Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fígado: • Funções vasculares para armazenamento e filtração do sangue • Funções metabólicas relacionadas com a maioria dos sistemas metabólicos do organismo • Funções secretoras e excretoras, responsáveis pela formação da bile que flui pelos dutos biliares (que contém bilirrubina em seu interior) Bile: • Secreção em torno de 600 a 1200 ml/dia • Secreção de ácidos biliares: emulsificação de gorduras e transporte e absorção de produtos terminais da gordura via membrana da mucosa intestinal • Colesterol --- ácido cólico ou quenodesoxicólico --- glicina e taurina --- sais glicocólico e taurocólico (sais biliares) • Importante papel na digestão e absorção das gorduras • Excreção de vários produtos de degradação plasmática, especialmente colesterol e bilirrubina • Composição: água, sais biliares, bilirrubina, colesterol, ácidos graxos, lecitina, Na+, K+, Ca++, Cl-, HCO3- • CCK – células mucosa duodenal – esvaziamento da vesícula biliar e relaxamento do esfíncter de Oddi Derivados da hemoglobina + formação e metabolismo da bilirrubina: • Hemoglobina, uma proteína conjugada, fica dentro da hemácia, possuindo 4 cadeias polipeptídicas (2 alfa e 2 beta) ligadas a 4 anéis tetrapirrólicos (oriundos da protoporfirina), com átomo de ferro ligado dentro, formando a parte heme (parte não proteica); • A união da parte proteica com a não proteica forma a hemoglobina, que veio de células primordiais da medula óssea, nas unidades formadoras de colônia de eritrócitos, dos eritroblastos, reticulócitos, que foram perdendo o núcleo, culminando na hemácia, com milhares de moléculas de hemoglobina, possuindo alta afinidade com oxigênio, que será transportado na corrente sanguínea, pois no centro do anel tetrapirrólico há radicais metil, vinil, propril com o ferro no meio com a capacidade de se ligar ao O2 • As hexoquinases (enzimas da hemácia) quebram a glicose, formando energia; essas enzimas tem uma meia vida, eventualmente perdendo sua atividade glicolítica, e a célula não funciona direito, e acaba morrendo • Quando as hemácias estão envelhecidas, elas serão fagocitadas pelas células mononucleares do baço (principalmente), medula óssea, fígado (células reticuloendoteliais) = lise das hemácias (vida média de 120 dias) • Logo, uma molécula proteica, chamada haptoglobina carreia a hemoglobina quando ela não está dentro da hemácia; • O anel tetrapirrólico (que nesse momento não é mais anel pois não está estabilizado; vira uma cadeia linear da protofirina, que vai ser montada para formar a porção heme), AAS, ferro são reaproveitados • Logo, as cadeias polipeptídicas ficam isoladas, e o anel heme sofre a ação de uma enzima (hemioxigenase), transformando-o em biliverdina (hidrossolúvel), que sofre a ação da biliverdina redutase, transformando isso em bilirrubina indireta (insolúvel/ não conjugada), que vai ser carreada no plasma pela albumina até o fígado • A bilirrubina insolúvel é conjugada (esterificação de uma ou ambas cadeias laterais de ácidos carboxílicos) com ácido glicurônico (main), xilose ou ribose (através da uridina difosfato glicuronil transferase – UDP-GT), formando um sal de bilirrubina (solúvel) (bilirrubina conjugada/ diglicuronídeo de bilirrubina) dentro do hepatócito, e através das proteínas de múltipla resistência do hepatócito é jogada para fora • Logo ela cai dentro dos canalículos biliares, que está dentro das vias biliares; e a bilirrubina conjugada adentra o ducto hepático, o ducto biliar comum, vai pelo ducto cístico até a vesícula biliar, junto com água, colesterol, cálcio, HCO3-, sódio (outros componentes da bile) • Assim, a vesícula biliar se contrai a partir do estimulo da CCK, jogando a bile no ducto biliar comum, ducto colédoco, até que chega ao duodeno • Quando a bilirrubina conjugada chega no intestino, no íleo terminal e no colon, por oxidação bacteriana (hidrolases bacterianas) ela é transformada em mesobilinogênio, que depois se transforma em urobilinogênio • 80% do urobilinogênio se transforma em estercobilinogênio, que quando entra em contato com o ar forma estercobilina (responsável pela cor das fezes) • 20% do urobilinogênio vai para a circulação enterohepática: a partir da circulação 10% vai para o plasma/rins para ser excretado na urina (quando em contato com o ar vira urobilina), e 90% é reexcretado na bile • A própria bilirrubina direta entra na circulação enteroporta e retorna a corrente sanguínea, indo para o território hepático para ser reexcretada denovo • Bilirrubinúria = eliminação de bilirrubina DIRETA na urina; algum fenômeno fez com que ela ficasse elevada na corrente sanguínea, que fez com que ela saísse na urina Etapas do metabolismo da bilirrubina: 1 - Formação 2 -Transporte plasmático 3 – Captação hepática e