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Infecções bacterianas da pele e tec subcutaneo

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1 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
INFECÇÕES BACTERIANAS DA PELE E TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO
 
INTRODUÇÃO 
Infecção da pele pode ser: 
 Primária: quando se instala num paciente sem história previa de cirurgia 
ou traumatismo. 
 Secundária: quando se instala devido a um trauma, acidental ou cirúrgico 
que favorece a implantação dos micro-organismos. 
 
DEFESA DA PELE 
Os mecanismos de defesa da pele são essenciais para o combate a inúmeros 
agentes infecciosos, tanto pela barreira física (defesa primária) que impede ou 
dificulta a penetração bem como pela resposta imune eficaz após o contato com 
determinados agentes. 
Dentre os principais elementos de defesa destacam-se: 
 Turnover celular → descamação superficial da pele, processo fisiológico de 
renovação celular e eliminação de células mortas. Favorece a “limpeza” 
externa da pele. 
 pH ácido (4,7 e 5,75) → impede a proliferação de algumas bactérias e 
fungos. 
 Secreção sebácea → contém elementos antibióticos protetores ao 
organismo e produz resposta imune pelas células de defesa (Langherans, 
mastócitos e células dendríticas). 
 Flora bacteriana natural → presentes desde o nascimento, servindo 
também como uma proteção natural ao organismo. 
 Resposta imune → várias células de defesa presentes na pele. 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO 
Pele e tecido celular subcutâneo 
 Erisipela 
 Celulite 
 Abscesso 
 Fleimão 
 Panarício 
 Linfadenite aguda 
Anexos da Pele 
 Furúnculo 
 Carbúnculo 
 Hidradenite supurativa 
 
ERISIPELA 
 É um tipo de celulite superficial da pele que apresenta envolvimento 
linfático marcante. 
 Portas de entrada: ulceras de pele, lesões traumáticas, varizes, picada de 
insetos, abrasões, lesões eczantemáticas ou psoriásicas e infecções 
fúngicas. 
 Fatores predisponentes: estase venosa, paraparesia, diabetes melito, 
abuso de álcool e obesidade. 
 Recidivas: 10 a 30% dos casos 
 Locais mais acometidos: 
 Perna (70 a 80%) 
 Face (5 a 20%) – predomínio em crianças 
 Acomete com maior frequência crianças pequenas e adultos após a quarta 
década de vida. 
 
 
2 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 Agente etiológico: 
 Mais comum: estreptococo beta hemolítico do grupo A (S. 
pyogenes) 
 Em menor frequência: estreptococos dos grupos G e C, seguidos 
pelo grupo B (principalmente RN) 
 Mais raramente: S. aureus 
 Em imunossuprimidos: S. pneumoniae e P aeruginosa 
 Características clínicas: 
 Pródromos sistêmicos: febre elevada, cefaleia, calafrios, mal-estar 
e desanimo. 
 No local da lesão: mancha avermelhada, quente e dolorosa 
(geralmente em queimação), de bordas elevadas e bem definidas. 
Torna-se lisa e brilhante em decorrência do edema que 
acompanha o processo. 
 Geralmente a lesão aparece 6 a 12h após o início dos sinais e 
sintomas gerais. 
 Frequentemente ocorrem linfagite e linfadenomegalia. 
 Casos mais graves (complicações): formação de bolhas de liquido 
não purulento (do 2º ou 3º dia), hemorragia superficial, ulceras 
superficiais, celulite, abscesso subcutâneos, miosite, fleimão, 
fascite necrosante e até mesmo gangrena. Ocorrem geralmente 
devido à falta de tratamento. 
 Diagnóstico diferencial: celulite 
 Tratamento: 
 Uso de antimicrobianos sistêmicos, medicamentos sintomáticos e 
cuidados locais. 
 Na maioria dos casos é necessária internação para o tratamento, 
casos leves não é preciso. 
 Penicilina G procaína IM na dose de 400.000 U de 12/12h, por 5 a 
10 dias. 
 Casos leves: penicilina (VO, 250mg a 500mg de 6/6h) ou 
amoxicilina (VO, 500mg de 8/8h). 
 Alérgicos a penicilina: tratar com Eritromicina VO 250mg a 500mg, 
de 6/6h. 
 Casos graves: ceftriaxona (1g EV de 24/24h) ou oxacilina (2g EV de 
4/4h cada 8h). 
 Repouso do segmento acometido, compressas mornas, elevação 
do membro. 
 Casos de recidiva (mais de 3 vezes no ano) é indicado profilaxia 
com Penicilina G Benzatina IM (benzetacil) a cada 3 semanas. 
 
