentado de duas formas: 
-apresentação simultânea do espaço (no cinema, no teatro, 
etc); 
-apresentação sucessiva do espaço (ou se descreve o 
espaço ou as ações das personagens). 
ENREDO Sequência de ações que compõem a história. O conto pode 
ter um, dois ou mais episódios. 
 
12 
 
O quadro acima mostra os elementos da narrativa. Este material direciona o 
trabalho para contos e, uma vez que o conto é uma forma de narrativa, torna-se 
necessário observá-los. 
Logo abaixo, há outro quadro com a estrutura da narrativa. Há narrativas que 
seguem a ordem apresentada. No entanto, há narrativas que começam, por 
exemplo, pelo clímax, pelo desfecho, etc. 
 
 
 
SITUAÇÃO INICIAL 
 
 
Situação inicial é aquela em que há apresentação dos 
personagens e ainda não aconteceu o conflito. 
 
 
CONFLITO 
 
 
Conflito é o momento em que um problema é instalado na 
narrativa. 
 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
Desenvolvimento é o momento em que os personagens se 
movimentam de modo a resolver o problema instalado. 
 
 
CLÍMAX 
 
É o momento mais emocionante da narrativa e o enredo 
está prestes a ter um desfecho. 
 
 
DESFECHO 
 
É a resolução do conflito que foi instalado e, com o 
desfecho, a situação inicial se estabelece ou fica 
semelhante. 
 
 
 A classificação acima se enquadra naquela muito utilizada e denominada de 
“começo, meio e fim”, mas permite descrever melhor a estrutura da narrativa que 
estiver em análise. 
ATIVIDADE 4 
Estudos sobre o surgimento do conto no Brasil e sobre Machado de Assis. 
� A próxima parte mostrará um pouco sobre o surgimento do conto no Brasil. O 
professor utilizará as informações nela presentes e poderá incluir outras. É 
importante conhecer um pouco sobre o início da produção desse gênero 
textual no Brasil e sobre seu maior representante: Machado de Assis. 
13 
 
 
 
 
MACHADO DE ASSIS E O CONTO 
 
 
Origem do conto no Brasil 
 
Não há uma data exata que fixe o marco inicial do conto no Brasil. No início, 
esse gênero não teve muito prestígio porque o romance estava em evidência, no 
século XIX. Na época, os jornais publicavam textos ficcionais que mais tarde se 
tornariam os contos modernos (PARRINE, 2009). 
Para Edgar Carvalho, o ano que instaura o surgimento do conto no Brasil é 
1841, com a publicação de “Duas órfãs”, de Norberto de Sousa e Silva. Tratava-se 
de “um folheto de 30 páginas posteriormente recolhido num volume chamado 
Romances e novelas (note-se bem, não “contos”)” (PARRINE, 2009, p. 474 - grifos 
da autora). Já para Barbosa Lima Sobrinho, o surgimento do conto no Brasil foi em 
1836, com a publicação de uma espécie de gênero intermediário entre crônica e 
conto, “A caixa e o tinteiro”, de Justiniano José da Rocha (PARRINE, 2009). No 
entanto, esses marcos (discutíveis) não consideram a qualidade literária dos textos 
mencionados. Se esta qualidade for exigida, o conto começa com a publicação de 
“Três tesouros perdidos”, de Machado de Assis, em 5 de janeiro de 1858 (PARRINE, 
2009). 
Durante a segunda metade do século XIX, a sociedade brasileira viveu 
mudanças significativas nas áreas política, social e econômica. Dentre as várias 
transformações, nessa época, houve a substituição da forma de governo, que 
passou do império para a república, substituiçãodo trabalho escravo pelo trabalho 
assalariado, as fazendas começaram a se modernizar, as cidades cresceram, as 
indústrias começaram a se instalar, vários bancos foram fundados, etc (MAQUERA; 
JOANILHO, 2010). 
O SURGIMENTO DO CONTO 
 NO BRASIL E SEU MAIOR 
REPRESENTANTE 
14 
 