transporte intracelular 4 - Conjugação 5 - Excreção 6 - Transporte biliar • Transtorno 1,2,3 = bilirrubina indireta aumentada; 4,5,6 – bilirrubina direta aumentada • Se o problema do fígado for relacionado a captação da bilirrubina, haverá um transtorno hepático, porém, a bilirrubina que estará aumentada é a indireta • Pode haver um caso de doença hepática, em que o problema está relacionado a excreção, por ex, um paciente com defeito genético nas proteínas de múltipla resistência, o que faz com que sinusoides, principalmente linfáticos, que estão muito colados a essas células, captem a bilirrubina muito acumulada dentro da célula, por conta do aumento da permeabilidade; logo, nesse caso a bilirrubina direta estará aumentada Doença hepatocelular: • Doença inflamatória do fígado (hepatite), pode ser aguda ou crônica • A hepatite crônica pode se dever ao álcool, doenças autoimunes e vírus da hepatite B e C • Cirrose é consequência de hepatite crônica, que provoca fibrose dos lóbulos hepáticos Doença colestática: • Colestase = obstrução biliar; pode ocorrer nos ductos intra-hepáticos ou extra- hepáticos • Vesícula biliar com pedras: vias coladas a árvore biliar que faz com que grande quantidade dessa bile, por trocas, consiga passar para o sistema linfático e aparecer elevada na corrente sanguínea (bilirrubina direta) Sintomatologia nas doenças hepáticas: • Icterícia • Fadiga • Náuseas • Vômitos • Dores abdominais • Dor no hipocôndrio direito • Hemorragias intestinais • Hepatomegalia • Prurido Caso clínico: • Colelitíase, litíase biliar ou pedra na vesícula; pode haver uma pedra no infundíbulo da vesícula obstruindo total ou parcialmente, e quando há contração da vesícula, pode sair um pouco dessa bile, mas pode não sair tudo; pode estar preso no segmento do colédoco e na papila de Vater – colestase • Conduta: cirurgia, com retirada da vesícula biliar • Bilirrubina direta aumentada por ser icterícia obstrutiva • Icterícia nas vias biliares extra-hepáticas: obstrutiva, pós-hepática • O indivíduo pode cursar com esteatorreia por conta da dificuldade da passagem da bile no intestino; mais comum em obstrução mais volumosa • Se a obstrução impedir a absorção adequada, com mudança de hábito intestinal e dificuldade de evacuar, as fezes saem finas por conta de obstrução, e podem perder a cor (acolia fecal) Bilirrubinas plasmáticas: • Técnica: reagente de “diazoreagente” • Bilirrubina conjugada = direta – solúvel • Bilirrubina não conjugada --- catalisador ---- indireta – insolúvel • Valores de referência: direta – até 0,4 mg/dl; indireta – até 0,8 mg/dl; total – até 1,2 mg/dl • Nos adultos normais, o nível diário de bilirrubina é de 250-350 mg Icterícia - definição: • Coloração amarelada das conjuntivas, pele e mucosas por aumento na concentração sérica de bilirrubinas (possui tropismo pelas mucosas) • Melhor avaliada na luz natural • Limiar plasmático para aparecimento: adultos – maior que 2,5 mg/dl (bilirrubinatotal); neonatos – 8-9 mg/dl; diferencia-se de hipercarotenemia pela pigmentação das conjuntivas • O recém nascido possui mais hemácias que adultos, para suprir a necessidade de O2, pois dentro do útero há menos oferta de oxigênio que o exterior; quando ele nasce ele começa a hemolizar, pois não necessita dessa quantidade toda de hemácias; logo, quando ele começa a ter uma hemólise maior ele começa a formar mais bilirrubina indireta; se o bebê estiver normal, ele ficará levemente ictérico por poucos dias, e depois a icterícia some = icterícia fisiológica do recém-nascido • Caso o neném nasça com o sistema enzimático ainda não funcionante (imaturidade enzimática), ou seja, a enzima glicuronil transferase ainda não está na quantidade adequada, e a bilirrubina não consegue conjugar adequadamente • O leite materno pode piorar a atividade enzimática durante um curto período, e o bebê pode ficar ictérico • Raios ultravioletas abrem anéis de bilirrubina e facilita sua degradação • Essa hemólise fisiológica é mais comum de ocorrer em prematuros, pois há a imaturação enzimática; bilirrubina indireta elevada apenas; mas quando a conjugação começar a ocorrer, hemolítica; aumento na produção ou insuficiencia hepática na captação de bilirrubina; excesso de fração não conjugada metabolismo hepático insuficiente ou secreção de bilirrubina; aumento de atividade enzimatica no soro e aumento da fração conjugada obstrução da excreção biliar; impedimento da passagem de bile ao intestino; acolia fecal; fração conjugada aumentada a bilirrubina indireta diminui pois cessou a hemólise, e a bilirrubina direta aumenta um pouco = PROCESSO FISIOLÓGICO • Eritroblastose fetal/ doença hemolítica do recém nascido: reação antígeno-anticorpo oriundo de uma sensibilização da mãe do primeiro parto/ gravidez, e na parede das hemácias