 
CELULITE 
 Inflamação de origem infecciosa do tecido celular subcutâneo. As vezes 
pode haver extensão superficial e acometimento também da pele. 
 Predomina em homens e ocorre em qualquer idade. 
 Membros inferiores nos idosos 
 Membros superiores nos mais jovens 
 Acomete regiões da cabeça e pescoço e perianal predomina em crianças. 
 
3 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 Assim como a erisipela, deve ter uma porta de entrada: ferida aberta, 
úlcera, ferimento penetrante, laceração, infecção por T. pedis, etc. 
Raramente resulta de disseminação hematogênica. Além disso, indivíduos 
portadores de insuficiência vascular venosa periférica e/ou linfedema. 
 Agente etiológico: 
 Mais comum: Estreptococo do grupo A e pelo S. aureus 
 Streptococus dos grupos C, G e B 
 H. influenzae (celulite facial em crianças menores de 2 anos, 
frequentemente associado a otite media ipsilateral) 
 S. pneumoniae (celulite orbitária) 
 Raro: enterobactérias e pseudomonas (imunossuprimidos e 
diabéticos) 
 Aeromonas (contaminação por aguas de lagos, rios ou solo) 
 Vibrio (contaminação por agua do mar) 
 Características clínicas: 
 Vermelhidão, calor, dor, edema depressível e intumescimento da 
pele e do subcutâneo no local da infecção. 
 Em contraste com a erisipela, as bordas da área da celulite são 
planas e mal definidas. 
 Linfangite e/ou linfadenite de drenagem são menos frequentes, 
porém não são raras. 
 Manifestações gerais: mal-estar, febre, calafrios e anorexia, e a 
temperatura oscila em torno de 38°C. 
 A celulite de membros inferiores em idosos pode causar 
tromboflebite. 
 Leucograma: Leucocitose discreta 
 Diagnóstico diferencial: enduração do abscesso, metástases 
linfáticas. 
 Tratamento: 
 Medidas locais: uso de calor, repouso do segmento e proteção da 
região contra o trauma. Se for em extremidade, elevação desta. 
 Calor no local: promove vasodilatação, com consequente aumento 
do fluxo sanguíneo e hipertensão capilar. Decorrem daí aceleração 
das atividades metabólicas e aumento da fagocitose e da 
transferência de células e fluidos para os tecidos no local da 
infecção. Além disso, o calor colabora para diminuição da dor. 
 Ocorrente formação de abscesso ou fleimão, a drenagem cirúrgica 
está indicada. 
 Tratamento sistêmico: antimicrobianos, analgésicos e 
antitérmicos. 
 Atualmente, a escolha do antimicrobiano varia de acordo com a 
forma de apresentação e reflete a chance de o agente etiológico 
ser S. aureus. Dessa forma, as celulites podem ser separadas em: 
- Purulentas 
- Não purulentas 
- As purulentas são mais comumente causadas pelo S. aureus e o 
tratamento empírico deve ser direcionado para MRSA. 
- Tratamento empírico dos pacientes com celulite não purulenta 
deve ser direcionado para estreptococos beta-hemolíticos e S. 
aureus sensíveis a meticilina. 
 Antimicrobianos: cefalexina 500mg 6/6h, clidamicina 300-450mg 
6/6h ou 8/8h, cefazolina 1g 8/8h, oxacilina 2g 4/4h, clindamicina 
IV 600-900mg 8/8h. 
 
