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1 MICROBIOLOGIA 2 VITÓRIA NOVAIS - MED INTRODUÇÃO À MICOLOGIA MÉDICA Transcrição da aula ERE do dia 11/01/21 da prof.Francis Os fungos podem causar prejuízos à saúde do homem através de 3 processos: Alergias: antígenos fúngicos desencadeando reações de hipersensibilidade Intoxicações: através da produção de toxinas o Micetismo: fungos filamentosos macroscópicos (cogumelos) o Micotoxicoses: fungos filamentos microscópicos Micoses: infecção e instalação do fungo no organismo do hospedeiro PARTE I: ALERGIAS E INTOXICAÇÕES ALERGIAS: Alguns fungos possuem antígenos capazes de desencadear reações de hipersensibilidade do tipo tardia. Cerca de 300 espécies já foram descritas como alergênicas e a alergia a fungos manifesta-se, principalmente, com sintomas clínicos de asma brônquica e rinite. É importante ressaltar que no processo alérgico, o fungo não se instala no organismo do hospedeiro, como ocorre nas micoses. Na alergia, ocorre a exposição constante ao antígeno fúngico que desencadeia a reação de hipersensibilidade. Sendo assim, é muito comum que indivíduos que vivem ou trabalham em ambientes com proliferação de fungos, desenvolvam reações alérgicas devido a este contato constante com os alérgenos. Exemplo: Stachybotrys chartarum cresce em paredes e tetos (“bolor negro tóxico”) INTOXICAÇÕES: Decorrentes do contato do hospedeiro com toxinas produzidas por fungos. Podem ser de 2 tipos: Micetismo: toxinas produzidas por fungos filamentosos macroscópicos (cogumelos) Micotoxicoes: toxinas de fungos filamentosos microscópicos MICETISMO: Pode ocorrer de 2 maneiras: Toxinas Termolábeis: toxinas destruíveis quando aquecidas esse tipo de intoxicação só ocorre quando o cogumelo é consumido in natura. Toxinas Termorresistentes: mesmo após aquecimento/processamento continuam presentes e ativas no alimento ou bebida (chás, por exemplo). Exemplo: envenenamento por Amanita sp. cogumelo vermelho de bolinha branca neurotóxico MICOTOXICOSES: Intoxicações causadas por micotoxinas (+ de 400 conhecidas) produzidas por fungos filamentosos microscópicos. É importante ressaltar que as leveduras NÃO produzem toxinas. Essas toxinas são produtos secundários do metabolismo dos fungos, isto é, são produzidas após a síntese de nutrientes essenciais ao fungo. É muito comum encontrar essas toxinas em grãos e cerais devido ao modo/lugar onde estes são armazenados.(silos fechados e úmidos). Para eliminar os fungos, os produtores de grãos realizam um processamento (geralmente térmico), 2 MICROBIOLOGIA 2 VITÓRIA NOVAIS - MED para eliminar esses fungos. No entanto, a maioria das micotoxinas são termorresistentes e continuam no alimento mesmo após a eliminação do fungo. Além disso, não ocorre nenhuma mudança organoléptica (capaz de impressionar nossos sentidos = cheiro, textura, cor) no alimento contaminado, ou seja, não é possível identificar a presença de toxinas sem a realização de testes químicos. Principais Toxinas Principais Fungos Principal Alimento Anfalotoxinas Aspergillus sp. Amendoim Ocratoxinas Penicillium sp. Café Fumonisinas Fusarium sp. Milho Zearalenona Milho e cereais de inverno ( aveia, cevada, centeio) Patulina Penicillium sp., Aspergillus sp. e Byssochlamys sp. Casca da maçã Gliotoxina Claviceps sp. Centeio e outros cereais Tricotecenos (desoxinivalenol) Stachybotrys sp. trigo A exposição humana à essas micotoxinas pode ocorrer por 3 vias principais: Inalação, ingestão e contato. As partículas inaladas geralmente se depositam nos pulmões levando a quadros de intoxicação aguda, geralmente hemorrágicas. As intoxicações por contato