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1 ANESTESIA REGIONAL Vantagens: Fornece bloqueio aferente nociceptivo muito efetivo o 4 fases do processo da nocicepção: Transdução, Transmissão, Modulação e Percepção (atuação nas fases iniciais e na transmissão para a medula espinhal) o Permite um bloqueio da resposta nociceptiva muito efetiva Permite que o paciente continue respirando, não causa depressão respiratória e de outros aparelhos sistêmicos (ex: importante na gestante) Atenua a resposta inflamatória do trauma Diminui a necessidade de opióides Possui rápido e durador controle da dor Podem ser realizados no leito do paciente, fora do centro cirúrgico Aceleram a alta hospitalar Contraindicações: Paciente não cooperativo Infecção no local de punção Lesão nervosa preexistente Alergia ao anestésico local (muito raro) Identificação de estruturas anatômicas de interesse: A primeira coisa da anestesia regional é a identificação do plexo nervoso ou do nervo a ser bloqueado. Como que vai ser feita a identificação da estrutura nervosa para administração da solução anestésica? o Raramente vai ser usado só anestésico local quando vai ser bloqueio de nervo periférico ou de plexo, normalmente a solução anestésica é composta por: Anestésico local (que normalmente é a Bupivacaína ou Ropivacaína ou Levobupivacaína) Adrenalina (que pode vir no próprio fármaco e tem a função de reduzir a absorção sistêmica do anestésico local, para que o efeito dure mais e para diminuir a intoxicação pelo anestésico, e causar uma vasoconstrição desejável em algumas situações por ter efeito hemostático e diminuir as perdas sanguíneas) O vasoconstritor não pode ser injetado em terminações vasculares terminais Podem ser usados também os opioides, quando quer aumentar ainda mais a analgesia, ou os Alfa2agonistas (Clonidina e Dexmedetomidina). o Parestesia: o primeiro método é introduzir uma agulha baseada em referência anatômica em direção a estrutura nervosa que quer bloquear. Quando a agulha tocar no perineuro, epineuro e no endoneuro o paciente vai referir uma parestesia, uma sensação de choque, e então faz a ingestão da solução anestésica. Pode causar uma lesão neurológica nesse tipo de técnica. o A segunda técnica é chamada de Click facial. A imagem ao lado mostra a região inguinal artéria, veia e nervo femoral (lembrando que o nervo está sempre lateral), a fáscia Lata e a Fáscia ilíaca. Então se inserir a agulha perpendicular e medial em relação as estruturas vai ter um duplo click da fáscia e ao injetar a solução aqui ela vai se dispersar e bloquear o nervo femoral, mas também o nervo cutâneo femoral lateral e o nervo obturatório. o Uma outra forma é a neuroestimulação, que é feita com uma agulha que está conectada ao aparelho (neuroestimulador) que vai emitir uma corrente elétrica até a ponta da agulha, quando estiver próxima ao nervo vai causar um estímulo motor no nervo (então não pode ser um nervo exclusivamente sensitivo, tem que ser misto), com contração muscular, mostrando que está próximo ao nervo. Não causa dor, porque os estímulos elétricos capazes de deflagrar um 2 potencial de ação motores são diferentes dos estímulos capazes de causar estímulo sensitivo (motores < sensitivos). Não precisa da agulha estar em contato íntimo com a estrutura nervosa, sendo uma forma mais segura de fazer o bloqueio. Ex: quando vai em direção ao plexo braquial e o paciente faz a adução involuntária do polegar sabe que está próximo ao nervo ulnar. o Sinal da Perda da resistência: é muito utilizado para identificação do espaço peridural, uma vez que ele é negativo e a negatividade é maior quanto mais alto estiver na coluna vertebral, isto é, a negatividade é muito mais acentuada a nível torácico do que lombar. De todo jeito, o espaço peridural tem pressão subatmosférica. Então ao inserir a agulha e ir fazendo uma pressão contínua na seringa a medida que avança com a agulha, quando ultrapassar o ligamento amarelo e entrar no espaço peridural há uma perda súbita da resistência. Ou pode colocar uma gota de líquido que vai ser subitamente aspirada quando entrar no espaço peridural (Sinal da gota pendente). o Ultrassonografia: coloca o transdutor de USG e de acordo com a refração e a reflexão vão ser formadas as imagens das estruturas permitindo a identificação. O USG representou uma grande evolução na anestesia regional. “Se eu posso ver, eu posso bloquear”. Qual a modalidade de anestesia regional mais realizada no mundo? Bloqueios do neuroeixo Bloqueios Neuroeixo: é feito na coluna vertebral Tipos: o Raquianestesia o Peridural o Bloqueio combinado Anatomia: o Para entender esse bloqueio é importante conhecer bem a anatomia das vértebras e suas sobreposições, que forma uma via de acesso ao canal vertebral posteriormente (por uma abertura chamada de forame interlaminar), então para administrar solução anestésica aqui tem que abordar o espaço entre um processo espinhoso e outro. Então de posterior para anterior