do feto ocorre a reação, e o bebê nasce doente; nasce ictérico, logo, pegar sol por exemplo não funciona, pois não se trata de um processo fisiológico nesse caso; é preciso retirar o sangue do bebê e colocar um não sensibilizado; aumento da bilirrubina indireta • Anemia falciforme: pessoa com alteração genética da hemoglobina, mudando sua conformação; eventos de hipóxia podem causar vasoclusão, onde hemácias ficam em forma de foice e o paciente possui dor no loca; apresenta icterícia pois ocorre hemólise elevada por conta do rompimento das hemácias resultante da oclusão; bilirrubina indireta fica aumentada (causa da icterícia); pode haver um aumento da bilirrubina direta e indireta, pois a hemólise acentuada leva a conjugação aumentada; não apresentará bilirrubinúria ao apresentar bilirrubina indireta elevada, pois ela não sai na urina; quando/se a bilirrubina direta ficar aumentada ele passará a apresentar bilirrubinúria • A bilirrubina não conjugada é toxica para o cérebro imaturo, e causa uma condição, que é a kernicterus; se a bilirrubina plasmática estiver muito alta, tratamento com fototerapia para isomerizar bilirrubina a fragmentos solúveis com a bile é feito; a transfusão sanguínea também remove o excesso de bilirrubina • Icterícia de obstrução: pós o fígado, colestática; ex: pedra na vesícula; bilirrubina direta aumentada = urina escura (cor de coca cola) = bilirrubinúria; acolia fecal – ausência de bilirrubina e estercobilina; na obstrução completa não há urobilinogênio e urobilina na urina • Cirrose: bilirrubina direta aumentada como consequência de falha na excreção, por conta de canalículos fibrosados; com o avançar da doença a conjugação fica danificada, pois hepatócitos ficam lesionados e sistema enzimático fica mal funcionante, podendo haver uma bilirrubina indireta aumentada • Síndrome de Gilbert e síndrome de Crigler-Najjar: indivíduos que tem deficiência parcial da UDP-GT, a enzima que liga a bilirrubina não conjugada ao ácido glicurônico; relacionado a estados metabólicos do indivíduo – estados febris, menstruação, gravidez, uso de medicamentos, principalmente anti-inflamatórios, ou seja, há uma expressão ruim da enzima nessas situações, e o indivíduo fica levemente ictérico, e quando esses estados passam o indivíduo volta ao normal; • Na síndrome de Crigler-Najjar pode haver ausência completa da conjugação da bilirrubina; quando a enzima está completamente ausente a condição pode ser fatal • Sídrome de Dubin-Johnson e Rotor: relacionado com a má expressão ptns de múltipla resistência; em estados febris, infecção, com uso de anti-inflamatórios, há a dificultação da exteriorização podendo dificultar também a conjugação; indivíduos ficam levemente ictéricos nesses estados • Soro/ plasma fica ictérico Caso clínico: • Insuficiência hepática; degradação do sistema hepatobiliar está muito envolvida com o álcool, levando a icterícia; encefalopatia hepática acompanha o quadro, por conta da não conversão da amônia em ureia • Bilirrubina foi conjugada, mas é eliminada em muita baixa quantidade; logo, fica aumentada na corrente sanguínea • Ascite = não tem manutenção da pressão osmótica • Tem bilirrubinúria, com urina escura Manifestações clínicas da insuficiência hepática: • Eritema palmar • Leuconíquia • Asterix – evento neurológico em que força-se a palma do paciente para trás, e quando solta a mão, o paciente fica com tremores na mão por alguns momentos • Atrofia muscular • Baqueteamento digital • Icterícia esclera • Aranhas vasculares – por conta de alterações hematológicas, dos fatores de coagulação • Hálito hepático – hálito cetônico/ de amônia • Xantelasmas – acúmulos de lipídios • Ginecomastia • Cabeça de medusa • Hepatoesplenomegalia • Equimoses • Perda de pelos pubianos – por conta de deficiência hormonal • Testículos atróficos • Edema periférico – de membro inferior • Ascite • Hérnia paraumbilical Caso clínico: • Anemia hemolítica; taxa de oxigênio diminuída = choque falcêmico, onde as hemácias passam a ter forma de foice, que leva a dor em membros inferiores; a baixa oxigenação nas hemácias faz com que sejam destruídas precocemente; vasoclusão fez hemólise aumentada, que mostra icterícia, pois hemácias perdem sua capacidade de trânsito, pois obstruem a circulação ao se prenderem nos vasos • Bilirrubina não conjugada aumentada • Icterícia pré-hepática • Não tem bilirrubinúria Caso clínico: • Bilirrubina não consegue chegar ao intestino • Bilirrubina direta aumentada na corrente sanguínea; tem colúria - bilirrubinúria; está ictérico • Icterícia pós-hepática • Urina escura; acolia fecal; perda de peso • Tumor na cabeça do pâncreas ou pedra no colédoco ou pancreatite; metástase pode afetar o fígado • Urobilinogenio e urobilina não conseguem ir embora nas fezes
Compartilhar