Havia, de um lado, uma classe de pessoas favorecidas financeiramente, que 
colocava seus filhos para frequentar escolas, faculdades e tinham contato com os 
jornais e revistas em circulação. Era a elite da sociedade. Por outro lado, havia uma 
classe de pessoas que exerciam atividades de trabalho em condições precárias, 
com jornada de trabalho que alcançava dezesseis horas diárias, com exploração de 
mão-de-obra infantil, sem regulamentação salarial. Nos grandes centros urbanos, a 
moradia em cortiços se multiplica. Esse é o perfil da classe operária. Nesse período 
surgem as primeiras greves. A visão de mundo da elite desse momento não condiz 
com a dos operários. As realidades são bem diferentes. Na área rural chegam os 
imigrantes para a substituição do trabalho que antes era feito pelos escravos negros. 
Eles vinham cheios de esperanças, pois muitas promessas eram feitas em seus 
países de origem para incentivá-los a vir. Porém, aqui se defrontaram com uma 
realidade bem diferente (MAQUERA; JOANILHO, 2010). 
Todo artista, seja ele pintor, escultor, desenhista, escritor, etc demonstra, em 
suas obras, o modo como vê o mundo que o cerca. Ao analisarmos uma criação 
artística, podemos perceber aspectos relacionados ao contexto histórico de sua 
produção. Com Machado de Assis, isso não é diferente. Por intermédio de seu olhar 
podemos resgatar costumes e perceber o funcionamento da sociedade em que ele 
viveu, principalmente a do grande centro urbano da época: a do Rio de Janeiro 
(CANTO, 2010). 
 
. 
 
 
A importância de Machado de Assis na 
instituição do conto no Brasil e as 
características desse gênero textual 
 
 O primeiro livro de contos de Machado de Assis foi intitulado “Contos 
Fluminenses”, e nele havia um texto que ele próprio chamou de “romance”, era o 
“Miss Dollar”, escrito em capítulos. Observamos, assim, a dificuldade em classificar 
15 
 
o conto (PARRINE, 2009). Apesar da dificuldade em classificar um conto, é possível 
fazer certas afirmações acerca desse gênero textual. 
 O conto tem uma extensão e uma unidade de impressão intimamente 
ligadas. Ele não pode ser demasiadamente longo, pois se forem necessárias duas 
ou mais sentadas para lê-lo, sua totalidade será perdida. Por isso, esta (a unidade) 
só está assegurada pela curta extensão, o que torna o tamanho do texto uma 
condição fundamental para se teorizar sobre o conto. E isso é percebido também 
por Machado de Assis (2008 apud PARRINE, 2009), em “Várias histórias”, de 1896: 
 
O tamanho não é o que faz mal a este gênero de histórias, é 
naturalmente a qualidade; mas há sempre uma qualidade nos 
contos que os torna superiores aos grandes romances, se uns e 
outros são medíocres: é serem curtos. (MACHADO DE ASSIS, 2008 
apud PARRINE, 2009, p. 476). 
 
 
 O comentário de Machado de Assis demonstra certa ironia (sua “marca 
registrada”) em relação à brevidade dos contos, pois se eles forem medíocres, o 
fato de serem curtos diminuirá o desencanto do leitor ao lê-lo. Há, por outro lado, 
dois aspectos a serem observados no trecho acima: a preocupação do autor em 
relação à forma (“serem curtos”) e à qualidade, ao conteúdo (“medíocres”). 
 Além disso, Machado de Assis, de acordo com Parrine (2009, p. 479), “deixa 
para a última frase o desfecho da história, a inversão de expectativa em relação aos 
acontecimentos, mas, ainda, como uma história de detetive – gênero criado, aliás, 
pelo próprio Poe – a sensação de que a verdade estava à mão todo o tempo.” Isso 
é dito após a apresentação de alguns aspectos relacionados à análise do conto “A 
cartomante”, que consistem em indicar ao leitor/narratário/enunciatário, por meio de 
“pistas”, no início e no decorrer do texto, aquilo que se concretiza no final da 
história. Este recurso é próprio de histórias policiais, criadas, inicialmente, por Edgar 
Allan Poe (EUA, 1809-1849) e utilizado por Machado de Assis (1839-1908). 
 Ao escrever um conto, a preocupação do autor reside no tamanho (na 
extensão do texto final), no conteúdo (na história a ser contada) e na forma por 
meio da qual a história será exposta. Essas são características fundamentais para a 
construção de um conto. 
 Um conto possui duas histórias: uma que aparece num primeiro plano, e 
outra que é revelada aos poucos, cujo desfecho surpreende. Não se trata de uma 
segunda história, que só se torna “visível” por intermédio de interpretação: 
16 
 