 
4 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 
 
 
 
ERISIPELA X CELULITE 
 
 
 
 
 
 
 
5 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
ABSCESSO 
 Infecção localizada do tecido conjuntivo com destruição de tecidos e 
formação de pus. 
 Geralmente constitui complicação de infecções contíguas (erisipela, 
celulite, hidradenite supurativa etc). 
 Contaminação secundária de ferida traumática ou foco infeccioso 
metastático na vigência de bacteremias ou endocardite. 
 Na vigência dessas afecções, a presença de tecidos, micro-organismos e 
células fagocitárias destruídas estimula a migração de leucócitos 
polimorfonucleares e outras células fagocitárias para o foco inflamatório. 
Destas, grande número é destruído e vai se juntar ao exsudato, formando 
o pus. As demais se dispõem em torno do local, formando barreira 
defensiva que limita o processo. Os fibroblastos colaboram também na 
formação dessabarreira. Forma-se então, o abscesso, constituído por 
cavidade cheia de pus separada dos tecidos normais adjacentes por uma 
zona (membrana piogênica) onde são intensas a neoformação vascular e 
a proliferação celular. Em torno da membrana piogênica é frequente a 
existência de áreas de celulite. 
 Agente etiológico: 
 Mais comum: S. aureus (mais comum em troncos e membros) 
 Estreptococos 
 Anaeróbios, E. coli, difteroides e Proteus (regiões perianal, genital 
e iguinal) 
 Recidivantes: pensar em infecção mista (aeróbia/anaeróbia). 
 Características clínicas: 
 Tumoração proeminente e circunscrita, delimitada, de tamanho 
variável, consistência endurecida que se torna amolecida, 
flutuante à medida que a lesão amadurece. 
 Localização: dermo-hipodérmica e/ou subcutânea, circundada ou 
não por uma área de celulite. 
 Rubor, calor e dor 
 Manifestações gerais: febre, mal-estar e calafrios 
 Nos mais profundos, flutuação e rubor podem estar ausentes e a 
dor é mais difusa. 
 Tratamento: 
 Na fase de maturação, o tratamento é semelhante ao da celulite. 
 Se o abscesso já estiver formado a contribuição do antimicrobiano 
sistêmico é de menor valor. 
 Nas lesões bem circunscritas, e dependendo do 
antimicrobiano usado, a membrana piogênica impede que 
este atinja concentrações terapêuticas satisfatórias na 
cavidade do abscesso. 
 Indicação de uso do antimicrobiano: 
- Deve ser limitada a presença de associação do abscesso com 
linfagite, linfadenite, febre e/ou sinais de bacteremia. 
- Usados também em casos de abscessos maiores que 5 cm, 
múltiplas lesões, extremos de idade, áreas de difícil drenagem 
(face, mãos e genitália) e em diabéticos ou imunosuprimidos. 
 
 Mais indicados: penicilinas sintéticas resistentes a penicilinase, 
cloxacilina (500mg) ou dicloxacilina (250mg) VO, de 6/6h. 
 Pacientes alérgicos a penicilina: clindamicina (150mg a 300mg) ou 
eritromicina (250mg a 500mg), VO, de 6/6h. 
 Podem também ser usadas cefalosporinas, cefalexina (500mg) VO 
de 6/6h ou cefadroxil (500mg) VO de 12h em 12h. 
 
 Abscesso bem localizado e flutuação evidente: incisão e drenagem 
constituem o tratamento. 
 Quando o paciente não estiver em uso de antimicrobiano, 
ele pode ser administrado, por via endovenosa, meia hora 
antes da drenagem, de modo que, havendo ruptura da 
membrana piogênica durante a intervenção, com 
disseminação bacteriana, o medicamento possa exercer 
efeito satisfatório. 
 A técnica de drenagem deve obedecer aos seguintes princípios: 
1. Técnica cirúrgica rigorosamente asséptica 
2. Escolha da anestesia: abscessos muito volumosos e/ou 
localizados em regiões muito sensíveis (ex: perianal) ou em 
 
