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Fisiologia Respiratória Mecânica Respiratória Importância do Sistema Respiratório FUNÇÃO PRINCIPAL: fornecer oxigênio a todas as células para a biossíntese aeróbia de ATP e remover dióxido de carbono (gás que se comporta como ácido). Ainda, o sistema respiratório contribui muito para o equilíbrio ácido e base, para o sistema de defesa contra infecções, reserva de sangue e produção de componentes vasoativos (como a enzima conversora de angiotensinogênio), entre outros. • Nós respiramos para utilizar/captar oxigênio na última etapa do metabolismo aeróbio (cadeia respiratória), a fim de produzir ATP de maneira oxidativa. E, também, para eliminar CO2 produzido no ciclo de Krebs, uma vez que este serve como um ácido, o que não é vantajoso para o organismo. O oxigênio vai permitir o tamponamento dos íons de H+ formados no ciclo de Krebs, formando H20. O dióxido de carbono que advém do ciclo de Krebs é conhecido como dióxido de carbono respiratório. Os constituintes do sistema respiratório são os seguintes: • Pulmões (brônquios e alvéolos) • Vias Aéreas Superficiais • Circulação Pulmonar • Musculatura Respiratória Em teoria, um ser vivo esférico, com 1cm de raio, numa condição de repouso (taxa metabólica baixa), necessitaria de uma pressão externa de oxigênio de 25 a 30 atm para uma adequada difusão de oxigênio (para todas as suas células) ao centro do organismo (Krogh). Ou seja, as células do centro estariam muito longe da periferia e, portanto, não sobreviveriam, pois não conseguiriam oxigênio o suficiente para o metabolismo. Agora, nos humanos, existem cerca de 600 milhões de alvéolos, com diâmetros de 75 a 300 micrometros, com espessura máxima de 0,1 micrometros (são extremamente finos, para permitir a rapidez da difusão entre os alvéolos e os capilares alveolares) e uma área de troca gasosa de 70 metros quadrado, o que corresponde à 40 vezes a superfície corporal. - RESPIRAÇÃO EXTERNA: trocas gasosas que ocorrem na superfície alveolar, é o objeto de estudo da fisiologia. - RESPIRAÇÃO INTERNA: trocas gasosas que ocorrem na superfície mitocondrial; é o objeto de estudo da mitocôndria. Composição gasosa da Atmosfera ao nível do mar Lembre-se: a composição gasosa é a mesma em todos os lugares, o que muda é a pressão. Ar atmosférico GÁS PERCENTUAL P. PARCIAL Nitrogênio 78,6 597 Oxigênio 20,9 159 Dióxido de carbono 0,03 0,3 Água 0,46 3,7 Ar alveolar GÁS PERCENTUAL P. PARCIAL Nitrogênio 74,9 569 Oxigênio 13,7 100 Dióxido de carbono 5,2 40 Água 6,2 47 Patm = soma de todas as pressões parciais. A P parcial alveolar de oxigênio e dióxido de carbono é medida no sangue arterial. Em vermelho, chama-se a atenção para os valores da pressão parcial do oxigênio (pO2) no ar alveolar, de 100 mmHg e do dióxido de 40 mmHg (valor médio em função do metabolismo). Conceito de ventilação Ventilação (V) é o Volume de ar mobilizado pelos pulmões por minuto, sendo expresso em L/min e, também, pode ser denominado de Volume Minuto Respiratório (VMR). A ventilação, portanto, é o produto do volume corrente (VC – em inglês a sigla é VT), que é o volume de ar trocado pelos pulmões em cada ciclo respiratório, pela FR, que é o número de ciclos respiratórios por minuto. V = VC x FR No repouso: 7,5 = 0,5 x 15 Máxima: 150 = 3,0 x 50 A ventilação no repouso (ou basal) é da ordem de 7,5 a 12 L/min, dependendo do indivíduo. Já a ventilação máxima é de 120 a 150 L/min (que são valores muito maiores do que o DC). A ventilação é semelhante ao DC (FC x VS), sendo que, enquanto o coração bombeia sangue, o pulmão bombeia ar. Porém, a bomba respiratória é muito mais eficiente do que a bomba cardíaca e, POR ISSO, o coração que é o fator limitante no exercício físico e não o pulmão. No entanto, nem todo o ar inspirado (VC = 500 mL) chega até a intimidade dos alvéolos para as trocas gasosas, pois, parte deles, permanece nas vias aéreas de condução, cerca de 150 mL. • ESPAÇO MORTO ANATÔMICO (EMA): é o volume de ar que preenche as vias aéreas de condução, onde não existem alvéolos à não confundir com espaço morto fisiológico A diferença entre 500 mL – 150 mL = 350 mL é o valor de ar atmosférico que chega aos alvéolos para as trocas gasosas. O produto deste valor pela FR indica a ventilação alveolar (VA). VA = V – VEMA Condição basal: 5,25 = 7,5 – 2,25 Condição máxima: 142,5 = 150 - 7,5 Duas leis são importantes para entender a fisiologia respiratória, são as leis de Boyle (ocorre em temperatura constante) e de Charles (ocorre em pressão constante). LEI DE BOYLE: P1 x V1 = P2 x V2 LEI DE CHARLES: V1/T1 = V2/T2 A lei de Boyle é importante para a inspiração e para a expiração, enquanto a lei de Charles é importante para a espirometria. Anatomia funcional do sistema respiratório Os pulmões são as principais estruturas do sistema respiratório, em número de 2. O direito é o maior e possui 3 lobos, pesando 625g. O esquerda é menor e possui apenas 2 lobos, pesando 560g. Ambos têm cerca de 25 cm de altura no adulto. Eles são rosados nos jovens e vermelho- escuro nos adultos; o pulmão tem uma consistência esponjosa, proosa, são macios e muito elásticos, podendo conter de 1 até 4 litros de ar em seu interior. Ainda, cada pulmão apresenta uma forma piramidal irregular, sendo o ápice arredondado e obtuso, chegando ao nível de 1ª costela, abaixo da clavícula. A base é larga, ampla e côncava e, na curvatura, apoia-se o diafragma. A face externa é ligeiramente mais convexa e se adapta à parede do tórax, enquanto a face interna é voltada para o mediastino e é ligeiramente côncava. Na parte média superior do pulmão, existe o hilo pulmonar (aonde chegam todos os vasos sanguíneos), único local eu o pulmão é fixo. Pelo hilo pulmonar, penetram os brônquios e as artérias pulmonares e saem as veias pulmonares. Os brônquios, ao entrarem pelo hilo, dividem-se, indo para os lobos pulmonares e vão se subdividindo em estruturas anatômicas menores, separadas por uma fina camada de tecido conjuntivo. As divisões subsequentes, cada vez menores, levam a formação dos bronquíolos respiratórios já há presença de alguns alvéolos) e, depois, formam-se os sacos alveolares (uma reunião de alvéolos), ricamente irrigados. Além disso, cada pulmão é revestido por duas finas camadas brilhantes, as pleuras. A pleura mais interna é chamada de pleura visceral e a pleura mais externa é chamada de pleura parietal. Entre elas, existe um espaço diminuto denominado de espaço ou cavidade pleural. Esta cavidade é de grande importância para o funcionamento normal dos pulmões. • PNEUMOTÓRAX = quando ocorre perfuração das pleuras, as pressões normais do indivíduo são afetadas, causando o colabamento deles, de modo que eles não ventilem/ventilem pouco, tornando- se não funcionais, o que pode levar o indivíduo ao óbito. O gradil costal é formado, na parte posterior, pela coluna vertebral e, na parte anterior, pelo osso esterno. Ligando essas duas estruturas, tem-se um conjunto de 12 costelas. As costelas são ossos alongados em forma de semiarcos, que apresentam pouca mobilidade na articulação com a coluna vertebral e grande mobilidade com o esterno. • 7 primeiras de articulam com o esterno = COSTELAS VERDADEIRAS • 3 seguintes não se articulam diretamente com o esterno. = COSTELAS FLUTUANTES • 2 seguintes não se articulam com o esterno = COSTELAS FALSAS Esses orifícios são por onde o ar passa. Os alvéolos (cerca de 600 milhões) são cavidades diminutas, com área total de 70 metros quadrados juntos (cada alvéolo tem, aproximadamente, de 0,2 a 0,3 mm de diâmetro e o septo interalveolar tem cerca de 0,5 a 0,7 micrometros de espessura). Ainda, cada alvéolo tem cerca de 6 a 12 capilares. Essas características facilitam a difusão gasosa. • Eles são formados no período fetal e há redução conforme o envelhecimento. Os alvéolos são formadospor 2 tipos diferentes de células: - Células epiteliais finas e planas, em número muito elevado (98% de todas as células), que formam a estrutura básica do alvéolo à PNEUMÓCITOS TIPO I. - Células cúbicas, em menor número (2% do total), são produtoras de surfactante pulmonar à PNEUMÓCITOS TIPO II. Há presença de leucócitos dentro dos alvéolos e sua função é de defesa contra infecções advindas do ar inspirado. VIAS AÉREAS SUPERIORES São formadas pela faringe, laringe e traqueia e fazem a comunicação entre o meio externo e os pulmões e o esôfago. Ar inalado à abertura nasal à cornetos nasais à área mucosa --- FILTRADO, AQUECIDO E UMIDIFICADO. O ar que chega aos pulmões deve estar isento de partículas de impurezas, próximo de 37ºC e saturado (caso contrário, resseca os alvéolos e a troca não acontece) com vapor de água. • Quando o ar entra pela boca, ele não é adequadamente filtrado, aquecido e umidificado. (1) Faringe É um tubo que se inicia no fundo da boca e do nariz e vai até a laringe e o esôfago. É uma via comum dos sistemas respiratório e digestório. No adulto, tem cerca de 15 cm de comprimento por 4cm de diâmetro na parte superior e de 2 cm na parte inferior. Durante a deglutição, o movimento da glote para baixo fecha a entrada da traqueia, impedindo a passagem dos resíduos alimentares para a traqueia. • Caso isso ocorra: reflexo de tosse (a pessoa se engasga). Ela pode ser dividida em orofaringe, nasofaringe e laringofaringe. (2) Laringe Pertence somente ao sistema respiratório e liga a faringe à traqueia. Uma parte da laringe, a epiglote, localizada atrás d língua, serve para fechar a ligação da faringe com a glote na deglutição e funciona como uma válvula. A glote, também localizada na laringe, apresenta 2 pregas de tecido muscular, chamadas de cordas vocais e, na expiração, a passagem do ar com velocidade promove a vibração delas, causando a gênese de sons, os quais são mais bem