precisam de alguma porta de entrada, lesão na pele ou mucosas, para se instalarem. Por isso, geralmente há dano local. É importante ressaltar que as formas de inalação e contato são menos comuns. Sendo assim, a forma mais comum exposição às micotoxinas é por ingestão de alimentos contaminados direta ou indiretamente pela toxina. A partir da ingestão da micotoxina, ela vai se estabelecer em algum órgão (a depender de seu tropismo ,isto é, sua preferência por um órgão). É importante salientar que esse tipo de intoxicação é crônica e cumulativa podendo levar ao desenvolvimento de cânceres nos órgãos em que se acumulam. 3 MICROBIOLOGIA 2 VITÓRIA NOVAIS - MED Exemplo: Os sucos de caixinha (independente do sabor) possuem uma quantidade muito grande de suco concentrado de maçã (é a base dos sucos de caixinha). Ao consumir esses sucos, o individuo ingere uma quantidade muito grande de micotoxina (Patulina) de uma vez, podendo assim se intoxicar. Ao comer uma maçã isso não ocorre, pois a proporçãode toxina é muito pequena ( ao concentrar o suco, concentra-se tambem a toxina). Para controlar a ingestão de micotoxinas, em 2011, a ANVISA lançou uma Resolução determinando os limites máximos tolerados para cada micotoxina em cada alimento destinado ao consumo humano. O limite máximo tolerado foi estabelecido como aquele que, em testes laboratoriais, revelou-se não patogênico mesmo com efeito cumulativo. Exemplo: Inalação da toxina de Stachybotrys chartarum “bolor negro tóxico em paredes, tetos... (Doença dos Edifícios) hemorragia pulmonar. Ex p o si çã o p o r In ge st ão d e m ic o to xi n a Direta Ingestão de alimentos contaminados aflatoxina em amendoim patulina em suco de maçã ocratoxina A em café Indireta alimentos de animais previamente expostos a micotoxinas em rações Aflatoxina M1 em leite e queijo 4 MICROBIOLOGIA 2 VITÓRIA NOVAIS - MED FORMAÇÃO DE BIOFILMES: Os fungos podem causar micoses isoladamente ( na forma de células planctônicas) ou através da formação de biofilmes. Estes últimos são comunidades microbianas mistas que se formam aderidos a uma superfície biótica (como uma válvula cardíaca, por exemplo) ou abiótica (como um cateter). Por se tratarem de comunidades microbianas mistas (bactérias, fungos..), são refratárias às terapias antifúngicas, dificultando o tratamento. MICOBIOTA HUMANA: Como já descrito, nosso organismo é amplamente “colonizado” por microrganismos benéficos à nossa saúde. A parte fúngica dessa população compõem a chamada Micobiota Humana. Como mostrado na imagem ao lado, nossa micobiota é composta tanto por leveduras quanto por fungos filamentosos (cada cor nos gráficos representa um gênero). Boca: maior diversidade de gêneros. Pulmões TGI: diversidade grande (mas menor que da cavidade bucal = segundo nicho mais diverso em fungos do corpo humano ), e local com maior número Vagina: 50% da micobiota vaginal é composta por leveduras do gênero Candida sp importantes para a homeostase vaginal Pele: em regiões com maior quantidade de lípides, há predominância da levedura do gênero malassezia sp (uma levedura lipodependente – testa, fossa cubital...). Em regiões mais secas (plantar..) há predomínio de outros fungos, como por exemplo, Aspergillus sp. Sabe-se que essa micobiota é importante para a homeostase do individuo uma vez que os fungos estão envolvidos nas respostas imunológicas do organismo. Quando essa micobiota sofre desequilíbrio, acontece quadros de disbiose e doenças devido à essa disbiose como, doenças neurológicas, obesidade, inflamatórias intestinais, dermatites e muitas outras.
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