 
Não se trata de um sentido oculto que dependa de interpretação: o 
enigma não é outra coisa senão uma história contada de um modo 
enigmático. A estratégia do relato é posta a serviço dessa narração 
cifrada. Como contar uma história enquanto se conta outra? Essa 
pergunta sintetiza os problemas técnicos do conto. // Segunda tese: 
a história secreta é a chave da forma do conto e de suas variantes. 
(PIGLIA, 2004 apud PARRINE, 2009, p. 482) 
 
 
Por isso, a análise de um conto vai muito além da observação dos elementos 
da narrativa: narrador, tempo, espaço, personagens e enredo e de sua estrutura: 
situação inicial, complicação, desenvolvimento, clímax e desfecho. É muito 
importante detectar estes aspectos, observá-los, refletir sobre eles, mas é ao 
estabelecer outras relações que se percebem os efeitos de sentido do conto e a 
maestria de seu autor. É preciso desvelar, por exemplo, a quebra da linearidade 
temporal e sua retomada (quando houver), o foco narrativo, as evidências de que 
há algo não revelado, a surpresa ao descobrir que houve um encaminhamento para 
se pensar isso ou aquilo, mas, na verdade, os fatos eram outros, a escolha lexical, a 
temática, etc. Ou seja, os contos possuem características comuns, como os 
elementos e os componentes da estrutura da narrativa, mas cada um possui um 
arranjo singular, que o torna único e valioso. 
Definir conto não é tarefa fácil. Parrine (2009, p. 483) afirma que: 
 
Machado não previu o que seria dito a respeito do conto, mas o 
determinou. O que pensamos a respeito do gênero, hoje, não só na 
teoria literária, como de uma forma ainda mais geral, nossa resposta 
à questão posta ainda no século XIX, “o que é o conto?” está 
moldada profundamente pelas noções de Machado. Se ele decidiu 
responder a essa pergunta, não de forma direta, mas demonstrando 
os limites do conto, trabalhando sua organicidade e atingindo o 
máximo efeito, nossas teorias do conto estão invariavelmente 
moldadas pelas suas realizações. O que significa criar o conto no 
Brasil é exatamente isso: que quando, um dia, se disser “conto”, ou 
se discorrer a respeito disso, se está pensando necessariamente em 
Machado (PARRINE, 2009, p. 483). 
 
Assim sendo, convém ressaltar que a escolha de dois contos de Machado de 
Assis para o desenvolvimento deste trabalho não foi por acaso. 
 
 
 
17 
 
 
Breve biografia de Machado de Assis 
 
Machado de Assis (1839-1908) nasceu numa família desprovida de recursos 
financeiros, sua mãe era mestiça e isso o coloca em desprestígio social, pois a 
escravidão ainda acontecia oficialmente no Brasil. Na infância perdeu sua mãe e foi 
criado por sua madrasta, dividiu seu tempo de estudos com o trabalho de vender 
doces. Esses fatos são indicadores de que Machado de Assis passou por muitas 
dificuldades e não teve um direcionamento para o mundo das letras. Sua astúcia 
com as palavras se desenvolveu por seu interesse próprio. Tornou-se leitor assíduo 
de grandes nomes da literatura universal, aprendeu francês com a dona de uma 
padaria da região em que morava e se transformou nesse grande nome da literatura 
brasileira (SOUZA, 2008). 
 
 
 
ATIVIDADE 5 
 
 
Leitura do conto “A carteira”, de Machado deAssis. 
� Leia o conto abaixo, silenciosamente. 
 
AAA CCCAAARRRTTTEEEIIIRRRAAA 
...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la 
e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta 
de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo: 
— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez. 
— É verdade, concordou Honório envergonhado. 
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar 
amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A 
dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as 
quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. 
Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, 
que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que 
não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de 
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lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a 
outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão 
perpétuo, uma voragem. 
— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar 
da casa. 
— Agora vou, mentiu o Honório. 
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; 
por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só 
recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo 
caso, andavam mofinas nos jornais. 
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. 
Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de 
prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas 
pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que 
D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou 
jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política. 
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e 
viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era. 
— Nada, nada. 
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças 
voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto 
para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são 
difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a 
más horas. 
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. 
Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe 
punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório 
quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, 
mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no 
chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. 
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, 
andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela Rua 
da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a 
pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu 
alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia 
não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa 
principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que 
achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão 
irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. 
A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou 
anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e 
puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, 
se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo. 
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase 
às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu 
duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil 
réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas 
urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de 
paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, 
tornou a guardá-la. 
19 
 
Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar 
para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve 
um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um 
anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E 
voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do 
achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal. 
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," 
pensou ele. 
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, 
que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a 
carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; 
achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele. 
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato 
ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o 
castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem 
reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. 
Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu. 
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer." 
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. Amélia 
o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa. 
— Nada. 
— Nada? 
— Por quê? 
— Mete a mão no bolso; não te falta nada? 
— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a 
achou? 
— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha. 
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar 
foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um 
triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as 
explicações precisas. 
— Mas conheceste-a? 
— Não; achei os teus bilhetes de visita. 
Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou 
novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não 
quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil 
pedaços: era um bilhetinho de amor. 
 
Obra de domínio público. Disponível em : < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf > Acesso em: 09 jun. 2013. 
 
 
 
ATIVIDADE 6 
 
 
Exploração de aspectos formais do conto “A carteira”, de Machado de Assis. 
20 
 
 
� Observe a formatação, a disposição gráfica e os sinais de pontuação utilizados no 
conto “A carteira”, de Machado de Assis, e resolva as questões propostas. 
 
 
1)Quantos parágrafos há no texto? Numere-os, colocando aqui o total encontrado.___________________________________________________________________ 
2)O texto contém travessões no início de alguns parágrafos. Indique os números dos 
parágrafos iniciados por eles e depois responda: por que foram utilizados os 
travessões? 
 ___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
3)Por que será que o texto tem início com reticências? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
4)Há dois parágrafos que têm início com aspas. Quais são eles? E por que será que 
as aspas foram utilizadas nesse caso? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
5)O texto é um poema? Como sabemos? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
 
ATIVIDADE 7 
Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e resolução de 
exercícios que envolvem interpretação/compreensão. 
� O conto “A carteira” foi dividido em partes para que você releia cada uma delas e 
resolva as questões propostas. 
 
 
21 
 
 
 
A CARTEIRA 
 
 
 
A CARTEIRA 
 
 
O conto “A carteira”, de Machado de Assis, foi publicado originalmente na obra 
“A estação”, em 1884, e posteriormente compilado no segundo volume de 
“Contos fluminenses”. 
 
Depois de reler o conto “A carteira”, de Machado de 
Assis, resolva os exercícios propostos: 
 
 
 
 
PARTE 1 
 
Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede: 
 
...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-
la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à 
porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo: 
— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez. 
— É verdade, concordou Honório envergonhado. 
 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
1)Quem “viu uma carteira” e onde? 
___________________________________________________________________ 
2)O que foi “obra de alguns instantes”? 
___________________________________________________________________ 
3)O que significa o termo “o” no trecho “sem o conhecer”? Ou seja, quem não 
conhecia quem? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
ATIVIDADES COM O CONTO 
“A CARTEIRA”, DE MACHADO 
DE ASSIS 
22 
 
4)O que o “homem que estava à porta de uma loja” quis dizer quando falou “— 
Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.”? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
5)Por que Honório se sentiu envergonhado? Sabemos o motivo pelo trecho acima? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
 
 
 
 
PARTE 2 
 
Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede: 
 
 
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de 
pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo 
recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; 
mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não 
podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois 
por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, 
leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-
se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, 
trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares 
a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem. 
 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
 
1)Este parágrafo contém informações sobre Honório. Qual é a profissão dele? 
___________________________________________________________________ 
23 
 
2)Como está a situação financeira dele? Por quê? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
3)O que Honório precisa fazer “amanhã”? 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
4)O que significa “a carteira trazia o bojo recheado”? 
___________________________________________________________________ 
5)Neste parágrafo, foi utilizada a palavra “cousa”. O que significa isso? 
___________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
6)Quem “endividou-se”? 
___________________________________________________________________ 
7)De acordo com os dicionários, “voragem” significa: redemoinho no mar; abismo na 
terra; aquilo que é suscetível de consumir; aquilo que pode ser tragado com 
violência; turbilhão; etc. A última palavra do primeiro parágrafo desta parte é 
“voragem”. O que foi denominado de “voragem” e por quê? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
PARTE 3 
 
Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede: 
 
 
— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e 
familiar da casa. 
— Agora vou, mentiu o Honório. 
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; 
por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não 
só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em 
todo caso, andavam mofinas nos jornais. 
 