vocalizados na boca, permitindo a capacidade de fala do ser humano. • Só é possível vocalizar na expiração, pois, na inspiração, não é possível sair voz, mas pode sair, alguns ruídos, que não é possível entender. (3) Traqueia Apresenta uma forma tubular, com 10 a 12 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, formado por anéis cartilaginosos semifechados. Ela apresenta um epitélio muco-ciliar que evita a entrada de partículas sólidas para os pulmões e realiza, também, a higiene brônquica e traqueal. No final da traqueia, há divisão, formando dois brônquios fortes para cada um dos pulmões. Portanto, é uma via de condução gasosa. CIRCULAÇÃO PULMONAR É um leito vascular de BAIXA pressão (diferença de apenas 16 mmHg já é o suficiente). Os pulmões recebem o mesmo valor do DC da circulação sistêmica e o sangue provém das artérias pulmonares e brônquicas. Os alvéolos são altamente irrigados para garantir a hematose, sendo que o tempo de trânsito de uma hemácia num capilar pulmonar (ou alveolar) é cerca de 1 a 2 segundos, o que é rápido, mas é o tempo suficiente para a adequada hematose. • Quando passa de 1/3, já houve equilíbrio pO2 e pCO2. Musculatura Respiratória Os músculos respiratórios vão atuar promovendo a expansão da caixa torácica (ato inspiratório) e a sua retração (ato expiratório). Na inspiração calma ou forçada, há uma série de músculos atuantes, em especial o diafragma (músculo inervado pelo nervo frênico e é o principal da respiração). Já na expiração calma, a única forca existente é a tendência de retração da caixa (ou seja, não há músculos ativos), devido a sua forma e aos tecidos elásticos (CHAMADA DE FORÇA DE RECOLHIMENTO ESTÁTICO PULMONAR – FREP), sendo que o que garante isto é a lei de Boyle. Na expiração forçada, há participação de alguns músculos expiratórios. Apesar de serem todos os músculos esqueléticos, e, assim, estarem sobre o controle voluntário do indivíduo, o ciclo respiratório não é consciente, mas é dado pelos núcleos bulbares, que controlam a respiração. • É possível prender a respiração, porem, quando o corpo julga necessário, o tronco cerebral manda informações para haver inspiração involuntária. • Não existe nenhum músculo respiratório que se ligue aos alvéolos – os músculos estão ligados a pleura parietal, que vai gerar uma pressão mais negativa, fazendo com que a pleura visceral vá junto, o que permite a movimentação dos alvéolos. Os músculos respiratórios inspiratórios, quando se contraem, tracionam as costelas para cima e para a parte anterior, promovendo EXPANSÃO PULMONAR e, pela lei de Boyle, ENTRADA DE UM VOLUME DE AR NOS PULMÕES (inspiração). Na respiração, quando o volume inspirado não precisa ser elevado, há ação apenas do músculo diafragma. Enquanto isso, na inspiração forcada, há a participação de outros músculos ativos. Em contrapartida, os músculos respiratórios expiratórios, quando se contraem, tracionam as costelas para baixo e para a parte posterior, promovendo a retração pulmonar e, pela lei de Boyle, a saída de um volume de ar dos pulmões (expiração). Na expiração calma, como dito anteriormente, não há nenhum musculo ativo, somente ocorre o relaxamento diafragmático e a forca que move o ar para fora advém da FREP, devido a existência dos tecidos elásticos nos pulmões. O pulmão poderia ser considerado como uma mola. Na inspiração, esta mola é esticada e armazena energia potencial e, quando a mola é solta, por não haver mais músculos tracionando a caixa torácica, esta mola retorna a sua posição normal. Na expiração forcada, há participação dos músculos expiratórios ativos. - RESPIRAÇÃO CALMA: INSPIRATÓRIOS: diafragma EXPIRATÓRIOS: não há - RESPIRAÇÃO FORÇADA: INSPIRATÓRIOS: diafragma, intercostais externos, serrátil, esternocleidomastoideo, eretor da coluna e escalenos. EXPIRATÓRIOS: intercostais internos e abdominais (reto, transverso e oblíquios. Pressões Alveolar e Pleural na Respiração COMO O AR ENTRA E SAI DOS PULMÕES? Construindo um modelo simplificado: Quando se puxa a base elástica atada ao vidro, gera-se uma pressão sub-atmosférica (pressão negativa) no interior do vidro e entra um volume de ar (volume inspiratório) pela lei de Boyle. Quando se empurra a base elástica, gera-se uma pressão supra-atmosférica (pressão positiva) no interior do vidro, e sai um volume de ar (volume expiratório) pela lei de Boyle. No esquema acima, inserindo-se uma cânula na cavidade pleural e, também, uma dentro de um saco alveolar, pode-se mensurar a pressão pleural e a pressão alveolar durante um ciclo respiratório. PRESSÃO PLEURAL Quando um indivíduo não está respirando, a pressão pleural é menor que a atmosférica à CHAMAMOS ISSO DE PRESSÃO SUB-ATMOSFÉRICA OU NEGATIVA. • Unidade de medida: cm de H20. Esta negatividade da pressão pleural deve- se a dois fatores: 1. O pulmão deve ser fixo apenas pelo hilo 2. A mais importante, os capilares pleurais têm a maior taxa de reabsorção hídrica, gerando um vácuo relativo na cavidade pleural. Esta negatividade é importante, pois impede o colabamento pulmonar, mantém um volume de ar dentro dos pulmões (mesmo numa expiração forçada) e mantém a hematose entre o fim de uma expiração e o início da próxima inspiração. • Por isso, não pode haver pneumotórax, pois iguala a pressão entre as pleuras e ocasiona o colabamento alveolar. Os músculos respiratórios se ligam à pleura parietal e nunca aos alvéolos. Quando se inicia uma inspiração, os músculos inspiratórios promovem o deslocamento da pleura parietal e, em função da pressão pleural negativa (vácuo), a pleura visceral a acompanha, gerando uma pressão alveolar negativa, tendo, assim, o ato inspiratório. Na inspiração, a pressão pleural, que já é negativa, fica ainda mais negativa. Quando se inicia uma expiração, os músculos expiratórios e a força de recolhimento estático pulmonar, promovem o retorno das pleuras às suas posiçõesoriginais, uma redução da negatividade da pressão pleural e uma positividade da pressão alveolar. PRESSÃO ALVEOLAR OU PULMONAR Quando um indivíduo não está respirando e com a glote aberta, a pressão alveolar tem o mesmo valor da pressão atmosférica (o gradiente pressórico entre a atmosfera e o alvéolo é zero e não há fluxo de ar em qualquer direção). Na inspiração, sob a ação dos músculos inspiratórios, ocorre o deslocamento das pleuras, gerando uma pressão sub- atmosférica dentro dos pulmões e, segundo a lei de Boyle, há uma entrada de ar para dentro dos pulmões ate o momento que as pressões fiquem iguais nos dois lados. Na expiração, a pressão dentro dos pulmões fica supra-atmosférica e, assim, as um volume de ar dos pulmões ate o ∆P voltar a zero. PRESSÃO INSPIRAÇÃO EXPIRAÇÃO ALVEOLAR Negativa Positiva PULMONAR Muito negativa Pouco Negativa Note que a P pleural é sempre negativa, com exceção da ventilação mecânica forçada. Círculos vermelhos: onde começa a inspiração, termina e expiração. Círculo verde: chega até – 8 de pressão intrapleural. Círculos amarelos: note o comportamento da pressão pleural em relação ao Palveolar – quanto mais negativa é a Palveolar, maior é o fluxo. Parte rosa = a área indica o gasto energético. Propriedades elásticas do sistema O sistema pulmonar tem propriedades elásticas (distensibilidade) que podem ser quantificadas isoladamente pela caixa torácica, isoladamente pelos pulmões ou conjuntamente (caixa + pulmões). Estas ações elásticas se devem à presença de tecidos elásticos nos pulmões e a forma do arco das costelas no gradil costal. Iremos estudar primeiro as propriedades isoladamente da caixa torácica, retirando os pulmões de dentro do tórax, depois iremos estudar um pulmão isolado e, finalmente, os dois conjuntamente (sistema). CAIXA TORÁCICA ISOLADAMENTE Pressão Aplicada % da CPT 0 cm de H2O 75 +5 cm de H2O 100 -20 cm de H2O 0 CPT = capacidade pulmonar total – é o máximo de ar que a caixa consegue conter. Conclusão: a caixa torácica isoladamente tem a tendência para a expansão, favorecendo a inspiração (e dificultando a expiração). PULMÃO ISOLADAMENTE Pressão aplicada % da CPT 0 10 (baixa) +15 (alta) 100 -2 (baixa) 0 Conclusão: o pulmão isolado tem a tendência para a retração, favorecendo a expiração (e dificultando a inspiração). CAIXA + PULMÃO CONJUNTAMENTE Pressão aplicada % da CPT 0 50 +20 100 -15 0 +20 para vencer a tendência dos pulmões de se colabarem. - 15 para vencer a tendência da caixa de se expandir 50 pois é o ponto de equilíbrio, de igual pressão – ponto de menor gasto energético. Linha amarela = pressão da caixa Linha verde = pressão somente dos pulmões Linha rosa = pressão dos pulmões + caixa Torr = cm de H20 CAPACIDADE VITAL + VOLUME RESIDUAL = CAPACIDADE PULMONAR TOTAL Círculo em azul: se um paciente chega respirando nessas condições, ele tem uma DPOC e, portanto, para melhorar, deve-se aumentar a força muscular (fisioterapia) e melhorar a permeabilidade das vias aéreas (melhorar o volume de oclusão, mantendo os brônquios abertos (fisioterapia também). Linha rosa: em repouso, como não afastamos muito do ponto de equilíbrio, não gastamos muita energia. Em não repouso, nos afastamos muito do ponto de equilíbrio e, por isso, gastamos muita energia. CONCEITO DE COMPLACÊNCIA Complacência é a variação do volume pulmonar ∆V quando é aplicado uma unidade de pressão ∆P. C =∆V/∆P FATORES QUE REDUZEM A COMPLACÊNCIA: fibrose pulmonar, atelectasias, edemas. FATORES QUE AUMENTAM A COMPLACÊNCIA: enfisema pulmonar, envelhecimento e asma exacerbada. ENCHIMENTO PULMONAR PARA PRESSAO DE 5 CMH2O: • Pulmão normal: 1,5 L • Pulmão fibrótico: 0,8 L • Pulmão enfisematoso: 2,5 L Histerese e surfactante pulmonar 3 experimentos: (1) Num tubo em Y, conectar uma pequena bolha de sabão num do lados do tubo e, no outro lado, conectar um grande bolha de sabão. Havendo