6 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
crianças, a anestesia geral é mais indicada. Nos demais casos, 
a anestesia local pode ser realizada. 
3. A incisão é realizada no ponto de maior flutuação do 
abscesso. Em seguida, evacuar o pus após coleta do material 
para exame bacteriológico (Gram e cultura antibiograma). 
Não se deve espremer o abscesso, mesmo após a incisão de 
drenagem. 
4. Abscessos profundos: coloca-se um dreno de Penrose, que 
deve ser retirado após a parada da drenagem. 
5. Abscessos superficiais: retirada de um fragmento de pele no 
local de drenagem (“drenagem em janela”). 
6. Curativo diário 
 
 
 
FLEIMÃO 
 Inflamação difusa e necrosante do tecido conjuntivo. 
 Representa, também, grau evolutivo de um mesmo processo inflamatório 
que envolve a celulite e o abscesso. 
 Ao contrário dos abscessos, não ocorre formação de membrana piogênica, 
e o processo tende a invadir os tecidos numa extensão muito mais 
significativa. 
 Agente etiológico: 
 Mais comum: estreptococos (maior poder de difusão). 
 S. aureus, bacilos gram-negativos e anaeróbios, isolados ou em 
associação. 
 O fleimão pode ser: 
 Supra-aponeurótico: quando localizado no tecido celular 
subcutâneo acima na aponeurose. 
 Subaponeurótico: situado abaixo da aponeurose. 
 Profundo: quando atinge os espaços intermusculares. 
 O comprometimento do estado geral do paciente é muito mais acentuado 
que nos abscessos e a maior difusão local do processo é responsável por 
alterações locais mais intensas, que podem evoluir até a gangrena. Por 
esses motivos é conveniente a internação. 
 
7 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 Tratamento: 
 Baseia-se nos mesmos princípios para os abscessos. Acrescenta-se 
o maior valor da antibioticoterapia sistêmica. 
 Penicilinas sintéticas por via EV (oxacilina – 2g EV de 4/4h) 
 Cefalosporinas de 1º geração (cefazolina – 2g EV de 8/8h) 
 Vancomicina (1g EV de 12/12h) para pacientes alérgicos a 
penicilina. 
 Tratamneto cirúrgico: incisões amplas da pele e desbridamento 
rigoroso dos septos aponeuróticos e bainhas musculares, com 
objetivo de drenagem das secreções. 
 Curativos diários 
 Desbridamento à medida que a necrose se define. 
 
Panarício 
 Infecção supurativa ao redor da unha. 
 Causada pela proliferação de microorganismos naturalmente presentes na 
pele, como estafilococos e estreptococos, principalmente. 
 Normalmente é desencadeado pelo ato de puxar a pele da cutícula com os 
dentes ou com um alicate de unhas (pequenos traumatismos). 
 Tratamento: 
 Drenar 
 Cefalexina 500mg 6/6h 
 
 
LINFADENITE AGUDA 
 Infecções de linfonodos representando, na maioria dos casos, a localização 
secundária ou propagação de infecção situada nas proximidades ou a 
distância. No último caso, ela está localizada em uma área cuja drenagem 
linfática se faz no sentido dos linfonodos acometidos. 
 Pode ser: 
 Especifica: origem tuberculosa, sifilítica, linfogranuloma venero, 
leishmaniose, etc. 
 Inespecífica: tem usualmente etiologia estafilocócica ou 
estreptocócica. 
 Elas surgem frequentemente na evolução dos diferentes tipos de infecções 
da pele, subcutâneo e tecidos mais profundos. 
 É comum ocorrer também inflamação associada aos vasos linfáticos 
(linfangite). 
 Podem ser também secundarias a disseminação por via sanguínea de 
infecções a distância ou de origem traumática. 
 Características clínicas: 
 Aumento do volume de um ou mais linfonodos, que se apresentam 
duros, regulares e dolorosos. 
 Fase inicial: linfonodos são moveis, deslocados facilmente 
 