temos: espaço entre os processos espinhosos, forame interlaminar posterior, ligamento amarelo, canal vertebral. Tem ainda um espaço entre o periósteo do canal vertebral e a dura mater aracnoide pia mater (que recobre a estrutura nervosa, sendo ela a medula espinhal ou as raízes nervosas da cauda equina) Pode injetar solução anestésica em dois pontos: Entre o periósteo do canal vertebral e a dura mater que é o espaço peridural, extradural ou epidural Anestesia ou analgesia peridural Espaço subaracnóide, intratecal, que é preenchido por líquor e pela medula espinhal ou pelas raízes da cauda equina Anestesia intratecal ou Raquianestesia Posiciona o paciente em decúbito lateral ou curvado para frente, vai palpar os processos espinhosos superior e inferior e introduzir a agulha entre eles em direção ao forame interlaminar posterior, quando a agulha atravessar o ligamento amarelo está no espaço peridural. Se avançar mais um pouco vai chegar no espaço subaracnóideo. 3 o Permite a anestesia ou analgesia completas normalmente do ponto de punção para baixo. Usada para procedimento nos membros inferiores, períneo, abdome inferior. Podendo ser realizada também para abdome superior e médio. o Se for usar esse tipo de bloqueio em uma cirurgia torácica tem que ser feita a injeção da solução anestésica mais em cima. Sabendo que a medula espinhal termina em L1-L2, acima disso não pode ser feita Raquianestesia porque tem medula espinhal, com risco de causar lesão permanente. Então a anestesia peridural pode ser realizada em qualquer ponto da coluna, já a raquimedular só abaixo de L1-L2. Dinâmica da anestesia regional: Paciente foi submetido a avaliação pré-operatória, quando chega na sala cirúrgica vai ser feito acesso venoso, monitorização e vai ser feito o bloqueio. Espera o bloqueio instalar, quando tem sinais clínicos de que está bloqueado. Ai inicia a cirurgia, quando ela termina espera-se que a anestesia não tenha terminado. o Se terminar antes vai ter que converter para anestesia geral ou tem que fazer um novo bloqueio de nervo periférico. O paciente vai ser encaminhado para a sala de recuperação ou UTI para ser submetido a recuperação, daí vai para o leito hospitalar e vai receber alta. É desejado que na anestesia regional o paciente seja submetido a algum grau de sedação do momento antes do bloqueio até o momento que terminam os cuidados anestésicos. Bloqueios de nervos e plexos nervosos: Plexo braquial: é feito o bloqueio para intervenções cirúrgicas do ombro para baixo (braço, antebraço, punho e mão). Pode ser feito entrando em determinadas janelas que dão acesso ao plexo. Pode ser feito ao nível das raízes, dos troncos, das divisões ou dos cordões. o Se for utilizar a janela interescalênica do plexo braquial antigamenteera feito colocando o paciente em uma rotação de pescoço para o lado contralateral ao bloqueio. Definia o esternocleidomastoideo, borda esternal e clavícula. Colocava a mão na borda lateral do ECM e a mão ficava em cima do escaleno anterior. Entre o ECM e o Escaleno médio tem a janela interescalênica para o bloqueio do plexo braquial. Baseado na parestesia, na neuroestimulação ou no click facial, introduz a agulha e vai em direção ao plexo braquial. o Hoje não é mais assim, é feito a partir do ultrassom, visualizando as estruturas baseado na sonoanatomia. o Bloqueio supraclavicular (vai ser mais baixo no plexo braquial – fascículos do plexo), que antigamente era feito palpando a clavícula e na junção entre a clavícula e o ECM entrava com uma agulha perpendicular, ou com o neuroestimulador, ou através da parestesia. Hoje é feito com o USG posicionado no Triângulo posterior do pescoço, observando as estruturas. o Pode ser feito a nível infraclavicular (fascículos do plexo braquial que nessa altura já são três: medial, posterior e lateral), que era feito traçando uma linha sobre toda a clavícula e no meio dela, 3cm abaixo entrava com a agulha perpendicular, por neuroestimulação ou parestesia. Hoje é com ultrassonografia. o Abordagem do plexo braquial no nível da axila. Era feito palpando a artéria e ao redor dela injetava a solução anestésica baseado em neuroestimulação ou parestesia. o Pode ainda ser feito o bloqueio nas extremidades periféricas. 4 Antigamente não se fazia determinados bloqueios faciais porque ou não tinha sensibilidade para identificar o click facial. Mas hoje com a USG é possível visualizar e fazer esse bloqueio. o Os nervos sensitivos da parede abdominal correm de medial para lateral entre o Obliquo interno e o transverso do abdome. Se injetar uma solução nesse ponto vai estar causando o bloqueio da inervação sensitiva da parede abdominal. Isso não era feito anteriormente, mas com o advento do USG isso ficou muito melhor. Conclusões: O advento do USG permitiu: o Melhor compreensão das variações anatômicas o Ensino e aprendizado o Maior segurança o Melhores desfechos o O “estetoscópio” do século 21
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