comunicação, agora, entre estas duas bolhas, qual a direção do ar continho no interior das bolhas? Para manter o alvéolo aberto, a pressão é igual a 2 vezes a tensão dividido pelo raio. Como o raio do maior é maior, a pressão é menor e, como o raio do menor é menor, a pressão é maior. A tendência é ir da maior pressão para a menor e, ainda, esvaziar-se completamente, porém, não se esvazia pela presença do surfactante. Isso acontece com RN por falta de surfactante., causando a SARA, precisando de rápida intervenção. (2) Em um pulmão isolado, vamos aplicar vários valores de pressão para o enchimento de ar até 100% e, depois, ir reduzindo os valores de pressão para o esvaziamento do pulmão. Como seria o comportamento desta curva pressão x volume? A área em rosa representa a histerese pulmonar. A histerese pulmonar é o gasto energético de um ciclo respiratório para vencer as forcas visco-elásticas e a resistência das vias aéreas. Há uma grande tensão superficial entre ar-água. • Essa propriedade só existe porque o pulmão tem água + ar, causando uma tensão superficial alta. (3) Experiência idêntica à anterior, mas com o pulmão submerso em soro fisiológico. Os resultados seriam os mesmos? No pulmão cheio de soro fisiológico, por não existir ar, há uma baixa tensão superficial, tendendo a zero. Note que há uma redução da histerese à ESSA É A FUNÇÃO DO SURFACTANTE PARA DIMINUIR O GASTO ENERGÉTICO DA RESPIRAÇÃO. SURFACTANTE PULMONAR É uma mistura de liproteínas com propriedades tenso-ativas que reduz a tensão superficial ar-líquido. Ele é produzido pelos pneumócitos tipo II e sua composição é a dipalmitilecitina. O surfactante vai reduzir a tensão superficial dentro do alvéolo pulmonar, há elevação da complacência pulmonar e redução de ocorrer atelectasia. RNs que não sintetizam quantidades suficientes do surfactante apresentam a chamada Síndrome da Membrana Hialina ou Angústia Respiratória do RN (ARRN). Eles devem receber imediatamente doses de 100 mg/kg de beractanto (survanta) via traqueal. A tensão superficial ar-água (em mN/m) é de 70, no pulmão sadio respirando no VC de 1 a 5 e no do RN com ARRN de 40 a 50. Espirometria Espirometria A espirometria é o teste mais utilizado na avaliação clínica e funcional do sistema respiratório. Compara-se os valores mensurados com àqueles inferidos para o avaliado, com base no sexo, idade, altura e área corporal. Portanto, não é igual para todas as pessoas e não é um valor absoluto. DETERMINAÇÃO DOS VOLUMES PULMONARES Deve-se, primeiro, conectar o voluntário ao espirômetro pela peça bucal (encaixar de forma correta, com os lábios fechados), colocar o clipe nasal (respirar somente pela boca) e manter a válvula aberta para o meio ambiente. Depois, deve-se respirar algumas vezes (1 a 3 minutos) para adaptação do voluntário ao espirômetro e ajustar a linha de base. Logo, deve-se abrir a válvula do espirômetro (mecânico) ou acionar o pneumotacógrafo (espirômetro digital). Ainda, deve-se registrar a respiração do volume corrente (VC). No final de uma inspiração normal (basal)- sempre com comando de voz firme e com incentivo - realizar a inspiração máxima para determinar o volume de reserva inspiratório (VRI) e, assim, a capacidade inspiratória (CI = VC + VRI), seguido de respiração normal. Depois, no final de uma expiração normal, deve-se realizar uma expiração máxima para determinar o volume de reserva expiratório (VRE) e, assim, a capacidade expiratória (CE = VC + VRE), seguido de respiração normal. Ainda, depois de uma nova expiração normal, realizar uma inspiração máxima, seguida de uma expiração também máxima, para determinar a capacidade vital (CV = VC + VRI + VRE). Logo, deve- se realizar esse procedimento 2 a 3 vezes após descanso. Em seguida, deve-se realizar por 10 a 15 segundos uma respiração com a maior frequência e volume possível para determinar a ventilação voluntária máxima (VVM). Essamanobra é muito cansativa e induz a uma alcalose respiratória, que, caso dure mais de 10 segundos, leva o paciente à síncope. • A espirometria convencional não determina o volume residual (VR). DETERMINAÇÃO DOS FLUXOS PULMONARES Após um descanso, realizar alguns ciclos respiratórios normais e, no final de uma expiração normal, deve-se realizar uma inspiração máxima e segurar a respiração por um segundo. Depois, expirar todo o ar com a maior velocidade possível (com contração vigorosa dos músculos abdominais) e, logo, realizar esse procedimento mais uma ou duas vezes, com descanso entre as tentativas. Em seguida, respirar normalmente, desconectar o voluntário do espirômetro e encerrar o teste. Neste procedimento, são mensurados os parâmetros de volume expiratório no primeiro (VEF1) e no terceiros segundos (VEF3), o índice de Tiffeneau (valor expirado no primeiro segundo, relativo à CVF = quanto da capacidade vital forçada foi eliminada no primeiro segundo), o fluxo máximo médio expiratório 25-75% da capacidade vital forçada (CVF) e o fluxo expiratório máximo (ou peak flow, PP). MENSURAÇÃO DE VOLUME Em vermelho, tem-se a capacidade expiratória. - Volume Corrente (VC): volume de ar trocado em uma inspiração ou expiração basal. Aproximadamente 0,5 L. - Volume de Reserva Inspiratório (VRI): volume máximo de ar que pode ser inspirado após uma inspiração normal. Aproximadamente 3,1 L. - Volume de Reserva Expiratório (VRE): volume máximo de ar que pode ser expirado após uma expiração normal. Aproximadamente 1,2 L. - Capacidade inspiratória (CI): volume máximo de ar que pode ser inspirado após uma expiração normal (CI = VC +VRI). Aproximadamente 3,6 L. - Capacidade Expiratória (CE): volume máximo de ar que pode ser expirado após uma inspiração normal (CE = VC + VRE). Aproximadamente 1,7 L. - Capacidade Vital (CV): volume máximo de ar que pode ser expirado após uma inspiração máxima. Aproximadamente 4,8 L. - Volume Residual (VR): volume de ar que permanece nos pulmões mesmo após uma expiração máxima. Aproximadamente 1,2 L. - Capacidade Residual Funcional (CRF): volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração normal (CRF = VR + VRE). Aproximadamente 2,4 L. - Capacidade Pulmonar total (CPT): volume máximo de ar que pode ser contido nos pulmões após uma inspiração máxima (CPT = VR + CV). Aproximadamente 6,0 L. EQUAÇÃO DE PREDIÇÃO DA CAPACIDADE VITAL (BALDWIN) Em homens: CV (ml) = [27,63 – (0,112 x idade em anos)] x altura em cm. Em mulheres: CV (ml)= [21,78 – (0,101 X idade em anos)] x altura em cm MENSURAÇÃO DE FLUXOS VOLUME EXPIRADO FORÇADO 1 E 3: O maior volume de ar expirado forcado no primeiro segundo (VEF1) e no terceiro segundo (VEF3) da expiração. • Valores normais: VEF1 > 80% da CVF (índice de Tiffeneau) e VEF3 de 95-100%. FLUXO MÁXIMO MÉDIO EXPIRATÓRIO: Despreza-se os primeiros 25%, pois depende apenas da força muscular, e os últimos 25%, pois depende apenas da permeabilidade. Por isso, o fluxo máximo médio expiratório é 25-75% da CVF. VENTILAÇÃO VOLUNTÁRIA MÁXIMA (VVM): maior volume ventilado em 10 ou 15 segundos, corrigido para 1 minuto. O VC e a FR são elevados. • Valores normais: de 150 a 200 L/min FLUXO EXPIRATÓRIO MÁXIMO: maior valor de um fluxo expiratório instantâneo (peak flow – 0,1 s). • Valores normais: 350 a 400 L/min. Mensuração do volume residual O volume residual é o volume de ar que permanece nos pulmões, mesmo após uma expiração máxima. Portanto, ele não é mensurado numa espirografia convencional. Este volume entrou na primeira inspiração ao nascer e não sai mais (as moléculas do gás são permutáveis), tendo valor médio de 1,2 L. IMPORTÂNCIA DO VOLUME RESIDUAL - Mantém a hematose entre o final da expiração e início da próxima inspiração. - Evita o colabamento alveolar. ETAPAS PARA A MENSURAÇÃO DO VOLUME RESIDUAL Para a mensuração do volume residual, é necessário um espirômetro mecânico que tenha um sensor de gás hélio no seu interior, capaz de medir continuamente a concentração deste gás no espirômetro, expresso em partes por milhão (ppm). É necessário, também, um fluxo de oxigênio puro, exatamente igual ao consumo de oxigênio do voluntário, bem como um reservatório de cal sodada no interior do espirômetro (para a retirada de todo o dióxido de carbono). As etapas da mensuração do VR são: 1 – Retirar todo o ar da campanula do espirômetro; adicionar ar ambiente e um pouco de hélio; mensurar precisamente a concentração de hélio no espirômetro (C1) e o volume de ar no espirômetro (V1), anotando sempre os valores à CONDIÇÃO INICIAL. 2 – Conectar o voluntário ao espirômetro pela peca bucal com a válvula aberta para o meio ambiente e fazer a colocação do clipe nasal; respirar normalmente por um tempo para a adaptação ao espirômetro. 3 – No final de uma expiração normal, abrir a válvula para o espirômetro (Respiração com a mistura de ar do espirômetro) e abrir a vávul para a admissão do oxigênio, assim, não há alteração da quantidade de oxigênio e volume total de ar do espirômetro. 4 – Observar, pelo sensor de hélio, que sua concentração começa a reduzir, pois parte dele vai para os pulmões do voluntário, até que ocorra uma estabilização na sua concentração, o que demora cera de 1 a 3 minutos. 5 – Após a estabilização da concentração do hélio (C2), na condição final, o voluntário deve realizar, após uma expiração normal, uma expiração máxima para determinação do volume de reserva expiratório (VRE, em litros) e, na sequência, realizar uma inspiração máxima seguida de uma expiração também máxima para a determinação da capacidade vital (CV). 6 – Desconectar o voluntário do espirômetro e finalizar o teste. Mensurar no papel do espirômetro os valores do VRE e CV e anotar em uma ficha os valores iniciais e após a estabilização da concentração do hélio. 