 
24 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
 
1)Para quem Honório mentiu? Qual terá sido o motivo da mentira? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
2)O último parágrafo desta parte revela a atuação profissional de Honório. Como 
está seu desempenho? Por quê? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
3)No final do último parágrafo desta parte aparece o trecho “andavam mofinas nos 
jornais”. De acordo com os dicionários, “mofinas” pode significar “difamando”. Quem 
estava sendo difamado nos jornais e por que motivo? 
___________________________________________________________________ 
4)Observe o trecho: “mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação 
jurídica”. Assinale a alternativa correta: o termo destacado (“ele”) refere-se a: 
a)( )Honório b)( )à causa que Honório perdeu c)( )Gustavo C... 
 
 
 
PARTE 4 
 
Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede: 
 
 
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. 
Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar deprosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas 
pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, 
que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, 
ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política. 
 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
 
1)Quem é D. Amélia? 
___________________________________________________________________ 
25 
 
2)Que habilidade tinha D. Amélia? E quem tinha admiração por essa habilidade 
dela? Justifique sua resposta. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
3)De acordo com dicionários, “pilhéria” pode significar: algo que se diz com a 
intenção de causar humor, graça, ou, até mesmo, bobagem. Sabendo disso, quem 
dizia mais pilhérias e a quem? Justifique sua resposta. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
4)Como era a relação dos dois homens retratados até aqui? Justifique. 
___________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
5)Quem “fingia-se tão alegre”? 
___________________________________________________________________ 
 
 
 
 
PARTE 5 
 
Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede: 
 
 
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e 
viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era. 
— Nada, nada. 
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças 
voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto 
para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios 
são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar 
mal, e a más horas. 
 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
 
1)No trecho acima, descobrimos que o casal tinha uma filha de quatro anos. Quem 
estava “dando muitos beijos à filha”? E por que estavam “os olhos molhados”? 
26 
 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
2)No trecho acima descobrimos a idade de quem? 
___________________________________________________________________ 
3)Por que as “esperanças voltavam com facilidade”? E essas esperanças 
alimentavam quais atitudes? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
 
 
 
 
PARTE 6 
 
Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede: 
 
 
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. 
Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não 
lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e 
Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a 
um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a 
carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. 
 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
 
1)Quem estava devendo “uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis”? E qual é o 
motivo da dívida? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
2)Por que ele tem pressa em pagar a dívida? 
___________________________________________________________________ 
3)Observe o trecho: “Tinha-se lembrado de ir a um agiota”. Você sabe o que 
significa a palavra destacada? Se não souber, pesquise. Qual terá sido o motivo de 
ele ter pensado em “ir a um agiota”? O que ele teria pensado em pedir? E por que 
“voltou sem ousar pedir nada”? 
___________________________________________________________________ 
27 
 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
4)A última frase desta parte nos revela mais alguns dados. Quem vinha de onde? 
Ele achou outra carteira no chão? Explique. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
 
 
 
PARTE 7 
 
Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede: 
 
 
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, 
andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela 
Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se 
daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um 
Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir 
a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e 
esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se 
do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com 
uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a 
dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a 
carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os 
apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam 
mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; 
insinuação que lhe deu ânimo. 
 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
 
1)A inquietude de Honório ao apanhar a carteira fica bastante evidente. O que ele 
fez que demonstra isso? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
2)Qual foi o maior motivo de sua inquietude? 
28 
 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
3)Quem “Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, 
ninguém iria entregar-lha”? 
___________________________________________________________________ 
4)Observe o trecho: “e convidavam-no a ir pagar a cocheira”. O que é “cocheira”? 
Assinale a alternativa que contém a resposta correta. 
a)Cocheira é um local cheio de vasilhas nas quais se colocam água para o gado. 
b)Cocheira é um local onde se alojam cavalos e, neste caso, é sinônimo de 
estrebaria. 
c)Cocheira é uma mulher que fabrica cochos (vasilhas nas quais sés colocam água 
para o gado). 
 