8 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 Evolução: ocorre acometimento dos tecidos perilinfonodais, 
surgindo edema, rubor, calor e aumento da dor espontânea e a 
palpação. 
 Quando não tratado evolui para abscesso linfonodal 
 Fase de periadenite: sintomas gerais intensos (indisposição, febre, 
calafrios, inapetência e prostação). 
 Os abscessos ganglionares podem ser facilmente diagnosticados pela 
presença de flutuação. Quando não drenados cirurgicamente, produzem 
necrose da pele que os recobre, com consequente abertura para o exterior 
(fistulização). 
 Tratamento: 
 Repouso, imobilização e elevação do segmento atingido, calor 
local e antibioticoterapia. 
 Fase tardia→ abscesso ganglionar com flutuação → drenagem 
cirúrgica 
 
 
FURÚNCULO 
 Infecção necrosante do folículo pilossebáceo, ou seja, tanto do folículo 
piloso quanto das glândulas sebáceas. 
 Agente etiológico: 
 S. aureus (quase sempre) 
 Streptococcus sp, E. coli, P. aeruginosa e Proteus 
 Etiologia 
 O S. aureus pode colonizar a pele sem causar danos por longos 
períodos, mas por motivos diversos como, por exemplo, quebra da 
barreira física ou deficiência do sistema imune penetram a pele e 
geram a agressão patológica. 
 Geralmente, penetram no interior do folículo pilossebáceo, onde 
determinam uma foliculose, que em seguida se estende a derme e 
ao tecido conjuntivo subcutâneo. Forma-se então uma área de 
necrose central com hiperemia e enduração circunjacentes. 
Células fagocitárias e leucócitos migram para a área e algumas são 
destruídas pelas toxinas bacterianas, formando o pus. 
A porção necrosada é eliminada junto com o pus e é denominado 
“carnegão”. 
 Em 25% dos casos gera furunculose recorrente. 
 É uma doença universal e sem predileção entre sexos. 
 Fatores de risco: 
 Bastante comum em áreas de higiene inadequadas, em baixas 
condições socioeconômicas ou aglomerações; 
 Histórico familiar e contato próximo com pessoas infectadas; 
 Obesidade, pela formação de dobras na pele que facilitam a 
proliferação bacteriana e dificultam a limpeza local, além de 
alterações inflamatórias pelo tecido gorduroso; 
 Traumas e discrasias sanguíneas; 
 Diabetes mellitus e outras situações de imunossupressão. 
 A infecção pode estender-se aos folículos pilossebaceos adjacentes, bem 
como ao subcutâneo vizinhos, dando origem ao carbúnculo. 
 
 
 
9 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 Características clínicas: 
 Pode ocorrer em qualquer local da superfície cutânea (exceção: 
superfícies palmar e plantar), mas tem predileção por áreas ricas 
em folículos pilosos e sujeitas a fricção e transpiração (reagiao 
cervical, face, axilas e nádegas). 
 Inicialmente: pequena área avermelhada, endurecida, que surge 
em torno do folículo pilossebáceo. 
 Evolução: nódulo inflamatório saliente, duro, doloroso e 
apresenta aumento de volume. 
 No ápice da saliência, forma-se a zona de coloração branco-
avermelhada, em decorrência da necrose da pele, que acaba por 
se romper espontaneamente, liberando pus e o carnegão. 
 A evolução é quase sempre favorável. 
 Complicações: ruptura da barreira defensiva (ex: ao espremer os 
furúnculos) → disseminação hematogênica → osteomielite, 
endocardite, entre outros focos infecciosos a distância. 
 Existe na face a chamada “zona perigosa”: 
- lábio superior 
- nariz 
- Lesões nesses locais podem propagar-se para o seio cavernoso e 
produzir trombose. Por isso, todos os furúnculos na face devem ser 
tratados com antibióticoterapia sistêmica. 
 Furunculose: furúnculos múltiplos 
- ato de coçar 
- roupas 
- desnutrição, obesidade, uso de corticoides, DM, HIV 
- portadores de S. aureus nas narinas e/ou períneo 
 