7 – Realizar os cálculos para determinar o volume residual (VR), capacidade residual funcional (CRF) e da capacidade pulmonar total (CPT). Doenças Pulmonares Podem ter origem nas vias aéreas (traqueia e brônquios), na membrana respiratória (alvéolos) ou nos músculos respiratórios. DOENÇAS QUE AFETAM A VENTILAÇÃO PULMONAR - Paralisia dos músculos respiratórios: poliomielite bulbar e secção da medula. - Resistência aumentada de vias aéreas: enfisema, bronquite crônica e asma. - Resistência tecidual aumentada: enfisema, fibrose pulmonar, tuberculose, edema pulmonar e infecções. - Redução da complacência pulmonar: silicose, asbestose, sarcoidose, tuberculose, pneumonia e câncer. DOENÇAS QUE AFETAM A DIFUSÃO ALVEOLAR - Redução da área respiratória: tuberculose, câncer, enfisema pulmonar, atelectasia e edema pulmonar. - Aumento da espessura da membrana respiratória: edema pulmonar, silicose, tuberculose e fibrose intersticial. - Relação ventilação-perfusão anormal: enfisema e trombose pulmonar. - Infecções crônicas: pneumonia, asma, enfisema, obstrução crônica de vias aéreas e bronquite. DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTIVAS E RESTRITIVAS As principais pneumopatias, em geral, podem ser classificadas em doenças pulmonares obstrutivas (DPOC), restritivs ou mistas. - Obstrutivas: enfisema, bronquite crônica, asma e bronquiectasia. Na espirometria: evidenciam redução importante da FEV1, FEV3, Índice de Tiffeneau, FMME 25-75%, peak flow e VVM. - Restritivas (ou intersticiais crônicas): fibrose pulmonar idiopática, pneumoconioses e pneumonia intersticial. Na espirometria: evidenciam redução da CV, CPT e VVM. Há redução da complacência pulmonar e torácica (se o pulmão não distende, o volume fica reduzido). ENFISEMA É uma pneumopatia que desencadeia o aumento irreversível dos espaços aéreos distalmente ao bronquíolo terminal, ocorrendo um processo inflamatório crônico. Há danificação da parede alveolar e perda da elasticidade (reduz a complacência). A tosse é presente e produtiva (com muco),como resultado do processo inflamatório, havendo dispneia ao esforço físico. BRONQUITE CRÔNICA A bronquite crônica é a inflamação dos brônquios e dos bronquíolos, podendo ser aguda (causada por vírus ou bactérias) ou crônica (devido às lesões ou irritação brônquica, causada pelo tabagismo ou por outro alergênico). Ela resulta em uma inflamação duradoura, edema, muco (escarro) abundante, com obstrução das vias aéreas, tosse persistente, dispneia e falta de ar ao esforço, mesmo que pequenos. ASMA É um distúrbio inflamatório crônico das vias aéreas que causam sibilos, tosse, falta de ar e opressão torácica, sobretudo pela noite e pelo início da manhã. Os sintomas estão relacionados à broncoconstrição, que é uma reatividade aos diferentes estímulos, como alergênicos, fumo, poluição e pó, causando dispneia e tosse. BRONQUIECTASIA É a dilatação permanente dos brônquios por destruição do tecido muscular e elástico, associado às infecções necrotizantes crônicas (causam fibrose), causadas por bactérias (tuberculose), vírus (HIV, influenza) e fungos (aspergillus). Ela apresenta tosse severa, escarro sanguinolento com odor fétido, dispneia, cianose e limitação ao exercício. FIBROSE PULMONAR É uma doença respiratória crônica e progressiva, com a formação de tecido conjuntivo nas paredes dos tecidos pulmonares. Há destruição do tecido intersticial após ou associado à pneumonia, com degradação alveolar e deposição de colágeno, presença de dor pleurítica, inflamação pulmonar e hipoxemia. Sua origem é pelo tabagismo. PNEUMOCONIOSES São doenças respiratórias ocupacionais, sendo uma reação pulmonar à inalação de poeira de diferentes tipos ou fumaça, entre elas a silicose, antracnose, asbestose, berilose, siderose, estanose, entre outras. Elas promovem a redução da complacência pulmonar e da ventilação máxima. PNEUMONIA É uma doença inflamatória dos alvéolos causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. Ela causa febre, dor torácica, dificuldade de respirar, fadiga, perda de peso, calafrios, catarro amarelo-esverdeado, sendo a pneumonia fibrosante a mais grave. ASMA INDUZIDA PELO EXERCÍCIO Ocorre principalmente em crianças e em adolescentes durante ou após exercícios de longa duração e de média ou alta intensidade. A broncoconstrição é causada pelo leucotrienos D liberado nas vias aéreas, pelas prostaglandinas dos mastócitos e pelo ar frio e seco, podendo estar associada à poeira, poluição, entre outros. Causa a redução da FEV1 superior a 15% após exercício, indicando asma reativa. TRATAMENTO - Mudança do hábito de vida: inclui boa alimentação e hidratação, evitar o tabagismo e o alcoolismo, evitar poluição e as doenças ocupacionais. - Exercício físico regular: treinamento muscular respiratório, tais como assoprar e puxar o ar e o uso do respiron, além do treinamento físico como correr, andar, pedalar, musculação e alguns esportes. - Uso de medicamentos específicos: • Broncodilatadores (simpaticomiméticos): salbutamol, salmeterol, terbutalina e metaproterenol. • Broncodilatadores (metilxantinas): teofilina • Broncodilatadores (anticolinérgicos): brometo de ipratropico e metilnitrato de atropina • Broncodilatadores (antagonistas dos receptores dos leucotrienos D): zileutona • Anti-inflamatórios (corticoesteroides): dipropionato de beclometasona, ciclesonida e triancinolona. • Anti-inflamatórios (inibidores de fosfodiesterase): roflomilaste • Mucolíticos: acetilcisteína, carbocisteína e triancinolona • Antitussígenos: dextrometorfano e benzoato. • Anti-hipertensivo pulmonar: epoprostenol • Antibióticos: cefalosporina, penicilina, isoniazida, clindamicina e eritromicina. • Antifúnficos: cetoconazol, imidrazol e itraconazol. • Oxigênio terapia. Distribuição da Ventilação Gradiente de pressão pleural A distribuição da ventilação NÃO é uniforme nos pulmões. Um voluntário em ortostase respirou xenônio radioativo na frente de um colimador e foi observado que a base pulmonar recebeu muita radioatividade (alta ventilação), enquanto o ápice recebeu radioatividade nula (não ventilou). Isto evidenciou que a ventilação não é uniforme, sendo que a base recebe mais ar do que o ápice. E... QUAIS AS RAZOES PARA ESSA DISTRIBUIÇÃO DE AR SER DESIGUAL? • O pulmão é fixo apenas pelo hilo, tendo a base solta. • Os capilares pleurais têm alta taxa de reabsorção, promovendo a gênese da pressão pleural negativa (sub- atmosférica). • O líquido pleural se desloca para a região de menor energia potencial (para baixo), que é a base pulmonar, quando o indivíduo está em ortostase. Isto deixa a pressão pleural na base pouco negativa, enquanto a pressão no ápice é muito negativa à gradiente de pressão pleural. A pressão pleural no ápice pulmonar (em ortostase) é bem negativa, ao redor de -8 cmH2O, e vai havendo uma redução da negatividade, em relação a Patm, em direção à base. Na parte intermediária, é cerca de -4 a -5 cmH2O e na base é apenas -2 cmH2O. Este gradiente de [ressao pleural promove alterações nos diâmetros alveolares, pois tende a abrir os alvéolos. Os alvéolos pulmonares estão submetidos à pressão pleural, sendo uma força que tende a abri-los. Se a pressão pleural no ápice é muito negativa, os alvéolos ficam dilatados e, à medida que se desloca do ápice para a base, como a pressão pleural vai se tornando pouco negativa, o diâmetro alveolar vai diminuindo, sendo que os alvéolos da base pulmonar são os que apresentam menor diâmetro. Assim, devido aos alvéolos do ápice estarem dilatados, eles vão pressionar e colabar os capilares, reduzindo ou anulando a perfusão sanguínea. Já os alvéolos da região intermediária, eles vão apresentar um diâmetro muito próxima a pressão dos capilares, então, a perfusão é irregular (instabilidade hemodinâmica). E, por fim, os alvéolos da base pulmonar possuem pequenos diâmetros e, por isso, não colabam os capilares pulmonares, permitindo uma perfusão sanguínea livre e elevada. OBS: durante a diástole, a pressão nos alvéolos é maior, enquanto na sístole é menor, o que permite a hematose. Zonas de West Criadas por John B. West, o pulmão é dividido em 3 zonas distintas, em função do gradiente de pressão pleural, do diâmetro dos alvéolos, da ventilação alveolar, da perfusão sanguínea e das áreas de hematose. - Zona I: região do ápice (em ortostase), que corresponde à ¼ do pulmão, onde a pressão pleural é bem negativa, os alvéolos estão dilatados, a ventilação e a perfusão estão comprometidas e, assim, não há hematose. • Essa zona é o espaço morto fisiológico. - Zona II: região intermediária, onde as pressões alveolar e sanguínea são muito próximas. Durante a sístole cardíaca, a pressão sanguínea supera a alveolar e há perfusão intermitente. Já na diástole, a pressão alveolar é maior e estrangula o capilar, sendo, assim, uma região de instabilidade hemodinâmica. - Zona III: região da base, onde há adequada ventilação e perfusão e, assim, alta hematose, sendo, portanto, uma região altamente funcional ZONAS DE WEST NO REPOUSO ZONAS DE WEST NO EXERCÍCIO O que ocorre é que a área aumenta (sendo a quantidade que aumenta variável de indivíduo para indivíduo), mas a pressão parcial de oxigênio permanece a mesma. Isso permite com que o indivíduo ventile menos para chegar a uma mesma eficiência, uma vez que aumenta a área de hematose. Caso o exercício seja interrompido, as zonas voltam ao local de origem e volta a ter apenas a força de recolhimento estático pulmonar (no exercício tem essa e a dos músculos expiratórios). Espaço Morto Fisiológico É a região do pulmão onde, apesar de existir alvéolos e capilares, não há hematose, uma vez que os alvéolos não ventilam devido à pressão pleural muito negativa e não há perfusão, pois os alvéolos dilatados colabam os capilares. Portanto, em ortostase, é o ápice pulmonar. No repouso, o EMF