 
 
 
PARTE 8 
 
Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede: 
 
 
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, 
quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, 
mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns 
setecentos mil réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos 
algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, 
pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com 
medo de a perder, tornou a guardá-la.Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. 
Contar para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. 
Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a 
sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia 
de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o 
contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na 
carteira algum sinal. 
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," 
pensou ele. 
 Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos 
dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas 
então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao 
interior; achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele. 
 
 
29 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
1)Honório abriu a carteira? 
___________________________________________________________________ 
2)O que havia na carteira além do dinheiro? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
3)Por que, efetivamente, Honório acreditou que a carteira era do Gustavo? Não é 
possível que tenhamos o cartão de visita de alguém em nossa carteira? Explique. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
4)Como Honório ficou ao descobrir o montante de dinheiro que havia na carteira? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
5)Há algo mencionado que nos revela um aspecto religioso de Honório. O que é? 
Comente. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
6)De quem era a carteira? 
___________________________________________________________________ 
 
 
 
 
PARTE 9 
 
Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede: 
 
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato 
ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o 
castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem 
30 
 
reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. 
Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu. 
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer." 
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. 
Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma 
cousa. 
— Nada. 
— Nada? 
— Por quê? 
— Mete a mão no bolso; não te falta nada? 
— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém 
a achou? 
— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha. 
 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
 
1)Qual foi a descoberta que deixou Honório triste? 
___________________________________________________________________ 
2)Observe o trecho: “Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de 
cartas.”. O castelo levantado representa o quê? E as cartas esboroadas 
representam o quê? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
3)Podemos dizer que ele foi depressa para casa? Justifique sua resposta. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
4)Observe: “Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele 
resistiu.” Qual é a necessidade de Honório? E a que ele resistiu? 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
5)Quando Honório pensou: "Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que 
posso fazer.", ele estava se referindo a ver o que pode fazer com o quê? 
31 
 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
6)Quando Honório chegou em casa, quem estava lá? 
___________________________________________________________________ 
7)Qual será o motivo da preocupação de Gustavo e qual será o motivo da 
preocupação de D. Amélia? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
8)Por que Gustavo respondeu que não faltava nada quando foi perguntado sobre 
isso por Honório? Ele ainda não sabia que faltava a carteira? Explique. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
9)Qual é o efeito de sentido do uso de travessões? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
 
 
 
PARTE 10 
 
Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede: 
 
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse 
olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, 
era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, 
deu-lhe as explicações precisas. 
— Mas conheceste-a? 
— Não; achei os teus bilhetes de visita. 
Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou 
novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro 
não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em 
trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor. 
32 
 
 
Agora responda, de acordo com o trecho acima: 
 
1)Por que Gustavo olhou para Honório desconfiado? 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
2)Por que Honório sentiu aquele olhar desconfiado como se fosse “um golpe de 
estilete”? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________3)Quem perguntou “- Mas conheceste-a?”? E ao perguntar isso, o que ele queria 
saber se o outro conhecia? Explique. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
4)O que descobrimos no final do conto? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________ 
 
 
 
ATIVIDADE 8 
 
Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e resolução de 
exercícios que envolvem os elementos da narrativa (narrador, personagem, 
tempo, espaço, enredo). 
33 
 
� Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página 
8, para relembrar os elementos da narrativa e resolva os exercícios propostos. 
 
 
ATIVIDADES SOBRE O NARRADOR 
 
 
Os trechos abaixo servem para observar a presença do narrador no conto. Depois de observá-
los, resolva os exercícios propostos (considerando, também as teorias no início deste 
material): 
 
 4° parágrafo: 
[...] Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por 
agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão. [...] 
 
13° parágrafo: 
[...] Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência 
perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de 
quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do 
dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não 
podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe 
dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a 
cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria 
entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo. 
 
16° parágrafo: 
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," 
pensou ele. 
 
19° parágrafo: 
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer." 
 
27° parágrafo: 
 Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. [...] 
 
 
 
1)Assinale a alternativa correta. Quem é o narrador do conto “A carteira”? 
 
a)O narrador do conto “A carteira” é Machado de Assis. 
 
b)O narrador do conto é Honório. 
 
34 
 
c)O narrador do conto é alguém que não participa da história. Ele apenas conta o que vê e o 
que os personagens pensam ou sentem. Ele está em terceira pessoa e seu foco narrativo é 
onisciente. 
 
d)O narrador do conto é alguém que participa da história e narra os fatos em primeira pessoa 
(eu). Ele narra fatos que aconteceram consigo próprio. Seu foco narrativo é limitado, só pode 
contar o que ele mesmo ou os outros fazem, não sabe o que os outros pensam ou sentem. 
 