 Tratamento: 
 Cuidados locais: antissépticos, calor local, imobilização do 
segmento atingido 
 Incisão e drenagem na maioria dos casos não é necessária 
 Incisão e drenagem: apenas quando ponto de flutuação e em 
lesões grandes. 
 Antibioticoterapia sistêmica pode ser dispensada em casos de 
infecção restrita, sem celulite circunjacente nem febre. 
 Cefalosporinas de 1º geração, amoxicilina, clidamicina (150mg a 
300mg), eritromicina (250mg a 500mg) VO de 6/6h. 
 Infecções recorrentes: profilaxia – antimicrobiano por 10 a 14 
dias, de todo episódio infeccioso novo, limpeza da pele com uso de 
soluções antissépticas (clorexidina a 4%, hexaclorofeno), lavagem 
frequente das mãos, uso de toalhas limpas e trocas frequentes de 
fronhas e roupas intimas (lavadas em agua aquecida a altas 
temperaturas). 
 Portadores nasais do S. aureus devem ser tratados com aplicação 
de ATB tópicos nas narinas, axilas, pontas dos dedos, região 
umbilical e região perianal. 
- Mupirocina a 2%, 2 vezes ao dia, por 5 dias (proteção por até 90 
dias) 
- Ácido fusídico, 2 vezes ao dia 
 Os familiares devem ser investigados e também tratados, se forem 
portadores. 
 
 
 
 
10 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
CARBUNCULO OU ANTRAZ 
 Infecção necrosante de vários folículos pilossebáceos contíguos com 
acometimento do tecido conjuntivo adjacente, incluindo tecido 
subcutâneo. 
 Agente etiológico: 
 S. aureus (quase sempre) 
 Constitui estágio avançado do furúnculo, em que ocorre propagação do 
processo infeccioso. 
 Depende de fatores anatômicos e/ou diminuição dos fatores defensivos do 
organismo. 
 Fatores anatômicos: região cervical posterior, ombros, quadris e 
coxas → maior ação necrosante das toxinas estafilocócicas 
 Fatores de diminuição da defesa orgânica: DM, desnutrição, uso 
de corticoides, dermatoses graves, discrasias sanguíneas, 
traumatismos, má higiene, etc. 
 Características clínicas 
 Área endurecida, dolorosa e avermelhada, no centro da qual se 
desenvolvem múltiplas áreas de necrose, das quais saem 
pequenas quantidades de pus. 
 Pele no local da necrose: aspecto de favo de mel 
 Em torno dessa área é avermelhada e endurada, correspondendo 
a zona de edema, hiperemia e infiltração leucocitária. 
 Podem estar presentes linfangite e linfadenite de drenagem 
 Sintomas gerais: calafrios, astenia, mal-estar, anorexia, etc. 
 A absorção de produtos tóxicos do processo infeccioso determina o 
aparecimento de leucocitose e febre, que pode ser alta. 
 A invasão da corrente sanguínea com septicemia e desenvolvimento de 
abscessos metastáticos é rara e ocorre em pacientes debilitados. 
 Tratamento: 
 Uso de antibióticoterapia sistêmica (penicilina sintética resistente 
a penicilinase, cefalosporinas de 1º geração etc). 
 Analgésicos, repouso do segmento e calor úmido local. 
 Terapêutica cirúrgica agressiva, no sentido de aliviar a dor, 
promover a drenagem eficaz e acelerar a cura. 
- Sob anestesia geral ou troncular 
- Internação não é necessária 
 A cirurgia baseia-se em dois princípios fundamentais: excisão 
radical e drenagem ampla que podem ser obtidos por meio dos 
seguintes métodos: 
a) Uso de incisões em cruz atingindo toda extensão do 
carbúnculo (uma das mais utilizadas); 
b) Uso de incisões paralelas (Gridiron); 
c) Incisão circular atingindo toda a periferia da lesão e 
promovendo sua excisão completa; 
d) Incisão estelar com ressecção dos retalhos. 
 Ressecção de todo o tecido necrosado 
 Com essas manobras podem ocorrer sangramentos que podem ser 
controlados por meio de curativo compressivo. 
 