representacerca d 25% da área pulmonar, enquanto, no exercício intenso, reduz para 5 a 15%. O indutor o EMF é o deslocamento do líquido pleural para a região mais baixa do pulmão, sob ação da gravidade. Isso traz como consequência uma pressão pleural mais negativa na parte amis alta do pulmão, a qual promove uma dilatação alveolar, levando ao colabamento capilar e não havendo, nesta região mais alta, hematose, e, portanto, sendo uma região de EMF. Portanto, a região de EMF será sempre a região mais alta do pulmão. Nesse sentido: • Posição ortostática: ápice pulmonar (zona I). • Posição invertida: base pulmonar (zona II), porque está mais alta. • Deitado em decúbito dorsal: parte anterior pulmonar • Deitado em decúbito ventral: parte posterior pulmonar • Durante voo orbital: não haverá EMF, pois a distribuição da ventilação será uniforme devido a inexistência da ação da gravidade. Em uma ergoespirometria, existe um parâmetro que reflete a eficiência da captcao de oxigênio pelos pulmões, que é o equivalente respiratório de oxigênio (Eq. VO2). Eq. VO2 = V/VO2 Ele representa quantos litros de ar deve ser ventilado para se ter a extração de 1 litro de oxigênio. Ainda, ele representa o tamanho do EMF. EXEMPLO – INDIVÍDUO EM EXERCÍCIO INCREMENTAL: Parâmetro Repouso Exercício fraco Ex. moderado Ex. intenso V 10 25 38 85 VO2 (consumo de O2) 0,3 1,0 2,0 3,0 Eq.VO2 33 25 19 28 Note que o Eq. VO2 decai conforme o aumento da intensidade. Isso ocorre porque a área de hematose é maior e há participação da musculatura expiratória. Ainda, note que o V aumenta muito no exercício intenso porque precisa eliminar o excesso de CO2 e equilibrar o pH, o que causa uma leve perda da eficiência, o que é demonstrado no aumento de 19 para 28 do Eq. VO2. Hematose e Transporte de Gases Hematose Alvéolo-Capilar A hematose consiste nas trocas dos gases respiratórios, que ocorrem na estrutura alvéolo-capilar pulmonar. Este processo se faz por difusão, sem gasto de energia, indo sempre da região de maior concentração ou pressão parcial de um gás para a região de menor concentração ou pressão parcial do referido gás. Portanto, a difusão do oxigênio no sentido do alvéolo para o capilar pulmonar e o dióxido de carbono no sentido do capilar para o alvéolo. • Ar inspirado: PO2 = 160 mmHg; PCO2 = 0,23 mmHg. • Ar inspirado + ar residual: PO2 = 104 mmHg; PCO2 = 40 mmHg. • Sangue venoso: PO2 = 40 mmHg; PCO2: 45 mmHg. O sangue que chega na extremidade arterial do capilar pulmonar desoxigenado (vindo da circulação sistêmica – veias cavas) tem PO2 média de 40 mmHg (varia de 25 a 50 mmHg), valor que depende da taxa metabólica do indivíduo. • Taxa met. Elevada: consumo de oxigênio é maior e o valor da PO2 é menor. • Taxa met. Baixa: consumo de oxigênio é menor e o valor da PO2 é maior. Esse sangue, ao alcançar os alvéolos pelos capilares alveolares, encontra uma PO2 alveolar de 100 mmHg. Assim, como se tem uma diferença de Pparcial, vai haver difusão do oxigênio do alvéolo para o capilar pulmonar, de modo que a extremidade venosa do capilar pulmonar (indo para as veias pulmonares) tenha PO2 de 100 mmHg, o que também é observado nas artérias sistêmicas (e não nas artérias pulmonares). Este mesmo sangue que chega na extremidade arterial do capilar pulmonar vai ter uma PCO2 alta, em média 46 mmHg (varia de 38 a 55 mmHg), sendo que esse valor vai depender da taxa metabólica do indivíduo e do equilíbrio ácido-base. • Taxa met. Alta: produção de CO2 é elevada e a PCO2 é maior. • Taxa met. Baixa: produção de CO2 é menor e a PCO2 é menor. Este sangue, ao alcançar os alvéolos pelos capilares alveolares, encontra uma PCO2 na faixa de 40 mmHg, de modo que ocorra a difusão de CO2 do capilar para o alvéolo, de modo que, na extremidade venosa (veias pulmonares), a PCO2 seja de 40 mmHg, valor que também é observado nas artérias sistêmicas (e não nas veias, pois, lembrando, as veias recebem CO2 dos tecidos). Então, quando o sangue chega nos tecidos pela extremidade arterial dos capilares, ele se difunde para estes e o sangue na extremidade venosa sai com PO2 média de 40 mmHg e com PCO2 média de 46 mmHg, seguindo até a circulação pulmonar para realizar a hematose e recomeçar o ciclo. Curva da Oxi-hemoglobina Todo gás tem uma propriedade chamada de solubilidade, que é o volume deste gás que pode ficar dissolvido na água (ou plasma), Os alvéolos não são capazes de retirar o O2 da água e, mesmo que conseguissem, não seria muito eficiente. • CO2: 2,5 ml% dissolvido no plasma • O2: 0,3 ml% dissolvido no plasma – 0,3 ml a cada 100 ml. Como pode ser visto, pouco oxigênio está dissolvido no plasma (o que é incompatível com a vida), sendo necessário, assim, um outro mecanismo para que ocorra esse transporte. Portanto, o oxigênio se liga reversivelmente (ligação fraca) com a Hemoglobina. • A coleta de uma amostra de sangue nos permite observar as hemácias e, no seu interior, a existência de pigmento hemoglobina. Nessa amostra, a parte amis pesada é a parte celular, onde está 97% das hemácias. A biossíntese da hemoglobina está dividida em 4 etapas fundamentais: - Ácido 2 a cetoglutarato + glicina = pirrol. - Ligacao de 4 pirrol = protoporfirina IX - Protoporfirina IX + Fe = heme - Globina + 4 heme = hemoglobina O átomo de ferro fica localizado no centro de cada grupo Heme, portanto, níveis baixos de ferro causam a diminuição da produção de hemoglobina e, consequentemente, hemácias, causando anemia. A hemoglobina tem propriedade alostérica (proteína inteligente – consegue se modificar de acordo com as propriedades do meio, seja ele rico ou pobre em oxigênio), de modo que consiga doar e receber oxigênio. Ainda, a hemoglobina é composta por 4 grupos hemes e 4 cadeias polipeptídicas (a1,a2,b1, b2). Agora, em relação aos valores, tem-se: - 1g de hemoglobina carreira 1,34 ml de oxigênio. - 100 ml de sangue contém 15g de hemoglobina (14 a 16 g%). - 100 ml de sangue carreia cerca de 20,1 ml de oxigênio. Tendo isto em mente, sabe-se que o músculo recebe um fluxo sanguíneo de 200 ml/min e sua capacidade de extração é de 20%. • Não é mais de 20% porque depende da difusão. Se fosse maior que 50%, teria que gastar energia para conseguir fazer esse transporte. Considerando a concentração de hemoglobina de 15 g%, qual o Consumo de Oxigênio deste músculo? 8,04 ml/min. Ao introduzir oxigênio lentamente, elevando a concentração de oxigênio do meio de 0 a 100 mmHg (pO2) e determinando o percentual de saturação da oxi- hemoglobina. Analisando primeiro o alvéolo-capilar pulmonar Note que a curva é uma sigmoide justamente porque a hemoglobina é uma proteína com propriedades alostéricas. Analisando, em segundo, o capilar tecidual-tecido – entrega de oxigênio para os tecidos (ml/min) Note que, o VO2 representa o consumo de oxigênio. Em amarelo está representada a quantidade de oxigênio que o tecido recebe, sendo que, quanto maior o metabolismo desse tecido, maior é essa quantidade. Portanto, quanto mais hipóxico estiver um tecido, mais oxigênio ele recebe. Isso ocorre, pois o sangue doa mais oxigênio para que o tecido consiga realizar as suas funções. DESLOCAMENTO DA CURVA Na imagem, a linha A foi deslocada para a esquerda, indicando que há uma diminuição da oferta de oxigênio para o tecido. Enquanto isso, a linha B foi deslocada para a direita, indicando que há um aumento da oferta de oxigênio para o tecido. • Esse deslocamento é possível devido à propriedade alostérica da hemoglobina. FATORES QUE DESLOCAM A CURVA DA OXI-HEMOGLOBINA PARA A DIREITA: • Diminuição do pH • Aumento da temperatura • Aumento da concentração de CO2 • Aumento da concentração plasmática de 2,3 DPG (di-fosfato- glicerato) FATORES QUE DESLOCAM A CURVA DA OXI-HEMOGLOBINA PARA A ESQUERDA: • Aumento do pH • Diminuição da temperatura• Diminuição da concentração de CO2 • Diminuição da concentração plasmática de 2,3 DPG. Durante um exercício intenso, ocorre grande oferta de oxigênio aos músculos e órgãos ativos neste exercício e este fato se deve à 5 mecanismos: 1. Hipóxia tecidual em função da taxa metabólica alta destes músculos à não guarda relação com os deslocamentos da curva da oxi-hemoglobina. Lembrando que, quanto maior é a hipóxia, mais o tecido recebe oxigênio. 2. Elevação da pCO2: causa o deslocamento da curva da oxi-hemoglobina para a direita, de modo que ela entregue mais oxigênio ao tecido. Lembrando que a produção de CO2 advém do ciclo de Krebs e do tamponamento da molécula do ácido lático. 3. Redução do pH (elevação da concentração dos íons H+): os íons H+ advém da dissociação do ácido lático. 4. Elevação da temperatura: parte do gasto energético no processo contrátil é perdido na forma de calor, o que facilita o deslocamento da curva para a direita e, portanto, aumenta a oferta de oxigênio para os tecidos. 