 
 
2)Assinale V para verdadeiro e F para falso. 
 
A( )O narrador do conto sabe de tudo. Ele descreve as ações de Honório e também o que 
se passa na mente dele, e uma das provas disso está no fragmento: “a consciência perguntava-
lhe...”. 
 
B( )Podemos dizer que o narrador no conto é onisciente (aquele que sabe de tudo o que se 
passa com a personagem), mas essa onisciência do narrador só se aplica a Honório, pois ele 
(o narrador) não sabe o que se passa no interior das outras personagens. 
 
C( )O narrador pretende disfarçar sua onisciência, pois usa aspas em dois momentos que 
demonstra o que Honório pensa. Com esse recurso, o leitor tem a impressão de que ele (o 
narrador) só sabe o que a personagem pensa naqueles momentos em destaque com as aspas. 
 
D( )Desde o primeiro momento, o narrador já sabia de tudo, inclusive do desfecho do 
conto, que nos revela ser outro o tema abordado, mas fez o leitor crer que o tema do conto 
girava em torno de “devolver ou não devolver a carteira”. 
 
E( )Quando o leitor, durante a primeira leitura do conto (sem conhecer ainda o desfecho), 
chega no 27° parágrafo, ele é induzido, pelo narrador, a crer que Gustavo “olhou desconfiado 
para o amigo” porque Honório poderia ter se apropriado do dinheiro. Isso se dá pelo uso da 
palavra “desconfiado”. 
 
F( )É sob o olhar do narrador que o leitor é conduzido pelo texto. O foco narrativo, o ponto 
de vista do narrador influencia as impressões do leitor a respeito do tema abordado. 
 
ATIVIDADES SOBRE OS PERSONAGENS 
 
1)Assinale a alternativa correta. Quem são os personagens do conto “A carteira”? 
 
a)Machado de Assis, Honório e Gustavo. 
 
b)Honório, um homem à porta de uma loja, Gustavo C... , D. Amélia, a filha de Honório e de 
D. Amélia, o credor (que “disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau” – 12° 
parágrafo), o agiota (que foi lembrado por Honório, “mas [ele – Honório] voltou sem ousar 
pedir nada” – 12° parágrafo) e pessoas desconhecidas na rua (transeuntes). 
 
c)Machado de Assis, Honório, um homem à porta de uma loja, Gustavo C... , D. Amélia, a 
35 
 
filha de Honório e de D. Amélia, o credor (que “disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um 
gesto mau” – 12° parágrafo), o agiota (que foi lembrado por Honório, “mas [ele – Honório] 
voltou sem ousar pedir nada” – 12° parágrafo) e pessoas desconhecidas na rua (transeuntes). 
 
d)Honório, D. Amélia e Gustavo C... . 
 
 
2)Assinale a alternativa correta. A expressão “pessoas desconhecidas na rua” não aparece 
no texto. No entanto, há pistas de que há pessoas presentes na rua, como por exemplo: 
 
a)“[...] um homem que estava à porta de uma loja [...]” (1° parágrafo) 
 
b)“[...] o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com 
um gesto mau. [...]” (12° parágrafo) 
 
c) “[...] Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no 
bolso, e foi andando.” (12° parágrafo) 
 
d)“[...]Ninguém viu, ninguém soube; [...]” (15° parágrafo) 
 
 
3)Associe os personagens abaixo com suas características. Coloque, na 
primeira coluna da tabela, o número correspondente à personagem que tem a 
característica apresentada (pode repetir as personagens): 
( ( ( ( 1111 ))))Honório ( 5 )( 5 )( 5 )( 5 )Um homem à porta de uma loja 
( ( ( ( 2222 ))))D. Amélia ( 6( 6( 6( 6 ))))Agiota 
( ( ( ( 3333 ))))Gustavo C... ( 7 )( 7 )( 7 )( 7 )Credores 
( ( ( ( 4444 ))))A filha de Honório e de D. Amélia 
 