 
 
 
11 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 
 
 
HIDRADENITE SUPURATIVA (ACNE INVERSA) 
 Afecção inflamatória crônica, recorrente, debilitante, que atinge a pele 
intertriginosa das regiões axilar, inguinal, inframamária, genital ou 
perianal. 
 Alteração patogenética nos ductos foliculares pilossebáceos, como na 
acne. 
 Oclusão do folículo sebáceo por queratina, em que a obstrução aumenta a 
pressão intraductal, com ruptura folicular, inflamação e posterior infecção 
por bactérias da flora normal da pele. 
 Agente etiológico: 
 S. aureus, S. milleri, bactérias aeróbias gram- (E. coli, Proteus, 
Pseudomonas) e anaeróbios. 
 Processo infeccioso → atinge a derme, tecido celular subcutâneo e 
glândulas sudoríparas apócrinas adjacentes → fibrose, enduração 
formação de cicatriz, destruição dos anexos da pele e formação de sinus. 
 Ocorre após início da puberdade com o desenvolvimento dos caracteres 
sexuais secundários e da função das glândulas apócrinas. 
 Principais locais: axila, região inguinocrural, perianal, mamária, nuca e 
couro cabeludo. 
 Afeta mais mulheres (3:1) 
 Até o momento, não se sabe a causa da obstrução ductal. Mas alguns 
autores afirmam haver relação hormonal, distúrbios no metabolismo dos 
andrógenos, além de fatores como, histórico familiar, obesidade, DM, 
hirsutismo e tabagismo. 
 Em alguns pacientes há relação com acne conglobata ou celulite dissecante 
do couro cabeludo. 
 Características clínicas: 
 Nódulo eritematoso, duro e doloroso. 
 Frequentemente acompanhado de febre. 
 Ao final de poucos dias, o nódulo começa a amolecer, vindo a 
apresentar flutuação e ruptura, com drenagem de secreção 
purulenta e formação de tratos crônicos de drenagem. 
 Diagnóstico: 
 Critérios diagnósticos: 
1. Lesões típicas: nódulos profundos, dolorosos e precoces em 
lesões primárias, abscessos, drenagem de sinus, cicatrizes em 
ponte e comedões tipo lápide em lesões secundárias. 
2. Localização típica: axila, virilha, genitais, períneo, região 
perianal, região glútea, dobras infra e intermamárias. 
3. Cronicidade e recorrência. 
 
 Classificação de acordo com a gravidade: 
- Estágio 1– Formação de abscessos únicos ou múltiplos sem 
formação de sinus após a cicatrização. 
- Estágio 2 – Abscessos recorrentes, evoluindo com formação de 
tratos e cicatrizes. 
- Estágio 3 – Envolvimento difuso, vários tratos comunicantes, 
presença de fibrose. 
 
12 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 Os casos crônicos podem ser acompanhados de anemia secundária, 
hipoproteinemia, amiloidose, queratite intersticial, artropatia periférica, 
astenia e depressão. 
 Raramente → transformação maligna p/ carcinoma de células escamosas, 
especialmente na região perianal 
 A diferença fundamental entre hidradenite, furúnculo e carbúnculo é que 
na hidradenite não há formação do “carnegão”, apenas pus cremoso. 
 Tratamento: 
 Quando não tratada pode persistir por meses ou anos. 
 Medidas locais: antissepsia, calor úmido 
 Antimicrobianos 
 Os abscessos, quando formados, devem ser incisados e drenados 
 A região envolvida deve ser lavada com soluções antissépticas 
(hexaclorofeno, clorexidina, PVPI); 
 A secreção deve ser colhida para cultura com antibiograma; 
 Diversos medicamentos têm sido utilizados, mas vários ainda em 
experimento: 
- Hormônios (estrógeno, progesterona) 
- Inibidores da produção de androgênios (leuprolida, ciproterona) 
- Corticosteroides 
- Derivados da vitamina A (isotretinoina) 
- Ciclosporina. 
 Casos mais graves: abertura e curetagem dos trajetos fistulosos, 
marsupialização, ablação com laser de CO2, excisão local ou 
excisão radical da área envolvida, com cicatrização por segunda 
intenção, sutura primária, realização de enxerto ou rotação de 
retalho para cobrir a área cruenta. Entretanto, mesmo com essas 
medidas, pode haver recidiva. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA 
 SAVASSI, Cirurgia de Ambulatório

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