5. Elevação da concentração de 2,4 DPG: a potencialização da via glicolítica eleva os níveis do 2,3 DPG a partir do gliceraldeído 3 fosfato. Esses 5 mecanismos atuam de maneira cinética, permitindo uma adequação do transporte de oxigênio. As fibras musculares esqueléticas aeróbias apresentam uma molécula semelhante à hemoglobina, porém, ela apresenta apenas um grupo heme, de modo que não tenha propriedade alostérica e tenha apenas uma cadeia polipeptídica. Assim, apesar de reter algum oxigênio intramuscular, a mioglobina só é capaz de entregar oxigênio ao músculo em condições de hipóxia tecidual acentuada. • A curva é diferente A hemoglobina fetal é um pouco diferente da criança ou do adulto, pois ela apresenta duas cadeias polipeptídicas alfa (igual à materna) e duas gama, enquanto a do adulto é duas alfa e duas beta. Esta diferença faz com que a hemoglobina fetal tenha uma dissociação de oxigênio menor para qualquer valor de pO2, e, por essa razão, o feto é sempre um pouco hipóxico. Note que, no gráfico a seguir, a curva está deslocada para a esquerda, o que indica uma menor entrega de oxigênio para os tecidos. Transporte de Oxigênio O transporte de oxigênio dos pulmões até os tecidos é realizado de duas maneiras: - 3% dissolvido no plasma, o que, no nível do mar (760 mmHg), corresponde à cerca de 0,3 ml de oxigênio % (lembrando da baixa solubilidade do oxigênio em um meio aquoso). - 97% no composto da oxi- hemoglobina (HbO2), ou seja, 19,5 ml de oxigênio %. Assim, o total transportado é de 0,3 +19,5 =19,8 ml de oxigênio %, considerando uma saturação de 97% e a hemoglobina carreando 1,34 ml de oxigênio/g. A curva e saturação da oxi-hemoglobina em indivíduos normocitêmicos, policitêmicos e anêmicos apresenta a mesma saturação (97%), mas a quantidade de oxigênio carreada é bem diferente. A taxa de hemoglobina normal é de 15%, variando de 14 (em mulheres) a 16g% (em homens). • Exemplo de causas de policitêmia: maiores altitudes, muita eritropoietina a longo prazo. • Exemplo de causas anemia: deficiência de eritropoietina; hemorragia; falta de ferro; intoxicação por chumbo; quimioterapia. Na anemia, a oferta de oxigênio esta reduzida. Pela Lei de Henry, para cada 1 mmHg de pO2, há 0,003 ml de oxigênio dissolvido no plasma, valor que não é muito alto, mesmo para um indivíduo respirando oxigênio puro (apenas 2,02 ml %), o que é incompatível com a vida e, por isso, não é possível viver apenas com o oxigênio plasmático. Assim, salienta-se a importância da oxi- hemoglobina para o transporte do gás. A terapia com oxigênio puro ou a hiperbárica, pode ser utilizada por pequenos intervalos de tempo para pacientes em condições especiais. Quando se faz a inalação de um gás rico em oxigênio (maior do que 20,9% da atmosfera) ou inalação hiperbárica, ocorre a substituição (parcial ou total) do nitrogênio do plasma pelo oxigênio, ofertando, assim, muito mais oxigênio aos tecidos. • Quando a oferta de O2 puro é prolongada, há danos nos neurônios e há produção de radicais libres, sendo, portanto, toxico para o organismo. Assim, em indivíduos que precisam de uma oferta maior de O2, deve-se fazer o desmame assim que possível. O que está em amarelo indica o quanto de oxigênio que está sendo fornecido. Nesta imagem acima, note que, em ar ambiente, o indivíduo doa 60 de pO2 e, em oxigênio puro, ele doa quase 600. COEFICIENTE DE UTILIZAÇÃO DE OXIGÊNIO = percentual de sangue que libera o oxigênio para a utilização celular. O seu valor no repouso é de 25% e, durante o exercício, pode atingir até 85%. Esse coeficiente é maior no exercício devido à maior capacidade de extração de oxigênio pelos músculos ativos devido ao metabolismo aumentado, o que já foi explicado anteriormente. CONSUMO DE OXIGÊNIO = valor de oxigênio que os tecidos utilizam em seu metabolismo. • Depende do fluxo sanguíneo e da diferença arteriovenosa deste tecido – extração de oxigênio (é local, portanto, não se pode medir em uma artéria aorta ou na cava, por exemplo). • Ou seja, é a diferença do quanto chega e do quanto sai, como foi mostrado na imagem acima. • OU, esse parâmetro pode ser quantificado pela ventilação e a diferença entre o percentual de oxigênio inspirado (20,9%) e o percentual expirado. Essa diferença não passa de 6, portanto, a extração é baixa e, assim, deve-se aumentar a oferta de oxigênio a partir da hiperventilação. Para uma hematose ser adequada, é necessário que, na estrutura alvéolo-capilar pulmonar, haja condições adequadas de oferta de oxigênio dada pela ventilação, bem como adequada perfusão sanguínea. Portanto, nas condições em que há redução patológica da ventilação, mas perfusão normal OU redução patológica da perfusão, mas ventilação normal, tem-se uma relação ventilação-perfusão inadequada, comprometendo a hematose. Em preto, tem-se a obstrução total do alvéolo, portanto, a ventilação é zero e a perfusão também. Em verde, há uma obstrução parcial do alvéolo, causando uma ventilação reduzida, mas uma perfusão normal. Em amarelo, tem-se a condição normal. Em branco, tem-se uma obstrução parcial do capilar alveolar, causando uma perfusão reduzida, mas uma ventilação normal. E, por fim, em roxo, tem-se uma obstrução total do capilar alveolar, ocasionando uma ventilação normal, mas uma perfusão extremamente reduzida. Transporte do Dióxido de Carbono O transporte do CO2 dos tecidos aos pulmões é realizado por 3 mecanismos: • 7% dissolvido no plasma O dióxido de carbono apresenta uma média solubilidade no plasma (2,5 ml %), portanto, parte desse gás consegue ser transportado dissolvido nele. O valor de 2,5 ml% já é compatível com a vida, ao contrário do oxigênio. • 23% no composto carbamino- hemoglobina O CO2 tem a propriedade de se ligar com a parte proteica da hemoglobina e não há mecanismos de competição com o oxigênio, pois ele se liga com o grupo heme. • 70% como bicarbonato no plasma O dióxido de carbono se difunde para as hemácias, onde reage com água (LIC), sendo catalisado pela enzima anidrase carbônica, formando ácido carbônico (H2CO3), que é um composto instável e rapidamente se dissocia em bicarbonato e em íon H+. Para evitar as alterações do pH intracelular, o H+ é tamponado pela ligação com um aminoácido aniônico (possui uma parte negativa remanescente) da parte globínica. O HCO3- se difunde para o LEC e, para não haver alteração do potencial elétrico da hemácia, para cada molécula de bicarbonato que deixa a hemácia, ocorre a entrada de um íon cloreto. O CO2 então é transportado dos tecidos até os pulmões na forma de bicarbonato, no plasma. MECANISMOS NO CAPILAR PULMONAR - CO2 dissolvido no plasma: difusão do CO2 do capilar para o alvéolo, a favor de seu gradiente de concentração (pCO2). - Composto carbamino-hemoglobina: a ligação do CO2 com a parte proteica édesfeita e o gás se difunde para o alvéolo. - Bicarbonato no plasma: quando a pCO2 no plasma se reduz, o HCO3- se difunde do plasma para a hemácia e se liga ao H+, voltado a formar ácido carbônico, que, novamente, sob a ação da anidrase carbônica, leva a formação de água e CO2. Este último se difunde para o alvéolo e o íon cloreto deixa a hemácia, enquanto entra bicarbonato (fuga dos cloretos). Em verde, tem-se a fuga dos cloretos para que o bicarbonato volte para a hemácia, que vai liberar água para formar CO2, que vi sair da hemácia. Em vermelho, tem-se circulada a anidrase carbônica, que permite que a reação seja rápida (menos de 0,1 s). Transporte de Monóxido de Carbono O monóxido de carbono (CO) tem uma afinidade para com o grupo heme da hemoglobina de 200 a 300 vezes maior que o próprio oxigênio, formando uma ligação estável, recebendo o nome de carboxi- hemoglobina. • A remoção de CO se faz aplicando respiração com oxigênio puro. • Portanto, se liga ao átomo de Ferro do grupo heme da hemoglobina, que é o mesmo lugar que o oxigênio se liga (com uma ligação mais fraca), havendo, assim, competição, sendo que quem ganha é o CO, uma vez que ele tem uma afinidade muito maior, formando uma ligação mais forte e mais estável, o que leva o indivíduo rapidamente à hipóxia. Indivíduos saudáveis e não fumantes tem apenas um valor menor que 1% das suas moléculas de hemoglobina ligadas ao CO (HbCO). Enquanto isso, em indivíduos fumantes, este valor está elevado na faixa de 5 a 7%, sendo que valores acima de 15% são fatais para o indivíduo. Observe, na curva de dissociação da carboxi-hemoglobina abaixo, que o valor da pCO que leva à saturação da curva é de apenas 0,4 mmHg e, valores um pouco superiores (> 0,6 mmHg de CO), já levam o indivíduo à desorientação e à inconsciência. • Se não for feita uma ação rápida, o indivíduo evolui ao óbito rapidamente. Regulação da Ventilação Centros Respiratórios Bulbares A ventilação deve ser regulada a cada momento para a manutenção ideal das concentrações dos gases respiratórios. Ela pode variar, dependendo das condições fisiológicas, na faixa de 6 a 150 litros/min, ou seja, uma elevação de cerca de 15 a 25 vezes em relação à condição basal. As finalidades dos ajustes ventilatórios são ofertar oxigênio às células teciduais, retirar o excesso de dióxido de carbono do organismo, pois ele se comporta como um ácido, e contribuir nos ajustes do equilíbrio ácido-base. Para a regulação da ventilação, o sistema conta com receptores específicos: quimioceptores (variações químicas do plasma); mecanoceptores (variação mecânica); e metaboloceptores (sensíveis às variações metabólicas). Estes receptores vão informar o SNC para proceder os ajustes ventilatórios necessários. Um dos principais estímulos no controle da ventilação são os estímulos químicos do sangue, que se dão pelas variações nas concentrações (pressão parcial) do oxigênio e do dióxido de carbono, bem como na concentração do íon hidrogênio. O SISTEMA RESPIRATÓRIO É MUITO SENSÍVEL ÀS VARIAÇÕES DA PCO2, SENSÍVEL ÀS VARIÇÕES DO ÍON HIDROGÊNIO E POUCO SENSÍVEL ÀS VARIAÇÕES DA PO2. Assim, pequenas variações na pCO2 promovem grandes mudanças na ventilação. O sistema nervoso é o responsável por manter os valores da pO2 e pCO2 arteriais praticamente constantes, apesar de possíveis variações destes gases no sangue venoso. Algumas áreas centrais (bulbo e ponte) participam deste processo, com destaque para o bulbo e, estas áreas, constituem em seu conjunto o Centro Respiratório Bulbar. • Apesar da ponte exercer uma pequena participação. Os 4 grupamentos de neurônios com funções regulatórias são: - Grupo Respiratório Dorsal do Bulbo, responsável pela inspiração, também denominado de Centro Inspiratório. - Grupo Respiratório Ventral do Bulbo, responsável pela expiração e é denominado de centro expiratório. - Centro Apneustico, localizado difusamente na parte inferior da ponte, coordena e potencializa a