 
PERSONAGEM 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
 Nenhuma característica desses personagens é mostrada, mas, provavelmente, 
não veem a hora de receber seu pagamento e, devido a um deles, que o 
pressionou, o protagonista ficou num conflito muito intenso entre devolver ou 
não a carteira. 
 Nenhuma característica física dele é apontada. Há menção apenas de sua 
espontaneidade e simpatia em conversar com os outros, pois ao se referir ao 
protagonista da história, ele “lhe disse [algo] rindo”. Ele poderia ser o dono 
do estabelecimento, mas não é dito. 
 Fingia estar alegre. Não permitia que ninguém soubesse de suas angústias. O 
único momento relatado em que demonstrou tristeza foi quando verteu 
lágrimas diante da filha. 
 Tem trinta e quatro anos de idade. 
 Não há descrição nenhuma dessa personagem. Porém, devido à sua função, 
36 
 
que é a de emprestar dinheiro e cobrar juros mais altos que o dos bancos, 
supomos que seja alguém com condição financeira favorável. 
 Era zombado pelos jornais devido a um processo que perdeu, na função de 
advogado. Além disso, seusclientes o procuravam por causa de pequenos 
serviços, que não rendiam o que ele precisava. 
 Tem 4 anos de idade. 
 Gostava de música alemã. 
 É advogado. 
 Era poupada dos assuntos financeiros. Não sabia o que se passava com o 
marido. 
 Personagem que “vivia aborrecida da solidão”. 
 Temia o futuro. 
 Sentiu-se triste pela desconfiança do amigo. 
 Era corno, não sabia e não ficou sabendo. 
 Era bem sucedido em sua carreira profissional, a julgar pela quantia de 
dinheiro que havia em sua carteira. 
 Era inescrupuloso, pois frequentava a casa do amigo e tinha um caso com a 
esposa dele. 
 Tem quatro anos de idade. 
 
 
4)Escreva sobre esta colocação: não parece contraditório: a esposa “vivia 
aborrecida da solidão” (4° parágrafo), mas o marido estava endividado, dentre outros 
motivos, para agradá-la com bailes, jantares, acessórios supérfluos, etc? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
5)Responda: por que aparece somente a primeira letra do sobrenome do Gustavo 
C... ? Qual é o efeito do uso desse recurso em nós leitores? 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
37 
 
6)Responda: quem é a personagem protagonista do conto? 
___________________________________________________________________ 
7)Responda: Honório pode ser classificado como personagem plano (simples, 
previsível, que não se transforma) ou complexo (imprevisível, também chamado de 
personagem redondo, que se transforma no decorrer da história)? Justifique sua 
resposta. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
8)Responda: D. Amélia pode ser classificada como personagem plana (simples, 
previsível, que não se transforma) ou complexa (imprevisível, também chamada de 
personagem redonda, que se transforma no decorrer da história)? Justifique sua 
resposta. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
9)Responda: Quais personagens podem ser considerados secundários no conto? 
___________________________________________________________________ 
10)Responda: qual personagem pode ser considerada como oponente 
(personagem que coloca obstáculos à ação da protagonista; graças ao oponente 
temos o conflito; se disputar o mesmo objeto (um tesouro, a pessoa amada – 
personagem objeto -, uma ideia) do protagonista, é antagonista)? E esse 
personagem oponente é antagonista? Justifique sua resposta. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
38 
 
11)Responda: há, no conto, algum objeto disputado? Explique. 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
12)Descreva os personagens abaixo (reflita, inclusive, sobre seus nomes): 
a)Honório: __________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
b)Gustavo C...: ______________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
c)D. Amélia: _________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
39 
 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
 
 
ATIVIDADES SOBRE O TEMPO 
 
1)Assinale V para verdadeiro e F para falso: 
 
A( )O conto “A carteira”, de Machado de Assis, foi escrito na segunda metade do 
século XIX, momento em que o autor vivia. Esse momento é o tempo externo ao 
conto, é a época de vivência do autor. Como o conto foi escrito no “momento atual” 
do autor, de sua época, o tempo histórico retratado no conto é o da sociedade da 
segunda metade do século XIX. 
 
B( )O contexto histórico da época do autor do conto “A carteira”, de Machado de 
Assis, é o mesmo da época do leitor de hoje. 
 
C( )O tempo interno da narrativa é aquele que se localiza dentro da narrativa. 
 
D( )Ao compararmos o tempo de leitura do conto “A carteira”, de Machado de 
Assis, com o tempo que dura a história lida, percebemos

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