inspiração. - Centro Pneumotáxico ou Grupo respiratório Pontínuo, localizado dorsalmente ao núcleo parabraquial da ponto, coordena e potencializa a expiração. Os dois primeiros são mais grosseiros e, portanto, dependem dos dois últimos para uma regulação mais refinada. Esses dois últimos estão localizados mais em cima. Ainda, os dois primeiros são sistemas neuronais reverberantes, possuindo a capacidade de manter a estimulação dos músculos inspiratórios e expiratórios. Os dois primeiros possuem uma conexão, de modo que, quando chega um PPSE para o centro inspiratório, este entra em um ciclo, e chega um PPSI ao centro expiratório, de modo que o movimento de inspiração ocorra. Quando atinge a fadiga, o outro centro começa, acontecendo a mesma coisa. Isso permite que o movimento respiratório aconteça. Esses 4 centros permitem o controle coordenado e integrado com os outros sistemas, como o cardiovascular. GRUPO RESPIRATÓRIO DORSAL DO BULBO – CENTRO INSPIRATÓRIO Situa-se dentro do núcleo do trato solitário, onde ocorre a chegada das aferências do vago e do glossofaríngeo (dos quimioceptores periféricos, baroceptores e tensoceptores pulmonares). Essas aferências geram um padrão com certa ritmicidade inspiratória e a sua eferência é para o músculo diafragma. Esta eferência se inicia com uma atividade neural motora de baixa frequência, que vai aumentando ao longo do ato inspiratório, denominado de rampa de ativação do diafragma, e cessa de maneira abrupta. • É ativado de maneira gradual, porém, cessa de maneira abrupta. Funcionalmente, como dito anteriormente, este grupo neuronal é do tipo reverberante, que ativa os músculos inspiratórios e, provavelmente, inibe o centro expiratório. GRUPO RESPIRATÓRIO VENTRAL DO BULBO – CENTRO EXPIRATÓRIO Localizado em posição rostral do núcleo ambíguo, apresenta duas áreas distintas e imprecisas: uma área pequena que, quando estimulada, excita os músculos inspiratórios e uma área maior que, quando estimulada, excita os músculos expiratórios (abdominais) e inibe o centro inspiratório, em um padrão rítmico irregular. Na respiração calma, parece apenas interromper a ativação do diafragma e a expiração passa a ser passiva e se deve à força de reconhecimento estático pulmonar. CENTRO APNEUSTICO É uma rede de neurônios um pouco difusa que controla a profundidade e a duração da inspiração e potencializa o centro inspiratório, apresenta um padrão ritmo preciso. Ele recebe sinapse do tipo inibitória proveniente do nervo vago aferente, durante a expansão pulmonar (ação no reflexo de Hering-Breuer). Uma lesão acima desta área faz o paciente assumir um tipo de respiração chamada apneustica, com ciclos inspiratórios profundos e demorados e expiração rápida. CENTRO PNEUMOTÁXICO OU GRUPO RESPIRATÓRIO PONTINO ESTÁ NA PONTE. Transmite sinais de inibição para o centro inspiratório (cessando a inspiração) e sinais excitatórios para o centro expiratório. Assim, contribui efetivamente para o ato expiratório e apresenta uma ritmicidade precisa. Ele recebe sinapse excitatória do vago aferente durante a expansão pulmonar (reflexo de Hering-Breuer). A rampa inspiratória, sem a participação do centro pneumotáxico, demora até 5 segundos, e com a sua participação intensa, dura apenas de 0,5 a 0,8 segundos. Quando o CI está estimulado, o CE está inibido e vice-versa. Regulação Mecânica da ventilação A regulação Mecânica da ventilação (ou da respiração), também denominada de reflexo de Hering-Breuer, evidencia um reflexo autônomo do padrão respiratório, em especial durante a condição de repouso à é um padrão respiratório involuntário. Quando, durante a inspiração, a expansão pulmonar atinge um certo volume (volume corrente), há inibição reflexa do ato inspiratório e a expiração é iniciada. Já quando ocorre a retração pulmonar, o ato expiratório cessa e a próxima inspiração éiniciada. Este reflexo apresenta como receptores os tensoceptores pulmonares, que são mecanoceptores localizados nos brônquios e são estimulados quando ocorre expansão pulmonar. Como consequência dessa expansão e da gênese de potenciais de ação, a informação sobre para o SNC. A informação aferente é a VAGAL e promove a inibição do centro apneustico, que estimula a inspiração e, ao mesmo tempo, leva a estimulação do centro pneumotáxico, que estimula a expiração. Assim, tem-se o cessar da inspiração e o início da inspiração. Quando ocorre a expiração, os tensoceptores não são mais estimulados, de modo que as informações vagais aferentes sejam silenciadas, e o centro apneustico (que estava sendo inibido na expiração) assume novamente o comando para a próxima inspiração, enviando potenciais de ação pelo nervo frênico ao músculo diafragma, iniciando a inspiração. Essa alternância vai se repetir a cada ciclo respiratório. INÍCIO DA INSPIRAÇÃO Em azul, está sendo inibido e, em vermelho, está sendo estimulado, sendo que a grossura da seta vermelha vai indicar a intensidade da ativação (quanto maior, maior é a ativação). No início da inspiração, nota-se a ativação do centro apneustico e inibição do pneumotáxico, causando uma ativação dos músculos inspiratórios para que a inspiração ocorra. Note que o centro expiratório está inibido. MEIO DA INSPIRAÇÃO Agora, no meio da inspiração, nota-se uma menor ativação do centro inspiratório e, consequentemente, dos músculos inspiratórios, pois, agora, já existem alguns PPSI vindos do nervo vago para o centro apneustico. O centro expiratório ainda está inibido. INÍCIO DA EXPIRAÇÃO Agora, devido à ação do nervo vago, há uma grande quantidade de PPSI para o centro apneustico, inibindo-o e, portanto, inibindo o centro inspiratório, cessando este ato. Ainda, há uma grande quantidade de PPSE para o centro pneumotáxico e, portanto, grande ativação do centro expiratório e, consequentemente, dos músculos expiratórios. INÍCIO DA PRÓXIMA INSPIRAÇÃO O centro pneumotáxico volta a ser inibido pela falta de PPSE, inibindo o centro expiratório, cessando a expiração. Enquanto isso, o centro apneustico para de ser inibido e, assim, ativa em grande quantidade o centro inspiratório e, consequentemente, os músculos inspiratórios. IMPORTÂNCIA DO REFLEXO DE HERING-BREUER Para se analisar a importância do reflexo, faz-se ablações em animais, a fim de destruir, nesta ordem, os centros pneumotáxico, apneustico e inspiratório/expiratório, com e sem vagotomia bilateral. Analisando a imagem: • Amarelo: o vago não está integro, mantém ritmicidade, aumento do volume corrente à indica que o reflexo é fundamental nesse controle. • Verde: destruiu o pneumotáxico, mas o vago permaneceu intacto, portanto, mantem a ritmicidade. • Azul: destruiu o pneumotáxico e o vago, de modo que não há mais nada inibindo o centro apneustico. Portanto, a inspiração é muito maior que a expiração. • Rosa: destruiu o apneustico e o pneumotáxico, portanto, há perda de ritmicidade e a regulação da profundidade • Laranja: não muda do anterior, porque os centros já estavam destruídos. • Vermelhos: inibição dos 4 centros = parada respiratória. Regulação Química da Ventilação A regulação química da ventilação é de grande importância, pois é a principal responsável pelos ajustes ventilatórios nas condições de exercício e nas desordens do equilíbrio ácido-base e variações no conteúdo plasmático arterial de CO2 e H+. Para estes ajustes, o sistema dispõe de quimioceptores centrais e periféricos, que informam constantemente as concentrações dos gases respiratórios e do íon hidrogênio no líquido cefalorraquidiano (quimioceptores centrais) e no sangue arterial (quimioceptores periféricos – nos seios carotídeo e aórtico). Os quimioceptores centrais não apresentam uma região bem delimitada, estando localizados na superfície ventrolateral do bulbo e, também, em outras regiões, como nos núcleos da rafe, no núcleo do trato solitário e lócus ceruleus. Estes, por estarem protegidos pela barreira hematoencefálica e em contato com o líquido cefalorraquidiano (LCR), apresentam uma inércia no início e no final da resposta. Eles são sensíveis somente ao CO2 e indiretamente ao H+ (reação lenta de hidratação do CO2 com a água do LCR) e não são sensíveis ao oxigênio. Já os quimioceptores periféricos, estão localizados nos seios aórtico e carotídeos; as informações aferentes dos quimioceptores do seio aórtico trafegam pelo vago e do seio carotídeo pelo nervo de Hering e, daí, pelo glossofaríngeo até os centros respiratórios bulbares. Estes são mais sensíveis de maneira rápida ao oxigênio, dióxido de carbono e hidrogênio, por isso são mais importantes, apesar do seu mecanismo não ser conhecido perfeitamente. Eles são irrigados e apresentam um elevado consumo de oxigênio, sendo conhecidos dois tipos celulares: células do tipo I (células glomosas – quimioceptores propriamente ditos) ou células do tipo II (sustentação). O QUE ACONTECE SE HOUVER MODIFICAÇÃO DA PRESSÃO PARCIAL DOS GASES? A redução da pO2, nestas células, leva à inativação dos canais de potássio, que, talvez por falta de ATP, provoca a abertura dos canais de cálcio voltagem dependente e promove a despolarização com a liberação dos neurotransmissores nas sinapses com a via neural aferente. • Neurotransmissores: acetilcolina, dopamina, noradrenalina e ATP. Para uma pO2 na faixa de 30 a 60 mmHg, a frequência de disparo aferente do nervo de Hering é de 400 a 600 Hz; na faixa de 80 a 100 mmHg, a taxa de disparo é de 100 Hz; e, na faixa de 200 mmHg, a taxa é de apenas 50 Hz. • Não se conhece como o CO2 e o H+ têm a capacidade de estimular estas células. Assim, quanto menor a hipóxia, menor é a quantidade de potenciais de ação. Para avaliar os ajustes ventilatórios em função das variações da pCO2, pO2 e pH, foram realizados experimentos, que estão ilustrados nos gráficos a seguir. Nos gráficos, a ventilação basal =1 (normoventilação), em humanos, é cerca de 10 L/min. Valores menores que 1, tem-se hipoventilação e, valores maiores que 1, tem-se hiperventilação. Verificar a magnitude dos ajustes ventilatórios em função da magnitude da variação dos gases respiratórios ou do H+ (sensibilidade do sistema). CONCLUSÃO DO GRÁFICO ACIMA: hipocapnia induz hipoventilação e hipercapnia induz hiperventilação. Lembrando que o sistema respiratório é muito sensível ao CO2. CONCLUSÃO DO GRÁFICO ACIMA: hiperóxia não afeta o padrão da respiração e, para dobrar a ventilação, tem-se que reduzir a pO2, no mínimo, para 50. Portanto, indica que o sistema respiratório é muito pouco sensível ao O2. CONCLUSÃO DO GRÁFICO ACIMA: hipohidria causa hipoventilação e hiperhidria tem-se hiperventilação. O gráfico para de crescer, pois há saturação e os receptores são lesados. Isso ocorre porque o sistema respiratório é sensível às variações na concentração de hidrogênio. RESUMINDO OS 3 GRÁFICOS: Outros fatores que afetam a ventilação Para os ajustes da ventilação, além da regulação mecânica e química, os centros respiratórios bulbares recebem outras influências centrais (córtex motor, hipotálamo, sistema límbico e gânglios da base) e periféricas para a adequação do padrão respiratório. As principais informações periféricas advêm dos metaboloceptores musculares, dos nociceptores e dos receptores cinestésicos das articulações (detectam a posição das articulações de acordo com a angulação), além dos quimioceptores dos seios aórticos e carotídeos e dos tensoceptores pulmonares. Durante o exercício físico incremental, a ventilação aumenta ate o limiar anaeróbio do voluntário de forma linear com o aumento do exercício. Este aumento da ventilação tem a mesma importância em captar O2. • É MAIS IMPORTANTE CORRIGIR O EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE DO QUE CAPTAR O2.Na maioria dos indivíduos, o DC é o fator limitante para o exercício máximo, precisando interrompê-lo. Portanto, não é a falta de oxigênio, mas sim a perda da capacidade de ajustar o equilíbrio ácido- base. No exercício moderado, o controle da ventilação se faz, predominantemente pelo VC e, no exercício intenso, se faz predominantemente pela FR. No repouso, há maior mobilização de lipídios (60%) e menor de carboidratos (40%). O parâmetro QR, na tabela, fornece a noção de qual nutriente está sendo utilizado, sendo que, baixas intensidades, são os lipídios e, moderada/alta intensidade, são os carboidratos. O lactato aumenta na tabela devido ao aumento do metabolismo anaeróbio. Equilíbrio Ácido-Base Importância do equilíbrio ácido- base É fundamental que a concentração do íon hidrogênio nos líquidos corporais, advindos do metabolismo, seja mantida muito constante, a fim de garantir o adequado funcionamento enzimático (as enzimas funcionam em um pH ótimo, incluindo aquelas da via de formação de ATP), pois, quando isso não ocorre de maneira aceitável, pode levar à morte do indivíduo, devido à lentificação/cessamento das reações químicas. Assim, a sua regulação envolve 3 mecanismos complexos e coordenados, realizado pelos tampões e pelos sistemas respiratório e renal, uma vez que o homem elimina diariamente cerca de 40 a 100 mEq de H+ (pelos rins) e 13.000 mEq de CO2 (pelo sistema respiratório) para o controle do equilíbrio ácido-base. A importância desse equilíbrio está baseada em 3 pontos: - CLÍNICA: a maior causa de óbitos são os desvios não corrigidos do pH. - EXERCÍCIO: fator limitante do exercício físico intenso (acidose não corrigida) - EVOLUTIVAS: adaptações de animais às condições de pH adversas. ÁCIDO = toda substância que, em um meio aquoso, dissocia-se formando íons H+. BASE = toda substância que, em um meio aquoso, dissocia-se formando OH-. Em função da constante de dissociação, o ácido ou a base pode ser classificada em forte (constante de dissociação maior) ou fraca (constante de dissociação menor). Um ácido forte ou uma base forte promove grandes variações do pH, enquanto ácidos/bases fracas promovem discretas variações do pH. Os mecanismos de ajustes do equilíbrio ácido-base são os mesmos nas duas condições, porém, com magnitudes distintas. Uma alteração muito acentuada do pH leva o indivíduo ao óbito. • Ácido forte: constante de dissociação maior, forma muito H+ e leva a grandes variações no pH. • Ácido fraco: constante de dissociação menor, forma pouco H+ e leva a pequenas variações no pH. O pH é o inverso a concentração hidrogeniônica à quando existir muitos íons hidrogênio num sistema, o valor do pH é baixo e, se existir poucos íons hidrogênio, o valor do pH é alto. As origens do íon H+ no organismo são duas: dieta, ingesta de frutas cítricas; e produtos do metabolismo, como o ácido hidroxibutírico (advém dos lipídios e dos carboidratos), corpos cetônicos (lipídios), acido sulfúrico (metionina), acido hidroclorídrico (lisina, histidina) e outras fontes. A concentração plasmática do H+ é muito baixa, de 40 nEq/L, e a excreção urinária de 50 a 100 mEq/dia, torna a urina ácida. Equação de Henderson-Hasselbalch Partindo dessa preposição e aplicando a lei das massas e retirando a molécula de água porque o meio já é aquoso, tem-se: O normograma de Gamble vai informar a forma iônica plasmática, que é controlada pelo sistema renal. Para cada uma molécula de CO2, tem-se 20 de bicarbonato, sendo que o primeiro (CO2) é controlado pelo sistema respiratório e, o segundo (bicarbonato), pelo sistema renal. Na hipóxia, apenas, sem afetar o equilíbrio, não há variações de pH, pois o sistema respiratório é pouco sensível às variações de oxigênio. VALORES ARTERIAIS NORMAIS: - pH = 7,38 a 7,42 à 7,40 - pCO2 = 38 a 42 à 40 mmHg - BE = -2 a +2 à 0 - pO2 = 100 mmHg - pH venoso = 7,28 a 7,38 O CO2 total no denominador da equação, pode ser substituído pelo pCO2 arterial multiplicado pelo valor da solubilidade do CO2, que é 0,02: Em condições de normalidade: HCO3 = 24 mmol/L e a pCO2 = 40 mmHg. Portanto, no sangue arterial, temos um pH de 7,40. Valores menores do que 7,40 indicam acidose e valores maiores indicam alcalose. PARA A MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE, TEM-SE 3 MECANISMOS: TAMPÕES PLASMÁTICOS (AGEM EM SEGUNDOS – muito rápido, mas sozinho não consegue corrigir o pH, apenas amenizar variações bruscas); SISTEMA RESPIRATÓRIO (AGE EM MINUTOS – rápido, mas mais lento que o primeiro, porém, já traz o pH para mais próximo do equilíbrio); E O SISTEMA RENAL (AGE EM HORAS/DIAS – demora, mas o ajuste é mais fino/preciso). Ações dos tampões plasmáticos Um tampão plasmático é sempre constituído por uma base e um ácido fracos que amortecem (e não corrigem) as variações bruscas do pH, com uma ação em segundos. ÁCIDO CARBÔNICO (H2CO3) E BICARBONATO DE SÓDIO (NAHCO3) É o mais importante e o mais abundante. Segue um exemplo do ácido carbônico em contato com uma base forte hipotética: Note que amorteceu a variação brusca do pH ao substituir uma base forte por uma mais fraca, formando H2O. Agora, segue um exemplo do bicarbonato em contato com um ácido forte hipotético: Note que amorteceu a formação brusca ao formar um sal e o ácido carbônico, sendo que, este último, por ser muito instável, vai logo se transformar em H20 + CO2, sendo este CO2 metabólico e não respiratório. Agora, em um exemplo real, formando ácido láctico: Durante um exercício físico, há hiperventilação para eliminar o co2 metabólico, a fim de reestabelecer o equilíbrio ácido-base, além de eliminar o CO2 respiratório. O CO2 respiratório, somado com o CO2 metabólico, vai resultar em uma hiperventilação para conseguir eliminar esse excesso, lembrando que o sistema respiratório é muito sensível às variações das concentrações de dióxido de carbono. FOSFATO MONOSÓDICO (NAH2PO4) E FOSFATO BISÓDICO (NA2HPO4) Esse é um sistema auxiliar, mas não o mais importante, estando em baixa concentração no plasma. Segue um exemplo do fosfato monosódico em contato com uma base forte hipotética: Note que, novamente, há transformação de uma base forte em uma fraca, liberando água. Como uma base forte traria muitas alterações para o pH, ela precisa ser convertida em uma base fraca. Agora, segue um exemplo do fosfato bisódico em contato com um ácido forte: Ocorreu o mesmo que no anterior, porém, com um ácido e sem liberar H2O. PROTEÍNAS (AMINOÁCIDOS ANIÔNICOS E CATIÔNICOS) O tampão plasmático mais eficiente é o tampão bicarbonato, uma vez que a sua concentração plasmática é elevada (24 mmol/L) e representa 98% da concentração dos tampões no sangue, além de permitir a ação do sistema respiratório. O tamponamento de um ácido pelo bicarbonato gera a formação do ácido carbônico, que é instável e rapidamente se dissocia em água e dióxido de carbono; os pulmões eliminam este excesso de CO2 de maneira rápida e eficiente. O tampão proteica plasmático é lento, pois, para haver equilíbrio das reações de tamponamento, pode demorar até 60 minutos. O tampão fosfato bisódico apresenta reduzida concentração plasmática (2%) e não permite a ação respiratória, pois não gera dióxido de carbono. Ações do sistema respiratório O sistema respiratório atua nas correções do equilíbrio ácido-base, com ação em minutos, através dos ajustes ventilatório, age no denominador da equação de Henderson-Hasselbalch, regulando a pCO2. As correções respiratórias, frente às variações químicas do sangue, permitem atuar no equilíbrio ácido-base através da hiper e da hipoventilação. Nos gráficos a seguir, a ventilação basal =1 representa a normoventilação, que, em humanos, é cerca de 10 L/min. Valores menores do que 1, tem-se a hipoventilação, e maiores do que 1, tem-se a hiperventilação. Note que o sistema respiratório, como já dito
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